TRÊS

Camille do outro lado do balcão empurrou para Anelise, mais uma cerveja. A morena havia chegado ali a quase uma hora e desde então se mantinha no bar, bebendo e afogando as mágoas que ela jurava não mais sentir, mas Camille sabia que a amiga ainda estava muito machucada e magoada. Dexter havia laçado o coração livre de Anelise em pouco tempo e de forma covarde o destroçou, agora Camille e todas as outras pessoas pousavam os olhos apenas no fantasma da mulher que Ane já foi. Mesmo jurando que havia superado o abandono do marido, os olhos de Ane não brilhavam mais como antes e o sorriso sempre tão aberto e cativante hoje era apenas uma sombra. Fazia um ano que Dexter havia partido e assim um ano que convivia com essa versão triste e deprimente da amiga.

Camille deu algumas orientações ao barman e saiu de detrás do balcão indo ocupar o banco alto e vazio ao lado de Anelise.

— Você está pensativa hoje. – disse Camille. O barman pegou uma taça e serviu um pouco e vinho tinto, empurrando ela para Camille, que agradeceu com um leve aceno de cabeça.

Anelise torceu os lábios e bebeu um gole grande de sua cerveja.

— Entrei com o pedido de divórcio. – contou fazendo com que Camille ficasse surpresa.

— É isso que quer realmente? – questionou.

Mesmo sabendo o quanto a amiga estava sofrendo com a situação, sabia também que ela ainda amava o marido, mesmo ele sempre um babaca idiota.

— Eu deveria ter feito isso na manhã que acordei e as coisas dele haviam sumido. – respondeu com amargura.

— Se é o que você quer, estou ao seu lado. – disse recebendo um sorriso fraco de Ane, que soprou um muito obrigada quase inaudível. — Então, vamos comemorar essa nova fase sua, em breve será uma mulher livre. – disse piscando e se levantando, tomando as mãos de Anelise e a levando para a pista de dança lotada.

A batida eletrônica, aos poucos foi contagiando Ane, que sob o efeito das cervejas que havia bebido, começou a se soltar, pulando e jogando os braços para cima acompanhada de Camille, fechou os olhos e jogou a cabeça para trás se deixando ser envolvida pelo ritmo envolvente.

Assim que abriu os olhos, seus olhos cor de mel pousaram na figura do outro lado da boate. Ele a encarava com fome, o desejo brilhando junto a saudade. Anelise fechou os olhos achando estar sendo ludibriada pelo efeito do álcool, mas quando olhou na direção em que a figura de seu futuro ex-marido, ele ainda estava lá, encarando-a como se fosse joga-la sobre seus ombros e carrega-la para fora daquele lugar a qualquer momento.

— Acho que estou ficando louca. O que tinha naquelas cervejas? – Ane gritou para Camille.

— Que eu saiba nada. – gritou para a amiga. — Por quê?

— Acho que acabei de ver o Dexter. – Camille parou de dançar e encarou Anelise, que apontou na direção em que havia visto o homem, mas ele não estava ali mais.

— Bom, se ele estava aqui, não está mais. – disse. Anelise concordou com a cabeça engolindo o nó que começava a se formar em sua garganta. Odiava quando a vontade de chorar batia. A morena encaixou seu braço no de Camille e a puxou para o bar, precisava de mais álcool, após estarem servidas Ane voltou para a pista de dança, dessa vez sozinha.

No momento em que se jogou na pista, The Big Bang começou a soar pelos alto-falantes da boate e ela não pode deixar de rir com a ironia da música. Era como se sua história com Dexter estivesse toda ali na letra da música. Jogou os cabelos para o lado e se deixou ser embalada pela melodia dançante. Rodou o quadril de forma sensual, com os olhos fechados e ofegou quando sentiu mãos grandes em seu quadril, seu olfato foi logo inebriado pelo perfume amadeirado, tão conhecido por ela.

Ela não estava delirando, ele estava realmente ali.

Sem se conter, girou dentro dos braços másculos ainda de olhos fechados e ergueu o queixo abrindo os olhos, fitando os olhos de Dexter, que a olhava com um misto de luxúria e saudade.

A vontade de chorar bateu forte, mas a ignorou colocando um sorriso predador nos lábios e dançando para ele, com ele.

Dexter a puxou para ele, girando-a, fazendo que ficasse com as costas coladas em seu peito, Ane soltou um suspiro e esfregou sua bunda contra a pélvis dele, ganhando um grunhido dele, ela sentia como ele estava ficando duro com a brincadeirinha deles, mas ela estava magoada demais para se importar com qualquer que fosse o motivo para ele ter voltado, ela queria vingança, queria cobrar pelo coração partido e usaria de tudo ao seu alcance parar fazer com que ele pagasse por tê-la magoado.

— Pequena!

Ela o ignorou, continuando a dança, rebolando de forma sensual e o prendendo em sua teia de sedução.

Quando os últimos acordes da música soou, ela se afastou dele, encarou os olhos castanhos quase azuis e partiu, desfilando com seus saltos altos pelo meio da multidão, deixando-o parado na pista sem saber o que lhe atingiu.

Quando se aproximou de Camille, a amiga abriu a boca para falar algo, mas Ane negou com a cabeça em um pedido mudo para que não dissesse nada. Pegou sua bolsa e foi rumo a porta de saída com o celular na mão pedindo um carro pelo aplicativo.

Havia algumas pessoas do lado de fora, algumas rodinhas de pessoas que esperavam para entrar na boate e outras que já estavam bêbadas de mais para continuar lá dentro. Quando passou por uma rodinha onde havia cinco homens, sentiu seu corpo gelar quando mexeram com ela.

— Ei princesa, vem aqui – gritou um, fazendo ela se encolher.

— Ela tá nos ignorando. – disse outro. — A gente não morde docinho.

— Só se você pedir. – completou um loiro, seus olhos estavam vermelhos e ela tinha certeza que estava sob o efeito de alguma outra substância que não fosse o álcool.

Ane apressou o passo, atravessando a rua.

Dexter parou o jaguar que foi de seu irmão próximo a ela que tinha o celular na mão e digitava de forma nervosa e rápida, ele abaixou os vidros escuros e a chamou, mas foi ignorado.

— Entra no carro. – disse ele, sua voz rouca causava irritação e tesão nela. Anelise levantou os olhos e o encarou, arqueando a sobrancelha bem feita.

— Eu não vou entrar nesse maldito carro. – rosnou.

— Eu não estou brincando, pequena. Entra na droga do carro, ou por Deus, juro que vou surrar essa bunda gostosa que você tem.

Anelise gargalhou, mas esfregou uma perna na outra, odiava como ele conseguia deixá-la com tesão nas horas mais inoportunas. Ela queria bater na cara bonita dele, e pisar com seu salto em suas bolas, mas olhando a expressão que ele tinha no rosto, ela queria se jogar em seus braços, beijar sua boca e tê-lo completamente dentro dela.

— Porra Anelise! Será que dá para entrar no carro e não ficar me olhando com essa cara de quem quer foder.

Ane abriu a boca chocada e começou a andar, se recusava estar em um lugar fechado com Dexter. Ela escutou quando a porta do carro bateu com força e se encolheu, sabia que estava arriscando quando resolveu irrita-lo, mas ela estava se fodendo para o que ele queria. Ouviu quando os passos pesados dele se aproximaram dela e fez menção de correr, mas era tarde demais, Dexter a pegou pela cintura e a jogou em seu ombro, deixando-a com a bunda para cima.

— Me coloca no chão! - gritou esmurrando as costas grandes e largas dele. — Me põe no chão agora. Eu vou vomitar.

Um tapa acertou a nádega direta dela, que arfou surpresa.

— Dexter seu maldito!

Dex continuou ignorando ela, abriu a porta do passageiro e a colocou sentada no banco, passando o cinto de segurança pelo corpo dela.

— Não me importo de você estar com raiva. – ele disse. — Eu mereço, mas não vou deixar você entrar em um carro qualquer estando bêbada. – sem deixar que Anelise o respondesse se afastou fechando a porta rodeou o veículo e ocupou o lado do motorista, colocando o carro em movimento.  

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