ensaio sobre o ofício de transportar almas

olá, minha pequena criança

como anda suas andanças?

nessa tão exaustiva dança

essa tal vida de esperanças


infelizmente chegou ao fim

não haverá tempo para as despedidas

pois todos estão fechados em suas vidas

eles nunca ligaram, enfim

eu acompanhei você por muito tempo

acredito que estive mais próxima a ti

sentindo seus odores de vergonha e desespero

só não se desespere o balançar pode enjoar

mas prometo que logo vamos chegar

para onde? isso pouco importa...

eu não guardo nenhuma porta

eu apenas reciclo neste ciclo infindável

tamanha peleja não me soa tão agradável

com passageiros tão quietos e assustados

não precisa temer minha face escurecida

não faço nada disso por prazer, doce criança

são apenas ordens... do cara lá de cima.

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