Capítulo 17.A

Rafael

Descobriu

Esperei por muito tempo por uma resposta e quando chegou ela não poderia encontrar comigo.

Fui para casa frustrado. Logo que cheguei recebi outra mensagem.

"Rafa, o que queremos? O que podemos dar um ao outro? Eu preciso pensar. Perto de você não consigo. E ainda tenho algumas coisas para te contar. A partir disto veremos o que vamos fazer." Maria Eduarda

- O quê? - falei sem entender.

O que significa isso?

- Rafa, o que queremos? Eu quero você, caramba!

- O que podemos dar um ao outro? Eu, você. Você, eu!

- Eu preciso pensar. Pensar o quê, pelo amor de Deus?

- Perto de você eu não consigo. Isso é bom sinal, não acha?

- Tenho algumas coisas para te contar. O quê? Que você é virgem? Eu já desconfio disto. E pare de frescura, vamos aproveitar a vida garota!

- E a partir disto veremos o que fazer. Ai meu santo das garotas frescas, torturantes e virgens!! Veremos o quê? Para que tanto drama? Vamos ficar, namorar, e aproveitar... Deixar as coisas rolar.

- Não dá para entender essa garota. Na mesma hora que quer, some e vem com essa! O que ela querer? Compromisso? Tudo bem. Contrato assinado no cartório em quantas vias? Saber se vou me comportar? Ah, já estou bolado, essas coisas poderiam ser mais simples.

- Maria Eduarda - Ãn! Maria Eduarda? A Du, ela se chama Maria Eduarda? Eu já sabia sobre isso? Acho que perguntei uma vez... Eduarda. Foi isso que ela me respondeu. Poxa vida, o que era isso? A minha vizinha é também Maria Eduarda.

— Naaaao... - Dei risada. - Claro que não! Puta merda, que coincidência é essa!

Precisava responder alguma coisa para ela. Mas o quê? "Vai-te catar!" Essa era minha vontade. "Deixa de frescura! Vem dar para mim!" A era outra, acho que mais essa que a primeira.

Após pensar e andar de um lado a outro. Escrever, apagar e escrever de novo e de novo, cheguei nesta versão, que ainda não sabia se estava bom.
Enviei.

"Eu quero você. Eu posso te dar apenas eu. Não pense. Fique perto de mim. Nada que me contar vai mudar o que você me faz sentir. Vamos ficar juntos e ver o que dá, só isso." Rafael

Vou fingir que escrevi de primeira, o que veio na cabeça. Não dá para deixar a garota pensar que ela é o último tiro, senão: game over e você está perdido. Sua próxima vida vai depender dela, carregar ou não seu controle.

Conclusão: ela não respondeu mais nada e eu?

Também não liguei. Fiquei foi fervilhando de raiva. Pulto da vida. Vontade de chutar tudo para o alto.

Ficar na expectativa de uma mensagem ou uma ligação é uma verdadeira tortura, bosta mesmo. Agora sei como as garotas se sentem, quando não ligamos.

Uma coisa é falar assim: "a gente se vê" ou "eu te ligo" depois de um pega, ou uma noite. Neste caso, eu e a Duda já havíamos algo mais. Verdade? Ou não?

Pulta merda! Eu estou ferrado mesmo. Enrolado na bandeira do Brasil.

Fui dormir pensando nela e sem escutar nada "do outro lado". A vizinha se aquietou mesmo. O caso deve ter terminado mesmo depois daquele dia.

🦷

Os dias foram passaram sem notícias.

Não procurei e nem liguei.

Após pensar que eu tinha exagerado, mandei algumas mensagens bem carinhosas para ela, afinal sabia que estava na correria por causa do festival.

Acredita se quiser. Ela respondeu uma! Apenas "uma". E olha que mandei umas cinco ou mais. Eu tô entendendo que ela vai me dar trabalho, faz jogo duro mesmo.

Tudo bem! Vou levar até onde der. Quero ver quem vai vencer este jogo.

Para não morrer ou matar fui à academia todos os dias. Corria a noite e estudava. Deixei de farrear e meus dias pareceram render muito mais e não ficava tão cansado.

Sábado chegou.
Ao sair do apartamento, encontrei com um casal e uma garota de uns quinze anos que esperavam o elevador.

- Oi, tudo bem? - falei.

- Tudo bem. Somos os pais da Maria Eduarda, - o senhor falou como se nós dois fôssemos amigos - viemos assistir o festival.

- Ah, legal. É muito bom, irão gostar - respondi, enquanto a garota me encarava.

- A minha filha é muito dedicada à arte e estava se sentindo muito sozinha. Ela quase não sai de casa. - ele falou e eu pensei, pai inocente.

- Sei... Éh, aqui nós temos que estudar muito. Não dá muito tempo mesmo - respondi para ganhar moral, a garota não tirava os olhos de mim. Linda por sinal. Seus olhos... Achei parecido com de alguém.

- Ela tem namorado? - perguntei.

O elevador chegou.

- Que nada! Nunca teve um namorado, - assim que revelou a situação atual da filha e levou um cutucão da esposa e parou de falar.

- A Maria Eduarda é uma menina muito caseira e nunca se preocupou muito com os namoricos. Você já deve ter percebido o jeito dela. É uma menina de ouro - a mãe elogiou a filha.

Segurei para não rir quando a garota revirou os olhos ao escutar a mãe elogiar a irmã. Talvez ela soubesse das safadezas da tal Maria Eduarda.

Ela percebeu o meu sorriso, que não saiu da minha boca e, revelou um para mim, em seguida abaixou a cabeça.

Coitados dos pais não têm noção da filha que tem, fiquei até com dó deles.

Chegando à garagem. Despedi deles.

- Então, até mais, eu sou o Rafael.

- Ah sim, nossa filha falou. Quem sabe podemos nos encontrar depois. Comemorar... - A mãe o cutucou de novo.

- Ah sim... senhor... - eu não sabia o nome dele.

- Alfredo. Desculpe, nem nos apresentamos. Essa é minha esposa Tânia e minha casula Ana Carolina.

- Prazer em conhecê-los, vocês tem uma ótima filha.

Pra que decepcionar uma família, afinal como diz mesmo? O que os olhos não vêem e nem os ouvidos escutam... Os pais ficam felizes. Sei que não é assim, mas é quase isso.

Olhei a placa do carro deles antes de entrar no meu, não era tão perto, Paraíba do Sul.

Fui almoçar.

Encontrei e sentei com canino e o jacaré.

— Cadê o povo? — perguntei.

— Agora o Filé só pensa em namorar. Fubá estava por aqui, mas saiu acompanhado a Marcim — explicou Canino.

— E você anda sumido? Ontem reunimos no bar do Nano, achamos que você iria — quis saber Jacaré — Depois fomos para festa na república dos Minhocas.

— Ninguém me chamou, não fiquei nem sabendo.

— Jura? O grande Bem não sabia onde rolava uma festa! É zoação! — Deu risada. Jacaré com zueira acrescentou: — Onde você estacionou seu boeing?

— Estacionei na garagem Jaca, até um Boeing precisa de descanso — falei rindo.

— Conta outra "cumpadi", tem é acarajé misturado neste arroz. Vejam as beldades que veem ali — Mostrou ele, eu virei para olhar e me arrependi em seguida.

— Olá Benzinho... anda sumido, hein? — Uma delas me abraçou por trás colocando a mão dentro da minha camiseta alisando meu peito.

— Que nada! Estou por aí... Viajei somente no final de semana passado — falei me esquivando dela.

Canino levantou pegou sua bandeja e saiu com uma das garotas.

— Até mais galera — gritou já afastado.

— Vai rolar uma festa hoje na casa do Braubrau, vamos? — ela falou no meu ouvido.

— Hum... hoje começa  o festival, você não vai? — perguntei.

— Você está de brincadeira, né? Ver os nerd, as patricinhas e os gays dançando e sapateando? Eu tô fora! — falou rindo e puxou a cadeira sentando grudada em mim.

— Eu vou! Sem preconceito, garota! — respondi. Enjoado do seu perfume e irritado com seu tom de voz. — E você vai, Jaca?

— Opa! Claro! Tem uma galera boa que vai participar — respondeu.

— Fala sério! Vocês estão de piada comigo? — ela parecia mesmo indignada.

Continuei almoçando, pois já começava a esfriar. Ela colocou a mão na minha perna, na maior intimidade. E eu juro, não sabia quem era, nem o nome dela. Apesar de não a considerar totalmente estranha, mas nada para ter intimidades assim.

— Ah, Bem... Vamos lá! Quero te encontrar de novo... — falava toda dengosa.

E para encerrar o assunto falei a mais clássica de todas as frases.

— Tudo bem. Eu te ligo depois e combinamos — ela abriu um sorriso.

— Mas então anote meu número, acho que deve ter perdido porque não me ligou.

Fiquei na dúvida do que fazer, porém percebi se não anotasse, ela não me deixaria em paz nem para acabar de almoçar. Tirei meu celular do bolso e na hora que coloquei no contato pensei: e agora? Que nome coloco? Pulei já direto para o número e esperei que ela falasse.

— Não sabe meu nome, Bem? — Olhei para ela com a cara mais lavada do mundo e disse:

— Sou ruim com nomes... — ela sorriu e chegou perto do meu ouvido:

— Carolíngua... Lembra? Você disse que eu tinha a língua mais gostosa desse mundo, somente me chamava assim...

Pulta merda! Eu já tinha... Eu sou foda mesmo. Agora me lembro disto, mas não conseguia ligar o nome a pessoa. Afinal, já devo ter falado isso para uma dúzia delas. Sempre gostei de inventar um apelido sacana na hora H, elas ficam doidinhas e mais safadinhas.

— Carol, fale o número.

Ela disse perto do meu ouvido e ainda deu uma mordida me fazendo arrepiar. Necessitado como estava foi direto no setor de baixo. Ela levantou, chegou mais perto e apertou o botão do celular para discar no dela. Tentei impedir, mas foi tarde.

— Agora sim, se você não me achar, eu te acho — levantou, beijou meu rosto. Chamou a amiga que conversava com o Jaca e saíram.

Fiquei ali olhando para cara dele sem falar nada. Ele riu e disse:

— Ferrô cumpadi essa aí é o maior "contact" da facu. Quando gruda... Não solta fácil.

— Jaca, nem me lembro dessa garota — falei emburrando a bandeja. Perdi a fome.

— Claro que sabe. Ela era peguete do Fumaça, aquela que deu uma maior confusão na festa do Fubá ano passado. Ele a pegou no banheiro com o Gaúcho.

— Verdade? Mas era uma loira?

— Acho que sim. Cada ano seu cabelo é de uma cor. Quando caloura, falam por aí que pintou de roxo.

— Pulta merda, agora ela tem meu número. Eu falei que ligava somente para que sossegasse.

— É só bloquear, caso ela comece a te perturbar. Mudando de assunto, e a Du? Rola um lance?

— Cara! Está difícil as coisas irem para frente ali. Garota complicada — comentei desanimado.

— Estou pegando a amiga dela, a Joy — contou com um meio sorriso — gostosa e pirada.

— A morena?

— A própria. Ela tem um lance de ser revoltada com a família que a deixa um pouco chatinha, mas tirando isso, uma água de coco.

— Todos se dando bem e eu vendo a escola passar na avenida. É foda isso!

— Ah, Bem... Não reclama, acabou de ter uma sereia te dando mole.

— Para mim o nome desse peixe é outro — falei e levantei. — Atrapalhou até meu almoço. Vou vazar, vamos?

— Vou ficar por aqui mais um pouco. As garotas devem estar chegando... Inclusive a Du — acrescentou ele, com certeza me para me provocar.

Pensei duas vezes se ficava ou vazava. Analisei a cara dele, percebi que era zoeira, se eu voltasse atrás, pronto! Estava na bandeja.

Parti.

Mas antes de ir fiquei de bobeira na frente do restaurante. Foi até que eu vi as garotas se aproximar, a Du não estava. Fui, não sei se mais tranquilo, ou frustrado.

Durante a tarde tirei um sono, depois fiquei na Internet um tempo, nos grupo lendo o que a galera pensava para o fim de semana. Havia festa em vários pontos da cidade: repúblicas, bar e boate. Inclusive uma chamava atenção slogan: Pos-Fest, Venha terminar o festival aqui. Era a que tinha mais comentário. Eu na verdade, nem sabia o que fazer.

Na minha cabeça, já tramava uma noite especial com a Duda. Mas primeiro precisaria saber se ela também tinha tal intenção.

Liguei para ela. Nada!

Passei uma mensagem:

"Vamos marcar algo para depois do festival? Precisamos comemorar seu sucesso."

Até a hora que saí de casa ela não tinha respondido. Pelo que eu vi nem abriu a mensagem. Devia estar numa maior correria. Daria este desconto.

Cheguei ao anfiteatro mais cedo para garantir um lugar especial. Não saia da minha cabeça a visão dela dançando. E eu não perderia por nada.

Fiquei ali no celular matando o tempo antes do início.

Poucos minutos depois levantei a cabeça e o local encontrava-se lotado, com pessoas se espalhando pelo chão do corredor central e nas laterais.

A música começou a tocar alto diminuindo o zumzum.
O som do microfone chamou atenção e o diretor da faculdade cumprimentou a todos e fez abertura do festival. Foi passado um clipe nos telões que estavam nas laterais, mostrando partes dos festivais anteriores e algumas coisas dos cursos. Muito blá, blá, blá antes de fato dar início.

As luzes abaixaram.

A cortina foi aberta e apenas uma luz central iluminou o palco.

Lá estava ela em uma posse de costas, uma mão para o alto e a outra para baixo com um joelho flexionado. Ao som de três toques ela deu um giro e saltitando no ritmo da música que eu ultimamente escutava vindo da vizinha.

Fiquei intrigado com aquilo. No entanto, deixei para pensar sobre isso mais tarde. Naquele instante meu envolvimento era total com a sua apresentação.

Linda... Absurdamente maravilhosa com seus cabelos presos no alto da cabeça e muito brilho na maquiagem,  como eu nuca tinha visto. Sua roupa abraçava seu corpo definindo cada parte que eu gostaria de tocar.

Aproximou o fim, ela deitou ao chão e a luz ficou colorida e sem focá-la. O som tornou-se mais alto e vibrante, então ela reapareceu deslizando nos patins. A galera foi ao delírio com gritos e aplausos. Inclusive eu, que já tinha visto com exclusividade fiquei encantado com esse final esplêndido de vários rodopios.

O grand finale.

Ela foi aplaudida de pé e por um tempo. Agradeceu e saiu do palco.

A programação seguiu. Ela participou de outro número bem interessante. Entraram três bailarinos e três bailarinas que permaneceram imóveis. Quando a luz azul refletiu sobre um, ele começou a apresentação em um estilo de música, tocou o outro e a música mudou, ele parou e teve início uma dança diferente até tocar o proximo.
No final, todos dançaram ao som de vários feixes de luz.

Teve também dança de rua, funk, clássico, samba e eletrônica. As músicas trocavam e os personagens e cenários. Muito bom...

Tivemos depois duas pequenas peças de teatro muito engraçadas, uma satirizava as salas de aulas e a outra uma consulta ao dentista. Reconheci os "amigos" da Du em ambas as peças. Até que eles eram bons.

Finalizaram com um grupo grande dançando.

Até que as cortinas se fecharam de vez e parte das luzes se acenderam. Todos entraram no palco para os agradecimentos e posaram para as fotos.

Assim todas as luzes se acenderam e os aplausos firam diminuindo.

As pessoas começaram a sair, outras a entrarem nos bastidores.
E eu fiquei ali sentado a espera da minha estrela principal sair.

Do outro lado do corredor a família da vizinha levantava e se preparavam para deixar o anfiteatro. Talvez fosse a hora de eu ver de longe como era a famosa e inocente.

Então...

Travei.
Tela azul no meu sistema.
Duda aproximou da família do elevador. Ela veio de braços abertos e abraçou a mãe. Pareciam todos emocionados.

— Nãão!! — Coloquei a mão na boca para não emitir nenhum som. Passei a mão pelo cabelo. — Não é verdade. Não pode ser... O que acontecia ali. É coincidência. 

Fiquei estático. Petrificado. Com certeza eu olhei a Medusa.

O que fazer?

De repente, ela me olhou, seus olhos ficaram indefinidos. Ou poderia ser eu que estava perdido dentro dos meus pensamentos. Muitas informações conectavam instantaneamente fazendo-me sentir um verdadeiro idiota. Os fios agora instalados corretamente me fez ficar na tela principal.

Não sei como minhas pernas foi caminhando até ela.

- Oi. Esses são meus pais - ela teve a coragem de me apresentar os pais.

- Olá Rafael, muito bom o festival, você estava certo. - sua fisionomia mudou - nos o conhecemos hoje filha.

Sua boca abriu e fechou. A sua voz não saiu e nem seus olhos de cima mim.

Minha vontade era arrastá-la dali e exigir uma explicação. Mas tive que manter a calma e procurar pelo meu bom senso de 'bom moço'.

- Gostei sim, adorei. Principalmente a novidade. - disse olhando-a bem nos olhos.

- Qual novidade? - perguntou a mãe.

Como ela não respondeu, tive que falar.

- A parte final. Verdade Maria Eduarda? Você não me contou nada. - ela estava muda, cega e surda. Seu sorriso já havia apagado e sua expressão era de pavor.

- Mas é assim mesmo, tem que ter segredo. Uma carta a manga... Não é assim que falam? - disse a mãe.

- Vamos saindo pai? - falou a irmã - Estamos ficando somente nós por aqui.

- Vamos sim. Dê sua mochila filha. Eles foram andando nos deixando para trás. Eu a parei e perguntei:

- Quando ia me contar?

🦷🦷🦷

Ãn?

O que foi?

Como?

Alguém sabe alguma coisa?

Pronto o mistério acabou...

Melhor assim...

Mas nem tudo está esclarecido...

Será que ela vai abrir o jogo assim?

Espere... os próximos capítulos...

Eu adoro um mistério... Segredos...

Hum... Segredos... Sabe que me fez lembrar outro livro...

Quem leu? - Segredos D'Ella?

Eu li e adorei!! Rs

Ele agora está sendo vendido na (Amazon.com.br ) 'Segredos D'Ella'

Quem leu e gostou muito como eu, quando for dar um presente para alguém pensem no meu livro.

Dê esse crédito a mim...

Afinal precisamos dar valor a quem fica aqui, horas escrevendo e pensando como levar até você uma boa história.

E por acaso essa pessoa sou eu!

Sua amiga, Lena Rossi.

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