•/Luísa Souza/•

Ouço o barulho de um carro se aproximando. Abro os olhos devagar e suspiro frustada quando percebo que tudo não passava de um sonho.

Sonhei que estava com Matheus em uma sala toda branca com vários balões de coração vermelhos no teto, por causa do gás hélio.

Estávamos juntos conversando e nos beijando, aproveitando a presença um do outro. Ele pegava um dos balões e me dava. Eu sorria apaixonadamente boba para ele.

Eu o beijava. E para cortar o clima, Peter forçava uma tosse para que notassemos sua presença. Ele vinha até nós já puxando assunto.

Após um tempo, Carol chegada por trás do namorado e dava um tapa fraco em sua nuca. Deduzo que foi pelo fato dele ter ''cortado o clima".

Meu pai aparecia por trás de mim, me abraçando. Fiquei ali, perto de todos. Só aproveitando a presença de cada um. Ouvindo todos falarem e agradecendo mentalmente por ter cada um em minha vida.

Sim, era um sonho. Tinha que ser. Sinto saudades deles. De cada um deles. Mas é bem provável que eu nunca mais vá ver eles.

Sento rapidamente na cama quando ouço a porta ser aberta com força. Tento regular minha respiração ofegante pelo susto e olho para a figura a minha frente.

A única pessoa que eu estou vendo esses dias. A última que eu queria ver. Marina. A pessoa que deveria estar cuidando de mim. Mas está me sequestrando.

- Bom dia!

- Bom dia, minha mãe querida! - Digo totalmente sarcástica. Em todas as partes. Sem sinceridade nenhuma em minhas palavras.

- Vem comigo! - Ordena me pegando pelo braço. Levanto e solto meu braço que já estava vermelho.

- Eu sei andar. - Forço um sorriso e sigo ela.

Entro em seu carro branco pelo lado do carona. Coloco o cinto de segurança e ela dá partida.

Paramos em um terreno vazio. Olho em volta e me preocupo ao perceber que não tem absolutamente nada por perto.

- Mandaram um presente para você. - Diz estendendo um pedaço de papel dobrado em minha direção.

- O que é isso? - Pergunto pegando o papel de sua mão. Como não obtenho resposta, analiso o papel.

Meu nome escrito em tinta de caneta preta me chama atenção. Não é a letra da Marina. Quem me enviou esse bilhete?

Desdobro o papel e leio atentamente as palavras escritas nele. Tento reconhecer a letra, mas é em vão.

"PARABÉNS!

Você está conseguindo destruir a vida das pessoas que você gosta!

Seu pai está desolado. Não está dormindo de tanta preocupação com você. Nem trabalhando mais. Isso com certeza não é bom para a empresa...

Peter está muito preocupado com você. Mas está tendo que aguentar Carol desesperada. Ele tem que passar tranquilidade para ela. Deve ser muito difícil esconder seus sentimentos. Você sabe bem como é, certo?

Carol está loucamente desesperada. Está buscando abrigo em Peter, o sobrecarregando. Eles estão brigando por qualquer coisa, porque ela está psicologicamente afetada.

Você está destruindo um casal.

Você está destruindo o relacionamento dos seus melhores amigos.

E o pior, é o Matheus. Você não tem noção de como está sendo difícil para ele. Ele está se culpando por não ter te levado em casa. Ele está se sentindo inútil e insuficiente por não poder fazer nada para te ajudar. Ele está tentando achar uma maneira de te encontrar. Ele não está dormindo direito. E quando dorme, tem pesadelos com o que pode estar acontecendo com você. Ontem mesmo ele ficou até tarde na rua te procurando. Seu físico, emocional e psicológico estão cansados. Destraído em seus pensamentos, quase bateu de frente com um caminhão. Sorte que a luz forte o despertou na hora certa para ele desviar.

VOCÊ QUASE O MATOU.

ELE PODERIA TER MORRIDO.

E A CULPA É SUA.

VOCÊ DEVE SE AFASTAR DE CADA UM DELES SE NÃO QUISER A VIDA DELES DESTRUÍDAS.

COMO A SUA.

QUE PESSOA RUIM QUE VOCÊ É.

SUA VIDA ESTÁ DESTRUÍDA E VOCÊ QUER DESTRUIR A DOS OUTROS?

SE AFASTE SE VOCÊ QUER QUE ELES VIVAM.

SE AFASTE SE VOCÊ QUER QUE ELES SEJAM FELIZES."

Dobro o papel e ergo meu olhar para Marina. O sorriso vitorioso está estampado em seu rosto. Enxugo as lágrimas que caíram com uma mão. Com a mão seca, guardo o papel em meu bolso.

Meu coração está apertado. Não acredito que causei tudo isso a eles. O peso de culpa que está em minhas costas faz com que eu encare o chão. Estou com vergonha de mim mesma.

- Quem mandou isso? - Pergunto ainda fitando o chão. Não quero olha-la, só vai piorar as coisas.

- Você vai descobrir. - Afirma confiante. Posso sentir o sorriso vitorioso ainda estampado em seu rosto.

Só quero sumir. Quero estar sozinha para poder chorar e tentar aliviar essa dor. A partir de agora, vai ser somente eu.

- Por que me sequestrou? - Pergunto finalmente a olhando. Seus olham fitam os meus como se perguntasse o que eu estava querendo dizer. - Você tem direito de me ver. Você é minha mãe. - Tento falar a palavra "mãe" o mais natural possível.

- Por dois motivos. - Responde parada. Suas palavras saíram tão frias que eu estou precisando de um casaco. - E o primeiro é que você precisa saber do seu passado.

- Meu passado?

- Está na hora de você saber a verdade.

- Que verdade, Marina? - Pergunto receosa.

- A verdade da sua história.

Estou assustada. Estou receosa. Estou com medo. Não tenho certeza do que Marina é capaz. Ela contou uma mentira que fez minha pressão cair. Do que mais ela é capaz?

- Marina, não faça suspense.

- Você está preparada?

- Nunca estou. - Forço um sorriso. Ela continua ali, parada. O que de tão grave pode ter acontecido? O que de tão ruim pode ter acontecido? "Pode ter acontecido." É a frase que está martelando na minha mente.

Ela respira fundo, como se não estivesse preparada para expor tal coisa.

- Você está preparada? - Repito sua pergunta. Agora eu entendi que ela não me perguntou nada. Ela perguntou para si mesma.

- É claro que estou. - Fala arrogante. Não acredito que por um segundo tive empatia por ela.

- Vou te contar como tudo começou...

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❤Matheus sobreviveu sem nenhum arranhão!👏😅❤

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❤O que Marina tem para contar sobre o passado da Lu?🤔❤

❤Luísa tendo empatia pela Marina foi meu auge kkkk😅❤

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