Eu por nós
Malfoy,
É engraçado como a vida nos prega peças, mesmo. Engraçado como eu, da casa da coragem, fui capaz de fugir da melhor coisa que eu senti em toda a minha vida. Perdão não é o suficiente. Eu adoeci você sem sequer perceber que me adoecia também.
Que forçava a abstinência em cada célula do meu corpo que implorava pelo seu.
Que forçava o esquecimento porque achava que seria melhor fugir, do que enfrentar a verdade nos seus olhos.
Porque eu amei você, Malfoy. Amei você dolorosamente tentando justificar isso com o ódio. Amei você tentando justificar isso com a Guerra. E quando a Guerra acabou, me vi perdido, porque você estava lá, mas eu estava com medo.
Medo de que tudo fosse uma ilusão, fantasiada pelos desejos do menino que eu era. Eu não o amei de primeira, Draco. Não o amei como você me amou, aprendi isso depois. Aprendi a gostar de você. Aprendi que meus dias eram incompletos sem as suas provocações, eram chatos, sem-graça e curiosamente cinza. Cinza que me lembravam os seus olhos de tempestade.
Nem Cho Chang, nem Gina Weasley, nem nenhuma outra. Imagine a minha surpresa quando me dei conta de que estava apaixonado por Draco Malfoy, meu pior inimigo. Com o coração apertado no peito, lutei contra você, e lutei contra mim mesmo. Ver você se tornar um Comensal destruiu meu coração de tantas formas que eu não entendia. Eu não entendia por que doía tanto. Acho que, no fundo, eu ainda tinha esperanças de que nunca passassem de provocações e azarações bobas. De que isso tudo não passasse de rancor por não ter aceitado sua amizade, e rivalidade no quadribol. Eu ainda tinha esperanças de que meu amor silencioso pudesse mudá-lo.
Espero que entenda, algum dia, a minha covardia e o quanto me arrependo dela. Espero que entenda, algum dia, que eu não sabia como lidar com o amor que explode o meu peito e esmaga o meu coração ao mesmo tempo.
Divaguei por alguns instantes sobre ser o culpado da sua doença, Malfoy. Me perguntei várias vezes, por que não adoeci também? Mas adoeci. Adoecemos de maneiras diferentes, claro, meu mal não me mataria. Adoeci. Adoeci porque não conseguia parar de pensar em você por um segundo sequer ou parar de me imaginar beijando-o outra vez, num dia mais tranquilo. Em outra vida, talvez? Não conseguia parar de imaginá-lo rindo dos meus hábitos trouxas, porque você é um Sir puro-sangue bruxo, a própria realeza de Hogwarts. Não conseguia parar de imaginá-lo me mostrando as constelações no céu, ou me ensinando Poções, ou me incentivando a ser auror como sempre quis.
Viver longe de você foi uma das piores coisas que eu já fiz.
Agora que eu já havia experimentado, não tinha como voltar atrás e fingir que nada acontecia. Acontecia como uma avalanche da verdade soterrando a minha máscara de antigas rixas. Estou indo para a sua casa agora, tendo esperanças de obter melhores lembranças do que as da última vez. Desejo o encontrar vivo e bem, para que meu silêncio jamais o atormente de novo.
Perdoa-me, Draco. Perdoa-me pela minha covardia, pois agora estou entregue a insanidade infinita que é querer você. Perdoa-me pelos meus erros, pois pago por eles diariamente desde que estive em seus braços pela última vez. Perdoa-me Draco, por demorar tanto a aceitar amar você. Eu não vou fugir mais. Eu sequer tenho a capacidade de pensar em estar em outro lugar que não seja ao seu lado. Você é meu tormento, e meu paraíso. E só o teu olhar no meu fez a terra girar ao contrário. Então perdoa-me por ter passado tanto tempo com medo, me acovardando por estar assustado por um sentimento tão forte e intenso como é o amor que sinto por você.
Perdoa-me Draco, por amá-lo tanto em silêncio.
Com amor (acostume-se com isso, Malfoy),
Harry Potter.
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