Capítulo 7.A


Rafael

Sábado à noite: o fora

Sábado à noite era o dia internacional da pegação. Não haveria nenhuma possibilidade de não dar certo sair com alguém naquela noite. Queria que essa vizinha explodisse. Ou que ela arrumasse alguém e desse a noite toda com uma mordaça na boca, pois se ela começasse a gritar e gemer, eu iria socar aquela parede. Ah ia... Com certeza!

Depois de um banho e todo perfumado, saí para night.

Entrei no elevador. Um cheiro de mulher delícia entrou pelos meus sentidos que fizeram meus pelos ficaram todos eriçados.

— De quem é esse perfume que conseguiu me deixar todo excitado? — falei para mim no espelho.

Parei o elevador na portaria e era o porteiro da noite.

— Senhor Luís, quem saiu daqui agora? — perguntei segurando a porta do elevador.

— Oi seu Rafael, a mocinha do sétimo andar foi à última que passou por aqui... ah, senhora Clotilde também. Antes dois rapazes...

— Entendi... — Aquela senhora não poderia ser, o perfume não era de velha. Apesar de que, ela não tinha uma idade tão avançada assim. Mas nunca intendi morar aqui sozinha.

— Você também mora no sétimo, não é mesmo? Então é sua vizinha e o casal. — continuei olhando para cara dele, pelo jeito como se tivesse dito que foram alguns ETs.

Fechei a porta e desci para garagem. Por que senão estaria escutando ele até agora. Gosta de um papo...

Entrei no carro e liguei-o automaticamente. Estava perplexo. Será a vizinha? Até o cheiro dela era bom. Isso deveria ser uma piada comigo.

— Puta merda! Ela precisava ter um perfume daquele? Que inferno! Não! Não! E não! — Bati a mão na direção. Repeti: — Você não vai acabar com a minha noite de sábado.

Segui em direção a casa do Filé para pegá-lo. Iríamos a uma festa que era seleção pura. Da turma somente nós dois fomos convidados.

— Bem, Bem... É hoje!!! — entrou Filé falando e alisando as mãos. — Vamos passar na casa da minha "bruxinha".

— De quem?

— Da Sabrina!

— Ih o Filezinho já está ficando grelhado? Esta Sabrina é a que fingiu dor de dente?

— A própria! É gostosinha, cheirosinha... — o cortei.

— Por favor, me poupe os detalhes. Tem certas coisas na vida que um homem não precisa escutar. — Parei de repente. — Peraí! Ela tem uma amiga loira de olhos claros que anda de patins?

— Hum... tem uma que é quase loira, que está sempre com ela, caloura, mas não sei se anda de patins e acho que não tem olhos claros. Por quê? Está interessado?

— Sempre! Mulher bonita, estou sempre interessado!

Chegamos à casa da Sabrina ele deu um toque no celular dela que logo apareceu. O amasso começou já no encontro. E os dois tiveram a cara de pau em sentar no banco de trás.

— Ah não! Eu não vou sair daqui de motorista dos pombinhos. Pode vir alguém aqui para frente! — falei.

— Se liga, Bem! Deixa de ser fresco! Você acha que vou deixar minha morena aí com você? Ou deixá-la aqui sozinha? — perguntou Filé beijando a menina que era somente sorriso.

— Então vamos ficar aqui! — fiz birra cruzando os braços.

— Então venha aqui para trás. Eu dirijo — falou ele pegando no meu ponto fraco.

— Nem fuden... — Desculpe. — Nem morto.

— Ah vai, eu te apresento uma amiga linda mais tarde — falou a Sabrina pegando no meu segundo ponto fraco ou será esse o primeiro?

Liguei o carro e saímos.

— Promessa é mais que dívida, hein garota!!

Rindo e agarrando a garota o Filé falou:

— Bem me perguntou sobre uma amiga sua que anda de patins e tem olhos verdes.

— Ou azul — o corrigi — loira de cabelos longos.

— Loira?

— Cabelos castanhos mais claro – corrigi me lembrando dela tirando o capacete.

— Anda de patins e Olhos claros? Hum... quem será? Pensei em te apresentar a Du, mas ela não tem olhos claros, na verdade nunca vi alguém com olhos tão escuros como os delas e faz balé — falou.

— Se ela estiver na festa eu te mostro — falei já pensando que poderia ser coincidência dela estar no consultório aquele dia.

Coloquei a música mais alta para não ficar escutando a baixaria de trás.

A festa bombava. Foi difícil até em estacionar de tantos carros e motos.

Entrei sozinho, pois os dois somente pensavam em se pegar. Não sei nem por que vieram para festa.
Dei uma resenha. E nada de ver minha loira. Peguei uma bebida na cozinha e voltei para a área externa. Rolava um churrasco, caipirinha e outras bebidas lá fora. Coisas de mulherzinhas.

Precisava achar um alvo para noite. Foi aí que vi uma loira de costa, vestido curto e um par de pernas... Ah... aquelas pernas. Eu não tive dúvidas: era a minha patinadora.

Fiquei só de longe a observar, esperaria ela virar, pois já tinha feito confusão uma vez. Mas agora tinha certeza.

— Du!! — escutei Sabrina gritando.

Ela se virou e abraçou a Sabrina e deu um beijo no rosto do Filé, assim que foi apresentada.

Eu estava paralisado.

Era ela! E eu precisava reagir, porém minhas pernas não me obedeciam. Fiquei ali um século e meio parado.

Iria cobrar da Sabrina e seria agora!

Ela virou e olhou para mim. Com certeza, eu não era indiferente a ela, pois seus olhos sustentaram os meus. De repente, ela puxou a Bruxinha e falou alguma coisa, com certeza era algo sobre mim.

Cheguei perto deles e fiquei esperando ela virar de novo. Então uma morena lhe chamou para apresentar um Zezão. Aquele mané só faltou babar em cima dela, seu sorriso bobo ficou na boca o tempo todo. Não sei direito o que eles falavam e riam tanto. Fiquei esperando, esperando e nada. Então pensei: vai que esse Mané a tira daqui. Ah não!! Chamei a Bruxinha e falei:

— Está na hora de pagar sua dívida.

— O que você está falando?

— Apresente sua amiga — mostrei com a cabeça a direção da loira a nossa frente.

— Ah tá, espera um pouco. — Colocou a mão nas costas dela. — Du, eu quero te apresentar o amigo do Filé.

Ela virou devagar. Câmera lenta. Fiquei vidrado, porque ela não tinha olhos claros. Eram escuros como uma noite sem lua. E o contraste com sua pele branquinha era a coisa mais linda deste mundo. Redondos, atentos e simplesmente maravilhosos. Sua boca era um convite para beijar a noite toda. E no instante que ela me disse:

— Oi, tudo bem? — Estendeu a mão delicadamente. Não resisti. Cheguei bem perto e cheirei seu pescoço. Não podia ser diferente: maravilhoso.

— Que cheiro bom... — disse sem soltar sua mão lisinha e macia.

— Obrigada. — respondeu ficando coradinha.

Santo Deus, quem hoje em dia fica vermelha com um elogio? Ela era uma miragem. Não! Estava enganado, porque ela se encontrava em minha frente. Percebi que ainda segurava sua mão e causava um pequeno desconforto. Provavelmente tímida com a situação. Então falei para seduzi-la.

— Sabe que minha mão ficou bem assim. — Olhei para mostrar nossas mãos juntas. No mesmo instante ela deu um puxão e falou:

— Mas a minha mão não gosta de ficar parada.

Eu cheguei um pouco mais perto de seu ouvido e falei de mansinho.

— Depende o que você gosta de fazer com elas. — Sorri e dei uma piscadinha. — Eu topo!

Ela ficou processando minhas palavras. Pensei, agora vou dar minha cartada final e vou puxá-la para um beijo. Sair com ela de perto dessa gente toda.

Algo aconteceu. Sua feição mudou e falou:

— Desculpe-me, acho que você interpretou erradas minhas palavras. Vou pegar uma bebida. — Virou de costas e me deixou ali com cara de quem escutou o professor falar que vai entregar a prova e você nem sabia que teria uma.

Pior foi escutar o Filé rir atrás de mim e dizer:

— Se deu bem em Bem?! Bem mal.

Fiquei puto da vida! Quem ela pensa que é?

Bem! Vai devagar com a Du, ela é diferente das meninas que você conhece — falou Sabrina perto de mim. Mais puto eu fiquei.

Aquilo acabou comigo. Fiquei a festa toda de olho nela. Vigiei cada passo que dava e a cada Mané que lhe foi apresentado.

Parece que todos os caras da festa estavam de olho nela. É foda mesmo! Ninguém pode ver carne nova no pedaço.

Filé chegou perto de mim sozinho. A Bruxinha havia ido ao banheiro em bando. Mulher nunca podia fazer xixi sozinha. Essa era a coisa mais estranha. Imagine, eu chegar perto do Filé e falar assim: "Filé vamos ao banheiro comigo?" Que coisa horrível! Ainda bem que homens não faz essas coisas.

— E aí, Bem? Cadê a sua loira? — perguntou rindo.

— Vai se fuder! — falei sem olhar na cara dele.

— Perdeu o jeito, Bem? — O olhei feio. — Sério. O que aconteceu que ela te deixou com aquela cara?

— Eu não sei, juro que não sei, achei que entrava na minha. Mas ela não gostou de alguma coisa. E pior!! Veja! — Apontei com o copo que segurava. — Olha, estão todos de olho nela.

— Bem, ela é nova no pedaço. Linda, o que você queria?

— Eu a queria na minha, Cara! — falei irritado.

— Calma, cara! O que é isso? Você não estava interessado em uma patinadora?

— É isso que você não sabe! É a própria! Ela é a minha patinadora.
— Mas você disse que ela tinha olhos claros? E a Bruxinha falou que ela faz balé não patins!

— Pois é! Não entendi isso também.

A Bruxinha voltou sorridente e parou junto a nós.

— E aí? Querem cerveja? — chegou ela com duas latinhas.

— Essa minha morena sabe das coisas — pronto começou a melação.

— Conta aqui para mim, sua amiga tem namorado ou ela não gosta de homem? — perguntei na lata, sem rodeiro.

— Nem uma coisa e nem outra — respondeu séria. — Por que ela não caiu de amor por você? Por isso você considerou a hipótese dela ser sapatão?

— Não... quer dizer — cocei a barba sem saber o que falar em minha defesa. Sabia que tinha vacilado.

— Vamos dar uma volta? — chamou o Filé.

Essa agora. Ela ficou brava comigo. Fiquei ali tomando minha cerveja, apenas a observava de longe. Dei uma geral para focar em outra garota. Deu certo. Chegaram duas garotas em mim. Sem esforço. Como eu previa e estava acostumado. No entanto, meus olhos ficavam lá e cá, não deixei de prestar atenção em seus movimentos.

Em certo momento, ela me deu uma olhada. Sorri e levantei minha cerveja. Pensei: agora ela vai arrepender-se de ter me ignorado e amolecer. Que nada! Ela nem sorriu de volta.

Cachorra. Vou mostrar quem é o Bem!

Comecei a dar mole para as garotas a minha frente. Elas pareciam duas manequins de lojas, com roupas coladas no corpo e quase vestidas iguais. Falavam mais que homem no "pregão". E eu? Nem escutava direito. Sorria e fazia cara de paisagem para elas. Percebi uma piscar para outra e discretamente sair, assim deixou a outra sorridente sozinha comigo. Esperei a minha loira olhar de novo, para eu pegar no cabelo da minha amiguinha sorriso. Mas nada, ela fazia questão de ficar com aquela bunda gostosa virada para mim.

De repente, eu vi que ela e a morena estavam despedindo-se do pessoal. E aquele Zezão sempre junto delas.

Ao passar por mim, ela deu um pequeno tchau e um sorrisinho. Não aguentei. Deixei a manequim falante e segurei o braço dela.

— Vai embora?

— Sim.

— E não ia despedir-se de mim?

—- Por que faria isso? Você está acompanhado. — Olhou para a manequim, que neste instante havia parado de sorrir. — Mas, se faz questão, boa noite.

— Não vá... — falei sério para ela — quero te conhecer melhor. Desculpe se eu disse alguma coisa que você não gostou mais cedo.

Eu quase não acreditei o que ouvi minha boca pronunciar. E pior, foi escutar a sua resposta baixinho no meu ouvido. Deu uma piscada e foi embora. Deixou-me com boca aberta pela segunda vez na mesma noite.

Filha da mãe! Cachorra! Vaca!

Eu estou ferrado! — Pensei.

Olhei para a manequim que abriu um sorriso para mim, com todos os dentes a mostra. Credo! Vou ser dentista, mas não estou a trabalho no momento!

— Linda, eu vou buscar uma cerveja e já volto. — Ela manteve o sorriso de molde de prótese para mim.

Volto para lua, mas nunca para o lado dela. — Conclui em pensamento. Se não fosse para ficar com minha linda, eu não queria mais ninguém naquela noite.

Procurei Filé para dizer que ia vazar. Como não o encontrei passei uma mensagem. Saía quando percebi um movimento estranho no jardim de entrada. Entre as árvores havia dois gatos. Dei uma olhada e advinham? O Filé sendo traçado pela gata.

— Galera, eu sinto interromper, mas estou vazando.
— Já! — Olhou ao meu redor e questionou: — Sozinho? — Nem respondi, porque ele entendeu o obvio. Falou no ouvido dela. Sorriu. — Você pode me deixar em casa, Bem?

— Vamos! Agora antes que eu desista de levá-los é melhor tirarem esses sorrisos bobos do rosto.

Deixei-os na casa do Filé e fui para casa.

Entrei no elevador e aquele cheiro de perfume continuava lá. Mais suave, mas talvez tivesse impregnando na lataria daquela coisa.

Veio a lembrança da Du. Puxei na memória o cheira da Du. Tive a impressão de serem iguais os cheiros. Respirei fundo. Era! Certeza! O próprio!

Abri a porta e parei, olhei a porta da vizinha. O cheiro continuava ali. Será que era dela?

Não! Segui o cheiro até sua porta. Preguei o nariz ali. Eu só podia estar doido mesmo. Entrei no meu apartamento e pedi a todos os santos protetores dos abandonados de sábado à noite, para que minha vizinha não estivesse acompanhada e se divertindo. Pois se isso me acontecesse, eu juro que dormiria na garagem dentro do carro. Seria muita humilhação para um homem.

Tirei a roupa e cai na cama, precisava rezar para dormir rápido.

🦷🦷🦷

Noite em inglês

É uma destinada exclusivamente à aquisição ou à contratação de bens e serviços comuns de qualquer valor estimado. Por meio de propostas e lances sucessivos, a disputa do fornecimento acontece em meio a uma sessão pública.

Ah tá... Você acredita que foi rezando?

Gostaram?
Conte para mim...
Eu quero saber...

Lena Rossi

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top