🧁 Capítulo 10
Quando foi que eu fiquei tão covarde na minha vida?
Aquela era a pergunta que Harry fazia a si mesmo de forma incansável durante aquele dia. Duas semanas já haviam se passado desde seu fatídico encontro com Louis na festa. Duas semanas que o cardiologista podia perfeitamente classificar como as piores da sua vida.
Durante essas duas semanas, sua vida profissional se estabeleceu bem, ele assumiu seu novo posto no hospital, Caledônia e Liam iam todo dia para sua casa fazer uma visita, mas por outro lado, ele não teve nenhum contato com Louis. Nem mesmo para ter uma simples conversa sobre a filha de ambos. Harry sabia que não era um pai presente, mesmo assim, ele queria uma oportunidade de ter mais contato com sua filha.
Em parte, Harry sentia-se temeroso por esse acerto de contas com Louis. Em outra, ele ansiava com fervor o momento que poderia falar a sós com ele, mesmo que fosse para o menor mostra através de sua atitude, toda indiferença e desprezo que sentia por Harry.
Mas a verdade é que a cada dia que passava, Louis ficava cada vez mais distante, pensava Harry, era como um sonho incansável e impossível, algo que estava tão perto e ao mesmo tempo tão longe. E olha que Harry se esforçou muito para chegar perto dele.
Primeiro, ele teve uma conversa séria com Lee, através dessa conversa no hospital, Harry pode ver por si só, que o psicólogo realmente era um cara íntegro. Lee deixou claro que da sua parte não iria interferir em nada em sua aproximação, tanto com Caledônia, como com Louis. O psicólogo também era favor que Louis e Harry pudessem conversar e estabelecer suas diferenças e relação saudável pelo bem de Caledônia.
Através de Liam, Harry soube de toda rotina de Louis , ao que parecia, seu menino não era mais ginasta olímpico e sim proprietário de uma fábrica de sabonetes e perfumes. No meio do seu desespero para encontrar Louis, Harry chegou a cogitar a hipótese de ir até à fábrica, com a desculpa de encomendar alguns produtos.
Porém, essa opção foi descartada, uma vez que Harry não saberia o que fazer com uma quantidade grande de produtos, então ele optou pela opção mais ridícula que alguém decente poderia fazer. Estudou a rotina do pai de sua filha e começou a seguir ele.
Além da informação sobre a fábrica, com ajuda de Liam, Harry descobriu que Louis todos os dias almoçava no restaurante dos amigos. Assim, ele planejou tudo em mínimos detalhes, para ter oportunidade de ver Louis, mesmo que fosse de longe.
Às 12 do dia em ponto, o belo jovem de olhos azuis cruzou a porta do estabelecimento. Quietinho em seu canto, Harry admirava cada pequeno gesto de Louis, que naquele dia vestia uma camisa cinza, que pareceu ser cinco vezes maior que o tamanho dele, e uma calça jeans colocada, que deixava o traseiro e as belas pernas dele em destaque. Louis tinha uma beleza incomparável, Harry sempre se esquecia de como era respirar com a visão dele.
Silenciosamente, Harry tentava descobrir de onde vinha a fascinação que aquele pequeno ser sempre exercia sobre ele. Fora assim desde a adolescência, não podia ser somente a beleza física. Louis chegou junto da sua filha, e ambos sentaram-se à mesa junto de Niall.
Harry registrava em sua mente cada gesto de Louis, desde da risada que o deixava completamente adorável, pois ele fechava os belos olhos azuis e ficava com a bochecha rosa, não demorou para Harry se sentir ridículo, pois ele se pegava sorrindo com a visão de Louis feliz.
Não demorou para Harry ver que Louis tinha companhia, uma vez que Lee, logo se juntou ao noivo e sua filha para almoço. Depois dali, foi uma verdadeira tortura Harry testemunha de perto a sintonia perfeita entre o casal. Era impossível não notar o quanto eles estavam apaixonados. Harry sentiu-se um lixo, pois por um segundo, desejou que Lee não existisse, e que de alguma maneira, o universo tirasse ele de perto do amor da sua vida.
Mas bastou ele olhar para os olhos de Louis, para entender que tudo aquilo era sua culpa, era ele que era para estar ali, no lugar de Lee, recebendo de Louis aquele olhar de admiração e amor. Odiar Lee não iria trazer Louis de volta para si. E quando menos se deu conta, Harry notou que estava chorando.
De longe, Liam que estava ciente que seu amigo estava ali, o olhou com pena, Harry sem mais conseguir conter seus sentimentos, saiu correndo dali. Ele sentiu quando as mãos de Liam tocou seu ombro num gesto de conforto. Os dois estavam numa rua estreita que ficava atrás do restaurante.
— Lamento por seu sofrimento, tentei avisar para você não vir, sabia que tudo que iria ver era o amor de Louis e Lee.
— Não sinta, a culpa é minha — murmurou Harry.
Liam suspirou antes de comentar com amigo:
— Não há mais nada a se fazer, tudo que você precisa fazer é ter uma conversa amigável com Louis, afinal, vocês são pais de Caledônia, nada mais justo do que vocês terem uma relação, se não amigável, mas de respeito.
Harry nem mesmo conseguiu responder ao amigo, ele somente abraçou Liam e saiu dali.
Agora ele estava sozinho em sua casa, perguntando quando foi que ele ficou tão covarde? Não precisou pensar muito para se decidir que foi na sua adolescência. Ele foi covarde sim naquela época.
Uma onda de energia tomou conta do corpo de Harry, sim, ele foi covarde dez anos antes, mas isso não queria dizer que ele tinha quer se covarde agora! Se tivesse uma mísera chance que fosse, ele Harry Styles iria lutar pelo amor da sua vida. Se no fim de tudo, ele perdesse Louis, iria perder com a certeza que não desistiu dele. Harry precisava disso para sobreviver, dá certeza que não irei desistir de Louis pela segunda vez.
Louis havia terminado seu jantar e estava colocando as louças na máquina. Lee tinha levado Caledônia para dormir, sua filhota, mesmo com quase dez anos, adorava dormir ouvindo uma boa história. Louis não reclamava disso, se ele pudesse, sua princesa, ficaria para sempre na infância.
— Caledônia acabou de dormir.
Louis sorriu para o noivo ,foi até ele o beijou suavemente.
— Que bom, acho que devo fazer o mesmo, amanhã o dia vai ser cheio.
— Tá tudo bem na fábrica? — perguntou Lee preocupado, ele não gostava de imaginar que Louis ficasse muito cansado pelo trabalho.
— Sim amor, disse que meu dia vai ser cheio porque amanhã é o dia de escolher as flores e da prova do bolo. Aliás, você tem mesmo certeza que não quer ir para a prova de bolo comigo ? — Perguntou Louis com expectativa.
Lee fez uma careta e respondeu:
— Tenho amor, confio plenamente em você, e quero que o casamento seja tudo como você quer, até o bolo.
Louis franziu o cenho e perguntou curioso:
— Não vai ligar que eu escolha um bolo somente de chocolate para cerimônia. — brincou Louis.
— Nem um pouco — Lee se aproximou de Louis, e envolveu seus braços na cintura dele, em seguida sussurrou:
— Meu amor, eu não ligo para sabor de bolo, nem para que roupa você irá vestir, ou quantos convidados iremos ter. Tudo que eu quero é ter você, a única coisa que me importa. Sendo assim, pode escolher o sabor de bolo que você quiser.
Louis abraçou seu noivo e murmurou:
— Eu te amo.
Lee beijou suavemente a testa de Louis e murmurou:
— Eu te amo mais, talvez, seja por isso, que precisamos ter uma conversa séria.
Louis franziu o cenho e curioso perguntou:
— Sobre o que amor ?
— Harry.
Inesperadamente, Louis ficou tenso no braços do noivo.
— Porque que falar de Harry agora?
Lee suspirou, agarrou Louis pelas mãos e o levou até o sofá. Quando ambos estavam bem acomodado, Lee começou:
— Sabe que todos os dias, tiro duas horas do meu dia para ir até hospital público atender quem necessita de ajuda?
— Sim — respondeu Louis, ele sabia disso, e admirava seu noivo por ser um cara extremamente generoso com os mais necessitados. — Só não entendo o que isso tem haver com Harry?
— Ele trabalha lá agora, e o novo chefe da ala de cardiologia, nós dois temos nos falado algumas vezes.
Louis se estreitou no sofá e tentou não olhar de uma maneira acusadora para Lee.
— Por quê?
— Porque ele chegou até mim e não pude me negar de ser educado com ele.
De uma forma inusitada, Louis sentiu-se estranhamente vulnerável ao fazer a próxima pergunta:
— Vocês tem falando de mim?
— Sim!
— Eu não entendo o porquê disso. — Louis estava confuso e um pouco magoado.
— Amor, você e Harry precisam conversar. Mesmo que negue isso.
Louis fez uma expressão de poucos amigos para Lee, que mesmo a contragosto do noivo, tentou fazer o noivo enxergar a razão.
— Não estou falando para vocês virarem melhores amigos, nem mesmo estou colocando em cheque tudo o que ele te fez. Mas, a verdade é que isso não é só sobre você e Harry, existe Caledônia no meio dessa situação, e acho de verdade que vocês devem mesmo tentar ter uma relação cordial pelo bem dela.
Louis ouvia tudo em silêncio, ele sabia que Lee tinha razão. Embora, não soubesse como uma relação cordial poderia surgir entre ele e Harry.
— Sabia que Caledônia tem visitado Harry todos os dias? — Revelou Lee de forma suave.
Louis franziu o cenho confuso e comentou:
— Não! Eu não sabia.
— Sim, ela está, e tem feito isso escondida todos os dias, desde que Harry voltou. Antes era fácil para ela entender que vocês não se falavam, uma vez que Harry não morava aqui. Agora que ele voltou, ela não consegue entender o porquê da distância de vocês. Se coloque no lugar de Caledônia. Amor, eu seria a última pessoa na face da terra a tentar fazer você e Harry se darem bem, mas acho sim, que a filha de vocês merece a oportunidade de ver que os pais se tratam no mínimo de forma cordial. Até porque, agora ele vai estar presente em tudo, aniversários, festas de fim ano…
Enquanto Lee falava, Louis se dava conta do quanto, de fato, ele parecia injusto com a filha. Aquela era a primeira chance que Caledônia tinha de ter o outro pai perto. Ele mesmo, podia lembrar-se que seus pais em certo momento da vida se separaram, mesmo assim, seu pai sempre esteve presente em sua vida. E nas festas de aniversário, fim de ano, tanto sua mãe, como seu pai, não deixava transparecer nenhum clima negativo.
Será que ele é Harry poderia um dia ter uma relação cordial pelo bem de Caledônia? Louis seria capaz de esquecer todas as mágoa pela bem da filha? A verdade é que Louis não sabia a resposta. O desprezo que ele sentia por Harry era enorme, tentar passar essa barreira era muito difícil. E ver que mais uma vez, seria Caledônia a mudar os rumos de sua vida por culpa de Harry, o estava deixando inseguro.
— Eu , eu não sei. — revelou Louis trêmulo.
Lee segurou firme a mãos de Louis e sussurrou:
— Precisamos tentar amor, e você só precisa lembrar que estaremos juntos. Eu e você. Tudo o que estou sugerindo é que você e Harry tenham uma relação de respeito, não precisam nem ser amigos. Mas precisam ter um consenso pelo bem de Caledônia.
Louis suspirou forte e caiu no seu ponto seguro, os braços de Lee. Tudo que eles menos queriam, era pensar em ter qualquer tipo de relação com Harry.
No dia seguinte, Louis estava cheio de compromisso, que sua conversa da noite anterior com Lee, ficou esquecida. Primeiro porque ele tinha que escolher as flores do seu casamento. Essa parte era mais fácil, por incrível que pareça, o local da cerimônia foi escolhido exatamente por conta do tapete de flores colorido que ficava no lugar. Assim, tudo que Louis precisou fazer foi escolher flores para recepção da festa e para arcos que ficariam no altar.
Depois dali, ele foi até a confeitaria responsável pelo bolo e docinho. O cozinheiro de Niall e Liam ficou responsável pelo buffet. Louis estacionou seu carro em frente a confeitaria sonho de casamento.
Ele ainda lembrava-se da expressão contrariada da proprietária, quando esteve ali meses antes, e disse que queria um bolo de cinco andares todo de chocolate. Bom, que culpa ele tinha de não ser um noivo clássico. Que preferia chantilly, morango e champanhe. A mulher ainda tentou o persuadir, dizendo na época que bolo de chocolate era para aniversário de criança.
Mas como Lee sempre fazia questão de deixar claro. A decisão final sempre era de Louis. Ele bateu o pé e insistiu que seu bolo fosse de chocolate puro. Assim que Louis entrou pela charmosa porta da confeitaria. Uma simpática atendente o recebeu. De certa forma, ele estava aliviado por não ser a proprietária.
— Bem-vindo seu Louis, os sabores de bolo e formato dele já estão à sua disposição.
Louis sorriu e seguiu a simpática moça, os próximos 30 minutos foram com Louis tentando decidir qual formato de bolo ele queria, a verdade que todos eram lindos. Tinha bolo de cinco andares em forma redonda, quadrado e de coração, os enfeites eram inumeráveis. Assim , Louis optou por bolo branco, com sabor chocolate, com várias flores por todo ele. Em cima, ele pediu uma miniatura dele, de Lee e Caledônia.
— Agora chegou a melhor hora, decidi o recheio do bolo. — Avisou a funcionária.
Louis, bateu palma feliz. Tinha exatos seis tipos de recheio, do qual Louis só podia escolher dois, caso contrário, o bolo poderia ficar enjoativo.
— Nossa, tô na maior dúvida, é tudo muito gostoso mesmo. — revelou Louis de boca cheia.
— Hum...acho que vou querer nozes com frutas vermelhas e cassata siciliana.
— Tem certeza? O de Pêssego com ameixa parece um verdadeiro pedacinho do céu. — Avisou Harry com a voz rouca.
Louis, ao ouvir a voz de Harry virou-se rapidamente, o homem maior, assim como ele, também estava provando seu bolo de casamento.
Mas aquilo era o último detalhe que Louis pensava, pois logo em seguida , Harry sorriu para ele e o cumprimentou:
— Louis, quanto tempo.
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