Capítulo três

Boa leitura!

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Jeon Jungkook pov on.

Passei praticamente a tarde em casa no completo tédio, já que o dia estava relativamente frio e chuvoso, o que significava que meu nível de preguiça e procrastinação estava 10 vezes mais elevado do que o normal. 

— Levante, Jeon. Vá fazer algo… — falei comigo mesmo enquanto olhava para o teto branco do quarto. 

No fundo eu sabia que se não aproveitasse esse fim de tarde, eu iria passar a noite trancado no quarto apenas para não precisar conversar com meu pai. No fim, era melhor passar na biblioteca, devolver e pegar novos livros, e quem sabe, se der tempo, passar no geek coffee.

Após uns 30 segundos de mais procrastinação, levanto da cama, colocando uma calça menos "estilo casa" e assim partindo para o primeiro andar, lá encontrando minha Omma assistindo algo que não me dei ao trabalho de ver na TV.

— Vai sair, filho? — perguntou ela, desviando sua atenção para mim. 

— Vou à biblioteca devolver alguns livros — digo e aponto para a mochila pesada em minhas costas. 

— Cuidado na rua e não volte muito tarde — disse ela se levantando do sofá e vindo em minha direção. 

— Não irei, antes do Appa chegar eu já estarei de volta.

— Tudo bem, filho — disse, ajeitando meu casaco ao corpo e colocando um guarda-chuva em minha mão. 

— Eu não ia esquecer — disse me referindo ao guarda-chuva.

— Sabemos que você iria — falou, com um sorriso genuíno e carinhoso no rosto. 

Eu tenho tanta sorte de tê-la como mãe…

Tive esse breve pensamento e logo me despedi de si e saí rumo ao meu lugar de paz. 


Eu andava com calma pelas desertas ruas de Gyeongju enquanto caía o sereno sobre a cidade.

No caminho, pensei ainda mais sobre o conselho de minha omma em relação a "me permitir viver".

Esses assuntos me dão dor de cabeça, mas é inevitável não pensar em nada disso que anda acontecendo. Mas, felizmente, ainda tenho o apoio e os conselhos de Hoseok — mesmo que os conselhos estejam ligados à astronomia ou seja lá o que for. 

— Jungkook! — Ouço meu nome ser proferido e começo a olhar em volta, vendo, quase no fim da rua, um Kim Taehyung correndo em minha direção. 

Eu então paro o passo e espero o mesmo chegar até minha direção. 

— Eu queria mesmo falar com você, só pode ter sido o destino — diz ele apoiando as mãos no joelho em um sinal de cansaço. 

Quase reviro os olhos no momento em que Tae fala sobre destino. Pura baboseira — a baboseira que eu estava a ponto de começar a acreditar.

— Pode dizer — disse com a expressão serena. 

— É que você não viu as mensagens, mas eu ia perguntar se você não tinha como ir à biblioteca comigo para pegar alguns livros. Sabe como é, ainda não conheço muita coisa — disse sem graça, aparentemente com medo de incomodar. — Mas vejo que você já tem um compromisso, então pode ser outro dia se você puder. — disse brincando com o anel entre os dedos— Eu tinha saído porque queria conhecer aquele café super legal, aquele que tem uma nave espacial no letreiro. 

Eu já estava assustado antes, agora então! Absolutamente tudo parece que vai ligar a gente, seja até mesmo no geek coffee. Isso é realmente doido de se pensar. 

Almas gêmeas? Amizade de outra vida? Amor de todas as vidas? 

Seja lá o que for, prometi dar-me a oportunidade de viver essa coisa bizarra e complicada de entender. Então é melhor eu controlar essa minha cara de assustado que faço a cada coincidência que acontece. 

— Eu já ia para os dois lugares. Se quiser, pode ir comigo.

— Claro que vou — sorriu quadrado e logo ficou ao meu lado, assim caminhando comigo.

— Mas então, qual sua impressão sobre a cidade até agora? — perguntei puxando assunto. A biblioteca ainda estava relativamente longe, e eu não queria um silêncio desconfortável. 

— Ah, eu estou gostando demais! É uma experiência super maravilhosa de viver em uma cidade pequena — parou e parece que estava pensando em alguma coisa para completar sua fala— Aqui é tudo tão calmo, e sei lá, não tenho vontade de sair daqui desde hoje de manhã. Acordei com esse sentimento inexplicável de sentir que estou verdadeiramente em casa.

— Eu tenho vontade de sair daqui… Mas deve ser porque vivi a vida inteira neste lugar. Meio que eu já conheço tudo, não tem emoções— disse e pensei seriamente se deveria continuar minha fala com o que eu queria falar. — Sem contar que as pessoas são extremamente complicadas…

— Complicadas em que sentido? — perguntou curioso.

— Ah, Taehyung, quando se é gay em uma cidade pequena, as pessoas acham que é uma doença extremamente contagiosa. Mal ligam para o fato de que estamos em pleno século 21 e que a própria OMS em 1990 excluiu a homossexualidade das listas de doenças mentais — disse revoltado.

— Devo me preocupar com isso então? — perguntou e eu o olhei incrédulo. Não faltava nada para minha pessoa chegar ao ponto de confrontá-lo e dar as costas a si, praguejando sobre todas as malditas forças do universo. 

— Por? — perguntei grosseiro.

— Eu sou pan, Jungkook — disse ele e meu rosto se ardeu de vergonha por ter sido tão ignorante e sarcastico na pergunta anterior. — Capaz de me compararem a um promíscuo. 

— Melhor do que "filho do diabo" — digo repetindo a fala que já ouvi várias vezes na escola. 

— Pelo menos agora não estarei pecando sozinho — disse risonho. 

— Isso é bom, se os homofobicos começarem a nos atacar, eu subo em você e a gente saí correndo — disse me entregando ao momento. Foda-se todo o resto, Foda-se meu appa.

— Mas aí só eu estaria correndo! Você é muito sacana.

— É que você é bem mais alto do que eu! Esse é o justo!

— Temos quase a mesma altura, Jungkook — disse rindo.

— Aqui, olha só — encostei nossos ombros e apontei para a diferença de uns três centimetros. 

— Só você para me fazer divertir com todo o caos que rola na minha cabeça — isso pareceu ser um desabafo… Não serei tão invasivo e perguntar o por que tão confusa sua mente. Isso é intimidade demais.

— Vem — puxei sua mão— Tá começando a chover— meu mini guarda-chuva não daria conta de proteger nós dois, sem contar que a chuva estava forte.

Saímos correndo então, a biblioteca era no fim da rua em que estávamos. Só esperava não levar uma bronca da Senhora Park por molhar o tapete de entrada — o que obviamente ia acontecer. 

— Estamos ensopados — disse Taehyung quando chegamos na cobertura da biblioteca. Ele sacudiu os fios loiros como se fosse um cachorrinho pós banho.

— Você não é um golden — brinquei enquanto fazia o mesmo com meu cabelo.

— E você é o basset mais lindo que eu já vi em minha vida — disse e apertou minhas bochechas. Senti uma pontada de desejo dentro de mim. Era inevitável. 

— Sou é? — entrei na brincadeira. 

Nossos rostos estavam tão próximos que eu conseguia sentir as lufadas da respiração quente vindo em direção ao meu rosto.

— É — disse e acariciou meu rosto, bem em cima de uma cicatriz que eu havia ganhado na infância. 

Eu sentia vontade de me aproximar mais e mais do seu rosto, até que nossos lábios estivessem colados e nossos corpos o mesmo. 

Eu te quero pra caralho, Taehyung. 

— Meninos? — disse a Senhora Park na porta de entrada e nós nos afastamos rapidamente e viramos nossa atenção para a mais velha.

— Olá Senhora Park — disse com um sorriso amarelo nos lábios. — Vim aqui devolver alguns livros — ela olhou em direção a Taehyung e eu me senti no dever de apresentá-los. — Esse é o Taehyung, é novo na cidade. 

— Olá, Taehyung — disse a velhinha simpática e Taehyung fez o mesmo, mas com uma reverência.

Ela nos chamou para entrar e prontamente coloquei em sua mesinha os livros para devolução que seriam organizados novamente nas estantes gigantescas. 

— Ela parece ser legal —  disse Taehyung enquanto caminhamos entre os corredores. 

— Ela é — disse sem dar muita bola.

— E você parece ser incrível — soltou ele.

— Isso você precisa descobrir — falei olhando para si, no fundo de seus olhos.

— Eu já estou descobrindo — falou com um sorrisinho nos lábios. 

                               ***

— Nossa! Isso parece ser maravilhoso! — disse Taehyung empolgado assim que chegamos no geek coffee.

— E é! Eu vou te mostrar — peguei o cardápio e lhe mostrei a infinidade de cupcakes temáticos, assim como as bebidas. 

— Eu só posso estar no paraíso — brincou.

Uma garçonete veio em nossa direção e nos atendeu. Ele pediu um cupcake sabor "cogumelo do Mario Bross" que não era nada além do que um cupcake sabor morango e uma bebida "guerra estrelas" que fazia jus a star wars. 

Enquanto eu escolhi um suco "polissuco" e uma fatia de "dente de basilisco".

— Alguém aqui é fã de Harry Potter — brincou ele.

— Sou — falei convencido. 

— Acredita que eu nunca assisti? — falou e eu olhei revoltado. 

— Pois você irá assistir comigo! Nem que eu te leve arrastado até minha casa.

— Com todo prazer, cher.

— O francês, Tae — falei, o lembrando que não entendia quase nada da língua.

— Eu disse "querido" — disse enquanto comia seu bolinho.

— Eu ainda me acostumo com esse sotaque — disse sorrindo.

— Jungkook, acho que estou gostando demais de você. 

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