Capítulo 30
Oliver
Sábado
clube do bolinha ⚽
Arthur:
O Oliver com a Emily é assim... KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Enzo:
socorro KKKKKKKKKKKKKKK
idênticos, véi
Hugo:
Ainda há esperanças, galera!
Davi:
Pelo menos eles se beijaram, já é alguma coisa
Caio:
Incrível como nós que shippamos vivemos de migalhas
Você:
vocês não têm mais o que fazer, não?
tipo cuidar da vida de vocês
Arthur:
A gente tá bem assim, mas obrigada por perguntar
Hugo:
Gente, gente
Vamos brincar de "eu vi com os meus olhinhos..."?
Davi:
vamos! - alice
Arthur:
Alice, o que você está fazendo aqui?
Esse é um grupo secreto!
Davi:
quem? - alice
Arthur:
Quem o que?
Davi:
te perguntou? - alice
Enzo:
KKKKKKKKKKKKKKK se fodeu
Caio:
não acredito que você caiu nessa, Arthur KKKKKKKKKKK
Hugo:
ignorado com sucesso ✔
Você:
É o preço que se paga por ser fofoqueiro
Guardo o celular no bolso e sei que tenho um sorriso bobo nos lábios. Por mais que tente, dessa vez Emily não pode negar a atração dela por mim, e nem a minha por ela. Eu senti como ele ficou nos meus braços, cada parte sua queria que eu a beijasse, mesmo que ela nunca vá admitir. Se hoje fosse um sábado normal, eu estaria até mais feliz.
Afundo um pouco mais na cadeira e me viro para Anitta.
— Por que a gente aceitou isso mesmo? – pergunto a ela, que está dobrando e desdobrando o guardanapo a sua frente.
— Não sei. Não sei mesmo – ela responde, bufando e afundando na cadeira junto comigo
— Será que ele desistiu de vir? – olho em volta, no restaurante, vendo se existe alguma forma de fugir silenciosamente.
— Tomara que sim – Anitta diz, sorrindo falsamente para Paulo, que está nos olhando.
Toda quinta-feira, eu e Anitta somos obrigados a jantar com nossos pais, mas essa quinta, a esposa do meu pai teve um imprevisto e tivemos que adiar o bendito "momento em família".
— Eles estão atrasados! – Minha mãe grunhe, irritada.
— Estamos aqui! – Ana grita, de longe, com Vitor no colo e meu pai logo atrás.
— E lá vamos nós! – suspiro.
— Desculpem o atraso – Pedro, meu pai, diz puxando a cadeira para que Ana se sente.
Meu pai vem até a mim e Anitta, do outro lado da mesa e beija nossas cabeças, como faz desde que éramos crianças.
— Tem coisas que não mudam – minha mãe alfineta, mas meu pai ignora, cumprimentando Paulo com um aceno.
— Bom... vamos pedir? – Ana sugere, dando um sorriso amarelo. Tadinha.
Me viro para Vitor, ou Vitinho, como a gente gosta de chamar.
— Eaí, Vitinho, como cê tá? – pergunto ao meu irmão, bagunçando o cabelo dele, que me olha feio.
— Com fome. – Ele responde, sem rodeios e eu rio.
— Podemos pedir batata frita, o que acha? – Anitta se mete, sorrindo para ele, que balança a cabeça várias vezes, confirmando.
Vitor tem quatro anos, e é nosso meio irmão, filho de Ana com meu pai.
O garçom chega à mesa e nós fazemos os pedidos.
— Então... como foi a semana de vocês? – Pedro pergunta, sorridente e eu deixo que Anitta fale primeiro.
— Tive prova surpresa na quarta-feira e...
— Quanto tirou? – Nossa mãe a interrompe.
— O suficiente para passar.
— Eu perguntei quanto, não se foi suficiente.
— Sete, mãe, tirei sete. Era a nota máxima. – Anitta esclarece
— Parabéns, filha! – papai diz, orgulhoso
— Obrigada.
— E você, Oliver? Como foi sua semana? – Karen pergunta
Falo tomando cuidado para deixar de fora a ida a casa de Emily e outras saídas furtivas que fiz durante a semana. Meu pai não ligaria, mas mamãe transformaria tudo em um inferno sem a mínima necessidade.
A comida chega, ajudando a parar o silêncio constrangedor na mesa. Anitta pega o celular e digita alguma coisa, e eu sinto meu celular vibrar no bolso.
— Você nunca aprende, não é, Anitta – Karen reclama, apertando a ponta do nariz. — Peça outro prato, por favor.
— Mas é isso que eu quero comer, mãe – minha irmã retruca irritada, perfurando a batata frita com mais força do que o necessário.
— Não me importo, coma algo mais saudável. Um salmão, talvez?
— Karen, deixe a menina – papai parte para a defesa e eu suspiro, já prevendo a briga que vem.
Aproveito que o foco não está em mim e tiro o celular do bolso, para ler a mensagem de Anitta.
Anitta:
acho que vou contar sobre o meu namoro.
Me engasgo com o nada, tossindo, e encaro minha irmã, em busca de maiores explicações. Ela bate a palma da mão nas minhas costas, com força e eu a olho irritado.
— Você está bem? – ela pergunta, se fazendo de desentendida
— Eu é que deveria te perguntar isso! Enlouqueceu?! – Sussurro para ela
— Felipe me chamou para viajar com ele, e eu quero ir – sussurra de volta.
— Invente que vai viajar com uma amiga e vai! – proponho e ela me olha irritada.
— Até parece que eu tenho amigas, Oliver. Eu vou contar e ponto. – Decreta.
— Mamãe vai te matar!
— Eu quero que ela se foda! – Anitta diz, irritada, e sua voz sai mais alta do que o esperado, fazendo com que as cinco cabeças na mesa se virem para nós dois.
— O que disse, Anitta? — Mamãe pergunta, com uma sobrancelha arqueada. — Cuidado com a boca.
— Ela disse que quer que ela se fo... – Vitinho começa a dizer, mas eu sou mais rápido e enfio uma batata frita na boca dele, para que fique quieto. Ele me olha feio, com aquela carinha fofa e irritada de criança.
— Eu tenho algo para contar – Anitta anuncia, se ajeitando na cadeira.
— Não tem não – retruco e abro um sorriso desesperado.
— Tenho sim.
— Então conte, filha, o que foi? – Papai pergunta e eu seguro a vontade de jogar meu garfo na cabeça dele.
Às vezes tão inteligente e às vezes tão burro.
— Agora até eu fiquei curiosa – Karen diz, se recostando na cadeira e cruzando os braços.
— Eu tô namorando! Pronto, falei! – Anitta conta, e eu fecho os olhos por instinto, me preparando.
— Filha! Isso é ótimo! – Minha mãe comemora e minha boca se escancara com a surpresa, Anitta não está diferente.
— O-o quê?! – A voz da minha irmã soa alta e estridente.
— Estou tão feliz! — Karen prossegue, com um sorriso enorme. — Eu sempre soube que esse dia ia chegar, o Alberto sempre foi tão bom com você! Ele é um jovem de ouro! Tão inteligente, tão bonito!
— Eu não estou namorando o Alberto, mãe – Anitta esclarece, frustrada.
Meu pai solta um "graças a Deus" ao mesmo tempo que minha mãe diz "o que?!".
— Como assim você não está namorando o Alberto? – mamãe exclama — Se não é ele, quem mais seria?
— Estou namorando com o Felipe, nós fazemos faculdade juntos.
— Fico feliz por você, Anitta – Ana diz, com um sorriso doce.
Às vezes — quase sempre — eu sinto pena de Ana, tinha que ter se apaixonado por um homem com uma ex mulher tão maluca nível novela das nove?!
— Eu também, filha – papai diz, sorrindo, mesmo que todos nós saibamos que para ele, se estivermos felizes, basta.
— Bem, mas eu não estou! – Minha mãe volta a se pronunciar, irritada
— Karen... – Pedro fala e sua voz sai em tom de aviso, mas minha mãe ignora.
— Eu nem sei quem é esse Felipe! Por que você não namora o Alberto? Ele é um jovem excepcional, carismático, orante e rico!
— Se você gosta tanto dele, por que você não namora ele?! – Anitta retruca, com o rosto vermelho de raiva
— Como você ousa falar assim comigo! Sua malcriada! – Mamãe bate as mãos na mesa, fazendo barulho e chamando atenção de outras pessoas.
— Mãe, o Felipe é um cara legal – defendo o pobre coitado, mesmo que nem eu tenha o conhecido ainda.
— Não se meta, Oliver. – Karen fala, grossa
— Mãe, você não entende, eu gosto do Felipe, ele me aceita como eu sou e é incrível! Eu realmente gosto dele.
— Você me enoja, é uma decepção atrás da outra – mamãe grunhe
— Isso tudo por causa de um namoro?! – minha irmã retruca, chocada
— Por tudo! Você nunca faz as coisas direito, sempre errando e...
— Não fale assim com os meus filhos, Karen! – Pedro exclama, interrompendo-a
— Não fale assim com ela você! – Meu padrasto entra em cena, puxando mamãe para o lado e apontando um dedo de volta para o meu pai
Reviro os olhos com a cena ridícula e me levanto. É irritante ver como nossa mãe age como se ainda tivéssemos 7 anos de idade. Pego Anitta pelo braço, que está com os olhos marejados.
— Aonde vocês pensam que vão?! – Karen grita e eu a ignoro
Saio do restaurante com Anitta, e encontro Saulo encostado no carro, fumando um cigarro.
— Me dê a chave do carro, Saulo – ordeno e ele me olha assustado, depois olha para Anitta chorando ao meu lado e fica em dúvida.
— Não sei se é uma boa ideia...
— Só me entregue a porra da chave, por favor. – Grito, e Saulo me entrega a chave relutante. Mais tarde eu me arrependeria de falar assim, mas agora é preciso.
— Não deu certo, né, menina? – o motorista pergunta a minha irmã, com um olhar de pena
Anitta balança a cabeça, negando e Saulo faz um carinho no braço dela.
Entro no carro e abro a porta para que minha irmã entre. Ela entra em silêncio e eu começo a dirigir, sem realmente saber para onde ir.
— Eu odeio ela, Oliver, odeio. Por que ela tinha que ser assim?! – ela reclama, se contorcendo no banco, o rosto molhado com as lágrimas
— Anitta...
— Cale a boca! Você sabe que ela é uma pessoa horrível! Você mesmo sofreu por causa disso, então não me mande ficar calma! Me deixe chorar e cale a boca!
Obedeço. Uma série de "odeio ela" e de "eu a odeio", saem da boca da minha irmã, junto com tapas no banco do carro.
Espero que ela se acalme, para poder abrir minha boca novamente. Parte meu coração vê-la assim. Mesmo que eu não goste de admitir, isso acontece com mais frequência do que eu gostaria. De ambas as partes.
— Quer ir pra casa? – pergunto e ela nega
— Aquela não é a minha casa, e nem a sua — diz ríspida. — Eu vou embora, Oliver, vou sair daquela casa.
— E ir pra onde? Para a casa do nosso pai?
— Não adiantaria de nada. Eu vou pedir ajuda a ele e...
— E o quê?! — interrompo — Você não pode pedir a ele! Quer que ele te coloque em um apartamento embaixo do nosso?! É isso que você quer?! Ou você se esqueceu que foi isso que ele fez com a gente da última vez?! – grito, irritado comigo e com nossos pais de merda
— Então o que eu vou fazer? Não quero morar com o Felipe e eu não tenho dinheiro, porra! – Anitta grita de volta
— Você não tem dinheiro, mas eu tenho — a lembro e agradeço mentalmente por ter decidido não usar o dinheiro que ganho nas minhas redes sociais.
— Você não pode vir comigo, não quero complicar as coisas pro seu lado – ela diz, decidida.
— É uma pena que você não manda em mim, eu vou com você e acabou.
— Certo — ela respira fundo, para se acalmar. — Como vamos fazer isso?
— Primeiro, nós vamos voltar para casa e fingir que está tudo bem — começo e ela me olha irritada. — Segundo, nós vamos escolher um lugar, dar a entrada e aí sim, falar com nosso pai.
— Será que ele vai ficar chateado? – pergunta, com um suspiro
— Acho que não. Ele sabe que a mamãe é um inferno, e pelo menos assim ele vai poder se mudar também.
— E se a gente falar com a Ana? — Anitta sugere
— Falar o que?
— Ela é a única que pode fazer nosso pai mudar de ideia e se mudar, se eles se mudarem, nós podemos ir junto, e todo mundo sabe que ele só comprou um apartamento do lado do nosso para não ficar distante.
— Pode funcionar — pondero. — Você tem certeza que não prefere morar só nós dois? – pergunto e ela nega
— Por mais que a ideia seja tentadora, ainda não me sinto preparada pra isso. Acabamos de fazer dezoito anos, se não der certo, a gente faz tudo por conta própria, mas se der, eu ficarei feliz assim.
— Certo. Vamos fazer isso então.
🔆
Anitta dá uma batidinha na porta antes de entrarmos, para anunciar nossa chegada. Minha irmã mandou mensagem para Ana, perguntando se poderíamos falar com ela no domingo, no caso, hoje.
— Ô, mãe, eles chegaram! – Vitinho grita assim que nos vê.
Ele corre até nós e eu o pego no colo, bagunçando seu cabelo.
— Pare de fazer isso, estaga o penteado! – Meu irmão reclama emburrado.
— Quem vai falar? – Anitta pergunta
— Você – passo a bola pra ela. – Eu vou sentar aqui e ver desenho com o Vitor.
— Vamos ver Helóis de Pijama! – Vitor fala no meu colo
— Heróis, Vitor, heróis – Ana aparece na sala, consertando o filho.
— É, é, isso aí mesmo – ele se solta de mim e indo até a TV.
— Então... no que eu posso ajudar vocês? – Ana abre um sorriso fofo e eu deixo que Anitta lide com ela.
Ana tem trinta e cinco anos e está com meu pai desde que Vitinho nasceu. Ela trabalha como ilustradora de livros infantis e é uma ótima mãe, uma bem melhor que a minha, pelo menos.
— Ollie? – meu irmão chama e eu me viro para ele.
— Sim?
— Você não pode bigar com a sua mamãe. — Ele "biga" comigo. — Tudo bem que o papai disse que é poque a tia Kalen é chata, mas não pode. Não pode, tá? Não pode – Vitinho diz, balançando o dedo, fazendo que "não", e me olhando como se fosse ele o irmão mais velho.
Seguro a vontade de rir, e balanço a cabeça, confirmando.
— Pode deixar, não vou brigar com a tia Karen – ela que vai brigar comigo, quero dizer.
Passo quase duas horas assistindo desenho com Vitor, até Anitta e Ana saírem da cozinha. Pela cara da minha irmã, a conversa foi produtiva.
— Vamos, Oliver? – Anitta pergunta e eu me levanto.
— Mais tarde eu volto aqui pra gente assistir mais desenho, tá? – falo para Vitinho, que me manda um joinha, sem tirar os olhos da TV.
Me despeço da Ana e saio do apartamento com a Anitta. Paro no corredor, esperando que ela desembuche.
É ridículo que nossos pais, divorciados, morem no mesmo prédio e no mesmo andar. Seria cômico se não fosse trágico.
Quando se divorciaram, meu pai quis ficar com a nossa guarda, mas não foi permitido, já que aparentemente não tinham motivos para não manter a guarda compartilhada.
Como ele não podia contar o que realmente fez com que ele se separasse da minha mãe, ficou por isso mesmo. Mas Karen, do seu jeitinho meigo de ser, passou a dificultar toda e qualquer interação entre meu pai e nós. Por isso, meu pai comprou o apartamento ao lado do nosso, era a única opção.
— Ela disse que vai falar com nosso pai hoje mesmo e tentar convencê-lo – Anitta conta, apoiando o corpo na parede e eu imito seu gesto.
— Agora temos que esperar então – encolho os ombros, querendo que tudo se resolva logo.
— Temo que sim.
— Pelo menos essa semana mamãe vai trabalhar a semana inteira.
— Como você sabe? – ela pergunta
— Nós brigamos com ela, então ela vai agir como uma criança e pegar todos os plantões que conseguir para não precisar falar com a gente – explico.
— Mas ainda temos o Pablo – Anitta geme, batendo a cabeça na parede e eu rio
— No momento, ele é o menor dos nossos problemas. Só precisamos agir como se nada estivesse acontecendo.
— Me sinto como uma agente do FBI em uma missão, quando você fala assim.
— Espero que a missão seja bem-sucedida.
— Eu também – ela diz, com um suspiro
geeeeente
o que foi isso?????
é oficial, eu odeio a Karen com todas as minhas forças
quem gosta dela se torna automaticamente meu inimigo
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