CAPÍTULO 14
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Sem muito esforço dava para se ouvir o vento entrando pelas janelas. Ester ainda estava caída no chão. Aquilo tinha sido novo para ela. Os corredores estavam quietos, as prateleiras estáticas, mas com um livro e outro meio desajeitados. Sem contar com os que caíram no chão antes daquilo tudo começar. O que aconteceu com as luzes da biblioteca? Onde estavam as pessoas naquele momento?
Certamente o efeito causado em sua volta, o que geralmente acontece nas primeiras vezes, pode ter ocasionado alguns danos como a queda de luz. E se tinha alguém ainda na biblioteca, ou foi embora, ou foram ver o que havia acontecido com as luzes.
O que ela não imaginava era que a partir daquele momento, o que ela havia passado em seus 15 anos, foram apenas como aquela noite.. quieta, porém com a esperança de se ver o sol ao amanhecer.
♧
O bater de botas pesadas no chão, vinham cada vez mais perto de seus ouvidos, que podia ouvir o som ao longe, mas seus olhos ainda estavam pesados. Ester levantou a cabeça, e com alguns cabelos em seu rosto, tirou-os de sua boca, os ajeitando atrás da orelha para poder enxergar melhor o que vinha em sua direção. Viu uma mesa em sua frente, olhou para os lados, pode ver as prateleiras, alguns livros pelo chão, e se assustou na tentativa de a encontrarem com o livro mágico. Com seu corpo ainda lento por conta do desmaio, forçou a visão em alguns cantos escuros que havia pela biblioteca, e apalpou para tentar encontrar o livro. O som pesado das botas parou e percebeu uma sombra ao seu lado, olhou de baixo para cima e pode ver um par de botas pretas de segurança e um macacão azul escuro, uma vez já manchados com pingos de água sanitária usados para limpeza.
— Menina, o que você está fazendo aqui? Vamos! A Dona Meire estava te procurando a tarde — Rubens, o zelador, ajudou-a a levantar — Já tá tarde para uma menina ficar na rua esse horário, ainda mais com o apagão que teve aqui na rua!
Ester ainda estava atordoada com tudo aquilo, não conseguiu reconhecer o que era real e imaginação. O chão e muitos detalhes daquela biblioteca eram de madeiras também, o que a fez lembrar do cenário que estava com Madonna. Paralisou por um momento olhando para o chão, e começou a procurar por todos os lados por onde o livro estaria.
— Espera só um minutinho, eu.. — revirava alguns livros pelo chão.
— O que foi? Não temos tempo! Daqui a pouco vão ser dez da noite e iríamos fechar a biblioteca de qualquer jeito!
— Eu acho que perdi um livro.. — iluminava com a luz de seu celular alguns livros perto de sua mesa e do relógio onde ela havia caído.
— Temos Achados e Perdidos aqui. Qualquer coisa você procura amanhã, vamos! — sacudiu um grande e pesado molho de chaves, enquanto andava em direção a saída.
— Espera!! — ela gritou — Deve estar por aqui, em algum lugar, eu sei disso.. — sua procura era inútil.
— Vamos menina! Você não vai querer dormir aqui.. vai por mim! — olhou para alguns cantos da biblioteca transpassando alguns medos internos.
— Espera aí! — ela bufou — Você viu onde colocaram minha bolsa? — gritou para o homem enquanto atravessava o corredor principal.
— Você tá de brincadeira? — o homem levantou a lanterna em sua direção ofuscando um pouco a visão da garota.
— Minha bolsa ficou aqui e não estava perto da mesa!
— É essa daqui? — disse ele iluminando o balcão onde geralmente a senhora ficava — Se não for, eu juro que te deixo aí!
— É essa mesmo! — a garota colocou rapidamente uma alça em seu ombro direito, e foi em direção ao homem.
Enquanto Ester saía, tentou não dar de cara com a senhora bibliotecária, para não dar mais justificativas sobre o acontecido. Ela mal sabia o que havia acontecido no tempo que ela ficara fora, mas com certeza a senhora sabia que ela havia pegado o livro. Afinal, o zelador disse que a senhora havia perguntado e a procurado pela tarde. Portanto, encontrá-la naquele momento, era a última coisa que ela queria.
— Agora quem esqueceu minha bolsa fui eu! — o zelador soltou um sorriso envergonhado — Se você quiser, eu estou de carro, posso te dar uma carona.
— Obrigada, eu vou a pé mesmo — ela não arriscou — Minha casa é aqui perto!
— Tudo bem, então. Tenha cuidado, tá? Tchau! — disse entrando novamente.
— Obrigada, tchau!
Ester olhou o breu que estava e resolveu guardar o celular, pois sempre ouviu o conselho de seus pais de não ficar andando e mexendo no celular na rua. Principalmente naquele horário e na situação que se encontrava. Ouviu um som de metal batendo quando colocou o celular no bolso de sua blusa, esticou a mão por dentro do tecido e sentiu o objeto esférico dado pela cantora.
Então… realmente foi verdade! Isso é prova que eu não estou sonhando. Pensou.
O objeto de metal não tinha mais de 1cm de diâmetro. Ela começou a analisá-lo, e lembrou que Madonna dissera que tinha sido um presente. Mas, porquê? Viu cravado no centro uma letra D, toda trabalhada e enfeitada. O objeto era vazado enquanto os ornamentos faziam o preenchimento da esfera de metal. Nas duas extremidades, ela percebeu que havia um furo em cada, servindo-os para alguma coisa. Enquanto o admirava em sua palma da mão, percebeu que aquilo na verdade era um pingente, e se lembrou da pulseira que havia encontrado nas primeiras páginas quando abriu o livro. Logo tirou-a de seu pulso, deu lugar ao pingente, e colocou-a novamente. Ficou observando aquele belo conjunto por um momento, quando ouviu a porta abrir novamente, a tirando do transe.
— Ah.. você ainda tá aí? — disse o zelador — Tem certeza que não quer uma carona? Posso te deixar em casa..
— Eu estou bem, obrigada.. — ela não se agradou da forma como ele a olhava e começou a andar.
— Fiquei sabendo que tem um filme muito bom passando aqui perto, quer dar uma passada lá antes? — ele insistia a olhando de costas — Depois te deixo em casa..
— Eu já disse que estou bem!! — sua voz ficou ríspida.
— Tudo bem.. Cuidado! — o alarme do carro tocou e ela pode ouví-lo entrar.
Ester apenas seguiu a rua adiante, no breu que a consumia, pois não queria nem olhar para trás, com medo do que havia acabado de passar. Porém, o sombrio da rua não conseguiu deixá-la nem um pouco mais confortável. Se assustou quando um carro antigo passou buzinando para ela. Era o zelador. Agradeceu por não ter parado, pois não sabia se sentia medo daquele homem ou da escuridão que ela adentrava.
Pode ver algumas ruas a frente já iluminadas, o alívio a tomou. Não estava totalmente segura, afinal, nenhuma mulher está totalmente segura numa rua escura sozinha a noite, porém uma luz já deu-a uma maior segurança de pelo menos poder enxergar por onde ela andava, e o rosto de alguém caso passasse.
Sua mente tentava a torturar, e enquanto lutava consigo mesma andando pelo breu, sentiu sua mochila levitar sobre seus ombros e voltar como chicote em suas costas a jogando para frente. Assustada, olhou para trás na tentativa de ver quem havia feito aquilo, porém só pode ver o escuro da rua. Ainda no chão, se virou para se levantar, e foi lançada para o lado, puxada pela bolsa. Um medo a tomou por inteiro, e logo se soltou retirando as alças de seus braços. Não sabia se havia um bicho, ou se alguém queria lhe pregar uma peça, porém aquilo não tinha graça nenhuma, principalmente naquela hora da noite. Na escuridão que estava, viu a mochila remexendo por dentro como se algo quisesse sair, mas seu medo de abrir e se deparar com algum bicho, era maior.
Após alguns segundos remexendo, os olhos de Ester estavam arregalados e sua imaginação a matando, tentando decifrar o que poderia estar ali dentro. Alguns segundos a mais se levaram e finalmente a bolsa acalmou. De qualquer forma ela precisaria ir para casa com aquela bolsa, então seria melhor encarar aquilo ali, e agora! Quase que em câmera lenta, isenta de movimentos bruscos, ela ajeitou a bolsa, segurou o zíper, começou a abri-lo, cerrou os olhos para não encarar totalmente o que continha ali, virando levemente o rosto para o lado contrário. Ao finalizar, não ouviu ou sentiu nada. Quando olhou para dentro da bolsa, soltou uma leve risada aliviada. O que havia tirado sua paz naquele momento, nada mais era o que queria mais chamar sua atenção. Retirando de sua bolsa, o livro brilhava ainda fechado a chamando para lê-lo novamente.
Inexplicavelmente, ela pôde sentir uma segurança que lhe faltara desde que saiu da biblioteca. Ela colocou a bolsa novamente em suas costas e segurando o livro firmemente em suas mãos, continuou caminhando pelas ruas, que agora, já haviam alguns sinais de luzes pelas casas a sua volta.
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