Capítulo 9 - Decisão


Henrie corou automaticamente com aquela resposta, e seu coração o acompanhou batendo freneticamente. Ele decidiu não responder, mas também já parecia ter ganho o restante da noite com aquilo. Ele apenas colocou o celular de lado e conseguiu dormir tranquilamente.

Tod, por sua vez, já estava dormindo, antes mesmo de esperar alguma resposta dele. No dia seguinte os dois pareceram acordar completamente mais leves. Tod levantou-se da cama mais cedo, aprontou-se e foi ajudar a sua mãe, coisa que não era fácil de ver.

- BOM DIA! – exclamou ele com um sorriso de orelha a orelha.

- Bom dia, querido. – respondeu ela. – Mas eu posso saber o motivo de tamanha alegria?

- Na verdade... Não tem motivo algum. – mentiu.

- Sério? Nunca te vi tão animado assim desde que viajamos para a praia.

- Praia? Nossa! Tem razão, saudades... Foram bons momentos. – disse ele abraçando sua mãe por trás. – Nós podíamos marcar outra viagem, não acha? – ele perguntou dando um beijo na bochecha dela.

Ela ficou completamente confusa com aquele comportamento todo amável. Tod sempre foi um filho carinhoso, mas não naquele nível. Ela apenas sorriu e apertou a bochecha dele e logo depois pegando dois pratos para tomarem o café da manhã. Eles então continuaram a conversar sobre a viagem da qual ele jamais se esquecera, e assim foi um café da manhã sublime para os dois.

Entretanto, na casa de Henrie, não podia se dizer o mesmo. Ele também acordou com uma felicidade extrema, mas a única pessoa naquele momento que ele poderia compartilhar aquilo era com a empregada, que de algum modo não conseguiu escapar de seus apertos e alegrias, a Sra. Carla que sempre esteva na família, tanto que ela já a sentia como mãe dele, mas ela não ficava sempre na casa, pois também tinha filhos para cuidar.

Henrie, por sua vez, perguntou se ela havia tomado café, pois queria uma companhia para aquilo. Ele sempre a chamava, mas ela nunca aceitava. Contudo, nesse dia ele insistiu tanto que ela acabou cedendo e pelo menos se sentando à mesa.

- Olha Henrie, se a sua mãe me pega sentada aqui, é possível eu ser demitida.

- Pode ficar tranquila, porque ninguém mais que você sabe que a minha mãe não fica muito nessa casa, então não se preocupe, e mesmo que ela estivesse, eu não a deixaria fazer isso contigo. – Ele sorriu comendo algumas torradas logo em seguida.

- Você parece muito feliz, seu rosto está corado. Deve estar indo muito o seu relacionamento com a Srta. Lucy. – retrucou ela com um sorriso no rosto.

Henrie quase engasgou com a torrada ao ouvir aquilo, mas decidiu não responder. Ele apenas sorriu com o olhar e continuou a comer. Ele então olhou para o relógio e viu que já estava no horário do ônibus passar, e logo se apressou para ir.

- Carla, poderia avisar para o motorista que não irei com ele hoje? Obrigado! Fui! – disse ele saindo em direção à porta e correndo para o ponto do ônibus.

Assim que chegou ao ponto, o ônibus já estava virando à esquina. Seu sangue estava fervendo por ter feito aquela pequena maratona até o ponto. O ônibus então estacionou e ele entrou desesperado, tanto que nem respondeu ao motorista. Ele foi até o fundo do ônibus onde tudo tinha acontecido, e sentou-se. Assim o ônibus seguiu a viagem por vários minutos até se aproximar do ponto próximo à casa de Tod. O coração dele novamente começou a acelerar.

Quando o ônibus parou no ponto e a porta se abriu ele foi procurando em cada rosto que entrava o rosto de Tod, mas para a sua infelicidade nenhum deles era o dele. O seu semblante caiu na hora, ele respirou fundo e tentou se controlar. Então ele começou a pensar se ele já estava assim apenas com a possível presença dele, imagina como seria se ele estivesse ali realmente? Ele tentou se acalmar cada vez mais até que finalmente relaxou. Chegando ao colégio ele não encontrou Tod nem nas entradas e muito menos pelos corredores, então se dirigiu para a sala cabisbaixo e percebeu que Lucy já estava lá. Ele apenas entrou e sentou-se ao lado dela sem dizer apenas uma única palavra, e ela fez o mesmo.

Tod, por sua vez, chegou ao colégio junto de sua mãe, a qual ficou pensativa a respeito da praia, viagens e afins. Ele despediu-se dela com um beijo no rosto e foi até sua sala encontrando com Fred pelo caminho

- Bom dia! – Tod cumprimentou ele com um sorriso enorme.

- Hmmm. - retrucou Fred. – Aconteceu alguma coisa para tamanha felicidade nesse rostinho? – brincou apertando de leve a bochecha dele.

- Nossa! Por quê todo mundo está me perguntando isso hoje?

- Não sei, diga-me você... Está escondendo algum segredo obscuro ou um novo amor?

- Claro... que não... – hesitou.

- Tudo bem então, só espero não ser o último a saber, senão eu vou ficar muito magoado.

Tod apenas sorriu pressionado, mas seguiu em frente.

As aulas foram rápidas dessa vez, talvez pelo motivo de que cada um deles estava pensando no seu mundinho particular e não prestaram muita atenção na aula.

Tod e Fred ficaram como sempre conversando na maior parte do tempo, enquanto Henrie ficou apenas pensando no sonho e se Tod teria realmente vindo à aula, tanto que pensou em mandar uma mensagem para se certificar, mas achou muito precipitado, já que o teria que ver no conselho depois da aula, então resolveu esperar.

Lucy estava fervendo por dentro ao ver que Henrie apenas a ignorava, mas manteve a pose com um ar completamente sereno.

Assim que as aulas acabaram ela não aguentou e saiu com raiva diretamente para a sala do conselho. Henrie a acompanhou logo em seguida, mas não se aproximou.

A sala do conselho estava vazia quando eles chegaram. Lucy começou a organizar algumas coisas para a reunião enquanto Henrie permaneceu sentado mexendo no celular sem manter qualquer contato visual. Alguns presidentes de grupos começaram a chegar e tomarem seus assentos, um por um, até que Tod finalmente chegara. Henrie arregalou os olhos e respirou fundo tentando manter a pose, mas parecia completamente impossível para ele naquela situação.

- Bom! Já que estão todos aqui, vamos começar dividir algumas tarefas que serão necessárias para que cada grupo tenha o seu melhor rendimento.

Tod apenas procurou o seu lugar e sentou-se ouvindo o que Lucy tinha para dizer. Ela continuou explicando seu projeto, e que ela precisaria da revisão dos fundos e orçamentos de cada grupo, da quantidade de membros, e como cada membro poderia ajudar no desenvolvimento do grupo. Ela também explicou sobre os grupos que estavam em análise crítica para serem fechados e qual estratégia tinha para eles.

Tod ficou impressionado com a proposta apresentada, tanto que nem resolver questionar ou algo parecido. No final da reunião Tod sentou-se próximo a Henrie para discutir as políticas do grupo deles, já que ficariam na mesma equipe.

- Então, eu acho que devemos marcar encontros depois das aulas que não teremos conselho para resolvermos melhor cada grupo, não acha?

Henrie estava tão desligado nesse momento que ficou encarando Tod e nem percebeu o que ele tinha acabado de perguntar.

- Henrie?! Você está bem? – perguntou Tod passando a mão em frente aos olhos dele.

- Si... Sim... – ele gaguejou. – Acho que devemos fazer isso mesmo.

Tod achou estranha aquela reação, mas nem conseguiu dizer mais uma palavra, pois Henrie tinha o interrompido:

- Desculpe, eu já volto.

Henrie levantou com a cabeça infestada de pensamentos. Tudo o que tinha acontecido entre eles ontem à noite e sobre o sonho com Tod, as brigas recentes com a Lucy, tudo aquilo apareceu como um clarão. Sua cabeça não aguentava mais tamanha confusão, ele precisava resolver tudo aquilo.

Lucy estava conversando com alguns presidentes nesse momento, e sem ter o mínimo de educação, Henrie pegou no braço dela com um pouco de força. Ela se assustou e virou para certificar quem era e os olhos dela encontraram os dele. Os olhos dele estavam completamente confusos e perdidos, ela conseguia ver aquilo e ficou assustada, mas antes que ela pudesse perguntar alguma coisa, ele disse:

- Precisamos conversar, agora!

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