Era domingo, e Harry estava aproveitando aquela tarde para fazer algumas reformas, a parte de trás da sua residência estava cheia de madeira e ferramentas que ele estava usando na tentativa de fazer uma casa na árvore para sua filha. 

Na parte de trás da sua casa, ficava localizada uma  parte da floresta que havia uma pequena trilha que levava até o lago, ele morava em lugar perfeito, simples e belo ao mesmo tempo. 

A reforma também era uma forma de canalizar seus pensamentos que estavam em Louis, desde o último encontro deles,  que Harry vem fazendo a vontade do pai da sua filha, e assim, não tem mais se aproximado dele. Mesmo longe, Harry sentia-se incapaz de não pensar em Louis a cada segundo do seu dia. 

Nada diminuía sua culpa, ele tinha noção que o pedido de Louis era até razoável, tendo em vista que Harry acabou com a vida dele. Deita a cabeça a noite no travesseiro e pensa em tudo de errado que fez na vida de Louis, o estrago é a destruição que deixou para trás, estava fazendo com que Harry não só se 
envergonhasse de si mesmo, como também a cada minuto, matava um pouco de si. 

Era horrível viver em um mundo em que você para realizar seus sonhos, tenha que destruir a vida de outra pessoa. Seus únicos momentos de fuga de seus pensamentos e culpa, era quando estava no trabalho, como naquele fim de semana ele estava de folga, a única alternativa era trabalhar até exaustão. 

Ele precisava fazer qualquer coisa que não fosse pensar em Louis.  Ou caso contrário , iria enlouquecer. 

Ele ouviu som da campainha e julgou ser Liam, seu amigo estava dias tentando animar um pouco Harry,  que segundo ele , estava vivendo uma crise de depressão, o que Liam não sabia , e que nada no mundo era capaz de trazer paz a Harry, a menos que ele tivesse  a oportunidade de voltar ao tempo e pode fazer tudo diferente. 

Tirado a luvas gasta da mão , ele removeu o capacete, seus cabelos estavam presos em coque, passou as mãos suada no macacão que um dia pertenceu seu pai e foi receber o amigo. Assim que ele abriu a porta, ficou estático.

 Sua expressão perplexa quase fez Louis sorrir. Como Harry não estava reagindo diante de Louis, o moreno limpou a garganta e de forma cordial perguntou: 

— Não vai me convidar para entrar ?

Harry ainda de boca aberta , estava sem reação, diante de si estava Louis, e não era aquele Louis de olhar hostil, era o Louis que parecia mais com aquele menino de 16 anos, que estava com vontade de bater papo com seu amigo, como ambos tantas vezes fizeram no passado. 

— Claro. Fique à vontade.  

Harry abriu a porta e deu passagem para Louis. Por um instante, Louis estudou o ambiente à sua volta, já Harry , só tinha olhos para Louis. O garoto estava vestindo um moletom cinza e uma calça jeans azul. Ele estava lindo, era impossível o médico desviar os olhos dele . Harry tentou engolir em seco, o que será que Louis queria ali ? 

Ele limpou a garganta e perguntou : 

— Hum...você aceita um pouco de  limonada. 

Louis finalmente olhou para Harry, suspirou de forma discreta e  aceitou: 

— Se não for te atrapalhar. 

Rapidamente Harry respondeu: 

— Não, não, de forma alguma, você não atrapalhar nunca.  —  Por um momento, Harry engoliu em seco e sentiu seus olhos cheios de lágrimas. 

Antes de fazer algo impensado, como chorar diante de Louis, Harry correu até a cozinha e foi buscar a limonada,  ele pegou uma bandeja e serviu um copo para Louis e um pra si mesmo. 

Assim que voltou para sala, ele notou que Louis estava sentado na poltrona, ele deixou a bandeja em cima da mesinha e sentou-se também. Serviu um copo para Louis que agradeceu e bebericou. 

— Acho que  cheguei numa péssima hora, você devia estar ocupado? 

Harry negou com gesto de cabeça e tomou um pouquinho da limonada antes de revelar:

— Não estava. — ele nunca estaria ocupado para  Louis. 

Louis suspirou, colocou o copo com a limonada quase intocada em cima da mesa e começou: 

— Vi até aqui porque acho que já passou da hora de nós  dois acertar o passado de uma vez por todas. 

Harry limpou os lábios nervoso , ele só conseguia afirmar com um gesto de cabeça, mas por dentro , ele estava morrendo de medo, uma vez que ele imaginava que Louis fosse pedir para que Harry saísse de sua vida para sempre, talvez, seja por esperar tal coisa, que Harry tenha ficado paralisado diante do que Louis falou em seguida. 

— Sei que no nosso último encontro as coisas saíram um pouco de controle e ,eu cheguei a pedir que sumisse da minha vida. — Louis fez uma pausa e engoliu em seco antes de prosseguir.  — Dizer para você sair da minha vida sempre foi um direito meu, mas isso não me dá o direito de tirar você da vida de Caledônia. Durante essas semanas em que você esteve ausente, ela tem sofrido, eu vejo isso. E ver como foi para ela saber de todo nosso passado, não foi uma coisa fácil e isso me fez tomar uma decisão. 

— Eu estou ouvindo — murmurou Harry nervoso. 

— Precisamos encontrar um jeito de esquecer e superar o passado,  pelo bem da Caledônia. Tem que ter um jeito de fazer isso!

— É impossível para mim superar tudo o mal que te fiz. — sussurrou Harry no meio do seu sofrimento. 

Louis fez uma pausa e  olhou para cima numa tentativa de evitar que chorasse , mas já era tarde, a primeira lágrimas já estava deslizando pelo seu belo rosto. 

— Sabe , nesses dez anos foi muito cômodo para mim culpar somente você por todas as desgraças da minha vida, mas olhando hoje,com o pouco de experiência que a vida me deu, vejo que você não foi o único responsável por tudo. Eu não fui obrigado a dormir com você, do mesmo jeito , que também tive opção de tirar Caledônia e assim seguir com minha carreira, ambas as coisas foram escolhas minhas. Eu cansei de ficar te culpado por não ter realizado meu sonho.

Harry tocou a mão de Louis suavemente e murmurou: 

— Não importa o que você diga, eu sei que tive culpa sim, e você não sabe como eu me odeio todo santo dia por tê-lo deixado sozinho,  passado por todo aquele inferno. 

Harry tirou suas mãos do Louis e cobriu o próprio rosto. Assim como Harry, Louis também chorava muito. Talvez,  fosse aquilo que ambos precisassem, de uma viagem no passado para pôr tudo às claras. 

— Eu cansei de odiar  você, não mais, tive muita raiva, inveja, por você ser tudo aquilo que sempre sonhou — revelou Louis no meio de suas lágrimas — Mas por outro lado, eu também não tive uma vida ruim, hoje eu tenho uma pequena fábrica, tenho uma filha linda, um noivo que me ama. Acho que no fim, tudo deu certo.  

Harry suspirou e olhou para Louis, sem nem mesmo perceber, fez a pergunta  que necessitava  mais que tudo sabe a  resposta:

— Você o ama ? Digo, seu noivo? 

Louis suspirou e revelou a Harry:

— Sim, Lee é como um sonho que a vida dá de presente. Algo que chega na hora certa para mostrar que sempre somos capazes de ser felizes. 

— Compreendo — Harry engoliu em seco. 

Era uma dor sem explicação o que ele estava sentindo naquele momento, sabe que o amor da sua vida amava outra pessoa, e pior, sabe que um dia ele já foi seu. E que por sua escolha, perdeu a pessoa que mais amava no mundo. 

— Eu não quero mais brigar ou te acusar no futuro, na verdade, quero ter paz e unir minha família, sei que ainda é cedo para nós dois sermos considerados amigos, mas também, creio que vale a pena tentar e deixar tudo o que aconteceu lá atrás. —  revelou Louis. 

Harry  perguntou-se o porquê que ele não estava feliz com a proposta de Louis. Nem em seus sonhos mais surreal, ele imaginou que o moreno estivesse disposto a perdoá-lo e a tentar resgatar a amizade com  ele. A resposta era que Harry sentia que faltava algo, não da parte de Louis, que aliás, estava sendo muito nobre, e Harry não era ingênuo, ele sabia que a filha de ambos era a verdadeira responsável por Harry ter uma chance na vida de Louis novamente. Mas era algo da sua parte, ele sentia-se no dever de devolver algo que roubou de Louis. Embora no momento, ele não soubesse o que era. 

Tudo que ele fez foi sussurrar: 

— Tudo bem. 

— Ótimo, aproveito para afirmar que você é bem-vindo em minha casa a hora que quiser, e que também,  não se esqueça que a apresentação de Caledônia está próxima. É importante para ela que nós dois estejamos juntos, você entende?  

— Claro. — murmurou Harry engolindo  em seco. 

— Perfeito, agora eu preciso ir. 

— Louis!

— O quê? 

— Obrigado por me aceitar de volta em sua vida. 

Tudo que Louis fez foi dar um sorriso triste a Harry e sair. Assim que Louis foi embora, o cardiologista prometeu a si mesmo, que iria encontrar aquela parte que faltava a Louis. A parte que o faria se sentir grato por Louis aceitá-lo de volta. 

O grande dia da apresentação finalmente havia chegado, Louis estava super feliz e calmo ao mesmo tempo, ele precisava disso para passar toda segurança que sua princesa precisava. 

Na visão de Louis, tudo estava perfeito, Harry voltou a frequentar sua casa,  — para felicidade de Caledônia —  que não conseguia esconder o quanto ter o pai perto a fazia bem, os preparativos para seu casamento — que estava a cada dia mais próximo —  ia tudo bem, somente Niall que não estava feliz com a aproximação de Harry. 

Mas Louis entendia que no fundo, Niall só queria defendê-lo. O loiro não conseguia ver as coisas pelo mesmo prisma de Louis . De que era necessário esquecer do passado para que o futuro pudesse ser construído de modo que Caledônia pudesse viver numa família normal. Uma família que tinha dois pais, um padrasto e dois tios que a amavam profundamente. 

— Papai, papai, vamos que estou atrasada. — Caledônia apressou Louis que estava colocando seu casaco. 

— Meu anjo, estamos no horário certo. — revelou Lee. 

— Eu estou ansiosa, tio Lee. 

Lee sorriu e afirmou de forma carinhosa para criança: 

— Eu sei pequena, mas já estaremos no evento. 

— Estou pronto!  — revelou Louis, feliz. 

Era contagiante o entusiasmo de sua filha, e naquela noite, ele queria que tudo fosse perfeito. 

O evento ia ser feito no centro de esportes. Assim que chegou no local, Lee encontrou dificuldades para encontrar uma vaga e estacionar, uma vez que a cidade inteira parecia que estava naquele evento. 

Caledônia não demorou para ir ao vestiário, já Louis,  foi de encontro ao seus amigos que já estão em seus devidos lugares. Ele não demorou a encontrar o casal Liam e Niall sentados quase perto da arena de apresentação, Harry estava junto deles , isso explicava o  porquê de Niall estar com  uma expressão de poucos amigos. 

Pensado nisso, Louis suspirou de maneira dramática, deu boa a noite a todos, sentou-se do lado de Niall, e sussurrou no ouvido do melhor amigo: 

— Será que dá para você desfazer esse bico e focar somente na Caledônia, esse dia é importante para ela. 

Niall ergueu o queixo e fez sua cara de pouco caso que mais parecia a de uma criança mal criada. Liam, enviou um olhar de desculpas a Louis. Aquele olhar que  queria dizer que ele passou o dia tentando por juízo na cabeça de Niall. Louis mais uma vez suspirou e pediu ao amigo: 

—  Tudo bem, só me prometa que você não irá fazer nada que deixe Caledônia triste. Por favor. 

Uma hora mais tarde, Caledônia estava se apresentando junto com a equipe. Enquanto Louis chorava de emoção a cada salto de sua menina, ele sabia exatamente como ela se  sentia diante de cada salto que dava, e era impossível para ele não sentir saudade da sua época de adolescência. 

Niall esqueceu a raiva que sentia por Louis perdoar Harry , e olhou para seu melhor amigo que não escondia as emoções. Se Louis era forte o suficiente para estar ali, ele também devia ser forte e aceitar que o amigo só queria seguir em frente. Assim, ele apertou forte as mãos de Louis, em gesto de conforto, mais do que ninguém, ele sabia o que o significava para amigo naquele momento, e o que ele estava sentindo. 

Sim, Louis estava certo. Era momento de deixar tudo para trás e seguir para o futuro. 

Olá bruxisticas, sei que demorei, mas não desisti da história, na verdade essa ausência foi para planejar todo o final dela. Essa história era para se um pequeno corto, com isso o fim dela tá próximo, porém enfrentei um impasse pois tinha 4 finais diferentes para ela, essas semanas ausentes foram para decidir qual final da. Garanto a vocês que tá bem diferente e que acho que vai agradar a todos que ler. Beijos e até qualquer hora.