Capítulo 22.B

Maria Eduarda

Recomeço 

Aquela noite eu realmente nem sei como fui para a cama, dormindo provavelmente. Acordei com o corpo doendo, obra do sofá e uma mente pouco pensante. Onde estava com a cabeça de vigiar o Rafael chegar.

Fiz uma vitamina e comi umas torradas.

Marquei na autoescola um horário para pegar o material e levar meus documentos. Faria as aulas teóricas depois os exames e provas. Meus horários ficariam apertados por causa das aulas e ter que estudar para os exames. mas não via à hora de começar as aulas de direção depois de passar nos teste.

Sentada a espera do atendimento na autoescola recebi uma mensagem da Bri, ela dizia que talvez pudesse ajudar o Lim. Tinha uma ideia ótima. O que será?, perguntei-me.

Por causa disto, eu fui mais cedo para a faculdade após o almoço. Íamos nos encontrar para ela contar o seu "plano genial".

- Olá, demorei?

- Não! Acabei de chegar, senta aí – pediu toda animada – quero te contar primeiro antes de falar com o Lim.

- Nossa!! Conta, estou curiosa.

- Pensei convidar o Filé para morar comigo e deixar o Lim no AP dele, até que arrume um lugar. O que você acha?

Choquei! Fiquei olhando para cara dela. Como essa garota pode ser tão "esperta"?

- E como você vai conseguir isso? – sondei – O Filé, o que achou disto?

- Ele ainda não sabe – declarou, com uma risadinha que eu bem conhecia. Ela aprontava - eu pensei o seguinte...

- Espera! Você quer envolver todos em uma armação? Eu não vou aceitar isso Sabrina!

- Escute! Deixa-me falar primeiro! Depois você diz o que acha? Tudo bem?

- Ok, fale! – respondi, já não gostava do rumo daquela conversa.

- Eu contei para o Filé todo o drama envolvendo o Lim e Bil. Ele ficou sensibilizado, falou que até poderia ver se alguém tinha vaga em alguma república. Foi aí que tive uma ideia. Pensei em falar para ele, que eu poderia convidar o Lim para morar comigo, até ele arrumar um lugar. Como eu sei que ele não vai aceitar. Eu faria a sugestão dele morar comigo e emprestar o AP dele para o Lim.

- E você acha que ele vai aceitar isso?

- E por que não? Estamos quase morando juntos mesmo. Se eu não estou lá com ele, é ele que está na minha casa. Assim facilitaríamos até para nós dois.

- Não sei não! Eu até pensei dele ficar lá em casa, mas teria que falar com meus pais e não sei qual seria a reação deles. Acho que não gostariam.

- Nem o Bem!

- E o que o Bem tem a ver com minha vida?

- Por enquanto nada! Mas até quando dona Maria Eduarda?

- Nossa!! Acho que pela primeira vez você falou meu nome!

- Ah, pare! Isso não é verdade! E o que você acha da minha ideia?

- Sei não! Será que o Filé não vai assustar com essa história?

- É o que vamos ver até onde ele está envolvido!

- Vai falar quando com ele?

- Daqui a pouco. Deve está chegando... – Ela olhou para os lados. - Ele vai ter atendimento agora à tarde. E também precisamos falar com o Lim caso ele tope.

- Então está na hora do seu teatro. Ele já está vindo – avisei –, vou nesta.

- Fique e me ajude.

- Eu não! Estou fora! Oi Gustavo, tudo bem? – Dei um beijo no rosto dele.

- Quase! – Olhou no relógio. - Daqui a umas quatro horas estarei muito bem com meus três S completos: Sexta. Seis. Sexo. Sexta-feira, seis da tarde, o melhor horário da semana.

Dei risada dele.

- Sei! Faltou mais um  S o de safadeza. – Eles riram de mim, dei tchau e fui!

Sabrina entrou na sala e aula já tinha começado. Ela fez um joia. Em seguida passou um papel ao Lim.

No intervalo, encontrei com eles e ela contava a novidade. E pelo jeito deu certo o seu "plano".

- Venha aqui Dudinha, escute o que a Bri está me contando – convidou o Lim.

- Eu contei ao Filé a situação do Lim e ele ficou comovido e sugeriu dele morar no seu AP e ele vai para o meu.

- Ah sei... e você topou, Lim?

- Nossa! Eu nem sei o que dizer. Vocês são tão legais comigo...

- Para começar, você vai ter que mudar e digo mudar por completo – sugeriu Bri.

- Como assim? – inquiriu ele.

- A partir de agora você é outro homem a começar pelo seu nome. Nada de Lim. Agora é Arlindo. O que você acha?

- Sabe que a Tereza já me falou isso. Eu procurei mudar as minhas roupas, meu penteado, mas o nome... Não pensei. É estranho, mas acho que você está certa.

- Eu estou sempre certa! – falou sorridente que me fez revirar os olhos.

- Mas Bri, será que não é pedir muito para ele? – questionou Lim preocupado – Certo que estou com dificuldades em encontrar um lugar para ficar. As pessoas têm preconceitos. Eles não querem me dar uma vaga em uma república de rapazes héteros. Acham que posso vir a mudar de ideia e dar em cima deles, eu acho – falou um pouco triste, pela primeira vez.

- Então está decidido. Vamos encontrar hoje no final da tarde para combinar a mudança para amanhã?

- Já? – perguntei assustada.

- O Arlindo precisa mudar para ontem – afirmou Bri.

- E arrumar a mudança? – questionei.

- Ajudo o Filé com as coisas dele e não vai precisar levar tudo de uma vez – explicou ela –, já o Lim afirmou que está quase tudo embalado.

- Aonde vamos? – quis saber ele.

- Filé disse para irmos aqui perto, no Pimenta' o que acham?

- Eu não sei onde – afirmei.

- Claro que sabe, Du! Na saída da facu, aquele na avenida perto do posto de gasolina.

- Vamos juntos, lindinha - declarou Lim.

- Combinado. Vamos? A aula vai começar.

No fim da aula a Bri foi encontrar com o Filé no ambulatório. Ele estava de moto e iríamos encontrar no barzinho.

Eu e o Arlindo fomos caminhando e conversando, ele me contava como sua vida se transformava dia após dia. Percebi que toda essa mudança gerava medo, mas apesar de tudo, sua segurança era nítida e parecia feliz.

Chegamos no barzinho, estava lotado. Procuramos pelos dois e não os vimos. Demos uma volta e o Lim perguntou:

- Será que ele pensou melhor e desistiu?

- Se eles não fossem vir ela passaria uma mensagem, mas não acho que é esse o caso, deve estar se agarrando em algum lugar - comentei rindo.

Assim que viramos, vimos que eles chegavam.

- Olá! Aqui está lotado, hein? Será que achamos mesa? – perguntou Bri – Estou com fome.

- Demos um role e não vimos nenhuma mesa vaga – afirmou o Lim

- Oi... – Assustei com a chegada do Rafael. Meu Deus, ele estava lindo vestido com uma calça e tênis brancos. Uma camiseta azul clara que realçava mais seus olhos e a pele morena.

- Fala aí, Bem!! Chegou faz tempo?

- Não muito - respondeu e olhou para a mão do Lim na minha cintura.

Depois ele deu uma geral em mim. Quase caí dura de vergonha. Todos em silêncio só observando ele me examinar e sonhar, pois era isto que parecia.

Bri deu uma explicação dos fatos, de repente viu uma mesa sendo desocupada. Os rapazes logo chamaram o garçom que veio limpar tudo e trazer o cardápio. O Rafa sentou do meu lado, muito próximo.

Realmente ele não era homem de desistir fácil. Seus olhos permaneciam em mim, não sei se, questionava minhas atitudes ou bolava algum plano ou alguma frase pronta da sua autora preferida. 

Na verdade, acho que era para ficar um tempo sozinho comigo, porque ele ofereceu guardar meu material no seu carro.

A Bri fez cara de paisagem após aceitar sua oferta e jogou tudo no meu colo. Até parece que não a conhecia para saber que tramava algo.

Verdade seja dita, no instante que ele tocou em meus braços, eu arrepiei toda.

Caminhamos juntos até o estacionamento. 

Ele abriu a porta do carro.

Quando virei, ele lia uma mensagem no celular. Com certeza era alguma garota atrás dele.

Ele ficou pensativo. Por fim, decidiu guardar o celular.

Fiquei quieta até chegar na mesa novamente e eles já combinavam a mudança.

Oie...

Parece que o Rafael vai tentar fazer diferente agora, será que vai dar certo?

Se quiser dar opinião será muito bem vinda.

Beijos

Lena

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