Capítulo quatro

— C-como assim? — perguntei me engasgando com o suco. 

— Ah, é que eu acabei de te conhecer e você está se mostrando uma pessoa tão receptiva — falou e deu uma pausa. Eu daria tudo para saber o que se passa nessa cabeça agora. — Acho que seremos bons amigos.

Minha cara de desânimo se mostrou automaticamente presente no momento em que ele falou isso. Fiquei mal? Óbvio que sim. Afinal, achei que estava rolando meio que um "clima" entre nós. 

— Também acho isso — respondi sorrindo amarelo. 

Foi assim que o choque de realidade veio. Estava muito bom para ser tudo real. 

Jeon Jungkook pov off.

Autor pov on. 

Depois da breve conversa, o temido silêncio constrangedor se instaurou no ambiente. Cada um comia sua refeição em silêncio, trocando apenas algumas frases como "caiu a maior chuva, né?" Ou "será que amanhã o tempo vai ficar assim também?".

Mas, por sorte, isso não durou muito. Logo os meninos pediram para fechar a conta e racharam o valor. Em seguida, se levantaram e se dirigiram para a direção oposta, assim voltando para suas respectivas casas.

A despedida foi ainda pior, um "tchau, espero que amanhã possamos nos ver na escola" foi a única frase que Taehyung soltou antes de ir praticamente correndo para dentro de sua casa. 

Jungkook fez quase o mesmo, em passos rápidos, chegou em casa cinco minutos depois. 

Subiu correndo pelos degraus da escada, sem nem ao mesmo desejar uma boa noite aos pais, que provavelmente estavam irritados consigo pela demora. 

— QUE SACO! — se jogou na cama, afundando o rosto no travesseiro, praguejando abafado — Isso não vai ficar assim nem fodendo.

Levantou da cama e pegou sua mochila, procurando o papel que Taehyung havia lhe dado mais cedo com seu número de celular. Assim que achou, adicionou rapidamente o contato em seu celular e decidiu enviar uma mensagem. 

Chat on.

— Oie, Tae! Aqui é o Jungkook.

— Você mais cedo pediu para enviar algumas matérias.

— Oiie, Jungkook.

— Obrigada de verdade. Vai me ajudar demais ^^

— Eu pensei que você poderia vir aqui em casa depois da escola. A gente poderia vir junto e você passava a tarde aqui.

— A tarde ia ser mais produtiva do que eu mandar as fotos por aqui. 

— Sim sim.

— Não vai te incomodar? 

— Claro que não! Aproveito e repasso o conteúdo :)

— Então tudo bem!

— Irei ver se minha Omma deixa.

— Vê aí e me fala logo, que aí eu já deixo tudo separado o que podemos estudar amanhã.

— 'Tá, espera um pouquinho.

— Voltei!

— Ela deixou, só tenho que voltar antes de anoitecer.

— Isso não vai ser problema :D

— Então até amanhã? 

— Até amanhã, Jeonguk ^^

— Desculpa, nem perguntei se podia lhe  chamar assim;-;

—  Pode simm! Eu gostei.

— Mas enfim, Taehyung, eu vou indo…

— O sono já vem vindo e amanhã tem prova.

— Tá aí a sorte de ser o novato que entrou no meio do bimestre. Não preciso fazer prova.

— Mas vá dormir ^^ 

— Bons sonhos, Jeongguk!

— E ah, eu adorei o passeio de hoje. Vamos repetir mais vezes?

— Eu também amei demais! 

— E vamos sim! 

— Já que você gostou tanto do geek's coffee, irei te levar no Planet extreme. É tipo um fliperama, é muito divertido! Eu ia demais com meu melhor amigo quando éramos mais novos, mas aí ele começou a achar meio infantil e paramos de ir.

— Eu adorei a ideia!

— E desculpe, mas esse seu amigo babaca demais;-; Tipo, não tem idade para se divertir.

— Às vezes ele é mesmo… E concordo contigo, sinto muita falta de ir lá.

— Sábado então? 

— Sim! Estarei livre.

— Mas é sério, agora tenho que ir mesmo :'(

— Boa noite, Tae. Durma bem :3

— Você também :3

Chat off. 

— Filho? — chamou a mãe, escorada na porta do quarto, lhe tirando do transe. 

— An? — olhou confuso para a genitora. 

— An? — imitou debochada— Eu que lhe pergunto o que houve! — entrou no quarto e encostou a porta novamente— Primeiro que chegou tarde, segundo que nem falou comigo e com seu pai, terceiro que eu fiquei uns 30 segundos lhe chamando sem parar e você ficando com cara de paisagem para o celular. O que está acontecendo, Jeon Jungkook? Você anda dormindo? Se eu souber que você está deixando de dormir para estudar eu vou arranjar um bom castigo para o senhor. 

— Calma, mãe — disse, antes da mãe voltar com o monólogo anterior— E sim, eu estou bem e ando dormindo. 

— Então o que está acontecendo? 

— Eu juro que não anda acontecendo nada preocupante, omma — suspirou, pensando bem se contava sobre a tarde que passara com Taehyung. — Mas… Eu acho que estou meio que… Meio que… Apaixonado — falou baixinho, olhando para baixo enquanto brincava com o anel em seu dedo. 

— Pelo menino de mais cedo? — perguntou e o filho assentiu ainda olhando para baixo— Ei — chamou o filho e ergueu o queixo do mesmo— Não precisa se sentir envergonhado, meu amor. Isso é algo natural da vida.

— Ah, mãe — disse e caiu de cara no colchão— É só que é… Complicado — falou abafado.

— Você que complica as coisas, filho.

— Não é bem assim, a senhora sabe que eu tento. Mas ao mesmo tempo em que parece que ele é tudo, eu sinto como se eu fosse o nada… Ou até mesmo que eu sei lá, esteja pecando feio…

— Isso são palavras do seu pai, e eu já falei que não precisa ligar para elas.

— Meio impossível, Omma — disse, virando de barriga para cima.

— Eu nem imagino o quanto isso deve ser complicado para você, meu amor. Mas você sabe que pode contar comigo, com o Hoseok também, ele é seu melhor amigo — falou, tentando confortar o filho.

— Eu sei, mãe. Mas é estranho passar o tempo com o Taehyung… Tipo, é muito bom, mas eu fico tão nervoso que acabo falando besteira — deu um peteleco em sua própria testa. 

— O amor é assim, Jeon. 

— Pode até ser, mas eu nunca senti isso! É estranho esse sentimento. Não me acho errado de ficar na defensiva e ao mesmo tempo querer por mais. Até porque eu o conheci hoje de manhã, não é como se nós nos conhecêssemos a vida toda. 

— Você sabe que nada é sobre tempo, filho. 

— Eu sei, mãe— suspirou— Mas isso deve ser só besteira— disse cabisbaixo— Ele nem dá indícios de que pelo menos me achou, sei lá, interessante. Hoje à tarde, ele disse que adoraria ter uma amizade comigo. 

— Hoje à tarde? — perguntou confusa. 

— É. A gente acabou se encontrando quando eu fui à biblioteca, ok que depois fomos na geek's, mas isso é irrelevante. 

— Irrelevante? Sei — disse risonha. 

— Irrelevante sim! — afirmou o outro com convicção.

— Tudo bem Jungkook, não vou insistir. Você é cabeça dura igual seu pai — disse provocando.

— Ei! — reclamou ofendido, mas logo depois caiu na risada juntamente de sua mãe. 

— Mas agora é sério, dê a oportunidade a esse garoto, mesmo que seja na amizade. Você no fundo sabe que precisa viver isso — falou e puxou o filho para um abraço desajeitado— Porém, neste momento eu quero que você vá dormir para descansar essa cabecinha cheia de coisas. 

— Não sou criança, Omma — reclamou ainda no abraço. 

— Você sempre será meu bebê, Guk. 

— Eu te amo. Obrigada por me apoiar e acreditar em mim.

— Sempre, meu filho.





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