Capítulo 2

Aprender a conviver com a dor não era algo tal simples assim, uma vez que trazia sobre si um leve incômodo, que ao passar dos minutos se intensificava de tal forma que sufocada a sua alma. As horas pareciam uma eternidade, olhar para os ponteiros e o tique-taque do relógio havia se tornado seu habito diário. Desde a morte de sua mãe, Joana permanecia assim. O tempo havia se tornado o seu maior inimigo.Sempre ouvira falar que ele curava tudo, mas a cada dia que passava percebia o quão traiçoeiro ele poderia ser. Queria chorar! Queria gritar!Mas nada saia da sua boca. As palavras haviam evaporado como as nuvens do céu, após um dia de intensa chuva.

Anna sua irma, apensar de toda dor soube fazer dela sua aliada. Viu que lutar contra ela seria inútil, notou que na verdade ela era uma ótima professora. Permitiu na ensinar lições, porém, chegou o dia de despedir se dela. Não disse "Adeus", mas um "Ate breve".Sabia que mais cedo ou mais tarde ela retornaria, mas não naquele momento. Resolveu viver um dia de cada vez, como se fosse o último da sua vida.

As diferenças entre as irmas só aumentavam, mas ambas sabiam da promessa que haviam feito a mãe antes de partir.

O senhor Ricardo havia se tornado um homem frio, seu coração de carne, tornou-se em pedras. Não demonstrava sentimento algum pelas filhas, e não ousava tocar na morte de sua esposa. Sua única preocupação era sua fazenda. Passava a maior parte do tempo fora de casa, chegada tarde e saia cedo. Mal sentava a mesa para fazer as refeições, e quando assim fazia não ficava mais de dez minutos.

Em um dia ensolarada, um sujeito de calças rasgadas e uma mochila nas costas aparece na fazenda em busca de um emprego. É recebido por dos capangas de Ricardo.

-Bom dia senhor! É aqui que fica a fazenda Novo Horizonte ?

-Quem gostaria de saber? - pergunta ríspido.

-Meu nome é Henrique, venho de uma terra distante em busca de trabalho. Vocês não teriam algo a oferecer ?

- O patrão não está contratando ninguém no momento.

-Tem certeza? Não teria uma vaga de peão ?

-Já disse que não! Agora vá ! - Diz dando as costas.

-Espere! Poderia me arrumar pelo meno um pouco de água para beber ?

-Tem uma torneira logo ali, é só seguir e virar a direita.

-Ahh... Obrigado !

Enquanto seguia o caminho indicado, Henrique tem um vislumbre de uma bela jovem carregando uma cesta com frutas. Fica impressionado com tamanha formosura, seus cabelos sedosos e brilhantes esvoaçavam ao vento, tanto um contraste perfeito com a luz do sol. Ao ver a dificuldade da mesma em transportar a cesta se apressa em ajudá-la.

-Permita me ajudá-la senhorita !

-Ah ficaria muito agradecida, está mais pesada do que esperava. - Diz de cabeça baixa enquanto tentava equilibrar a cesta em suas mãos.

-Percebi! - Henrique responde ao pegar a cesta de suas mãos.

-Perdão... eu não o conheço! - Indaga surpresa ao olhar para o rapaz.

-Eu que peço perdão. Chamo-me Henrique, ao seu dispor senhorita! -Apressa em estender sua mão a ela.

-Prazer Henrique! - Segura em sua mão sentindo uma leva pontada em seu coração. - Pode me chamar de Anna. Você é novato por aqui ?

- Na verdade vim de muito longe em busca de trabalho. Porém um dos criados disse que o dono não está contratando mais ninguém por aqui.

-Humm.. - Parece pensar um pouco. - O senhor aparenta estar bem cansado!

-É... a viajem foi bem cansativa. - Responde um pouco  constrangido por conta de seu traje.

-Não gostaria de tomar um copo de água? Descansar um pouco ? Quem sabe se conversa-se com o próprio dono ele não mudaria de ideia?!

-Com o dono!! Será que ele me receberia?

-Posso tentar falar com ele, mas não prometo nada !

-Você faria isso por mim ?

-Bem... o meu pai não é tao fácil de se lidar, mas com um jeitinho posso convencê-lo a ti receber.

-Seu pai?! O dono da fazenda é seu pai ?

-É. Vamos!

-Não...espere! Eu não quero incomodá-la!

-Não será nenhum incomodo! Será minha retribuição por ter me ajudado carregando a cesta. - Respondeu sorrindo.

O sorriso da jovem cativou seu coração de tal maneira, que acendeu dentro de si uma chama que estava adormecida a muito tempo. Anna levou-o ate a cozinha onde lhe serviu água fresca. Deixou-o com dona Ermínia a cozinheira da casa, enquanto foi falar com o seu pai. Apos dar duas leves batidas na porta do seu escritório ela entra.

-Bom dia meu pai ! Disse receosa.

-Bom dia! - Respondeu sem olhar para a mesma. Mas pelo menos ele havia a respondido.

-Desculpe interrompê-lo, sei que o senhor deve estar muito ocupado com toda essa papelada ai...

-Sim, desembucha logo!

-Err.. o senhor não estaria precisando de um funcionário para ajudá-lo aqui na fazenda?

-Já tenho o bastante!

-Quero dizer, alguém para cuidar melhor...

-Anna eu não estou entendo onde quer chegar com essa conversa? Você nunca se preocupou com isso?

- É que apareceu um moço aqui procurando um serviço e ...

-Mande o embora!

-Mas pai ele parece ter vindo de muito longe para voltar assim. Além do mais parece um bom rapaz.

-Você não estaria interessado em um rapaz que mal conhece não é mesmo ?

-Claro que não papai! Só acho que seria uma boa oportunidade de o senhor expandir seus negócios. Com mais trabalhadores o serviço renderia mais e assim teria mais lucro.

-Está bem! Está bem! Mande o entrar. - Diz por fim ao pensar mais um pouco

-Vou chamá-lo imediatamente!

Anna se levanta em um sobressalto indo em direção ao jovem rapaz, o qual a esperava ansioso e temeroso.

-Henrique! O meu pai quer vê-lo.

-Agora?!

-Sim. Ele o aguarda no escritório. Eu o acompanho. É por aqui! -Guia o em direção a porta.

-Boa sorte! - Deseja com um pequeno sorriso.

-Obrigada!

-Com licença senhor! - Diz após bater à porta.

-Você é o... - Ricardo intervem antes mesmo que ele termine.

-Henrique senhor! - Diz estendendo sua mão.

-Henrique é seguinte.. - Diz sem ao meno receber o comprimento. -Você quer um emprego e eu só posso oferecer apenas meio salário no momento.Em troca terá direito a comida e um teto. Dependendo do seu esforço e dedicação ao longo do tempo posso aumentar ele.

-Meio salário ?

- É pegar ou largar!

-Eu...aceito então. - Diz sem ter muita escolha. Voltar para sua terra não era uma boa opção.

-Pode começar amanha mesmo. Agora saia, tenho mais o que fazer.

-Obrigado senhor! Com licença!

-Só mais uma coisa...

-Pois não?

-Fique longe da minha filha! - Diz em tom ameaçador.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top