XX. Karin
ITACHI
Confesso que fiquei surpreso quando a transferência do Edo Tensei funcionou. Não tinha dado muito crédito a ideia de Sakura, mas fiquei contente por ter dado uma chance a ela.
Observei a preocupação de Sasuke com o bem-estar dela e sorri levemente. Já não restava a menor dúvida que ele estava completa e irrevogavelmente apaixonado por ela. Eu a observei por um momento. Ela era linda e muito inteligente. Mesmo sem memória, ela era uma kunoichi incrível. Sasuke tinha feito uma boa escolha.
– Madara conseguiu romper o contrato e libertar-se – Sakura disse conseguindo prender minha atenção.
– Nani? – perguntei preocupado. – Temos que ir atrás dele e pará-lo imediatamente.
– Não. – Sasuke negou. – Ainda não consegui entender você, niisan. Tudo o que você fez foi por mim, pela vila, pelo Clã. Mas por quê? O que é uma Vila? Oque é um Clã? O que é um Shinobi? O que eu sou?
– Sasuke... – comecei a dizer contrariado, mas fui interrompido por um estrondo. Felizmente, nos afastamos no instante em que uma das paredes da caverna caía.
– Finalmente encontramos vocês.
– Quem são esses? – perguntei vendo três figuras encapuzadas e me pondo em posição defensiva.
– Suigetsu, Juugo e... – Sasuke começou a explicar.
– Karin! – Sakura gritou antes de correr até a figura menor e abraçá-la. – Estava tão preocupada com você! Como você está? Como conseguiu...?
Relaxei minha postura. Eu ouvira falar sobre Suigetsu, Juugo e Karin. Sabia que Sasuke havia recrutado os três para ajudá-lo a me encontrar e me matar, por isso, diferente do Time 7, não tive interesse em conhecê-los pessolamente. Havia investigado o poder de cada um e isso tinha sido suficiente até agora.
Observei o jovem magro de estatura média, cabelos brancos, olhos roxos e dentes pontiagudos e deduzi que aquele era Suigetsu. O jovem alto, musculoso, de cabelo laranja espetado, olhos vermelho-alaranjados e um rosto calmo devia ser Jugo.
– Suigetsu e Juugo me encontraram. – Karin explicou.
Sakura soltou-a e pude observá-la. Karin tinha olhos vermelhos, pele clara e cabelo vermelho que ela usava em um penteado inusitado: o cabelo era curto e espetado, no lado direito, enquanto era mais longo e reto no lado esquerdo dando a metade do seu cabelo a aparência de ser espetado e um pouco despenteado, de um lado, enquanto o outro lado era puro e reto. Ela usava óculos marrom e sua roupa consistia em uma blusa cor lavanda que expunham seu umbigo, shorts pretos curtos e longas meias pretas além de sandálias pretas. Ela era exoticamente linda.
– Que bom. Arigato! – Sakura disse abraçando Suigetsu que estava mais perto dela.
Eu ergui uma sobrancelha e Sasuke a puxou pela cintura afastando-a do outro rapaz sem nenhuma sutileza. Eu ri.
– Ciumento – sussurrei apenas para Sasuke escutar disfarçando com uma tosse, mas Karin ouviu e, pela primeira vez, ela me olhou.
Os olhos dela passearam por meu corpo de cima a baixo como uma carícia. Quando ela voltou a olhar meu rosto, sorri. Se tivéssemos a sós teria perguntado se ela tinha gostado do que vira, mas ela revirou os olhos e meu sorriso aumentou. Ela, com certeza, entendera meu pensamento.
Sem tirar os olhos dela, comentei:
– Meu irmão não tem educação. Por isso, eu mesmo me apresento. Sou Itachi Uchiha.
Todos olharam para mim. Percebi o olhar de surpresa de Suigetsu e Juugo. Mas não consegui decifrar o olhar de Karin.
– Você não está querendo matar seu irmão? – Suigetsu perguntou abismado para Sasuke.
– Não – disse simplesmente.
Sakura revirou os olhos.
– Itachi está do nosso lado.
Suigetsu ainda parecia chocado, mas Karin estava tranquila como se soubesse algo que Suigetsu e Juugo não sabiam.
Suigetsu franziu a testa e olhou de Sasuke para mim e depois de mim para Karin. Depois deu de ombros.
Eles começaram a discutir – na verdade, Suigetsu discutia. Eu continei olhando para Karin. Havia algo naquela garota que me incomodava. Mas logo minha atenção foi desviada quando Sasuke disse:
– Orochimaru. – respondi sério.
– Huh? – Sakura disse confusa.
– Hm? – Karin exclamou chocada.
Aparentemente só eu não prestara atenção ao início da conversa. Sobre o que eles estavam falando?, pensei. Minha dúvida foi respondia por Suigetsu:
– Do que você está falando? Você matou o Orochimaru... Eu trouxe isto para você porque... – Suigetsu tentou explicar, mas Sasuke o interrompeu:
– Ele é durão. Não iria desaparecer assim. Eu estou disposto a encontrar aquele desgraçado... porque tem algo que eu preciso que ele faça. O Clã... A Vila...
– Encontrar Orochimaru? – comentei preocupado. – Como assim?
– Você nunca me responde nada direito, niisan. Por isso, eu vou me encontrar com aquele que sabe de tudo!
– E quem é esse "que sabe de tudo"?! – Sakura perguntou curiosa ao mesmo tempo que Suigetsu dizia:
– Que... Isso não faz sentido. E além do mais... Você não pode reviver o Orochimaru. Você deve querer perguntar pra ele como usar o poder que está nesse pergaminho, mas... acho que você consegue descobrir isso sozinho com o tempo. Eu passei por várias enrascadas procurando ele porque eu achei isso...
– Há também uma coisa que só o Orochimaru pode fazer.
– Sasuke... você era o discípulo favorito do Orochimaru, não era? Então você deve...
– Suigetsu, você...
– O quê?
– Você está subestimando demais Orochimaru.
– Baka! – Karin disse ajeitando os óculos.
Novamente eu a observei. Ela estava se controlando, mas eu podia apostar que ela estava com vontade de socar Suigetsu. Então os olhos dela pousaram em mim, porém rapidamente ela os desviou.
– Será que pode calar a boca, Suigetsu? Ao invés de ficar falando, porque não traz um pedaço do corpo do Kabuto pra mim?
– Você não dá ouvidos ao que os outros dizem, e agora acho que eu devo fazer isso?
Eu observei Sasuke. O que ele estava planejando?
– Neste caso, eu faço. – Juugo disse.
– Haa, então é assim que vai ser, né? Tá tudo bem pra você, Juugo? O Orochimaru vai ser reencarnado!
– Eu não me importo. – Juugo disse. – O desejo de Sasuke é o desejo de Kimimaro. E eu devo obedecer a esse desejo.
– E vocês não vão dizer nada? – Suigetsu perguntou aborrecido.
– Sasuke-kun sempre faz o que quer. – Karin disse dando de ombros.
– Não lembro quem é Orochimaru. Se Sasuke acha que precisa dele, tudo bem. Um reencarnado a mais não vai fazer diferença.
– Não acho que o Sasuke deveria fazer isso, mas já disse que eu o amaria independente de suas escolhas. – suspirei. – Se Sasuke acha que assim ele conseguirá as respostas que precisa, não posso impedi-lo. – conclui observando Juugo ativar o Selo Amaldiçoado.
Na verdade, achava que aquela era uma péssima ideia, mas Sasuke não era mais criança. Ele podia escolher sozinho o próprio caminho e lidar com as consequências dessa escolha.
– Por que eu achei que vocês pudessem... GUEHHH!! Mas que merda é essa?! – Suigetsu gritou ao ver Juugo retirar um pedaço de Kabuto.
Jugo explicou o que era aquilo e Sasuke liberou Orochimaru dizendo:
– Liberação do Selo Amaldiçoado!!!
– Eca! – ouvi Sakura e Karin murmurar.
– Quem diria... que você que iria me ressuscitar.
Orochimaru olhou ao redor. Percebi a surpres dele quando seus olhos pousaram em mim e Sakura, mas ele nada comentou.
Orochimaru garantiu para Suigetsu que não tinha interesse na guerra, mas eu não acreditei. Bufei incrédulo e senti os olhos de Karin em mim, mas não tirei os olhos de Orochimaru enquanto Sasuke explicava o que queria.
– Tudo? Não precisa se preocupar com isso... você é apenas uma criança. – Orochimaru disse.
– Eu não sou mais uma criança. Eu não posso mais ser uma – Sasuke argumentou e eu sorri para ele com orgulho por suas palavras. Apesar disso, eu era seu irmão e não o deixaria cair em uma cilada. Por isso, me aproximei de Orochimaru e tomei o pergaminho dele para analisá-lo. – Quero saber como tudo isso começou... Quero saber como eu devo agir.
– Por quê? – Orochimaru perguntou.
– Eu quero saber sobre os sentimentos de Itachi... os sentimentos de uma pessoa... que mesmo após ter seu nome manchado e morrer, continuou pensando em sua vila... e querendo protegê-la... O que foi nosso Clã? E a nossa Vila? E... eu quero descobrir tudo e encontrar eu mesmo uma resposta... para eu encarar as coisas que precisam ser feitas com meus olhos e minha própria decisão. E Itachi nunca me diz as coisas direito. – conclui ressentido.
Eu devolvi o pergaminho. Sasuke tinha muitas dúvidas e aquilo era realmente o melhor.
– Como você mesmo disse, irmão. Você deve procurar suas repostas e encontrar seu próprio caminho. Por isso, acho melhor nos encontrarmos no campo de batalha. Deixarei que tome sua própria decisão sem minha influência.
– Como assim?
– Independente do caminho que escolher, sei que você irá para a Guerra. Espero que estejamos lutando lado a lado. Mas se você decidir pela vingança, você sabe que eu vou continuar te amando. – disse antes de tocar na minha testa com dois dedos como sempre fazia e sorrir. – Ja ne!
– Itachi...
Sabia que o Edo Tensei ainda estava ativo por minha causa, para que nós dois tivéssemos mais tempo juntos, mas eu não queria influenciar Sasuke mais do que eu já fizera. Ele precisava decidir por si só qual caminho seguir e eu precisava me afastar de um par de olhos vermelhos que me fazia sentir algo que eu não sabia explicar.
KARIN
Alguns dias antes
– Ohayo. Como Sasuke está? – perguntei preocupada assim que vi Sakura chegar ensopada no acampamento. – Acordei e não vi vocês. Já ia procurá-los. Estou sentindo muitos chackra perto dele.
– Ele está bem. – Sakura disse franzindo a testa. – Algumas pessoas nos encontraram, mas Sasuke os conhece.
– Sasuke os conhece? – perguntei desconfiada. Seria alguém de Konoha?
– Hai. Naruto, Kakashi e mais três. Ninguém mais lembrou de se apresentar.
Olhei ainda mais preocupada para a direção em que Sasuke estava.
– Há algum problema entre eles que eu não me lembre, Karin?
– Nada do que devemos nos preocupar, eu imagino. – disse ainda tensa. – Você devia trocar de roupa. Sasuke ficaria irritado se você se resfriasse.
– Hai. Ele me mandou fazer isso mesmo – Sakura comentou revirando os olhos.
Sorri levemente e a observei entrar na barraca. Sakura vestiu roupa rapidamente e saiu da barraca preocupada.
– Vou voltar para lá – ela disse decidida.
Eu entendia a preocupação dela e não poderia impedi-la, afinal eu também estava preocupada. No momento, todos eram nossos inimigos e eu tinha que proteger o Sasuke.
– Vou com você.
Antes que pudéssemos dar um passo, uma figura mascarada usando uma capa preta com nuvens vermelhas surgiu a nossa frente e eu o reconheci imediatamente.
– Madara – exclamei recuando.
– Ora, ora se não é a inútil Karin. – ele disse e depois olhou para Sakura. – E quem mais temos aqui? A Flor de Konoha.
Trinquei os dentes ao perceber a expressão chocada de Sakura.
– O que veio fazer aqui, Madara? – perguntei temerosa.
– Vim colher a flor que está arruinando meus planos.
Enquanto Sakura olhava para ele, um vácuo espiral surgiu a partir do centro do seu olho direito. Eu sabia o que era aquilo. Eu havia visto Madara fazer isso com o corpo de Danzo na ponte. Se Madara levasse Sakura, Sasuke cairia de vez na escuridão. Ela era a luz que estava dissipando as trevas em volta do Uchiha. Eu não podia permitir que Madara tirasse a única coisa que importava para Sasuke.
Então antes que eles pudessem entender o que estava acontecendo, eu empurrei Sakura e comecei a ser sugada para seu interior do olho de Madara sentindo minha forma se distorcendo. A última coisa que ouvi foi o grito apavorado de Sakura:
– SASUKE!
Demorou algum tempo até Madara aparecer na dimensão em que eu estava e me tirar para uma cela em uma caverna. Assim que nos materializamos na cela, Madara me deu um tapa tão forte que senti o gosto de sangue na boca.
– Vagabunda! Como ousa atrapalhar os meus planos? – perguntou antes de me bater novamente.
Ele provavelmente teria continuado se Zetsu Branco não tivesse aparecido.
– Kuso! – Madara gritara irado.
– O que houve? – Zetsu perguntou.
Madara saiu de dentro da cela. Caminhou para longe dali enquanto dizia espumando de raiva:
– Sasuke passou para o lado deles. E a culpa é sua!
– Por que minha?
Não ouvi a resposta, mas podia imaginar o que acontecera. E respirei aliviada. Se Madara estava tão furioso é porque Sasuke tinha chegado a tempo de proteger Sakura e dera um pé na bunda desse mascarado.
Acariciei meu rosto dolorido e pela primeira vez me permiti pensar no que aconteceria comigo agora. Se o que acabara de acontecer era uma prévia, Madara com certeza descontaria toda a fúria em mim por Sasuke, Sakura e eu termos atrapalhado seus planos.
Sentei no chão enquanto uma lágrima solitária escorria pelo meu rosto. Se isso acontecesse realmente, não haveria ninguém que lamentasse ou quisesse vingar meu sofrimento. A única pessoa que me amou foi minha mãe e ela já partira desse mundo há muitos anos.
Eu me apeguei a minha paixonite por Sasuke porque queria ter alguém que me amasse ou se importasse comigo; queria pertencer a alguém. Mas desde que Sakura apareceu eu soube que eu jamais pertenci ou pertenceria ao Uchiha.
Apesar disso, eu não me arrependia do meu sacrifício. Até Sakura aparecer, Sasuke tinha sido a única pessoa que tinha sido bom comigo. Ele me salvara na prova chunin mesmo eu sendo uma completa estranha para ele. Anos depois quando nos reencontramos ele ainda era bom comigo – não da forma como Sakura era bondosa e gentil – mas ele nunca se aproveitara de mim como todos os outros sempre faziam. E quando Orochimaru caíra, ele me dera um novo objetivo. Às vezes, ele era frio, grosseiro e um completo bastardo, mas ele não era mau ou cruel.
Ok, ele tinha sido cruel naquela ponte, mas o ódio e a escuridão que o consumia naquele momento teria feito ele matar Sakura se ela não estivesse desacordada e eu sabia que ele teria se arrependido disso pelo resto da vida.
Eu suspirei. Madara podia dizer o que quisesse, mas a melhor coisa que acontecera para Sasuke foi ele encontrar Sakura naquela ponte. Ela salvaria Sasuke de si mesmo. Lembrei de tudo o que acontecera desde que nós a encontramos e sorri. Sasuke teria uma vida agitada. Sakura era uma garota especial. Ela era tão adorável que poderíamos ter sido amigas.
Outra lágrima escorreu pelo meu rosto. Não, eu não me arrependia por ter salvado uma amiga mesmo que ela nunca soubesse que eu a considerava assim. Abracei meus joelhos enquanto pensava que ela tinha sido a primeira pessoa que tinha me aceitado sem questionar, sem querer tirar proveito do meu dom ou sem se assustar justamente por ele.
– A garotinha está com medo? – Madara perguntou e eu me assustei.
Estava tão distraída em meus pensamentos que não o ouvira se aproximar. Eu não respondi. Apenas analisei-o. Ele parecia muito confiante e alegre. O que acontecera com a fúria dele?
– Conversei com uma pessoa e depois tive tempo para analisar tudo o que aconteceu. Sabe o que percebi? Que Sakura Haruno é a única coisa importante para Sasuke no momento. Sasuke é um serzinho egoísta que não moveria um dedo para salvar alguém que não fosse Sakura. Mas Sakura é uma pessoa muito leal, você não acha? Ela deve ter ficado extremamente grata por você ter salvado a vida dela. O que ela faria se eu matasse você na frente dela e Sasuke-kun não fizesse nada para impedir?
Eu olhei horrorizada para ele. Madara estava certo. Se isso acontecesse, Sakura não perdoria Sasuke e ele enlouqueceria sem o amor dela.
– Responda! – Madara ordenou, mas eu jamais falaria isso para ele. – Tudo bem, vamos fazer por mal. Sharingan!
Madara me lançou em um genjutsu e me obrigou a passar todas as informações sobre Sakura e Sasuke. Depois ele me lançou no Tsukuyomi: Reino dos Pesadelos, mas ao invés de ser ele quem me golpeava no genjutsu era Sasuke, Sakura, Suigetsu e Juugo.
Passei os dias seguintes apavorada por saber que seria usada como trunfo de vingança contra Sasuke e com medo de novamente ser lançada no Tsukuyomi. Nem mesmo descobrir que aquele mascarado não chamava Madara e sim Tobi não ajudou em nada a devolver-me a paz. Sabia que a qualquer momento, ele viria me buscar para matar-me e arruinar a vida das duas únicas pessoas que foram boas comigo.
Eu tentei escapar nos primeiros dias, mas ele era muito esperto e logo percebi que jamais sairia dali sozinha. Não havia nada que eu pudesse fazer a não ser esperar um milagre, coisa que eu duvidava que aconteceria.
Mas aconteceu. Um dia acordei com um estrondo. Pulei em pé e vi um buraco na parede da caverna e duas figuras encapuzadas me encarando.
– Como você se meteu em uma enrascada dessas, cenourinha?
– Suigetsu? – disse abismada. Olhei para a figura mais alta e imaginei quem poderia ser. – Juugo? – eles assentiram e percebi que só Juugo poderia quebrar aquela caverna. – O que estão fazendo aqui? Como conseguiram me achar?
– Viemos te resgatar, oras. – Suigetsu disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
– Mas por quê? Você nem gosta de mim.
– Isso é verdade. Você é estranha e a garota mais chata que eu conheço, mas você faz parte de Taka.
Senti meus olhos umidecerem. Suigetsu jamais me deixaria esquecer se eu chorasse na frente dele, então gritei para disfarçar:
– Eu não sou chata! Você é que é um idiota!
– Eu não sou idiota! Você
– Os pássaros me disseram onde você e o Sasuke estavam – Juugo disse tentando acabar com a discussão.
– Onde Sasuke está?
– Não muito longe daqui lutando contra Kabuto, mas preferimos salvar você primeiro.
– Por quê?
– Sasuke é Sasuke. Ele derrotou Orochimaru. Kabuto vai ser fichinha. Agora você é uma inútil que não sabe nem se livrar de problemas. Como foi que você acabou aqui?
Mordi a língua para não xingar o Suigetsu por me chamar de inútil.
– Salvando a namorada de Sasuke.
Suigetsu gargalhou que até se curvou de tanto rir.
– Essa foi a melhor piada que eu já ouvi.
– Não é piada – retruquei séria.
– Sasuke? Namorando? – perguntou incrédulo e eu assenti. – Sasuke Uchiha? Acho que esse povo – Suigetsu apontou para a cela. – andou mexendo com a sua cabeça.
– Não é nada disso, baka. O nome dela é Sakura Haruno e ela é de Konoha.
– Konoha? – Suigetsu riu e não podia culpá-lo, afinal sabíamos que Sasuke queria destruir a aldeia. – Eu sabia que você era louca.
– Não sou louca, cara de peixe! Sasuke está namorando Sakura.
– Se nós formos logo – Juugo disse prevendo que começaríamos discutir em breve. – poderemos conhecê-la.
Suigetsu saiu na frente.
– Você acredita nessa louca, Juugo? Acha que Sasuke – SASUKE – tem uma namorada? Karin se jogava para cima dele e ele continuava mais frio que um bloco de gelo. Não que eu possa culpá-lo, né?, Karin é...
Eu dei um murro na cabeça dele.
– Cale a boca, baka!
– Karin não precisa mentir – Juugo declarou calmamente ignorando os dois.
– Tudo bem, digamos que esteja dizendo a verdade... por que você salvou ela? Você não queria o Sasuke para você?
Pensei em negar como sempre, mas Suigetsu tinha razão. Éramos uma família.
– É verdade que houve um tempo em que estive interessada em Sasuke. Ele é lindo, poderoso e tem um chakra incrível, mas eu jamais conseguiria competir com Sakura. Sasuke a ama. – eu dei de ombros. – Acho que ele sempre a amou.
– Sempre quando?
– Desde quando ele morava em Konoha. Bem antes de ele conhecer a gente.
– Eu estou dizendo. Você está louca. Sasuke não tem sentimentos, Karin.
Eu não insisti. Ele veria quando nós os encontrássemos. Por isso, perguntei sobre o que tinha acontecido com eles depois da reunião dos Kages. A narrativa das peripécias deles, incluindo a violação de um esconderijo do Orochimaru, preencheu nossa viagem até o local onde Sasuke estava.
Eu sentia o chakra de Sasuke, Kabuto e... Itachi? Mas era impossível! Ele estava morto. E onde estava Sakura? Conforme nos aproximávamos, percebi que o chakra dos três se normalizou indicando que a luta terminara, então para minha confusão, de repente, senti o chakra de Sakura.
Por fim, chegamos ao local onde eles estavam e Juugo destruiu a parede da caverna como tinha feito antes onde eu estava.
– Finalmente encontramos vocês – Suigetsu disse assim que entrou. Juugo entrou em seguida e eu entrei por último
– Quem são esses? – alguém perguntou e eu imaginei que fosse Itachi. Eu não conseguia vê-lo atrás de Juugo, mas sabia que não era a voz de Sasuke.
– Suigetsu, Juugo e... – Sasuke começou a explicar., mas Sakura o interrompeu:
– Karin! – Sakura gritou antes de correr até mim e me abraçar com tanto carinho que me emocionei. – Estava tão preocupada com você! Como você está? Como conseguiu...?
– Suigetsu e Juugo me encontraram. – expliquei surpresa e emocionada.
– Que bom. Arigato! – disse abraçando Suigetsu que estava mais perto dela.
Sasuke a puxou pela cintura afastando-a do outro rapaz sem nenhuma sutileza. Eu olhei para Sasuke e depois encarei Suigetsu. Sabia que minha expressão queria dizer: "não disse". Suigetsu fechou a cara.
– Ciumento – Itachi disfarçou o sussurro em uma tosse, mas eu ouvi e o olhei pela primeira vez.
Itachi era tão lindo quando Sasuke. Eu o olhei de cima a baixo. Ele tinha intensos olhos de ônix e cabelos negros que eram puxados para trás com um elástico vermelho em um curto rabo de cavalo que se estendia até suas omoplatas e usava franjas que emolduravam o centro do rosto que se separavam e se estendiam até o queixo. Ele tinha longas rugas sob os olhos e senti meus dedos coçarem para tocá-las.
Senti minhas bochechas arderem ao ver o sorriso dele quando encarei os olhos dele novamente. Podia apostar que ele queria perguntar se eu tinha gostado do que vira. Eu revirei os olhos. Claro que eu tinha gostado do que vira, mas ele não ia saber disso.
O sorriso dele aumentou quando, sem tirar os olhos de mim, se apresentou:
– Meu irmão não tem educação. Por isso, eu mesmo me apresento. Sou Itachi Uchiha.
Todos olharam para Itachi. Suigetsu e Juugo, com surpresa. Eu não estava surpresa. Mesmo sem nunca tê-lo visto pessoalmente, eu sabia quem ele era. Tinha reconhecido o chakra dele bem antes de chegarmos aqui.
– Você não está querendo matar seu irmão? – Suigetsu perguntou abismado.
– Não – disse simplesmente.
Sakura revirou os olhos.
– Itachi está do nosso lado.
Suigetsu ainda parecia chocado, mas eu tinha convivido com Sasuke e Sakura então eu sabia que Itachi não era o vilão que pensávamos. Suigetsu franziu a testa e olhou de Sasuke para Itachi e depois de Itachi para mim. Depois deu de ombros.
Eles começaram a discutir – na verdade, Suigetsu discutia como sempre. Era um baka mesmo. Itachi continuou olhando para mim. O olhar dele parecia querer desvendar todos os meus mistérios e isso me deixava inquieta. Por isso, tentei prestar atenção ao que Sasuke dizia:
– É isso... – Sasuke murmurou. Ao erguer os olhos, percebeu que nós o encarávamos curiosos. – Aquele que sabe de tudo... Bom, tem uma pessoa que eu preciso encontrar. Sakura e eu já vamos indo.
– Hã? Como assim? Quem? – Suigestu perguntou.
– Orochimaru. – respondi sério.
– Huh? – Sakura disse confusa.
– Hm? – exclamei chocada.
Como assim Sasuke queria reviver Orochimaru? Ele tinha pirado?
Suigetsu, medroso como sempre, começou a discutir com Sasuke.
– Suigetsu, você...
– O quê?
– Você está subestimando demais Orochimaru.
– Baka! – eu disse ajeitando os óculos.
Claro que Suigetsu não desconfiou e continuou com suas reclamações.
– Será que pode calar a boca, Suigetsu? Ao invés de ficar falando, porque não traz um pedaço do corpo do Kabuto pra mim?
– Você não dá ouvidos ao que os outros dizem, e agora acho que eu devo fazer isso?
Tive vontade de xingá-lo, mas me controlei e apenas observei Sasuke.
– Neste caso, eu faço. – Juugo disse.
– Haa, então é assim que vai ser, né? Tá tudo bem pra você, Juugo? O Orochimaru vai ser reencarnado!
– Eu não me importo. – Juugo disse. – O desejo de Sasuke é o desejo de Kimimaro. E eu devo obedecer a esse desejo.
– E vocês não vão dizer nada? – Suigetsu perguntou aborrecido.
– Sasuke-kun sempre faz o que quer. – eu disse dando de ombros.
– Não lembro quem é Orochimaru. Se Sasuke acha que precisa dele, tudo bem. Um reencarnado a mais não vai fazer diferença.
– Não acho que o Sasuke deveria fazer isso, mas já disse que eu o amaria independente de suas escolhas. – Itachi suspirou. – Se Sasuke acha que assim ele conseguirá as respostas que precisa, não posso impedi-lo. – Itachi concluiu observando Juugo ativar o Selo Amaldiçoado.
Sasuke, Suigetsu e Juugo ficaram conversando enquanto eu observava Itachi que encarava o irmão com o senho franzido.
De repente Orochimaru saiu de dentro de uma cobra que surgiu do Selo de Anko. Orochimaru acariciou a cobra e Suigetsu se encondeu atrás de Kabuto.
– Eca! – Sakura e eu murmuramos.
– Quem diria... que você que iria me ressuscitar.
Orochimaru olhou ao redor. Surpresa cintilou em seus olhos quando viu Sakura e Itachi, mas ele nada comentou.
– O-olá... quanto tempo, não é mesmo? – Suigetsu comentou quando os olhos do senin pousaram nele.
Orochimaru explicou que já sabia tudo o que estava acontecendo e que não tinha interesse nessa guerra. Eu fiquei chocada. Será que ele realmente estava falando sério?
– Esta é uma guerra iniciada por outra pessoa, afinal de contas... Se há uma coisa que eu possuo interesse... é no seu jovem corpo, Sasuke.
– NANI????? – Sakura gritou indignada.
– Mas mesmo assim... no momento, não possuo força suficiente para roubar seu corpo.
– Sasuke? Do que ele está falando? – Sakura perguntou ainda indignada.
Eu tive vontade de rir. Coitada. O que ela estava pensando? Sasuke apertou os lábios e mostrou pergaminho para Orochimaru, ignorando a pergunta dela.
– Nao é o que você está pensando. – sussurrei para Sakura.
– Hum?
– Orochimaru sempre buscou a imortalidade, por isso de tempos em tempos ele procura um novo corpo para se hospedar. Ele tentou tomar o de Sasuke, mas seu namorado o derrotou.
Sakura me olhou surpresa. Mas então a voz profunda de Itachi chamou minha atenção.
– Como você mesmo disse, irmão. Você deve procurar suas repostas e encontrar seu próprio caminho. Por isso, acho melhor nos encontrarmos no campo de batalha. Deixarei que tome sua própria decisão sem minha influência.
– Como assim?
– Independente do caminho que escolher, sei que você irá para a Guerra. Espero que estejamos lutando lado a lado. Mas se você decidir pela vingança, você sabe que eu vou continuar te amando. – Itachi disse antes de tocar na testa de Sasuke com dois dedos e sorrir. – Ja ne!
– Itachi...
Itachi olhou para Sasuke pela última vez e então, por um segundo, olhou para mim. Havia algo naquele olhar que mexeu comigo de uma maneira inquietante. Antes que eu pudesse analisar o que era, Orochimaru tomou sua decisão:
– Certo. Vou colaborar com você. Siga-me.
– Para onde?
– Para um lugar que você conhece bem. Vamos.
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