Capítulo 26👟Onde está Drica?_Parte 3👟

__ Era o Chico.__ Kayke desliga o celular.

__ O que ele disse?__ Avanço para cima de Kayke sobre a mesa e seguro seu braço.

__ Através de uma ex-namorada do pai do Leo a polícia descobriu o endereço de uns conhecidos dele aqui em Guaratiba. Chico conseguiu poucas informações, porque o investigador disse que estão trabalhando em sigilo e que não devemos interferir para não atrapalhar.

__ Uma ova que vou ficar sentada esperando!__ Bato na mesa e levanto decidida.__Onde fica esse lugar?__ Seguro o braço de Kayke.__ Irei lá agora!

__ Calma, Abigail. __ Segura minha mão que aperta seu braço energicamente.__ Partiremos assim que clarear. O lugar fica em uma região selvagem. Não tem numeração. O acesso é pela rua Parlon Siqueira.__ Se levanta. Nossos rostos ficam a pouco centímetros de distância. __ Também acho que devemos investigar ao nosso modo. Não sabemos se a polícia está se esforçando o bastante.

Mais uma vez sinto conforto e segurança ao olhar em seus olhos. A cada momento Kayke vem me provocando sentimentos que gostaria de não alimentar, porém se torna impossível com toda essa convivência e proximidade.

__ Têm certeza de que não precisam de um guia para fazer essa trilha? Posso indicar um amigo de confiança. __ O dono da pousada debruça na janela do carro de Kayke.

__ Fique tranquilo, Amarildo. Já fiz essa trilha algumas vezes para praticar rapel.__ Kayke parece muito seguro.

__ Tudo bem, então. Vocês que sabem. Só tomem cuidado!__ O jovem senhor se afasta. Kayke acena e dá partida.

__ Rapel, heim?!__ Olho de lado.__ Não sabia que era o tipo esportista.

__ Há muita coisa a meu respeito que não sabe, Abigail Machado. __ Sorri de lado.

Parte da estrada é cercada para preservar a Reserva de Guaratiba e seus manguezais. A entrada da trilha pela rua que Chico nos indicou nem mesmo aparece nos mapas. Com roupas apropriadas e suprimentos providenciados por Kayke enveredamos pela entrada que tem como única indicação uma placa de madeira desgastada com o nome "Praia do Inferno ".

__ Dá medo de imaginar o motivo dessa praia ter esse nome.__ Sinto um calafrio.

__ Não é nada demais.__ Kayke debocha de minha ignorância. __ Existe uma lenda que explica que a praia recebeu esse nome porque no passado, quando ainda existia o presídio de Ilha Grande, o local servia de rota de fuga para presos perigosos.

__ Continua sendo assustador.__ Resmungo, mas continuo caminhando.

Para minha surpresa, venci a primeira hora de caminhada sem muito esforço. Kayke provou ter experiência nesse tipo de atividade. A todo momento atencioso e cuidadoso. Traçamos um ritmo de conversa que me fez esquecer o tempo e me permitiu conhecer mais sobre ele.

__ Há quanto tempo faz trilha e pratica rapel?__ Seco uma gota de suor que escorre por minha testa.

__ Desde a adolescência!__ Sorri satisfeito.__ No início, deixava meu pai de cabelos brancos. Ele temia por minha segurança. Hoje o entendo. Fui muito irresponsável. Cheguei a fugir com amigos para subir o morro da Urca!

__ Pobre Hugo!__ Sorrio.__ Parece que deu trabalho.

__ Confesso que fui um garoto inquieto.__ Sorri triste.__ Mas tive meus motivos.__ Seus olhos ficam distante.__ Com o passar dos anos comecei a entender que Hugo foi a única pessoa que não desistiu de mim. Se brigava e castigava era porque se importava de verdade.

Um nó em minha garganta se forma. Desejo falar palavras que façam Kayke se sentir querido e importante. Mas me travo no último momento. Receio agir com minha impulsividade costumeira e depois me arrepender.

Apenas paro por alguns instantes e toco seu braço. Ele também para e me observa.

__ Ainda bem que ele cuidou de você. __ Minha mão desce pela extensão de seu braço.

Kayke me observa com uma intensidade jamais vista. Não diz nada. Apenas me puxa e cola nossos lábios. Não há testemunhas nesse momento. Apenas algumas andorinhas que cruzam o céu anunciando um dia quente e ensolarado e a mata que nos cerca. Sinto meus pés tocarem o chão. Só agora me dou conta de que fui erguida.

Afastamos nossos rostos. Com um dedo ele endireita as mechas de meu cabelo que deve estar todo bagunçado.

__ Acho que precisa de água Abigail Machado. Está muito quente.__ Sorri de lado.

A paisagem começa a modificar. O terreno antes arenoso começa a ficar úmido e de difícil locomoção. As árvores altas ficaram para trás, resta agora muitos arbustos e galhos retorcidos.

__ Cuidado. Pise somente onde eu pisar.__ Kayke me orienta indo na frente.

__ Kayke! Veja!__ Aponto uma canoa vazia presa por uma corda flutuando em um dos rios dos manguezais.

__ Ótimo. Isso é sinal de que estamos perto.__Atravessamos uma ponte e começamos a subir pelas pedras.

Logo ouço o som das ondas quebrando nas pedras. Kayke segura minhas mãos e me ajuda a atravessar os obstáculos mais difíceis até agora. As pedras formam piscinas naturais belíssimas, grutas e paredões enormes. Ao fim da segunda hora caminhando alcançamos a primeira praia.

__ O que faz uma pessoa vir morar em um lugar tão recuado?__ Comento descansando sentada na areia.

__ Se não for com a intenção de se esconder de algo, é porque preza muito pelo contato com a natureza.__ Kayke me estende um sanduíche.

__ É só trilha e rapel que pratica ou gosta de algum outro esporte?__ Aproveito a chance para descobrir mais sobre ele.

__ Gostava bastante de surfar quando era garoto. Mas não faço isso há tempo. Estou enferrujado.__ Sorri e morde um sanduíche.

__ Duvido muito.__ Comento baixo de repente sentindo-me frustrada.

__ O que disse, Abigail?__ Seus olhos brilham divertidos.

__ Apenas que duvido que esteja enferrujado. Parece que tudo o quê se propõe a fazer você sempre dá o seu melhor. As vezes parece que nunca falha.__ Termino minha refeição e olho para o horizonte.

__ Sabe que isso não é verdade.__ Sua voz me resgata de meus pensamentos depreciativos.

__ O que sei é que entendo porque me criticava tanto quando me conheceu.__ Levanto-me e sacudo a areia do short.

__ Quer saber? Tenho outra verdade para te dizer.__Não sei se porque nota minha melancolia ou para descontrair toda a tensão das últimas horas, Kayke começa a abrir um sorriso maldoso em minha direção. __ Sempre fui bom em uma outra modalidade.

__ Do quê está falando?__ Dou um passo atrás quando o noto se aproximando demais.

__ Corrida. Quando desejo algo costumo não parar até alcançar. __ Avança mais uma vez sorrindo abertamente.

Sem pensar muito aceito o desafio e disparo pelas areias quase brancas da praia selvagem. Kayke não me dá "refresco". Corre com vigor atrás. Apesar de não passar de uma brincadeira, um frisson toma conta de meu corpo. Brincava assim com meu pai quando criança. No fim, ele sempre me alcançava, me levantava em seus braços e me fazia dar altas gargalhadas com as cócegas na barriga.

Olho para trás. Kayke parece obstinado em me alcançar. Não se parece nem um pouco com meu pai. É um homem com uma missão. Giro o corpo rápido e chuto um pouco de água em sua direção.

__ Você me paga Abigail Machado!

__ Vamos ver!__ Viro para trás e grito. Mas uma vez somos só ele e eu. Estamos muito diferentes de quem somos no escritório...

Nota da autora:

Olá, meus amores!

Quanto tempo não nos falamos por aqui!

Por favor, não me matem! Sei que é muito irritante ter que parar no melhor da história, mas acreditem, era necessário. Esse momento da história está bastante emocionante para mim e não quero deixar a desejar em nenhum ponto e nenhuma vírgula, por isso os capítulos têm sido publicados com menos frequência.

Mas tenham paciência comigo!🙏🏽😊

Gostaria de saber as opiniões de vocês.

O que estão achando da história?

O que gostariam que acontecesse?

Outra coisa importante é informar que agora tenho um bookstagram. Lá faço resenhas, dou dicas de leituras e também faço algumas interações bem gratificantes, pois quem segue as regras ganha livros.

Deem uma passadinha e me sigam!

@escritorasarasantos

Obrigada pelo carinho meu amores!

Em breve retorno com a continuação desse capítulo!

Bjs😘😘📢

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top