XI -Camarim-
Estou sentado na cadeira em frente ao espelho, no meu camarim. Ouço o barulho da porta abrindo e não olho para ver quem está entrando.
— Meu Senhor Jesus Cristo, o que aconteceu aqui? — Reconheço a voz da minha mãe.
Não respondo, apenas continuo sentado apoiando a cabeça sobre os braços, sobre a bancada, e chorando.
— Jhon, você está bem meu filho? — Seu tom de voz denuncia preocupação.
Joana chega perto de mim, me abraça e acaricia os meus cabelos lisos.
— Mãe, eu não queria. Tentei me controlar, eu juro! — digo engasgando-me em lágrimas.
— O que te fez perder o controle dessa maneira? — Pelo seu tom de voz, parece que está prestes a chorar também.
— Eu o vi. Ele está aqui.
— Humberto? — ela questiona e eu confirmo com a cabeça.
Eu não estou mentindo. Eu tentei mesmo me controlar. Ao ver Humberto, quando eu estava descendo do palco, tentei segurar o sentimento de fúria. Corri aqui para o meu camarim na tentativa de manter distância dele e assim não perder o controle. Foi em vão. Quando cheguei aqui e abri a porta, já estava completamente fora de mim. Saí tacando tudo no chão desesperadamente. As únicas coisas intactas foram o espelho, a bancada e a cadeira onde estou sentado. Vários funcionários vieram assustados até aqui, mas foram obrigados a sair depois de ter objetos sendo arremessados em suas direções. Por fim era só eu e esse camarim destruído. Até minha mãe chegar.
— Você tomou os seus remédios hoje?
— Tomei cada um deles — respondo.
— Trouxe aquele mais forte, pra emergências como essa?
Balanço a cabeça em negativa.
— Não precisa. Estou mais calmo. — Tento tranquilizá-la.
Passamos alguns minutos assim. Eu sentado na cadeira e minha mãe me abraçando e me acariciando. Alguns minutos que fazem meu coração desacelerar até parecer o de uma pessoa normal. Tento tirar da minha cabeça a imagem de Humberto, porém sou surpreendido ao vê-lo novamente. Ele está na porta, parado, analisando os estragos. Não tenho disposição suficiente para virar e encará-lo de frente, por isso olho através do espelho. Percebo que minha mãe está desesperada sem saber o que fazer. Posso imaginar o que se passa na cabeça dela ao ver que alguém que me trás tanta revolta está aqui a dois metros de distância.
— Vim te parabenizar pelo show — diz ele roucamente. — O que aconteceu aqui?
— Nada que possa ser conveniente para você. — Minha mãe toma atitude e o responde.
— Fico feliz por ver você no palco novamente. Não imaginei que isso aconteceria depois de tudo que você passou. Afinal de contas, você não teria como imaginar que aquela menina inocente que nem te reconhecia, poderia te sacanear. — Essa é a despedida dele.
Ouço a porta se fechar.
— Dessa vez você estava comigo. Ouviu o que ele disse.
— Ele foi educado para te provocar, Jhon — responde ela com a maior inocência do mundo.
— Não. Ele disse que eu não poderia imaginar que Clarice aprontaria comigo, já que ela nem me reconhecia. Não percebe? — Me exalto um pouco.
— Não. Não percebo nada.
— Como ele sabia que Clarice não me reconheceu quando nos vimos. Ninguém estava lá na trilha quando nos conhecemos.
— Jhon, eu já entendi onde você quer chegar. Não vai me dizer que acredita que ele tem alguma relação com as coisas que Clarice fez.
— Ela não disse nada sobre o nosso encontro na entrevista da TV. Ele só teria como saber se tivesse falado com ela. — Faço uma pausa. — Desgraçado— grito.
— Calma, Jhon. Não vai se descontrolar de novo — diz ela perambulando sobre os objetos caídos.
— Como você não percebe. Eu estava fazendo sucesso, consequentemente ele estava perdendo popularidade, já que nosso estilo é o mesmo, apesar da diferença de idade. Com isso ele tentou me tirar do caminho dele. "A música nos faz sentir vivos, mas e se a música parasse de tocar ." — é como se eu ouvisse ele pronunciando essa frase em meus ouvidos. — Depois de me recuperar e voltar a fazer sucesso, ele tomou outra atitude. Só que dessa vez foi uma emboscada psicológica e não física.
— Isso é de mais para mim. Você está completamente louco. Vou dar uma volta — diz minha mãe ao sair.
Também não ficarei aqui parado sem fazer nada. Posso estar cometendo a maior loucura, porém a vida não pode ser vivida de maneira totalmente sã. Abro a porta e caminho em direção ao camarim de Humberto.
.....
Humberto decidiu fazer uma visitinha para o "colega de trabalho". Educação ou provocação?
O que vocês acham que Jhon fará ao ir até Humberto?
As coisas estão esquentando...
Ajudem o amigo aqui. Não esqueçam o voto e o comentário para que eu possa saber o que estão achando!
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