Ocean Eyes.

FICHA TÉCNICA.
A história foi escrita por BearUnicor.
Personagens da história: Jung Hoseok + Kim Taehyung.
Sinopse: O Olimpo estava em uma guerra fria após a descoberta de que o deus dos mares, o grande Poseidon, fora contra as ordens de Zeus e se envolveu com um humano que, agora, estava grávido. Ou... onde Jung Hoseok, um estudante de farmacia e amante de astrologia, sem saber, se envolve com um deus olimpiano e agora precisa lutar por sua vida e a de seu bebê, pois carregava em seu ventre a criança citada em uma das maiores profecias do Olimpo.
Gêneros principais: aventura, sexo e sobrenatural.
A betagem do capítulo foi realizada por blwddelion.

Título do capítulo: Capítulo Único.

A humanidade era algo interessante de se observar.

Ainda que entediante — se o fizer desde o princípio — ver o contraste entre aquelas vidas sempre atraíram a atenção de Poseidon. Os lumes de um azul cristalino fitavam com atenção a Terra, o planeta habitado em sua maioria por seres considerados os únicos possuintes de ciência, mas que claramente iam contra esta característica.

Bufou com repulsa ao ver duas criaturas — a qual ele e seus irmãos possuíam a mania de proteger — chegarem a conclusão de que seria bastante divertido pular da cobertura de um prédio para o outro. Bêbados.

Apreciou com satisfação o corpo de um dos rapazes despencar, sem nada além do chão e da morte para lhe amparar. Captou o momento exato em que Tânatos cruzou os céus tão veloz quanto a chegada do humano ao solo. O filho da noite abraçou o corpo caído, fechando-o brevemente dentro de suas asas, retirando dali o que lhe era como função buscar desde sua criação: a vida.

— Menos um idiota... — falou Dionísio entre um ranger de dentes.

— Seu amor por nossas criaturas me emociona, irmão — Apolo murmurou ao se aproximar.

O deus, também conhecido entre os humanos como Jimin, se divertia com a falta de empatia e paciência de seu irmão para com o ser humano. Hora ou outra, precisavam interceder quando o senhor dos mares revoltava suas propriedades e as chocava contra civilizações.

Acompanhado de si, estava Dionísio — ou Jin — que tinha seus longos e um tanto tortinhos dedos enganchados em uma taça de ouro preenchida por vinho tinto que pintava os lábios perfeitamente cheios e naturalmente avermelhados.

— Essas coisas estúpidas desperdiçam todas as vezes que intercedemos por elas — grunhiu, movendo os dedos até criar um ciclone, arrancando uma risadinha de Dionísio.

— Mas é justamente por isso que eles são imprudentes — Jin tomou a palavra, bebericando o conteúdo da taça. — Se acostumaram com nossas interferências por suas vidas medíocres.

— Que nosso pai não os ouça se referindo de tal forma a seus amados humanos — Jimin zombou, se sentando ao lado de Taehyung, traçando as linhas da armadura de prata que o ser usava. — Veja, irmão, — chamou por Jin, que estava mais interessado na cena de orgia numa festa regada a drogas e bebidas — Tânatos acaba de recolher mais uma alma, e adivinha só? Estava embriagado. — Riu.
— Tolos! — bufou. — Ofereço a eles o melhor da vida e eles a usam para suas estupidez. No final, meu vinho será dado como o culpado, não a imbecilidade desse aí.

O que você tanto olha? — Os dois miraram Taehyung, confusos com o sussurro do deus para si mesmo.

— Do que fala, irmão? — Apolo indagou, curioso com o que tanto prendeu o olhar vidrado de Poseidon.

— Ele. — Apontou para um lugar distante de onde observavam anteriormente e de onde um amigo acordava de sua embriaguez e chorava pela perda de seu companheiro.

— O quê? — Dionísio também se aproximou, franzindo o cenho ao notar um homem sozinho em uma praia, olhando concentrado para o céu. Parecia estar igualmente os olhando.

— Ele sempre faz isso — Taehyung disse, causando estranheza nos outros dois. Como ele sabia o que o humano sempre fazia? — Às vezes, de seu quarto. Outras, de lugares assim, — indicou a praia — vazios e cercados por nada mais que a natureza e a solidão.

— E por que isso lhe atrai tanto?

— Porque, até agora, ele foi o único humano que eu não odiei ou criei qualquer tipo de sentimento negativo. Estou curioso.

— Pois, não vi absolutamente nada de interessante nele — Jin desdenhou, se afastando. Jimin observou o irmão encarando o humano, concordando com o outro. — Ele ainda não lhe fez odiá-lo? — perguntou retoricamente. — Apenas espere.

— Esse tanto de vinho o torna um resmungão insuportável, mas ele está certo — Jimin proferiu, afagando brevemente os ombros alheios, antes de se levantar e deixar Poseidon para trás.

Há milhas de distância, mas com uma presença intensamente presente, Jung Hoseok se via preso na imensidão celeste. O céu estava limpo e livre de nuvens, sendo enfeitado unicamente pela lua e suas companheiras, as estrelas.

Admirava os detalhes naturais enquanto sua espinha produzia um arrepio que correu até sua nuca.

Poucas coisas Hoseok poderia afirmar sobre si, e uma delas era sempre sentir quando estava sendo observado. Essa sensação se tornou mais recorrente nos últimos anos, quando se descobriu um amante de astrologia e apreciador dos céus.

Toda vez que pousava suas orbes brilhantes no palco das constelações, o mesmo arrepio lhe percorria, junto a uma quentura estranhamente confortável, que lhe envolvia num abraço invisível, ao que poderia afirmar com toda a certeza que havia em si de que também estava sendo observado. Só não sabia se pelas próprias estrelas ou por outra coisa.

Se encolheu brevemente ao que uma brisa morna e afável lhe tocou a pele. Em seguida, um aroma diferente, porém, conhecido por si, invadiu seu olfato: cheiro de mar.

Era como se estivesse mergulhando nas águas mais profundas, puras, livres do contato humano, com um quê de diferença, que o Jung não soube identificar.

Respirou fundo, puxando para si o que, de repente, tanto lhe entorpeceu. Permitiu que a fragrância e suas sensações lhe invadissem de dentro para fora, fazendo o que a essência indicava: inundando seu ser, molhando suas moléculas e refrescando sua alma, preenchendo-lhe de um sentimento nunca vivido por si ou qualquer outra criatura existente.

Teve vontade.

Vontade de se jogar nas águas à sua frente, mesmo que soubesse que tudo aquilo não provinha delas. Vontade de derreter como areia naquele mar de sensações. Vontade de nunca mais ser abandonado por seja lá o que fosse que lhe acontecia nesta noite em que viajara de tão longe apenas para admirar, sem compreender a magnitude daquele momento em que estava sendo admirado.

E, como a cereja do bolo de ecstasy que compunham o loiro naquela noite, a voz grave soou pelo espaço e retumbou no cerne do Jung, tornando o mar agitado para o garoto que acabara de adentrá-lo para o desbravar, sem sequer ter noção das consequências de suas descobertas.

— O que você tanto olha?

Hoseok olhou para trás, tremendo, notando uma figura alta e robusta iluminada pela luz da lua. As madeixas azuis estavam sendo graciosamente levadas pelo embalo do vento, assim como a roupa de tecido leve e branca. Porém, o que mais chamou a atenção de Hoseok foram os olhos.

Usar o cristal como referência para a tonalidade daquelas íris foi prontamente considerado um eufemismo pelo Jung, que descobriu algo novo a qual seus próprios olhos amaram vislumbrar.

Nenhum dos dois — mesmo que um fosse um importante deus do Olimpo — poderia imaginar que aquele primeiro contato presencial fosse os levar a uma paixão tão avassaladora, ainda que perigosa para o humano da relação.

— Hobi-ah!

O loiro despertou de seus pensamentos com o chamado de seu appa, Jisung, que jogara um pano de prato no caçula avoado.

— Estou falando com você há horas!

— Desculpa, appa, me distrai — pediu, sacudindo a cabeça para tentar afastar os pensamentos sobre Taehyung e seu primeiro encontro com o azulado.

— Certeza que no namorado imaginário dele — Yoongi provocou, terminando de enxaguar as louças sujas do jantar.

— Para de implicar comigo!

— Viu? — O ruivo apontou para o mais novo. — Nem nega mais.

— Aish! Já disse que não tenho nenhum namorado imaginário. — Bateu o pé, frustrado com as desconfianças de sua família. — Ele existe!

— E porquê nunca vimos ele? — Yoongi retrucou, arqueando as sobrancelhas para o irmão adotivo.

— Porque ele é obrigado a aparecer pra mim, que está namorando ele, não pro hyung!

— Chega, os dois — Christopher ordenou, ainda de costas, enxugando o último prato. Viu Yoongi se movimentar em direção ao irmão mais novo, que deu um gritinho e se escondeu atrás de Jisung.

— Viu como ele me respondeu? — indagou, indignado com a resposta do loiro.

— Vocês dois nunca vão agir como os adultos que são, não é? — Jisung perguntou, entregando o pano para o marido enxugar as mãos.

— Ninguém mandou ficar me provocando!

— Já está tarde e eu não quero ficar ouvindo os dois discutirem — Christopher retornou a intervir. — Yoongi, se for sair para beber, não vá de carro, pegue um Uber, me ouviu?

— Fiz isso só uma vez, appa. Uma emergência — resmungou, envergonhado pelas broncas merecidas ao chegar em casa embriagado e ter dirigido mesmo naquele estado de insobriedade.

— Uma vez que poderia ter sido a última — Jisung refutou. Passou pelo filho, depositando um beijo na têmpora do ruivo e arrastando Hoseok consigo, já que o loiro não iria sair. — Boa noite, meu bebezão.

— Appa! Aish! — As bochechas ficaram vermelhas e infladas ao que o outro pai passou rindo de si, bagunçando os fios tingidos e o chamando pelo mesmo apelido de Jisung. — Esses dois...

Hoseok, ainda rindo do irmão, desejou boa noite aos pais e entrou no próprio quarto. Fechou a porta e caminhou até o banheiro do cômodo, tomando um rápido banho. Vestiu um pijama de algodão azul escuro com estampa de estrelinhas, escovou os dentes e se enfiou sob as cobertas da cama, pronto para se deixar levar pelo sono. Fechou as pálpebras e bocejou demoradamente, mastigando o nada, enquanto a inércia o tomava.

Mas um aroma o despertou. Sua essência favorita.

Abriu os olhos ao sentir aquela presença dentro de seu quarto. O coração se agitou e tudo que teve tempo de fazer fora se sentar sobre o colchão, antes de ser tomado em braços protetores e lábios possessivos, que tomaram para si aquilo que lhe fora dado, permitido ser seu.

Hoseok arfou junto a seu amante. Se entregando àquele ósculo, como sempre se entregava, pois sentia que sua existência se tornava justificada quando era amado por Taehyung, quando as mãos grandes e macias percorriam seu corpo como um rio, quando a boca bonita descia os beijos para o pescoço amorenado, banhando sua tez com o calor da paixão que os envolvia.

Hoseok nunca entendeu porque sua mente persistia em comparar aquele homem com um mar. Não era pela cor do cabelo ou dos olhos, o que lhe tornava tão parecido com as águas cálidas do pacífico, eram as sensações que proporcionava ao seu amado, que se encontrava mais uma vez derretido em seus braços.

— Tae... — chamou quando sentiu seu pescoço ser deliciosamente marcado pelo mais velho.

— Eu estava com saudades — confessou, mesmo que não fosse de seu feitio, pois um deus nunca se confessava, ainda mais para um humano.

Mas ali estava Hoseok, o mortal que conseguiu o que nem mesmo Zeus, o deus dos deuses, imperador do Monte Olimpo, conseguiu: a devoção total de Poseidon.

Taehyung se prostraria para aquele garoto que lhe fitavam com amor, se curvaria sem sequer contestar, se o outro assim desejasse, pois, a partir do momento que seus dedos tocaram aquela pele reluzente, sua longevidade passou a ser direcionada apenas para isso. Servir Hoseok, lhe obedecer ao som de seus desejos, cumprir com afinco aquilo que fugia dos lábios e olhos do seu garoto.

— Você sumiu — o humano comentou, sem querer esconder o tom tristonho na voz. — Aconteceu algo?

— Tive alguns imprevistos com o meu trabalho — se justificou, acariciando o rosto daquele que lhe tomou o coração.

— Mas já está tudo bem? — indagou, preocupado.

— Agora, está — respondeu, causando um sorriso no mais novo, que desencadeou o movimento abrupto do seu órgão pulsante. — Tudo fica bem quando estou aqui, com você. — E o sorriso de coração aumentou ainda mais, antes de cobrirem os lábios de Poseidon num beijo necessitado.

Foi puxado para o colo de Taehyung, onde se aconchegou e voltou a permitir. Os dedos do olimpiano adentraram o pijama do rapaz sobre si, tocaram a pele quente e percorreram o local, explorando outra vez aquilo que sempre seria motivo para suas descobertas mais eufóricas.

Retirou o tecido que lhe impedia de venerar seu templo de amor. O tronco com músculos pouco desenvolvidos, porém, definidos o fazia ter a certeza de que Afrodite também amava aquele garoto, pois despejou tanta beleza naquele humano, sem que ele precisasse correr atrás, já que era — junto ao irmão mais velho — um verdadeiro sedentário.

Depositou selares que deveriam ser castos sobre a pele que há muito lhe fora permitido macular. Hoseok suspirou deleitoso ao sentir seu mamilo esquerdo ser abocanhado, enquanto o outro era envolvido pelos dedos alheios, num estímulo delicioso.

Se contorceu no colo de Taehyung, movendo-se em busca de mais prazer, fazendo seu amado sorrir com o ato. Hoseok sempre era tão apressado.

O deitou sobre a cama e terminou de despi-lo, correndo seu olhar por toda a estrutura esbelta do rapaz que lhe encarava com ansiedade e vergonha.

— Perfeito — murmurou, se debruçando e distribuindo beijos por cada pedacinho de pele disposta para si.

Beijou desde a testa, indo até o abdômen marcado por quase imperceptíveis gominhos, circulando o umbigo com língua. Desceu os selares até a virilha exposta, se mostrando um verdadeiro devoto ao se dedicar em satisfazer seu amado. Resvalou a boca sobre o pênis do outro, beijando e dando chupões leves antes de pôr tudo na boca.

— Pelos deuses — Hobi gemeu, afirmando com a cabeça. Taehyung arqueou uma sobrancelha. Sim, pelos deuses.

Desceu até a base, escutando com satisfação o gemido alto de Hoseok, ao passo que sentia suas madeixas serem presas entre os dedos trêmulos do garoto, que apertava o local enquanto levava o quadril, se empurrando dentro da boca do olimpiano que estava tão extasiado quanto si. Sugou o topo e lambeu todo o falo rijo, usando a mão direita para subir e descer pelo local, aumentando o prazer do humano.

No entanto, causando um resmungo insatisfeito de Hoseok, desviou os lábios para as coxas roliças. Beijou aquela parte do corpo um tanto trabalhada pelas poucas horas que tirava para praticar dança.

Amou em toques até a ponta do dedão do pé, segurando com firmeza nas panturrilhas do Jung, antes de virá-lo de uma vez sobre a cama. Voltou com sua missão de tocar seus lábios pelo corpo delgado, que se contorcia sob si, desejando que aquela tortura tão gostosa acabasse de uma vez.

Taehyung osculou o bumbum redondinho do mais baixo, não se demorando ali e subindo para as costas, ombros, nuca e os cabelos sedosos que exalavam uma essência de morango.

— Eu vou cuidar de você — sussurrou ao pé do ouvido de Hoseok, beijando e mordiscando o local. O estudante quase ronronou, assentindo à fala do mais velho. — Vou lhe amar como você merece.

Ao fim de sua fala — responsável pela rápida síncope do Jung —, se afastou, retirando a própria roupa sob o olhar atento e um tanto nublado de volúpia do estudante de farmacêutica debruçado no colchão, que lhe observava sobre os ombros, não querendo perder nenhuma ação de Taehyung.

Expôs seu corpo em toda glória e nudez, revelando os detalhes esculpidos de fato por deuses, banhados em estrelas. Hoseok suspirou, encantado com a imagem, se perguntando o que tinha feito de tão maravilhoso para conseguir aquele deus grego em sua vida. Em sua cama.

Sua linha de raciocínio sobre o quão sortudo era fora cortada ao sentir as mãos lhe tocarem novamente. Apertando a área das coxas e caminhando até às nádegas, as abrindo, expondo seu alvo.

— Tae...! — O humano arregalou os olhos e sufocou um grito quando teve sua entrada chupada com veemência.

Taehyung circulou a entrada, umedecendo e local com a própria saliva. Afundou o músculo para dentro da cavidade, sentindo o aperto querer lhe expelir enquanto se forçava ali dentro. Enquanto isso, Hoseok era apenas gemidos e palavras incompreensíveis.

O Jung agradeceu internamente por ter um quarto a prova de som desde os dezesseis anos — quando descobriu sua paixão por dança — e Yoongi se irritava com o som alto que vinha do quarto do irmão, atrapalhando por vezes seu precioso sono.

Afundou o rosto no travesseiro e levantou o quadril em busca de mais. Socou as fronhas, descontando seu prazer absurdo ao que o músculo mucoso alheio lhe penetrava com afinco.

— Tae-hy — gemeu, manhoso, rebolando contra o rosto do homem atrás de si. — Vo-você... eu quero...

— O quê, meu amor? — o senhor dos mares indagou, afastando minimamente o rosto de onde estava.

— Eu preciso de você, Tae.

— Tudo o que quiser — respondeu antes de introduzir seu indicador no espaço apertado entre as nádegas do companheiro.

— Oh! — Resfolegou, franzindo o cenho ao sentir um segundo dedo lhe invadindo, o preparando para o que realmente queria.

Taehyung realmente não se importava com os sons indecentes que escapavam dos lábios que tanto amava. Muito pelo contrário, adorava ouvi-los, ainda mais por ser o responsável por aquelas reações; o iminente quase desespero do humano, o corpo suado que brilhava sob a luz artificial do quarto, os poucos pêlos visivelmente arrepiados, as mãos bonitas que não paravam quietas, em busca de qualquer coisa a que pudesse se segurar, pois sentia com muita intensidade.

Poseidon amava a bagunça que seu garoto se tornava quando se amavam. Nunca pensou que, de todos os seus irmãos, ele — que sempre teve antipatia pela raça humana e nunca deu trabalho por se envolver com ela — se veria tão dedicado a um simples garoto de uma família humilde, que, para os outros, poderia não ter nada de interessante.

— Taehyung... por favor — o pedido sôfrego o fez sorrir sádico, afinal, uma parte em si ainda sentia certa satisfação em torturar seu humano, mesmo que de forma prazerosa.

Segurou-se pela base, pincelando a entrada que, vez ou outra, piscava em ansiedade. Adentrou o interior apertado, se acomodando ali aos poucos, não se movendo por um tempo, esperando Hoseok se acostumar com a invasão.

Beijou os ombros e nuca que estavam à sua mercê, segurando as mãos que, enfim, estavam quietinhas, cruzando os dedos e beijando ali também.

— Tudo bem? — perguntou em tom baixo, procurando o rosto de Hoseok para ter certeza da resposta que receberia.

— S-sim — afirmou baixinho. — Já pode se mover...

— Tem certeza?

— Unhum. — Como prova de que estava sendo sincero, se empurrou contra a pélvis do mais alto, arrancando um suspiro dos dois.

Taehyung segurou a cintura curvilínea para ter suporte enquanto penetrava o namorado com afinco.

— Isso, isso! — o Jung afirmava, confirmando com a cabeça, ao que Taehyung se movia ainda mais rápido e forte. — Amor...

— Gosta assim, Hobi? — refutou, puxando os cabelos loiros entre os dígitos, ondulando o quadril, arrancando um gemido mais alto do menor. — Hm?

— Un-hum! Sim, s-sim! Continua assim, por favor — Hoseok nem mesmo sabia o que estava falando, sempre se perdia quando o companheiro o fazia amor. — Puta merda! Não para...

Taehyung sorriu e parou, não esperando o garoto retrucar ao que se afastou, virando-o de costas para a cama, voltando a introduzir seu membro teso entre o traseiro do humano.

Precisava olhá-lo, apreciar toda e qualquer expressão na face do único que lhe tinha por inteiro. Teve a cintura enlaçada pelas pernas alheias, tendo mais acesso e liberdade para as estocadas rápidas e precisas que investia.

O loiro tentou fechar os olhos, pois aquilo era demais, mas Poseidon segurou o queixo fino com força, sem parar com os movimentos, o obrigando a fitá-lo.

— N-não! — negou entre os gemidos a ação do outro. — Quero que me olhe, amor. Mantenha os olhos nos meus — ordenou.

Hoseok franziu o cenho, fazendo um esforço descomunal para cumprir o que lhe fora determinado. Tentou se manter preso nos olhos de oceano que lhe devoravam, o afogava em luxúria e amor.

Então viu de novo, um brilho intenso, como um raio, cruzar as íris azuis. E, mais uma vez, considerou ser fruto de sua mente embargada pelo prazer.

Soltou um murmúrio irritado, reclamando do namorado que ousou diminuir o ritmo das estocadas justamente quando estava prestes a atingir o clímax.

— Gatinho resmungão — proferiu, mordendo o biquinho manhoso nos lábios finos.

Empurrou-se contra o corpo abaixo de si, misturando-se a ele. Mesclando os suores e gemidos, os lábios que, desesperados, buscavam um pelo outro, engolindo os murmúrios de prazer. O atrito das peles deixava tudo ainda mais intenso e Hoseok jurou ter visto um céu repleto de estrelas incandescentes quando Taehyung começou a masturba-lo ao mesmo ritmo que metia forte em si.

— E-eu vou m-morrer — choramingou, sentindo as lágrimas de puro deleite molharem seu rosto bonito.

Taehyung não conseguiu segurar a risada, se ajoelhando no colchão e impulsionando a pélvis com força. Levou o dedo médio e o indicador à boca do humano, tentando diminuir a altura da qual o garoto gemia, irritado com os outros moradores da casa que o faziam ter que conter seu garoto escandaloso.

— Tae — foi chamado, abafado. — V-vou gozar — avisou, se contorcendo ao ser estimulado tanto na próstata quanto nos mamilos e no pênis.

— Tudo bem, amor, pode vim. V-vem pra mim, pequeno.

E Hoseok veio. Se derramou com força nas mãos grandes que ainda continuaram o estímulo no membro que despeja o líquido branco entre os corpos suados. Inconscientemente, se apertou mais ao redor do azulado, que também já estava em seu limite. Sentiu seu interior ser preenchido pelo fluido quente do namorado, que se jogou sobre si, tendo o cuidado de não lhe machucar.

— Eu não consigo sentir minhas pernas — o Jung sussurrou, rindo com o mais velho, que se externou de si e deitou ao seu lado, o acolhendo nos braços.

— Tudo bem, eu lhe carrego, caso precise. Meus braços foram feitos para isso. Lhe sustentar — murmurou, beijando o topo da cabeça de outrem.

— E parece que o meu coração foi feito para lhe amar — devolveu, escondendo o rosto na curva do pescoço límpido e suado. Cheirava a amor.

Foi carregado até o banheiro do quarto, onde se limpou e banhou-se com Taehyung, recebendo e dando beijos apaixonados, sobre toques cálidos.

Foi posto sobre o colchão, vestido com uma camisa grande e uma cueca box azul. Dormiu sob os toques e carícias do amado, mas acordou à ausência dele no dia seguinte.

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O Olimpo foi presenteado com um estrondoso trovão sobre o palácio central, morada de Zeus. O ser majestoso se encontrava possesso com o irmão que, naquele momento, encontrava-se em sua frente, com um olhar vago e — para a irritação do deus dos deuses — nada arrependido de sua desobediência.

Apolo, um pouco mais a frente, enviava um olhar mesclado em culpa para o azulado. Tentou como pôde estender a revelação da profecia que chegara até si, mas o submundo estava agitado e todo o alvoroço fora causado por Hades que tivera acesso às escrituras de Jimin.

O deus do Sol não teve outra alternativa senão a contar ao seu senhor — depois de lhe ser rigidamente exigido — que Poseidon quebrou a regra imposta aos deuses, de não se relacionar com nenhum mortal, e se encantara por um humano.

— EU SOU O SEU DEUS! ME DEVE RESPEITO, POSEIDON! — a voz estrondosa de Namjoon perpetuou até os limites do Monte, atingindo os céus com outro trovão.

— E eu lhe respeito, irmão — afirmou, mesmo que de forma controvérsia. — Mas não farei o que me pedes.

— Peço? — proferiu, olhando-o com intensidade. — Isso não é um pedido, Taehyung. É uma ordem. Você não se aproximará mais do humano.

— Irmão...

— Fique longe, Poseidon — ordenou. — Ou eu terei de intervir e, irmão, não me obrigue a fazê-lo.

O tridente nas mãos fortes tremeram, assim como o castelo e os oceanos, ao sentir a ameaça velada contra Hoseok. Encarou Namjoon com ira, não dizendo em palavras, mas, naquele olhar, que não permitiria que nada acontecesse contra seu garoto.

E Zeus irou-se.

Seu irmão, a quem nunca teve de compartilhar a lealdade, se mostrou apto a lutar consigo para proteger uma vida humana. Jimin, assistindo aquilo, percebeu a ironia escondida na cena, pois, há um tempo, Namjoon quem precisava parar o azulado, que teimava em ameaçar os mortais.

Quão perigoso o amor poderia ser?

— Me afastarei, irmão, como me ordenou — soou debochado, causando mais irritação no mais velho. — Mas deixo claro que isso pode mudar no momento em que ele sofrer qualquer ameaça e, juro por tudo que é mais sagrado, matarei quem ousar tentar fazê-lo.

Namjoon se aprumou, fitando-o com a mesma intensidade, aceitando a contragosto o atrevimento de seu irmão para consigo, tentando relevar a paixão que o cegava e não permitia ver o erro que cometia ao tentar lhe intimar com a morte.

Jimin reprimiu a expressão de pesar, pois um de seus irmãos morreria pelas mãos de outro. Olhou para fora das colunas que protegiam aquela estrutura, bem além, até um rapaz que olhava para o céu novamente, através da janela do prédio alto da faculdade em que cursava.

Taehyung não sabia, mas já havia alguém ameaçando a vida de seu amado.

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Meses se passaram e muita coisa mudou na vida de Jung Hoseok.

A começar cinco meses antes, onde, após passar dias debruçado sobre um vaso sanitário, colocando tudo que havia em seu estômago para fora, ter seu humor mais modificado que as fases de Demi Lovato e impressionar Yoongi ao vencer o mais velho com o acúmulo de sonolência no corpo, descobriu que tudo aquilo provinha de sua gravidez.

Seu choque foi tanto que passou uma semana trancado no quarto e sem querer a presença da família, que se encontrava mais preocupada com o caçula da casa. Yoongi resmungava com Christopher pelos cantos sobre como arrancaria o coro do homem que ousou desvirtuar o loiro e abandoná-lo grávido.

Abandonado.

Hoseok nunca pensou que aquele homem que lhe jurou amor eterno fosse um cafajeste que sumiria na primeira oportunidade, e justo quando mais precisava dele.

Certo que se conhecerem de forma estranha e o relacionamento era ainda mais anormal, já que o mais velho se negava a conhecer qualquer pessoa que fizesse parte ou não do convívio do Jung, além de aparecer somente durante o fim da noite, passar a madrugada e ir embora pela manhã.

Hoseok sentia vontade de se estapear por ter sido tão tolo a ponto de deixar a paixão lhe cegar e não perceber que seu namorado era bastante suspeito.

Agora, já com nove meses de gestação, se sentia ainda mais imbecil por, ao invés de odiar o azulado, se preocupar e sentir saudades do desgraçado.

Trancou a faculdade e se dedicou a cuidar de sua saúde e a de seu bebê. Um garotinho forte e agitado, que lhe causava muitas dores na costa e pés, e não lhe deixava dormir a noite, já que — por um motivo que Hoseok até então não entendia — durante esse horário ficava bastante energético, chutando o barrigão do pai, interrompendo seu sono que, secretamente, era velado por olhos atentos e amorosos.

— Yoon-ah — o loiro manhou quando o irmão o olhou com tédio, ignorando seu pedido. — Por favor...

— Me erra, garoto, deixa eu assistir minha série em paz.

— Meus pés estão doendo muito — prolongou o "muito", choramingando ao lado do agora moreno.

— E eu com isso? — retrucou. — Não fui eu que te engravidei.

— Você é mau, hyungie... — Cruzou os braços sobre a barriga redondinha, fazendo uma caretinha quando o bebê chutou próximo a costela.

— Tá, tá! — bufou, gesticulando para que o mais novo colocasse os pés sobre seu colo. Sendo obedecido com ânimo. Deu uma risadinha com os "ronronos" e murmúrios de satisfação do gestante, ao que pressionava os dedos contra os pés inchados.

— Hobi-ah? — Jisung chamou, aparecendo na sala. — Já tomou suas vitaminas?

— Já sim, appa — respondeu entre suspiros de satisfação.

Jisung sorriu terno observando os filhos juntos, chegando, mais uma vez, a conclusão de que adotar os dois com seu marido foi uma das melhores decisões que tomou em sua vida.

Não nasceu com um ventre fértil, assim como o filho mais novo, então, após três anos de casamento, Christopher o convenceu a adotar os dois, e isso o fazia amar ainda mais o marido por ter lhe ajudado a encontrar seus maiores tesouros.

— Yoongi? — O outro saiu da cozinha, com as mãos fechadas ao redor do cabo de uma faca e um avental lilás com os dizeres "Melhor Papai do Mundo", cercados por estampas de corações. — Vá até o supermercado para mim?

— Céus! — o moreno resmungou, se controlando para não descontar nos pés fofinhos do irmão. — Ninguém vai me deixar assistir, mesmo?

— Como? — Christopher levantou a sobrancelha direita para o primogênito, que suspirou, "odiando" respeitar tanto os pais.

— Nada... o que o senhor tá precisando? — Hoseok se moveu até agarrar o irmão e morder a bochecha inflada do branquelo.

Os dois sempre foram carinhosos um com o outro, por mais que Yoongi tentasse esconder isso sob provocações e patadas no mais novo, sempre era vencido pela personalidade afetuosa do loiro, que era o único, além de Jisung, que se atrevia a lhe dirigir toques carinhosos.

— Preciso de sal rosa, o nosso acabou. — Estendeu o cartão próprio para as despesas da casa. — Traga cenouras também.

— Eu vou com o hyung! — Hoseok anunciou ao ser afastado do mais baixo.

— Ué, não tava com os pés doloridos? — fingiu desinteresse, mas era óbvia a preocupação no olhar e na postura curvada.

— Sim, mas a massagem do hyung ajudou. E eu aproveito para esticar as pernas. — Yoongi olhou para os pais, buscando alguma instrução, mas Jisung apenas confirmou e o mais velho gesticulou para que fossem.

— Fique de olho nele — Christopher ditou, já voltando para o cômodo em que estava anteriormente.

— Eu não sou mais uma criança — o mais novo da casa respondeu, emburrado com a superproteção. — Já sou um adulto.

— Grávido — Jisung disse, subindo as escadas.

— Vamos, e quando chegarmos, não quero você no meu pé — Yoongi dizia, pegando as chaves do carro e o casaco do gestante. — Quero terminar logo essa série.

— Mas eu nem incomodo o hyung — o loiro saiu resmungando, apoiando as mãos na barriga, caminhando com calma, aproveitando que as passadas de Yoongi já eram naturalmente preguiçosas e ele não precisaria se apressar.

Minutos depois, já dentro da construção comercial, Hoseok foi deixado no corredor de guloseimas — após insistir que ficaria bem — enquanto Yoongi ia atrás das coisas pedidas pelo pai.

O lugar não estava tão cheio, já era noite e o céu começava a se fechar com nuvens carregadas, anunciando uma futura chuva sobre a cidade.

O rapaz grávido encheu a cestinha com barras de chocolate, pacotes de gomas em formatos de ursinhos, finis e mais uma porção de doces, pois seu bebê estava desejando bastante aquilo.

Sim, colocaria a culpa no bebê!

Olhou ao redor, procurando Yoongi, constatando que ele ainda não aparecera e decidiu ir até a sessão de salgados, onde buscaria por batatas e Doritos.

Cruzou os dois corredores e se colocou entre a última e a penúltima prateleira, se concentrando em suas escolhas. Analisava a data de validade de um pacotinho de Ruffles quando escutou um grunhido. O corpo gelou e as mãos tremeram sentindo o medo tomar cada parte do corpo.

Tudo piorou ao conseguir mover unicamente a cabeça e olhar para o início do corredor, sentindo as orbes praticamente saltarem para fora ao notar um ser horrendo lhe encarando.

Era enorme e o porte físico — coberto por uma crosta escura — lembrava um cachorro, não fosse a boca e presas enormes de onde um líquido preto escorria em abundância, fazendo uma pequena poça no chão. Os olhos eram totalmente pretos e a cabeça era enfeitada por chifres pontudos e incrustado de espinhos.

A besta se posicionou em ataque ao mesmo tempo que Hoseok sentiu as mãos soltarem a cesta e o pacote com as batatinhas. Os únicos membros do corpo que — felizmente — conseguiu fazer agir foram as pernas que, movidas pela adrenalina, deixaram um pouco da dor de lado e ajudaram o loiro a se afastar com velocidade para os fundos do mercado.

Os poucos funcionários ali presentes gritaram em horror ao notar a criatura que perseguia o gestante com literalmente sangue nos olhos. O rapaz que pesava os alimentos desfaleceu, caindo por trás do balcão, enquanto a colega pulava a estrutura e corria na direção contrária.

O loiro não conseguia externar os gritos que, em mente, clamavam desesperados pelo irmão mais velho. O rosto, sem que percebesse, já estava totalmente banhados por lágrimas e nem mesmo sabia como estava conseguindo fugir daquilo, pois — além da gravidez de nove meses e as dores que sentia —, seus olhos estavam embaçados.

Seus sentidos estavam agitados em medo e proteção. Estava com muito medo, mas precisava salvar seu filho, esse que, sentindo o mesmo que o pai, começou a se mover com agitação na placenta.

As mãos trêmulas, em meio a pseudo cegueira, encontraram uma maçaneta e a giraram, passando pela porta aberta, fechando-a atrás de si e, só então, percebendo que estava num beco vazio atrás do supermercado, repleto de caçambas de lixo.

Se escondeu entre dois dos grandes depósitos. Tapou os lábios com uma das mãos, enquanto a outra se encontrava protetoramente sobre o ventre. Tremia tanto que parecia prestes a convulsionar. Sua mente implorava por Yoongi, os pais e por Taehyung.

Engoliu o grito que quis irromper de sua garganta quando a porta foi lançada contra a parede oposta, sendo estraçalhada com o baque. Seu corpo lutava para se manter consciente unicamente por seu instinto paterno, que lhe dizia que, se desmaiasse sem qualquer ajuda por perto, seu bebê seria ferido.

Escutou as bufadas da besta próxima a onde estava. Se encolheu contra si mesmo, como se assim pudesse sumir das vistas do animal deformado que exalava um fedor insuportável de enxofre.

Viu como se em modo lento o focinho, fungando com força, surgir primeiro em sua frente, seguido do rosnado brutal. O Jung chorou mais e estava prestes a gritar, quando um raio estrondoso cortou o céu. Hoseok, a princípio, não soube identificar o que lançou a besta para longe. Imaginando que tivesse sido o raio.

As lágrimas lhe impediam de enxergar com clareza, mas captou uma figura alta, junto a cor prata e azul reluzente. A criatura foi afundada no solo rochoso e cimentado com brutalidade e tirada de lá com a mesma violência.

O choramingo amedrontado do animal fez Hoseok estranhar e, vencido pela curiosidade e ainda movido pela adrenalina, colocou a cabeça para fora do esconderijo, apertando os olhos para expurgar as lágrimas e enxergar o que acontecia há poucos passos de si.

Não reconheceu o homem vestido com uma espécie de armadura romana, que enforcava o animal com uma mão, enquanto a outra segurava um tridente enorme, de onde faíscas de raios fugiam.

O vento se tornou violento e nem mesmo os sons tempestuosos foram capazes de sobressair a voz grave e banhada em ira que fez Hoseok estremecer ao, finalmente, reconhecê-lo.

— HADES! — bradou, fixando os olhos nas orbes da criatura a sua frente, que, num rompante, mudou de amedrontada para irada. Afrontosa. Então Taehyung soube que ali era seu irmão.

Irmão... — a besta rosnou.

— Hades, existe apenas uma coisa pior que a ira de Zeus. — Aproximou os rostos, sem se afetar com o odor exalado da criatura. — A minha.

— Esse imundo tentará roubar o que é meu! — vociferou.

— Ele não precisará — respondeu antes de quebrar o pescoço do animal, levantando o corpo enorme acima de sua cabeça e voltando a afundá-lo novamente no chão.

Poseidon virou-se lentamente, olhando para Hoseok o observando com assombro. Viu o corpo trêmulo despencar no chão ao ser atingido pela inconsciência.

Seu reflexo foi ir até ele, mas se interrompeu ao sentir a presença de Yoongi se aproximando, negou com a cabeça, se afastando no momento em que o Jung mais velho surgiu no beco.

Tinha contas para acertar.

O moreno olhou ao redor, abismado com a coisa que causou tamanho alvoroço e pânico no estabelecimento. Não conseguia explicar o pavor que sentiu ao escutar os gritos e não encontrar o irmão em canto nenhum. Foi guiado ao escutar uma funcionária gritar que um grávido estava sendo perseguido por um demônio.

Ouviu os sons de sirenes e buscou ao redor, tentando encontrar o irmão e correndo desesperado até lá, ao avistá-lo caído.

O juntou com dificuldade e o carregou para fora da vereda, gritando por socorro, enquanto o coração batia acelerado no peito.

Não saiu de perto do irmão — se amaldiçoando por não ter seguido a ordem do pai ao saírem de casa, e tê-lo deixado sozinho — enquanto o loiro era atendido pelos paramédicos ali presentes.

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Hoseok acordou sentindo um incômodo na mão esquerda, enquanto mãos quentes acolhiam a direita. Abriu os olhos lentamente, sentindo-os doer ao entrarem em contato com a luz do quarto de hospital.

Percebeu a agulha aplicada na canhota, ligada à bolsa de soro. Piscou letárgico enquanto se remexia, sentindo falta de algo. Olhou para baixo ao notar que não sentia mais o peso corriqueiro dos últimos meses, se assustando ao não notar mais a barriga imensa que acomodava seu bebê.

— M-meu... f-filho — falou com dificuldade, sentindo a garganta seca.

A movimentação do corpo acordou Christopher, que dormia na cadeira ao lado da cama, segurando as mãos do filho. Levantou o tronco, olhando ao redor e, só então, percebendo os olhos desesperados do filho sobre si.

— Hobi! — gritou, levantando-se com pressa e correndo para fora do quarto em busca de um enfermeiro.

Mesmo que preocupado com o filho, Hoseok respondeu as perguntas feitas pela enfermeira de plantão, que o ajudou a beber água e, após o interrogatório obrigatório, informou que fora preciso fazer uma cesariana no Jung, pois tinha entrado em trabalho de parto e, por conta do ataque — que virou notícia no mundo todo — corria risco junto ao bebê.

Depois de garantir que o garotinho estava bem e escutar o pai dizendo o quão lindo e saudável o pequenino era, Hoseok aceitou voltar a dormir, com a promessa de que o veria no dia seguinte.

Christopher, já mais calmo e aliviado com o quadro estável do caçula, o deixou descansando enquanto ia para a cantina hospitalar, tomar um café e ligar para o marido, informando sobre o despertar do loiro.

A noite já caia e com ela a chegada de Taehyung ao cômodo onde o humano repousava. Hoseok, como sempre, sentiu o momento exato em que o olimpiano chegara. O cheiro de mar inundou o quarto, tirando o rapaz de seu torpor, olhando agitado ao redor do quarto iluminado apenas pelo abajur no canto oposto a sua maca.

— Taehyung? — chamou pelo homem, um tanto incerto. Viu o vento balançar a cortina das janelas e de trás dela a silhueta do azulado surgir. — Tae...

O deus dos oceanos nunca em toda a sua vida imaginou que sentiria medo de um humano. Pois temia a reação de seu garoto. O assustava a possibilidade do mortal deixar de permitir e o afastar para sempre, de si e do seu filho.

Engoliu todo o receio que queria lhe tomar e adentrou o cômodo, se aproximando do garoto que tentava lhe enxergar com a pouca luz do lugar.

— Hobi...

— Você voltou — o rapaz murmurou, voltando a chorar, agora sem a desculpa de ser pelos hormônios da gravidez. Esticou as mãos e tocou o rosto que se curvou em sua direção. — Você voltou.

— Eu voltei pra você, amor. Para vocês. — O Jung negou com a cabeça, analisando o rosto pouco revelado.

— O que você é? — indagou, mas, ao contrário do que Taehyung pensara, não havia medo na voz do amado, somente a curiosidade e confusão. — Você segurou aquela coisa com apenas uma mão e vestia roupas estranhas e...

— Fui batizado com o nome mundano de Taehyung, mas meu verdadeiro nome é Poseidon, o senhor dos mares e dos oceanos.

— Puta que pariu — o xingamento quase não fora ouvido, enquanto os olhos castanhos se encontravam estupefatos. — Eu namorei e engravidei de um deus grego, literalmente?!

— Isso é muito importante? — O humano o olhou intensamente, depois sorriu e negou com a cabeça, alisando o queixo simétrico com carinho.

— Afinal, não me importarei com esse título caso você suma novamente e me deixe sozinho e com um filho nos braços. — A mudança do tom de voz fez o mais velho arregalar minimamente os olhos. — Farei questão de te encontrar e te afogar nas próprias águas.

— Está ameaçando um deus?

— Não, estou avisando o meu namorado — respondeu com doçura, causando um arrepio no azulado. — Você ser o próprio Poseidon não tem importância alguma para mim. Agora vamos encerrar essa conversa. Me beija logo.

Taehyung sorriu com a ordem de Hoseok, o obedecendo prontamente. Suspirando dentro do ósculo, saudoso daqueles lábios, nenhum pouco incomodado com o leve gosto de remédio que ele possuía.

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Um mês depois, Hoseok anunciava sua mudança para outra cidade com o filho, onde iriam morar com o pai da criança, garantindo que visitaria sempre a família. Mesmo que cheios de preocupação, os três homens aceitaram a decisão do mais novo.

Namjoon permitiu que o humano residisse no Olimpo, no palácio que pertencia ao irmão, e Apolo observou com atenção a nova família que se formava ali.

Viu Taehyung entregar o submundo para o unigênito, após ter trancafiado Hades junto aos Titãs no Tártaro. O pequeno Jungkook, ainda que envolto na inocência infantil, já mostrava ser um semideus de força, com um futuro brilhante pela frente, que apenas Jimin tinha conhecimento. Suspirou satisfeito vendo a profecia que Hades tentara intervir acontecer.

"O filho da água e da terra virá ao mundo através de um amor proibido, se assentará sobre os montes e tomará para si o Tártaro."

Assim os primeiros dizeres da profecia revelaram. A pequena parte que Mingi, ou Hades, teve acesso e não soube interpretar. Poseidon era poderoso e assim seu filho também seria, o futuro herói da Terra.

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