Capítulo 23.C

Rafael

Festa à fantasia

Olhei no espelho o meu reflexo. Já me arrependia da fantasia. Não devia ter ousado tanto. Foi raiva ou impulso da hora. E agora já era tarde, não tinha outra e teria que ser essa. Espero que a Duda não fique brava comigo...
Puts!! Eu devia ter contado... já era, cara!

Fui chamá-la. Toquei a campainha.

Fiquei parado na frente de sua porta, receoso e com um pouco de vergonha e nada dela atender. Toquei de novo. Nada!

Olhei para baixo e algo chamou minha atenção no nosso vaso. Uma máscara preta. E estava escrito assim:

"Estou te esperando na festa. Ache-me!"

M. G.

- Então está querendo brincar? Você não imagina como sei esconder e tirar...

Fui atrás da minha linda.

Cheguei na porta do grande espaço de festa. Muitas pessoas circulavam por ali, cada figura mais engraçada que a outra.

Os casais na maioria estavam um completando o outro. Mickey e Minie, chapeuzinho vermelho e o lobo mau, toureiro e uma dama, enfermeira e doente...

E onde estava minha loira?

Já que era para procurar, então vamos!

Na entrada localizei Jacaré com a morena, eles estavam de primatas, eu acho. Ela parecia a Pedrita descabelada e ele um... como chama aquele da história em quadrinho que arrasta a mulher pelo cabelo? Pois é, aquele mesmo. Até o porrete na mão ele tinha. O mais engraçado é que ela corria e ele ia atrás dela fazendo sons estranhos.

Então a vi.

Uma bailarina deslizava sobre os patins do outro lado do salão.

Abri um sorriso e fui caminhando naquela direção. Ela não me surpreendeu. O Filé comentou que as duas, ela e a Bri estavam de segredinhos. E que ele achava que a Bri aprendia a patinar. Então contei que vi as duas de patins num outro dia.

Eu estava certo, as duas deveriam vir de patins.

Aproximei devagar e fui surpreendido. Era a Sabrina, vestida de princesa, até com tiara, mas deslizava nos patins. E o meu amigo, um verdadeiro príncipe. Cheguei perto deles e fiz uma reverência.

- Boa noite, meu príncipe e minha princesa - falei.

- Sua princesa uma ova! - exclamou Filé - Vai procurar a sua turma, capeta!

- E onde está minha princesa? - perguntei a Bri - Achei que você viria de bruxa!

- Bruxa eu!? Por quê?

- Puts... sei lá... intuição talvez... - Filé dava risada do meu desconforto.

- Eu sei porque, estou de zoeira. Não seria tão óbvia - afirmou ela -, agora a sua princesa está por aí, acho melhor você achá-la antes que um gato a encontre.

- Isso foi uma dica?

- Humm... talvez um aviso.

Olhei por todos os lados, mas com tantas pessoas, bichos, monstros e heróis possíveis, tornava minha busca complicada.

- Bem, você viu o Carioca? - perguntou Filé.

- Não.

- Ele está vestido de uma fatia de queijo - falou ele rindo.

- Mas por quê? Eu não entendi - mencionou a Bri.

- Ele é mineiro - respondi no automático.

- E por que então carioca? - perguntou ela.

- Ele é de Juiz de Fora, mais carioca do que nós - falamos juntos, eu e o Filé rindo.

- Nós não! Eu sou capixaba, pode me tirar dessa - declarou ela, o que na verdade, eu nem sabia.

- Vou circular por aí... - falei me afastando deles.

A música estava muito alta dentro do salão. E as pessoas transitavam na maioria em grupos ou bandos, melhor dizendo.

E por onde andava minha Duda...

Rodei por um bom tempo e nada! Veio oncinha, gatinha e até cachorra ao meu encontro.

- "Bem!!"... - uma me gritou.

Livrei-me dessa bicharada toda. Precisava achar a minha bailarina. Fui para o lado de fora e tentei ligar no seu celular.

Ela não atendeu. Mas mandou uma mensagem:

"Está me procurando? E não acha pq?"

Eu: "Apareça!"

"Estou muito perto e vc não me enxerga".

Olhei por todos os lados sorrindo.

De repente alguém tampa meus olhos e eu fico sorridente.

Peguei em as suas mãos. Puxei seus braços.

Meu celular vibrou em minha mão de novo.

Paralisei.
Pensei: "não é ela aqui!"

- Oi Bem! - Era alguém que eu conhecia, mas não lembrava o nome. - Meu capeta predileto.

- Oi... - Ela vestia uma fantasia de dançarina da noite com uma falsa "piteira" na mão. Uma vedete, eu acho. Meu celular vibrou de novo. Olhei. Duas mensagens:

"Está esquentando..."

"Agora mesmo o inferno vai ficar cheio..."

Eu: mas eu quero vc! Apareça!

- Gostou da minha fantasia? - perguntou a garota.

- Está boa sim, mas eu preciso achar minha namorada - falei namorada? A garota ficou tão assustada quanto eu.

Deixei-a de boca aberta para falar algo. Não esperei para saber o que era.

Olho para um lugar mais alto e tem uma pessoa toda de preto que não sei por que me encarava. Olhei e por um momento achei que pudesse ser ela.

- Não pode ser... - falei e olhei de novo - não é.

Virei e varri o salão com os olhos a procura de uma princesa por todos os lados, já impaciente. Liguei para ela.

- Alô - falou manhosa.

- Pare de brincar comigo, eu não estou de gato e você de rata está? - perguntei.

- Não! Mas posso está de gata.

- Cadê você Duda?

- Saia do obvio e acredite naquilo que seus olhos veem. Você me olhou agora a pouco, mas não acreditou no que viu.

Virei e olhei para a garota de preto, ela estava de costa.

- Você está olhando para mim agora? - perguntei.

A garota foi virando devagar com o telefone na mão, em seguida escutei aquela voz mansa no meio daquele barulho todo.

- Agora sim. Achou!

Desliguei o telefone e em um segundo estava na sua frente, literalmente de boca aberta. Era a gata mais linda da festa. "A mulher gata" eu quero dizer.

- Você está irreconhecível. Mais linda do que nunca - queria dizer gostosa, mas achei desnecessário. Os meus olhos estavam vidrados nela, deixei evidente isto.

Nem nos meus delírios poderia imaginar ela nesta roupa e tão gostosa. Inteira de preto, numa roupa coladíssima no corpo, sem ser vulgar. Sua máscara cobria o rosto e todo o cabelo. Seus olhos pretos estavam com uma maquiagem preta também. Seus cílios estavam bem maiores. Sua boca, ah... que boca com aquele tom escuro. Ai meu Deus! Eu estava ferrado!

- Pare de judiar de mim e me beije - pedi.

- Você gostou? - quis saber junto da minha boca - Eu te surpreendi?

Eu não consegui responder. Peguei sua mão e coloquei no meu "Benzinho" e então questionei:

- O que você acha?

- Eu acho que você é um sem vergonha!

- Errou! Sou um capeta!

Puxei-a para mim calando sua boca com a minha.

🦷🦷🦷

E assim a festa começou...

Quem gostou levanta as mãos!!
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beijos

Lena Rossi

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