🌺 Capítulo 13 - Não sabia que seria você 🌺
Sentada em uma das poltronas do escritório de Khan, descruzo e cruzo as pernas pela "milésima" vez nessa manhã. Ele permanece sentado na cadeira alta atrás da grande mesa com sua postura soberana e olhar circunspecto em minha direção.
Kaled sentou em uma mesinha baixa em frente ao sofá de dois lugares em que o senhor Almir está.
__ Tudo o que fiz foi com a melhor das intenções. Eu juro. __ Senhor Almir tenta se justificar segurando as mãos de Kaled.
Parece que ele só se importa mesmo com a opinião do jovem Sheik.
__ Como diz minha avó: "De boas intenções o inferno está cheio."__ Me remexo novamente irritada.
__ Almir, o que fez foi algo muito grave. Dopar Adrielle e trazê-la para cá secretamente foi um grande erro. __ Kaled fala pacientemente como se repreendesse uma criança.
__ O que ele fez foi um crime! Isso sim! __ Reitero.
Kaled me observa como se suplicasse um pouco de tolerância.
__ Almir, não esperava isso de você. Sempre te considerei como um segundo pai...__ Kaled continua, mas Almir o interrompe.
__ E eu te tenho como um filho! Por favor, me perdoe! __ Almir beija as mãos de Kaled.
__ Em nome de nossa amizade de todos esses anos, acredito em você. Tenho certeza de que tem uma boa explicação para tudo isso.
__ Obrigado meu menino. __ Almir parece realmente emocionado.
É visível sua adoração por Kaled.
__ Acho que Adrielle, que foi a principal prejudicada, é que merece um pedido de perdão. __ Khan se pronuncia pela primeira vez.
Almir o observa com olhar rancoroso.
__ Tudo o que fiz foi pensando no bem de Kaled. O Sultão sabe disso.
__ Em meu bem? Como assim?__ Kaled olha de Almir para Khan.
__ Tomei a decisão de procurar uma companheira para você depois de uma conversa que tive com o Sultão. __ Almir lança o olhar ressentido para Khan.
__ Mas o que Khan tem a ver com tudo isso?__ Kaled olha para o irmão.
__ É, o que ele tem a ver?__ Estreito os olhos "fuzilando" Khan com o olhar. Ele apenas me encara com sua forma vidrada e misteriosa.
Sempre suspeitei que Khan estava mentindo. Afinal, ele é homem e fez o que os homens fazem de melhor.
__ Enquanto esteve fora estudando, o Sultão e eu tivemos uma conversa sobre a necessidade de que você se estabelecesse de vez em Durab fi Alsahra. Seu irmão precisa de sua ajuda para governar o país.
Khan afirma com a cabeça.
__ Mas sabíamos que seria difícil convencê-lo. Desde que foi para a faculdade nos EUA, tomou gosto por um estilo de vida cheio de excessos e sem regras. __ A voz de Khan denuncia um certo ressentimento pela falta de interesse do irmão com as responsabilidades do país.
__ A não ser que se apaixonasse e se casasse com alguém daqui. __ Almir completa a explicação de Khan.__ Mas quem? Você mudou muito! Mais parece um americano do que um de nós!
De repente Almir gira a cabeça e me olha com sua expressão sinistra.
__ Mas quando vi seus olhos brilharem pela senhorita Machado no aeroporto, uma ideia se formou de repente...
Almir faz uma pausa significativa que nos permite processar tudo o que aconteceu dali por diante.
Kaled leva as mãos ao rosto e o esfrega. Depois ergue a cabeça e me observa.
__ Sinto muito. __ Balbucia para mim.
Apenas aceno a cabeça sem saber o que dizer. Meus olhos encontram os de Khan que nos observa parecendo curioso.
__ Simplesmente, a senhorita Machado estava no lugar certo e no momento que precisávamos. Ela é jovem, bela, sul-americana e despertou seu interesse. Seria perfeito. __ Almir ergue os ombros.
__ Só esqueceu de um pequeno detalhe: Que eu tenho uma vida e vontade própria. __ Ironizo enojada com a falta de respeito do secretário de Kaled.
Almir me observa com desgosto e depois se volta para Kaled.
__ Me perdoe. Quando descobri que ela era defeituosa já era tarde.__ Almir lamenta sussurrando maliciosamente.
__ Ah, seu infeliz!__ Levanto em um salto. Avanço para o sofá onde Almir está.
Preciso dar uma lição nesse arrogante antes que me falte oportunidade!
O covarde se vitimiza se encolhendo no canto do sofá enquanto Kaled afasta minhas mãos que tentam agarrar os poucos cabelos que Almir tem na cabeça.
__ Vou te mostrar o que essa aleijada é capaz de fazer, seu velho asqueroso! __ Arranho a careca do homem.
__ Socorro! Tirem essa louca de cima de mim! __ Almir grita.
Luto com os dois até que braços firmes me enlaçam pela cintura e me arrastam para longe.
__ Me largue, seu desgraçado mentiroso! __ Estravazo o ódio.
Sei que é Khan que me arrasta para fora do escritório.
Me debato entre seus braços, soco seu peito e xingo palavras que tenho quase certeza que ele nem sabe o significado.
__ Adrielle! Acalme-se! __ Me sacode.
__ Não vou me acalmar coisa nenhuma!__ Grito em seu rosto.__ Pensa que é Deus para interferir na vida das pessoas?
Khan me segura firme pelos ombros.
__ Eu não sabia que Almir ia fazer o que fez! Era só uma ideia, entendeu? Mesmo assim o plano seria apresentar uma jovem de nosso país. Não imaginei que Almir ia sequestrar uma pretendente para Kaled no aeroporto!
__ Não quero saber! Vou voltar lá e dar uma lição àquele estrupício. Quem ele pensa que é? Se acha um ser superior para se referir a mim daquele jeito?__ Lágrimas traiçoeiras começam a escorrer por meu rosto. __ Não preciso que me lembrem a todo instante que sou defeituosa!
Me solto das mãos de Khan e tento voltar para o escritório. Mas ele me segura por uma mão e me puxa de volta com energia. Meu corpo colide com o dele. Me segura firme colada ao seu corpo. Os braços me envolvem. Sua expressão se suaviza ao me encarar de perto.
__ Sinto muito, de verdade. __ Uma das mãos alcançam meu rosto e seca as lágrimas.
__ Dói muito... __ Desabafo em um sussurro.
Pela primeira vez tenho a impressão de que Khan não sabe o que fazer.
Respiro fundo tentando me acalmar.
Não quero demonstrar fraqueza.
__ Resolveremos isso. __ Khan leva a mão ao meu queixo e ergue meu rosto.
__ Não gosto de que sintam pena de mim. __ Puxo o rosto.
__ Não sinto pena de você, Adrielle. Eu...__ Interrompe o que ia dizer. Apenas me encara do seu jeito vidrado. Posso ver as íris de seus olhos dilatarem. Os braços em volta de minha cintura se estreitam mais.
Arregalo os olhos quando uma mão percorre minha espinha até a nuca e se embrenha em meus cabelos.
Solto um suspiro involuntário quando a outra mão desce até meu quadril e me cola ao seu.
__ O que está fazendo?__ Sinto-me sem fôlego.
__ Não sabia que seria você...
Desce o rosto devagar. Meu coração dá um salto no peito. Abro a boca para protestar, mas ele se aproveita disso. Toma posse de minha boca de forma selvagem. Ergo as mãos e agarro sua túnica. Puxo algumas vezes em uma tentativa vã de afastá-lo. Aos poucos vou perdendo a força e já não sei se quero que pare.
Arranho suas costas e puxo seus cabelos. Mas o efeito parece ser o contrário. Khan geme de forma rouca em minha boca.
Viro uma marionete em suas mãos. Meu corpo me trai. Ao mesmo tempo em que preciso fugir, sinto minhas pernas amolecerem e meus olhos se fecham automaticamente. A cabeça tomba para trás dando mais acesso a ele.
Sinto meus pés perderem o chão. Khan me ergue com facilidade. Caminha ainda colado em minha boca. Sinto a parede em minhas costas. Por uma pequena fresta aberta em meus olhos, vejo as nuances coloridas dos vitrais nos iluminar.
Lá fora, o deserto pacífico, aqui dentro uma verdadeira tempestade.
Khan faz uma trilha de minha boca até o pescoço. É experiente e intenso. Com apenas um beijo, me faz trilhar caminhos nunca percorridos.
__ Adoro seus cabelos...__ Sussurra próximo ao meu ouvido. A mão grande massageia meu couro cabeludo me fazendo gemer.__ Se soubesse o que gostaria de fazer com você agora, Adrielle, fugiria para bem longe.__ Solta uma risada rouca próxima ao meu pescoço que arrepia os pelos de todo meu corpo.
__ Não devia ter feito isso. __ Começo a voltar ao meu juízo natural. Empurro seu peito. Dessa vez ele cede.
Imediatamente sinto uma sensação de abandono.
__ Está certa. __ Dá um passo atrás, mas não me solta completamente. __ Faltei com minha palavra.
O encaro ainda perplexa. Meu peito sobe e desce acelerado. Os olhos de Khan passeiam por meu rosto. Um dos cantos de sua boca se erguem devagar.
__ Do que está rindo?__ Sinto-me confusa. __ Está debochando de mim?
__ Não, Adrielle. Como disse da outra vez, terá que me implorar...
Esbravejo algo incompreensível. Empurro suas mãos e fujo de sua presença sufocante. Mas seu perfume me acompanha. O cheiro almiscarado fica grudado em minhas roupas e cabelos trazendo-me a memória os lábios quentes de Khan percorrendo minha pele, as mãos experientes em meu corpo...
Passo por um dos guardas e entro feito um furacão no quarto. Bato a porta e corro para o banheiro. No espelho, encaro com pena a imagem da garota traumatizada que não sabe lidar com as lembranças do passado, nem com seus próprios sentimentos contraditórios.
Olho para os cabelos bagunçados por seus dedos. Minha pele arrepia ao lembrar de sua voz rouca em meus ouvidos dizendo que os adora. Meus olhos se enchem de lágrimas.
Preciso ir embora daqui. Preciso fugir.
Uma ideia impulsiva me paralisa. Rapidamente procuro na gaveta do balcão e comemoro quando encontro o objeto. Seguro meus longos cabelos em um rabo de cavalo e deslizo a tesoura na altura dos ombros. Olho para o chão e vejo as mechas cortadas se acumularem...
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