✴Aranel✴ Ruínas Midrith / Parte II/ O Mestre
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Mais um capítulo Thay?
Sim! Mais um capítulo!
Boa leitura...
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Aranel se certificou que as orelhas estavam bem escondidas antes de entrar na barraca vermelha por uma portinhola lateral. Aquele ambiente cheirava a café e perfume barato, a barraca era tão grande quanto seu quarto e parecia ainda maior por dentro. Pesadas cortinas pendiam do teto da barraca dividindo uma sala do quarto. De um lado havia um trono de madeira amarronzada e várias pequenas mesas cobertas por panos onde garrafas de vinho,água e cestas cheias das mais variadas frutas, se encontravam. No centro havia uma mesa maior feita de carvalho e Aranel viu que estava cobertas por mapas da Terra Média, de Ninquëwood e da Floresta das Trevas. Um mapa desanhado a mão ainda estava com a tinta molhada e repousava cuidadosamente sobre a madeira, retratando as Ruínas Midrith. Nel ficou sem ar ao ver um enorme círculo vermelho nas ruínas do antigo palácio. As peças de um curioso quebra-cabeças ainda estavam embaralhas mas Aranel não achava que poderia desvendá-lo sem alguma informação... Direto da fonte de todo aquele mistério.
Ela ouviu passos atrás de si e algumas cortinas tremularam. Nel se virou e encarou a figura em sua frente.
Ela não sabia ao certo o que esperava... Talvez um senhor bem velho... Até mesmo um monstro estaria em sua lista mas não aquela beldade. O homem no auge de seus trinta anos trajava vestes grossas de caça, jaqueta de couro preta e botas. Era louro de cabelos curtos mas penteados de força elegante, como um rei. Possuía uma barba bem feita em torno dos lábios grossos e avernalhados, seus olhos eram tão azuis quanto o céu de primavera. Era alto e com músculos aparentes nas roupas, tinha uma pose de durão e um olhar de maldade.
— Quem é você? — a voz dele era forte e marcante.
Aranel olhou em volta assumido seu papel e disse:
— Onde estou? Estava perdida na floresta quando encontrei esse acampamento.
— E o que isso te faz pensar que pode entrar aqui? — ele deu um passo a frente.
Aranel recuou um passo e sorriu.
— Ah, por favor... Sejamos honestos... — ela avançou em direção ao homem e encheu suas palavras com lascívia e charme. —, nós dois sabemos que você sente falta de um calor feminino! — os olhos dele, de repente, ficaram cheios de encanto e focaram o decote proposital na roupa dela. Ele sorriu quando Nel se escostou nele. — Eu vim aqui para suprir suas necessidades.
Ele era tão bonito que chegava a ser suspirante olhá-lo. Suas íris claras guardando um poço de mistério e maldade que Aranel teve que se convencer de que ele era o vilão da história. As duas joias que faltavam estavam ali em algum lugar. O homem sorriu e passou a mão cuidadosamente pelos cachos amendoados de Aranel.
— Você acertou em cheio. — afirmou ele com uma voz cheia de encanto. — Eu precisava mesmo de uma mulher e não... — antes que Nel percebesse, ele tirou a mecha que escondia sua orelha e a revelou. Ele sorriu com um olhar sádico. —, e não uma elfa!
O homem a empurrou e Aranel foi segurada por outros dois homens que ela não tinha percebido entrar. Ela franziu as sobrancelhas, seu charme nunca falhou com ninguém e não entendia o que havia acontecido ali. Aranel tentou lutar mas os caçadores que a agarraram eram tão fortes quanto uma correnteza. Então abriu a boca para chamar Legolas, porém, o homem em sua frente levantou o indicador.
— Quietinha, princesa! — ordenou ele sorrindo com o canto dos lábios.
— Conhece-me? — perguntou Nel ainda tentando se livrar dos dois brutamontes que a seguravam.
— Achou mesmo que eu não conheceria as pessoas que poderiam vir atrás de mim? — perguntou ele mas já sabia a resposta. — Eu a vigiei por anos... Vi cada passo seu te tornar mais habilidosa e impetuosa... Só não conseguiu matar Legolas quando teve a chance. — ele suspirou e encheu uma taça com vinho. — Pena... Mas como dizia o destino: “Nada pode conter o amor ascendente”, fico feliz em ver de perto o quanto seu ódio por Greenleaf se tornou amizade.
Aranel fez de conta que não ouviu uma palavra sequer e disparou:
— O que pretende com as Gemas, ham?
O homem bebeu um gole do vinho e depois lambeu os lábios.
— Não acho que deva saber ainda, Vellenmar! — ele disse fazendo a fúria da princesa começar a crescer. — Ainda tem muita coisa para fazer e vai perder a graça se eu te contar o que pretendo fazer com as Gemas. — ele colocou a taça sobre a mesa e caminhou até o outro cômodo que era separado por uma cortina preta. — No entanto, seria muito legal se eu testasse uma coisa. — ele gritou de lá de dentro.
Depois de alguns segundos, ele retornou com um pequeno baú nas mãos. Aranel não sentia nada além de ódio e formigamento para machucar cada um deles. As vezes eu sou meio burra... Seria mais fácil entrar matando como Legolas fez!
— Lorenzo! — o Mestre gritou e depois de alguns segundos, um homem entrou pela porta.
Lorenzo DiMefertany era um homem alto e forte, sua pele cor de oliva contratava os seus cabelos lisos e negros. Tinha o nariz afilado e lábios finos, seus olhos eram tão negros e profundos quanto a imensidão. Tinha um semblante sério e doentio. Ele lhe meteu mais medo do que o Mestre e Nel se controlou para não rir.
— Sim, meu senhor. — cumprimentou Lorenzo ignorando o olhar desafiador de Aranel.
— A chave. — pediu o Mestre colocando o baú na mesa.
O caçador tirou um cordão que carregava no pescoço e entregou ao seu superior. O homem pegou e usou a chave de prata que estava na ponta para abrir o baú. Ouviu-se um clique e ele foi aberto. O Mestre sorriu e pegou novamente o baú com as mãos, aproximou-se de Aranel e mostrou à ela o conteúdo.
Nel quase perdeu o fôlego ao ver as duas gemas ali. Cada uma de um tamanho exato da mão, ovais e brancas com luzes cintilando no meio como se fossem mil fogos de artifício estourando simultaneamente no centro de cada uma. Mas uma coisa não estava certa; Galadriel disse que assim que ela encontrasse a Gema sentiria a joia lhe “puxando” como uma corda. Sentia a atração do poder da gema e saberia diferenciar a sua da de Legolas, porém, Nel não sentia nada. Nenhuma força mística atraindo sua linhagem. Nada! Zero!
Ela olhou para o homem sorrindo em sua frente e falou com voracidade:
— Não me lembro de ter pedido para alugá-las por um tempo!
O Mestre gargalhou e se afastou.
— Eu preciso delas para fazer o que quero... E você não vai acreditar no que eu descobri.
Nel ergueu uma sobrancelha.
— O que?
— Você sabia que quando se é coroado rei ou rainha, você consegue pegar a Gema de Poder outro? — ele pegou uma joia e a admirou. — Funciona da seguinte forma: nenhum elfo é capaz de tocar em uma Gema de Poder, a não ser os herdeiros de Malina e Oropher... Mas quando você é coroado rei e divide o poder sobre os elfos, é capaz de pegar a joia da outra linhagem. — ele se agachou de frente para Aranel e admirou mais a joia. — É claro que não é o mesmo para os príncipes, afinal vocês só podem pegar as joias de seus respectivos parentes. — suas íris azuis brilharam quando ele a olhou. — Mas você sabe o que acontece se alguém ignorar isso, Lorenzo?
O caçador respirou profundamente antes de responder.
— Disseram-me que queima, Mestre.
O homem sorriu com maldade e disse:
— Vamos descobrir, princesa?
Aranel não teve tempo de reagir ou se esquivar, o homem tocou seu pescoço com a joia. Imediatamente uma dor agonizante penetrou na pele dela, sentiu sua carne queimar e parecia que era retalhada de fora a fora por mil facas. Ela gritou, fechou os olhos e se curvou para frente para tentar diminuir a dor mas nada adiantou. Ela sentiu suas veias incharem e seus músculos comprimirem de dor, sua garganta parecia ter sido rasgada e continuou assim pelo que mais parecia uma eternidade. Gritara tanto que sentiu suas cordas vocais tremerem de dor. O homem afastou-se com a joia na mão e sorriu.
— Queima mas cura rapidamente. — ele disse e guardou a joia no baú. Nesse meio tempo Aranel lutava para recuperar o fôlego, puxava o ar com força e sentia sua pele tremer. — Pode trazê-lo! — disse o homem olhando para Lorenzo.
O caçador saiu e Aranel olhou para o sorriso maldoso do homem em sua frente. Sua respiração estava esparsas e sua boca seca, a dor havia sumido mas sentia-se como se toda sua energia tivesse sido drenada e a garganta ainda pulsava.
— Não pense que não pagará por isso. — ameaçou ela secamente.
— Oh, não! — ele ergueu uma sobrancelha. — Eu não penso... Eu sei! — sorriu e olhou para a porta. — Tragam-no aqui!
— Ah, eu juro por tudo que é mais sagrado que vou dançar nos seus túmulos! — Nel ouviu a voz de Legolas retumbar antes dele entrar na barraca sendo fortemente segurado por dois homens muito maiores do que ele.
O elfo se sacudiu tentando se livrar dos caçadores que o seguravam mas não conseguiu e foi obrigado a se ajoelhar. Legolas olhou para Aranel e depois para o Mestre.
— Não é assim que se trata uma dama, cavalheiros. — ponderou o príncipe.
— Calado, príncipe! — rosnou o chefe com um olhar assassino. — Seu pai nunca me meteu medo e não será você que fará o contrário.
— Blaaaaa!!!! — o elfo fez uma careta.
— Você têm não quer perder a língua quer? — ameaçou Leon entrando pela porta.
Os nervos de Nel ferveram ao ver seu ex entrando pela porta com pose de durão.
— Ouviu alguém me ameaçar, Nel? — Legolas franziu as sobrancelhas e olhou para a elfa.
— Não! Talvez seja só o vento! — brincou a elfa.
— Ah, calado! — Leon gritou e socou Legolas no rosto.
Aquilo fez Nel se debater e gritar. Seus sentidos pareciam que iam explodir.
— Não toque nele seu desgraçado! — gritou ela vendo sangue escorrer pela testa do elfo. — Sua dívida é comigo!
— Do que ela está falando? — perguntou o Mestre se virando para Leon.
Nel percebeu que ele estava com uma gema na mão. Legolas balançou a cabeça e encarou Leon.
— Até um gnomo bate mais forte que você. — debochou Legolas.
Antes que Leon pudesse dar mais um soco em Legolas, Nel gritou:
— Ele me traiu! — o Mestre olhou para ela com um ar de surpreso. — Com minha melhor amiga humana!
— Que coisa feia, Hirszman! — brincou o Mestre. — Saia! Depois conversamos! — ordenou ele se aproximando do elfo ajoelhado.
Leon olhou uma última vez para Aranel antes de sair. Sentia tanta raiva ao olhar naquelas orbes que quase pôde matá-lo com o olhar mas se manteve concentrada no que o Mestre planejava fazer com Legolas e a joia.
— Vai nos torturar até a morte? — gritou ela.
O Mestre agachou em frente ao príncipe que o encarou seriamente.
— Elfos têm o corpo quase blindado. — disse ele. — Só quero brincar e ver a capacidade delas. — ele jogou a gema para o alto e pegou novamente. — Vai doer um pouco.
O Mestre precionou a joia com força contra a bochecha de Legolas mas...
Nada aconteceu.
Tirou e precionou novamente.
Nada!
— Que isso? — perguntou o príncipe. — Massagem?
O homem virou a cabeça e perguntou:
— Por que essa gema não funciona?
Lorenzo estava com um olhar assustado. Engoliu em seco mas não tinha palavras.
— Por que, Lorenzo? — gritou o homem avançando na direção do caçador.
— Não sei, Mestre! Nós roubamos todas as Gemas de Silmalótë!
— Então esta só pode estar vencida! — rosnou o homem.
— Meu senhor, eu juro! Roubamos todas as joias... Não havia mais nenhuma!
Enquanto Lorenzo e o Mestre discutiam demasiadamente, Aranel começou a pensar. Tudo tinha que se encaiaxar.
Ela não sentiu atração.
Legolas não sofreu dano ao tocá-la.
Mais nenhuma joia sobrou na Floresta Branca.
Então se aquela era apenas uma gema comum, onde estava a Gema de Poder?
Então ela se lembrou dos acontecimentos de dois meses atrás. Quatro caçadores presos e uma joia de sua mãe em posse de Thranduil... Será que....
Ela olhou para Legolas e leu os lábios do príncipe quando ele disse:
— Ada!
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Naquele momento em Mirkwood:
— Linda, não? — Thranduil perguntou vendo Lossë admirando a joia dentro de uma caixa de vidro.
Ela sorriu e se virou.
— Maravilhosa! — ela se afastou da caixa para que os elfos a pegassem. — Vai mesmo expor ela? Não é de Silmalótë?
Thranduil caminhou a passos lentos. — Era de Silmalótë! Agora é minha e ficará em local de honra.
— Quando será o baile?
— Amanhã a noite. — ele respondeu subindo até seu trono. — Quero-a perfeita! Como uma verdadeira rainha.
Lossë fez uma reverência e sorriu.
~***~
Quem aí já matou a charada? Onde está a Gema de Poder de Silmalótë? Rsrsrsrs
Tenn'enomentielva...
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