Capítulo 15 - Escolhas
Henrie ficou paralisado com aquelas fotos. Ele não conseguia entender como aquilo tinha parado no celular da Lucy. Por alguns segundos ele pensou em toda culpa que poderia ter tido ao ver aquilo, mas não sentiu isso em relação a ele e sim a Tod. "Como será que ele reagiria com tudo aquilo acontecendo? Seria algo que ele conseguiria aceitar?" Sua mente não conseguia pensar sobre isso, mas não se conteve em perguntar:
- Onde foi que você conseguiu isso? – perguntou ele a encarando com um medo no olhar.
- Consegui? Você acha que vocês dois beijando no meio da sala do colégio ninguém veria? Não se faça de desentendido...
Henrie ouviu cada palavra como uma pontada no peito. Ele não podia ignorar aquilo, ela estava certa sobre tudo, porém que mal teria para eles se beijarem na sala?
- O Tod sabe disso? – perguntou ele.
- Por quê? Você acha que ele ficaria revoltado? – insinuou ela com um olhar completamente maléfico.
- Na verdade não... Não sei, e o que pretende fazer com isso?
- Bem... Pensando bem. – insinuou ela – Eu só quero uma única coisa para que todo mundo não fique sabendo.
- E o que seria? – perguntou ele já temendo a resposta.
- Você sabe o que eu quero Henrie... – disse ela se aproximando dele e colocando a mão sobre o ombro e aproximando o rosto da orelha dele e sussurrando: - Eu quero você...
Henrie sentiu seu corpo inteiro estremecer com aquelas palavras. Ele não tinha nenhuma intenção daquilo voltar a acontecer, mas ele não saberia como Tod reagiria com toda aquela noticia. Na cabeça dele só pensava em proteger Tod de tudo e de todos, e não suportaria vê-lo triste ou algo parecido. Ele não poderia ser conter a isso e apenas respondeu:
- Você vai deixar ele em paz e longe disso tudo se eu fizer o que está pedindo? – perguntou com os olhos marejados.
Lucy soltou uma risadinha fofa, porém era possível sentir a maldade nela:
- Com certeza! Pode ficar tranquilo que não farei nada para o seu "namoradinho"... – disse ela com um tom nojento ao pronunciar a palavra.
Henrie não conseguia expressar o que realmente estava sentindo. Ele estava com tanta raiva dela que não conseguia pensar em mais nada. A sua mente agora estava inundada por vários sentimentos. Ele tentou focar sua mente em Tod, e como ele ficaria com isso, mas não conseguia obter uma resposta clara e apenas focou em segurar suas lágrimas para não chorar na frente dela.
- Então está tudo certo... Eu vou te dar dois dias para acabar com esse "namoro". – explicou ela com a mesma entonação de nojo e saindo logo em seguida.
Henrie não conseguia imaginar que aquilo realmente estava acontecendo. Os seus olhos agora já quase não se continham de tamanha raiva. Ele queria chorar, mas não podia fazer isso ali do nada ou chamaria muita atenção. Ele tentou focar sua mente novamente em Tod, e todos os momentos que eles passaram juntos. Um sorriso bobo brotou em seu rosto, mas não demorou muito e as lembranças foram alteradas com Tod chorando e gritando se ele contasse tudo o que acabara de acontecer. Ele tentou limpar sua mente e não pensar naquilo, mas quando se virou Tod estava parado o encarando de longe.
Não demorou muito e ele já estava do lado de Henrie com um olhar diferente, como se ele tivesse adivinhado tudo o que tinha acontecido, a sua respiração estava pesada e seu semblante todo fechado, até que se dirigiu a Henrie com um tom áspero:
- O que ela queria?
Henrie tentou desconversar, mas estava nervoso demais para conseguir aquilo e não se conteve em gaguejar:
- Ééé... Na verdade... Ela queria pegar algumas coisas delas que ainda estão comigo. – terminou ele cocando a cabeça de leve com o seu corpo todo entregue para aquela mentira.
Tod pareceu não ligar muito, pelo menos não transpareceu para Henrie aquilo, mas por dentro ele sabia que tinha algo estranho naquela conversa.
Henrie o encarou e não conseguiu entender se ele tinha ou não acreditado naquela história, mas não pareceu se importar tanto, uma vez que precisaria de alguns dias para pensar no que ele faria em relação ao relacionamento deles. Eles então foram para casa, mas não disseram uma única palavra.
No dia seguinte Tod ainda estava pensativo sobre a conversa entre Lucy e Henrie e continuou assim até chegar na sala de aula. Ele sentou-se rapidamente ao lado de Fred que estava mexendo no celular e nem percebeu a presença dele. Ele então bufou e olhou para Fred que ainda permaneceu inerte. Não contente com isso ele se aproximou e colocou a mão a frente da tela do celular de Fred que acabou assustando e olhando para ele rapidamente resmungando:
- EEEEI... – Ele encarou Tod. – Tod! O que houve? E que cara é essa?
Tod revirou os olhos e não se conteve em ser grosseiro:
- Você sabe o que é? Na verdade "quem" é...
- O que esse garoto já fez, ein? – perguntou Fred já levantando. – Vou até lá dar uma surra nele...
Tod olhou para aquilo e apenas deu um riso frouxo e bufou logo em seguida soltando um:
- Até parece...
- EI! Não fale assim o seu amigo. – retrucou Fred sentando. – Mas o que ele fez contigo?
- Na verdade nada, e esse é o problema...
- Como assim? – perguntou Fred sem entender absolutamente nada.
- É que ele está me escondendo alguma coisa... A Lucy o procurou e logo depois ele mudou completamente... – respondeu ele olhando para o nada como se estivesse tramando algo.
- Isssh... Não gosto nem um pouco dessa cara. – disse Fred olhando para a porta da sala ao ver o professor entrando.
Os dois então permaneceram em silencio e assim ficaram a primeira aula inteira, que por sinal, foi completamente exaustiva, mas Tod estava tão focado em seus pensamentos que não se deixou levar, e assim continuou por todas as outras aulas, inclusive no intervalo.
- Tod!... Tod... TOOOOD! – gritou Fred sentando a frente dele na mesa do refeitório. – Você não vai comer nada? Hoje tem pudim! – terminou ele com um sorriso enorme no rosto.
Tod apenas o encarou, mas não respondeu. Ele então desviou o olhar para a mesa que Henrie sempre se sentou, mas não o encontrou. Ele procurou então por todos os lugares do refeitório para ver se o encontrava e também não obteve nada. Respirou fundo e voltou a olhar para Fred.
- O que é mesmo que você estava falando?
Fred apenas o encarou com a boca cheia de comida e balançou a cabeça em negativa voltando a comer. Tod por sua vez ficou olhando para a janela o jardim do colégio até que sentiu um ar quente próximo a sua orelha e antes que pudesse reagir ouviu:
- Posso me sentar aqui, contigo?
O corpo de Tod estremeceu por inteiro e o coração bateu acelerado. Era ele. Tod virou tão rápido que os narizes se encontraram primeiro por causa da proximidade. Nenhum deles se assustou apenas se encararam. A respiração ofegante uma sobre a outra e o coração em disparada. Eles não podiam negar aquela sensação e continuaram assim por vários minutos, até que Tod recobriu a consciência e se afastou para Henrie sentar:
- Sinta-se à vontade! – respondeu.
Henrie percebeu aquilo e apenas se sentou sem falar mais nada com ele e perguntou para Fred:
- Isso é pudim?
Os olhos de Fred brilharam porque alguém finalmente notou aquilo e começou a tagarelar:
- Sim! Eles estavam distribuindo hoje e disseram que toda semana vai ter um dia especial do pudim. Não é incrível?!
Eles continuaram conversando sobre as refeições do colégio até que Tod se levantou e saiu deixando o dois sem dizer nada. Fred o acompanhou com o olhar, mas não se moveu para ir atrás dele. Henrie por sua vez se levantou, mas foi impedido por Fred que o segurou pelo braço e dizendo:
- Não!... Ele precisa de um tempo para ele! Vai por mim, eu conheço ele muito bem!
Henrie assentiu com aquelas palavras, sentou e continuou a comer sem dizer mais nenhuma palavra. As últimas aulas foram as mais silenciosas possíveis, nem Fred e nem Tod se falaram, e assim permaneceram até a hora de ir embora.
A mente de Tod estava fervendo com todo aquele acontecimento e não conseguia entender como uma coisa tão insignificante para o mundo para ele seria a maior do mundo. Ele não podia entender como o ciúme poderia ser algo tão irritante e poderoso. A sua raiva estava feita e precisava de algum jeito extraí-la e assim que ele chegou em casa apenas pegou o celular abriu a conversa de Henrie e digitou:
"Não dá mais, precisamos conversar urgente!"
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