Capitulo 05: saindo da zona de conforto
Mas eu sou só humana
E eu sangro quando caio
E eu me despedaço e eu me quebro
(Human - Christina Perri)
E L I S A
Elisa estava cansada. Cansada e sem sono. Dentro daquele peito, toneladas de sentimentos inexplicáveis.
O primeiro dia de aula não foi tão ruim quanto ela pensava que seria. Tirando o fato de fingir que estava feliz e de sorrir o tempo todo rodeada daquelas pessoas vazias e malvadas, ser popular tinha lá seus privilégios.
O pior de tudo era quando ela chegava em casa.
Encarar a realidade de que seus pais estavam ficando cada vez piores. Recolher todas as vezes que brigavam, os pedaços de cacos de um vidro diferente espalhado no chão, com cuidado para não se machucar.
E depois ir para o quarto sem nenhum tipo de "boa noite". Assim como não teve nenhum "bom dia" no amanhecer.
─ Eu sei, estou cuidando disso...
Elisa levantou com cuidado da cama e andou silenciosamente em direção à porta, encostando seu ouvido na beirada.
─ Você sabe que eu não posso te ver agora querida... ─ seu pai soltou uma risadinha enquanto falava baixo ao telefone. ─ Beijo. Boa noite, meu amor. Eu te amo.
Elisa engoliu seco e sentiu uma lágrima quente deslizar pelo seu rosto. Ela ainda lembrava do último "boa noite filha, dorme bem" que seu pai a tinha dado. Acho que por isso que ficou tão marcado. Já fazia quase 2 anos.
A garota voltou para a sua cama e tentou esquecer oque ela achava que tinha acabado de acontecer. Não era possível, não podia ser. Tudo bem que nenhuma família é perfeita e seus pais só estavam passando por uma crise, apenas. Jacob não seria capaz de fazer algo para destruir sua família... ou seria?
─ Deus. ─ Elisa suspirou passando a mão por seus cachos loiros.
Ela precisava de algum estranho pra conversar. Ela não podia confiar nas pessoas que chamava de amigo.
E então como destino, seu celular vibrou recebendo uma mensagem de Isaac. Eram quase uma hora da manhã e ela sentiu que suas pressas foram finalmente atendidas.
A mensagem falava sobre o documentário que eles tinham apresentado hoje no primeiro dia de aula. Ela não se deu ao trabalho de ler, estava desesperada.
"Estou precisando muito de um amigo pra desabafar. Você me parece ser o único confiável à essa altura."
Não demorou muito para Isaac responder de volta. Não é do tipo que deixa as pessoas no vácuo.
"Estamos indo te pegar.
Não se preocupa,
você vai ficar bem."
E então ele ficou off-line. O coração de Elisa começou a palpitar. Oque ele queria dizer com "estamos indo te pegar"? E ele usou a palavra no plural. Quem mais viria?
Automaticamente a garota começou a andar de um lado para o outro, arrependida do que tinha feito. Sabia que ninguém se importava com ela de verdade e se sentiu burra ao ter pensado que Isaac seria diferente das outras pessoas.
E então ela se assusta ao escutar o barulho de algo sendo arremessado na sua janela de vidro. Correu assustada e encarou Isaac e Madison descendo de um carro e a chamando para descer.
─ Vem com a gente! ─ Isaac gritou e Elisa fez sinal para que ele ficasse calado.
A garota voltou para dentro do quarto e tirou rapidamente seu moletom rosa de ursinho, o substituindo por uma calça jeans e a primeira regata que viu na sua frente.
Não demorou muito para que outra pedrinha fosse arremessada novamente, fazendo um estalo no vidro. Dessa vez, Elisa já estava devidamente vestida e pretendia pular a janela.
Por incrível que pareça, não foi difícil. Ela se apoiou no batente e passou suas pernas para fora, sentindo o vento gelado e um arrepio de rebeldia. Pulou e alcançou o chão em pé, sã e salva.
─ Hey, não fomos devidamente apresentadas mas eu já te vi na escola. ─ a garota ao lado de Isaac esticou a mão na direção de Elisa. ─ Madison.
─ Elisa. ─ apertou a mão gelada da Madison e encarou Isaac. ─ Como você chegou aqui tão rápido? E...eu só queria conversar, não precisava...
─ Relaxa. ─ Isaac a interrompeu.
─ Nos temos um ótimo jeito de tirar o peso de dentro do peito. ─ Madison sorriu e a induziu a entrar no carro onde mais três outras pessoas esperavam.
Elisa estava com medo, mas queria arriscar. Eles eram insanos, definitivamente. E ela estava começando a gostar dessa aventura.
Até então entrar no carro e perceber quem estava no volante.
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