V. Reações

SASUKE

Eu procurei um quarto para eu me esconder. Era vergonhoso admitir, mas eu estava me escondendo dela.

Sakura.

Onde estava aquela garota irritante que ficava me seguindo para todos os lados e que queria a minha aprovação para tudo, sem nunca tomar a iniciativa para nada temendo me irritar ou me desagradar? Eu a queria de volta. Desesperadamente.

Eu fechei os olhos e inspirei fundo tentando controlar minha respiração ainda irregular.

Eu sabia lidar com a Sakura-irritante. Eu conseguia ignorá-la e fingir que não me importava. Mas essa Sakura-desmemoriada... Eu sentei na cama e passei as mãos pelo meu cabelo. Eu não sabia como lidar com ela. Ela era tão independente, linda e gostosa...

Eu levantei da cama de um pulo. Pare de pensar assim, ordenei a mim mesmo. Era difícil ignorá-la, mas eu conseguiria. Eu consegui absorver Orochimaru. Seria fichinha ignorar uma garota irritante que beija tão bem...

Eu soquei a parede. Mas que droga! Eu tinha que parar de pensar nisso. De pensar nela. De pensar... Eu soquei a parede de novo. Por que era tão difícil? Soquei de novo. Por que era difícil ignorar? Esquecer? Mais um soco. Por que justamente agora meu corpo resolveu me lembrar que eu era um rapaz cheio de hormônios? Outro soco. Por que ela tinha que se transformar em uma garota tão sexy?

Eu só queria vingar minha família. Era pedir demais? Então encostei a testa na parede enquanto minha respiração voltava ao normal. Lembrar da minha vingança fez todos esses pensamentos irritantes abandonarem minha mente.

Eu era um Vingador. E nada iria me impedir. Nem mesmo Sakura com essa boca perfeita. Destruirei Konoha custe o que custar. E, enquanto ela não recupera essa maldita memória, ficarei bem longe dela.

Bufei enquanto me afastava da parede. Se Itachi ou Naruto me ouvissem agora, iriam me caçoar o resto da vida. Sasuke Uchiha fugindo de uma garota. Pressionei a ponte do nariz. Era vergonhoso, mas eu precisava me concentrar na minha vingança e aquela irritante estava me atrapalhando.

Ficar trancado aqui só pioraria. Então resolvi que estava na hora de irmos embora. De qualquer forma não podíamos ficar muito tempo aqui antes que viessem nos procurar. Se fosse Naruto quem nos encontrasse seria ótimo, assim poderia me livrar de Sakura de uma vez.

Ignorei a sensação estranha que me invadiu ao pensar nisso e continuei meditando. Depois de tudo o que tinha feito ultimamente, eu, com certeza, estava no livro Bingo e para completar minha vingança não podia ser preso de jeito nenhum. Era melhor continuar suportando essa Sakura irritantemente desmemoriada, decidi ignorando outra sensação estranha.

Fui atrás dela e de Karin evitando passar perto da sala de treinamento.

* * *

SAKURA

Depois de me desculpar com Karin por meu comportamento... anh... embaraçosamente despudorado, nós fomos ao seu quarto e comecei a perguntar sobre ela. A princípio ela me dava respostas vagas, mas depois começou a se soltar mais.

Ela tinha tido uma vida difícil devido a suas habilidades curativas. Quando ela era pequena, ela fora obrigada a curar os feridos de Kusagakure, após a morte de sua mãe. Algum tempo depois de se tornar uma genin, Karin tinha participado dos Exames Chūnin realizado em Konoha e durante a segunda fase do Exame viu Sasuke pela primeira vez. Ela tinha se perdido dos seus colegas de equipe e quando estava sendo atacada por um grande urso, ele a salvara, porém ela não o reconhecera de imediato quando viu Sasuke pela primeira vez depois que ele passou para o lado de Orochimaru.

Karin tinha se unido a Orochimaru após o ataque a Kusagakure. Ela havia sentido a invação e se escondera. Então Orochimaru a encontrara e a levara para Otogakure. Suas impressionantes habilidades curativas foram estudadas por Orochimaru e Kabuto, que foi capaz de reproduzi-la com sucesso. Depois de ser envolvida em experimentos com Jūgo e Kimimaro, Orochimaru a deixara no comando do Esconderijo do Sul.

Ela só reconheceu Sasuke quando os dois se reuniram formalmente. Karin assistira Sasuke recapturando cento e dezoito prisioneiros de teste de um dos esconderijos de Orochimaru e então reconheceu o chakra dele como o do genin que a salvara em Konoha.

Segundo Karin, havia se passado um bom tempo até que Sasuke derrotasse Orochimaru e fosse atrás dela, de Suigetsu e de Juugo para cumprir sua vingança.

Eu ia perguntar quando eu entrei para o time quando ouvimos batidas na porta.

– Sakura está aí?

– Hai.

– Vamos partir. Agora.

Franzi a testa. Será que ele estava envergonhado por Karin ter nos visto, por isso nem sequer abriu a porta? Saí para falar para ele que estava tudo bem, mas não o vi. Por Kami, como ele era tímido!

Karin rapidamente reuniu as coisas dela e logo se juntou a mim. Eu não tinha nada para pegar além do pergaminho que Sasuke me dera, então fui a primeira a estar pronta.

Momentos depois que Karin chegou, Sasuke apareceu e, sem olhar para nenhuma de nós, começou a caminhar.

Eu suportei o silêncio durante a primeira hora, porém conforme o tempo passava e nenhum dos dois falavam nada, comecei a ficar entediada e irritada. Timidez tem limite, certo?

Além disso, eu tinha certeza que não era a primeira vez que Karin nos via em uma situação embaraçosa. Nós não ficávamos nos beijando escondidos, ficávamos? Quem iria querer namorar escondido? Quem iria querer namorar Sasuke Gostoso Uchiha escondido? Eu não, com certeza! Se bem que... eu não lembro de nada... Talvez realmente namorássemos escondidos.

Apressei o passo e logo o alcancei. Ele ignorou minha presença e eu ignorei ele ter me ignorado.

– Nós namoramos escondidos?

– Nani? – perguntou perdendo o passo.

– Você está envergonhado porque Karin nos viu nos beijando. Então suponho que você seja muito tímido. É por isso que namoramos escondido?

– Não estou envergonhado – gritou ultrajado. Percebendo o próprio tom de voz repetiu: – Não estou envergonhado.

– Então por que não está falando comigo?

Ele abriu a boca para responder, depois apertou os lábios. Quando eu já estava quase explodindo, respondeu:

– Eu sou assim, Sakura.

– É verdade – Karin concordou. Ela tinha ouvido Sasuke gritar e se aproximara para ver o que estava acontecendo.

– Isso é irritante – eu bufei.

Sasuke me observou por um momento com aquela expressão impenetrável. Depois revirou os olhos.

– Há, pelo menos, alguma coisa importante para falar?

– Hai – respondi sorrindo. – Preciso de roupas.

Ele me olhou de cima a baixo e vi os olhos dele brilharem antes de ele desviar os olhos.

– Hmp.

Foi minha vez de revirar os olhos.

– Por que não havia nada meu no esconderijo?

– Não era nossa base e sua mochila deve ter ficado embaixo das pedras na ponte – Karin respondeu ao perceber que o Uchiha não faria. – Sasuke estava muito preocupado com você para pensar em outras coisas.

Eu não consegui identificar se ela estava sendo sincera, irônica ou sarcástica. Antes que eu pudesse decidir, Sasuke disse:

– Terá que esperar até amanhã para conseguir roupas. Logo teremos que acampar.

– Tudo bem.

Tínhamos saído tarde, então não era uma surpresa. Inclusive eu tinha pensado que passaríamos mais uma noite no esconderijo. Suspirei ao perceber que o silêncio voltara. Poucas horas depois paramos.

Para minha indignação, Sasuke não me deixou cozinhar.

– Sua comida tem gosto ruim – disse e então saiu para ir buscar lenha.

– Grosso – murmurei, mas Karin escutou e riu.

– Sempre. Você pode ir buscar água para nós bebermos enquanto eu cozinho.

Eu assenti ainda chateada por Sasuke se queixar da minha comida, mas eu não lembrava do gosto que tinha então não tinha argumentos para contra-atacar.

Quando cheguei no rio, resolvi banhar antes de pegar água. Não tinha roupa para trocar, mas estava suja, suada e chateada.

Então tirei a roupa e entrei no rio. Por um momento, senti que estava sendo observada, mas logo a impressão passou e eu resolvi aproveitar o banho e esquecer. Tempo depois o frio começou a tomar conta de mim e, infelizmente, tive que sair da água. Vesti minha roupa, peguei a água e voltei.

Karin estava terminando a comida e duas barracas tinham sido montadas. Onde eu dormiria? Abri a boca para perguntar, mas Karin chamou:

– Vamos comer.

Eu estava faminta e, felizmente, Karin cozinhava bem. Torci os lábios ao pensar nisso.

Sasuke comeu em silêncio. Em um silêncio mais profundo do que o da caminhada, se é que era possível. Eu o observei por um tempo, mas ele não tirava os olhos do prato. Quando terminou disse que ia dormir, então lembrei a pergunta que ia fazer antes de comer.

– Onde vou dormir?

– Kuso! Esqueci isso. – ele pressionou a ponte do nariz. – Durma na minha barraca, vou dormir em uma árvore.

– Nani?

Mas é claro que ele não repetiu. Afinal ele sabia que eu tinha ouvido.

– Não precisa. Pode dormir comigo. – eu disse um pouco corada.

Sasuke arregalou os olhos.

– Nani???

Eu corei ainda mais.

– Não precisa ficar tão chocado. Estou chamando para dormir. - esclareci.

Karin riu e Sasuke olhou para ela com a cara amarrada.

– Não acho que seja uma boa ideia – disse sem me olhar.

Eu revirei os olhos.

– Está com medo de quê? De que eu ataque você durante o sono? – perguntei com deboche, porém o silêncio pesado que obtive como resposta foi humilhante.

Quem cala, consente?

Fiquei furiosa. Passei por ele e o empurrei antes de entrar na barraca.

– Congele no frio, baka.

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