XI. A Decisão
KAKASHI
– Você sempre esteve certo. Aqueles que seguem o caminho da vingança, nunca acabam bem. Você só se destrói e, ainda que tenha sucesso, você se vinga e o que sobrará com isso? Nada. Um vazio. Só sobrou o vazio para mim.
Eu esperei tanto ouvir essas palavras de Sasuke e eu estava aliviado por ele ter reconhecido isso. Porém o momento agora o momento era muito crítico . Se fosse alguns meses atrás tudo seria bem mais simples, mas depois de tudo o que acontecera...
– Sasuke, preciso falar a sós com você.
– Kakashi-sensei? – Naruto perguntou confuso.
– Naruto, Sakura, nos esperem com os outros, por favor.
Sakura olhou preocupada para Sasuke que assentiu de má vontade. Então ela saiu arrastando Naruto que resmungava sobre guardarmos segredos deles. Assim que ficamos a sós, Sasuke me fitou:
– Suponho que esteja no Livro Bingo.
Não me surpreendi com isso. Sasuke sempre fora inteligente.
– Hai. Sabe o que isso significa?
– Eu serei preso e executado.
– Preso e julgado. SE for condenado, poderá ser executado.
– Eu serei condenado. Sei a gravidade do que fiz.
– Como atual Hokage, estou em uma situação complicada, Sasuke.
Sasuke ergueu a sobrancelha.
– Hokage?
– Os outros Kages me escolheram. – esclareci e então suspirei. – Quero absolvê-lo, mas no momento não posso. Se eu o fizesso, o Raikage se revoltaria e isso dissolveria a Aliança Shinobi. É a primeira vez que as Cinco Grandes Vilas Shinobi se unem e com uma guerra anunciada não podemos nos dar ao luxo de romper essa aliança. Você voltará conosco para Konoha preso. Pedirei aos outros Kages para que seu julgamento seja após a guerra.
– Não posso ser preso, Kakashi. Ouviu o que Madara disse. – disse tenso. – Só eu posso enfrentá-lo e tem chance de derrotá-lo.
– Não seja arrogante. Essa sua mania de agir sozinho sempre o coloca em problemas. Se não tivéssemos encontrado vocês agora, se você trabalhasse em equipe e ajudasse na guerra as coisas seriam diferentes. Mas agora é impossível. Preciso levá-lo preso – eu disse desejando que ele entendesse.
Sasuke me fitou por um momento. Por fim disse:
– Entendo. Se é assim que tenho que voltar para Konoha, que seja.
Então ele virou as costas e voltou para o acampamento e eu fiquei sem saber se ele realmente tinha entendido ou não.
* * *
SAKURA
Ouvir Sasuke falar que éramos de Konoha tinha sido um choque. Ele queria destruir a vila. Como podíamos ser de lá. Entretanto enquanto ele falava sobre o massacre, a morte do irmão, a verdade por trás das ações de Itachi, eu o entendi e me comovi por ele. Era por isso que ele sempre tinha aquele olhar de raiva, tristeza e solidão quando falava de sua família.
– Você tem a mim, anata. Sempre terá a mim. – eu disse com todo o amor que eu sentia por ele.
Não importava o que tinha acontecido no passado ou o que aconteceria no futuro. De alguma forma, eu sabia que nossos caminhos estavam entrelaçados para sempre.
Naruto também garantiu que estaria ao lado do amigo, mas Kakashi continuava sério. Naruto o chamara de sensei, então ele deve ter sido nosso professor. Ele era responsável pela gente e a declaração de Sasuke sobre destruir Konoha, com certeza, não seria tão facilmente esquecida ou perdoada. Fiquei preocupada quando Kakashi pediu para falarem a sós, mas Sasuke assentiu para mim e eu arrastei Naruto comigo.
Naruto reclamou até chegarmos aonde os demais garotos estavam. Assim que eles nos viriam, correram em nossa direção:
– Finalmente!
– E então?
– O que Sasuke queria?
– É segredo dele – Naruto disse encolhendo os ombros e eu fiquei contente pelo companheirismo do loiro. – Quando for a hora certa, vocês também saberão. O importante é que a Sakura e o Teme vão voltar para Konoha com a gente. – ele concluiu sorrindo.
Eu sorri também, mas fui a única. Todos os três nos olharam com expressões preocupadas.
– O que foi? – perguntei na defensiva. – Não quer que voltemos com vocês?
– Não é isso, Sakura-chan. – o estranho de roupa verde disse.
– Você não lembra, mas o Sasuke... – o que estava acompanhado por um grande cachorro começou, mas Naruto o interrompeu.
– Vai voltar com a gente.
– É um traidor. – o esquisito pálido disse ignorando a interrupção de Naruto. Então me encarou e comentou: – Não sei porque a Feiosa está com Sasuke se ele...
Nos últimos dias, percebi que sou uma pessoa calma e tranquila, mas com as poucas palavras desses três uma ira tão grande surgiu em mim que quando percebi estava socando a cara do esquisito.
– Não fale mal do Sasuke e não me chame de Feiosa! – disse furiosa e saí dali.
– Vocês são idiotas ou o quê? – escutei Naruto perguntar. – Esqueceram o que Sasuke disse?
Eles começaram a discutir e eu os ignorei enquanto desfazia o acampamento. Não era de estranhar que Sasuke hesitasse em voltar para Konoha. Eram barulhentos e bakas.
Resolvi dividir as coisas de Karin entre minha mochila e de Sasuke. Quando terminei de organizar tudo, coloquei a minha mochila nas costas e fiquei segurando a de Sasuke.
– Sakura? – Naruto perguntou hesitante.
– O que foi Naruto?
– Os meninos não queriam te ofender nem ofender o Teme. Sasuke abandonar a vila mexeu com todo mundo, mas Konoha estará sempre aberta para recebê-lo de volta.
Eu respirei fundo. Minha raiva não tinha passado, mas já tinha diminuído bastante. Porém antes que eu dissesse qualquer coisa, Sasuke e Kakashi voltaram.
Sasuke me encarou com determinação e outro sentimento que eu não consegui identificar. Ele assentiu quando percebeu que eu tinha desfeito o acampamento. Então caminhou em minha direção enquanto Kakashi dizia:
– Sasuke e Sakura voltarão com a gente para Konoha. Partiremos agora.
– Abraça-me muito forte, Sakura. – ele murmurou e eu obedeci olhando-o surpreendida. – Sinto muito, Dobe. – disse para Naruto que olhou chocado para minhas costas.
– Não! Sasuke, não faç...
Eu não escutei o restante da frase porque de repente tudo ao nosso redor desapareceu. Fechei os olhos quando uma vertigem me tomou.
– Pode abrir os olhos.
Para minha surpresa, estávamos em um lugar parecido com o esconderijo do primeiro dia.
– Onde estamos?
– Outro esconderijo de Orochimaru.
– Quantos esconderijos esse homem tem?
– Muitos. Ele era um nukenin e um pesquisador, por isso estava sempre se movendo de um lugar para o outro. Vamos conhecer mais alguns ainda.
– Pensei que voltaríamos para Konoha.
– Eu também.
– Ainda pretende destrui-la?
– Não.
– Então por que...?
– Hoje não, Sakura. Foi um dia estressante. Vamos comer algo e descansar. Logo teremos que mudar daqui.
Eu queria perguntar mais, mas sabia que ele não diria nada. Konoha, Madara, Karin, sua confissão... realmente um dia cheio. Suspirei e fui pegar comida. Nekobaa tinha nos fornecido algumas porções prontas. Torci o lábio quando lembrei do que Sasuke disse sobre minha comida.
– Por que está fazendo careta?
Não tinha percebido que ele estava me observando. Eu corei.
– Sua opinião sobre minha comida. Ainda não te perdoei por iso.
Ele riu de lado. Esse sorriso era tão lindo... Sacudi a cabeça e entreguei uma porção para ele. Comemos em silêncio. Depois pedi para Sasuke me mostrar o local. Era menor que o outro, mas havia vários quartos. Entresteci achando que Sasuke escolheria um quarto para ele, afinal ele quase tinha morrido por hipotermia antes de aceitar a dividir a barraca comigo.
Para minha surpresa, ele entrou num quarto espaçoso e disse:
– Vamos ficar aqui. Era onde eu costumava dormir, então o banheiro funciona bem se você quiser tomar banho.
Eu abri um sorriso brilhante tanto por saber que dividiríamos o quarto quanto pelo banho. Depois que tomei banho, ele entrou no banheiro e eu fiquei nervosa. Por tudo o que aconteceu recentemene, eu percebi que meu namoro com Sasuke não é tão antigo como eu pensei a princípio. Afinal se ele era virgem, eu também era, certo?
A consciência de que estávamos completamente sozinhos agora e que dividiríamos o mesmo quarto, a mesma cama me deixava inquieta. Antecipação arrepiava minha pele e a ousadia que me era tão comum me abandonou.
Quando ele saiu do banheiro e eu o fitei, não consegui evitar corar enquanto pensava em todos os nossos beijos... na forma como nos encaixávamos enquanto dormíamos... no modo como meu coração disparava só de vê-lo... Senti minhas mãos tremerem e minha respiração. Seu olhar não se desviara nem por um instante.
– Sasuke...
– Sakura...
De repente ele atravessou o quarto tão rápido que não vi seus movimentos. Um instante depois eu estava nos braços dele.
– Eu tive tanto medo de Madara levá-la – disse antes de selar nossas bocas com um beijo.
* * *
SASUKE
Quando Kakashi disse que queria falar a sós comigo, eu soube que minha volta para Konoha não seria tão fácil como Naruto sempre afirmara. Ou talvez teria sido se eu não tivesse entrado para a Akatsuki, tentado raptar o Jinchiriki do Hachibi que era irmão do Raikage, invadido a reunião dos cinco Kages e matado Danzo.
Kakashi confirmou minhas suspeitas, mas eu não podia ser preso.
Quando fiz tudo aquilo, eu só pensava na minha vingança. Minhas lembranças boas estavam no passado. No presente, a única preocupação que tinha era continuar vivo até concluir minha vingança. Sobre o futuro... nunca tinha pensado no que faria depois de matar Itachi assim como não pensei no que faria depois que destruísse Konoha. Eu poderia ser preso, ser morto que para mim era indiferente.
Mas agora... agora tinha um par de olhos-esmeralda que eu tinha que proteger. Ela era a garota mais irritante que já conheci e tinha se tornado ainda mais irritante depois que perdeu a memória e começou a agir de forma imprevisível, mas... Mas ver Madara tentando levá-la tinha mexido comigo de uma forma que eu nunca pensei ser possível. Sabia que ele queria se vingar de Sakura porque ela estava me fazendo desviar do meu objetivo. Pensar nisso tinha me enchido de ira.
A ameaça dele tinha sido real, eu sabia. Ele iria atrás dela e tentaria matá-la. Mas eu... eu, simplesmente, não conseguia pensar em um mundo em que aquele sorriso deslumbrante e aqueles curiosos olhos verdes não existisse. Eu não sabia porquê e nem queria descobrir, mas eu faria qualquer coisa para protegê-la. Até mesmo magoar Naruto mais uma vez e fugir com ela.
Quando chegamos ao esconderijo, ela não surtou como pensei que ela faria. Apenas perguntou o porquê, mas me recusei a dizer. Eu mal conseguia admitir para mim mesmo que eu me importava com ela.
Eu fiquei observando-a enquanto ela buscava comida e vi ela fazer uma careta tão meiga que tive que perguntar porque. A resposta dela me surpreendeu. Achei que ela já tivesse esquecido meu comentário grosseiro, mas verdadeiro, sobre seus dotes culinários.
Depois que fizemos o reconhecimento do esconderijo, resolvi que ficaríamos no quarto que eu costumava ficar quando Orochimaru, Kabuto e eu íamos ali. Eu tentei convencer a mim mesmo que iríamos dormir juntos para que eu pudesse protegê-lo, mas até aos meus ouvidos isso soava falso. Dois dias apenas eu já tinha me acostumado a dormir abraçado a ela. Tsc.
Eu disse para ela ir tomar banho para eu ter um pouco de tempo só para mim, mas é claro que enquanto ouvia o som do chuveiro eu não conseguia evitar lembrar-me daquele dia no rio... não conseguia deixar de pensar no corpo nu dela... nas curvas perfeitas... Será que...
Felizmente antes que eu pudesse começar a fantasiar com ela, Sakura saiu do banheiro e eu tentei não correr até lá. Precisava de um banho. Gelado.
Porém enquanto eu tomava banho, percebi que estaríamos completamente sozinhos. Karin tinha sido levada no lugar de Sakura. Com esse pensamento, saí do banheiro. Graças a Kami, Sakura estava bem, pensei ao fitá-la. Karin e eu conseguimos salvá-la.
Enquanto eu fitava Sakura, senti a tensão no ar. A tensão sexual que não me abandonava e a tensão furiosa por eu quase perdê-la. Quando elas chegaram ao ápice não pude mais resistir. Eu precisava senti-la em meus braços. E fui o que fiz. Em um instante, ela estava em meus braços e eu a beijava. Ela estava bem, estava segura e era minha.
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