22 - Um dia apos o outro.

_ Leandro?... C-Como entrou aqui? - Pergunto um pouco nervosa.

_ A porta estava aberta! - Explica.

_ Não, Não estava! - Minha mãe nunca deixa a porta aberta. Nunca.

_ Sim... Estava! - Responde convicto. É... acho que minha mãe esqueceu a porta aberta. Com certeza.

Ele se aproxima de mim com um olhar preocupado.

_ Como se sente? - Pergunta ao parar a minha frente. Como eu me sinto? Ótima! Vejamos; Eu caí da cama hoje cedo, bati meu ombro, tive uma amnésia e agora tenho que usar essa coisa por pelo menos dois meses! É, não poderia está melhor.

_ Estou bem! - Respondo seca.

_ Não é o que parece! - Opina ao analisar o estado em que me encontro.

_ Então porquê perguntas se pode tirar tuas próprias conclusões? - Digo rude.

_ Calma! - Ele ergue os braços em sinal de rendição. _ Eu só...

_ Só o quê Leandro? - Digo exaltada ao me levantar. Ele faz uma expressão de susto diante da minha reação.

_ Estás diferente... O que aconteceu? - Pergunta confuso e com a voz mansa. No mesmo instante eu me toco do que estou fazendo. Nem eu mesma me reconheço mais. Eu não sou assim, não, não sou.

_ Desculpa! Eu... estou de cabeça cheia, me desculpa! - Deito na cama e seguro meu ursinho nos braços, apertando bem forte. Há alguns tempos atrás, isso ainda me confortava, mas agora tudo parece diferente. O que está acontecendo comigo? Que vazio é esse que estou sentindo? Preciso ocupar minha mente com alguma coisa ou vou acabar enlouquecendo.

Ainda estou abraçando o Jerry quando Leandro senta do outro lado da cama.

_ Por favor, não me pergunta mais nada! - Imploro com um sussurro, já sentindo meus olhos arderem e uma lágrima escorrer sorrateiramente pelo canto do olho. Ele estranha meu pedido, mas não me julga, apenas me acolhe em um abraço confortável.

_ Não te preocupes! Vai ficar tudo bem! - Sussurra em meu ouvido, trazendo-me conforto e segurança.

Sei que Leandro pisou na bola feio comigo. Ele me machucou, esmagou qualquer expectativa de um amor entre nós, foi um completo babaca, um cretino desgraçado, mas nada disso importa no momento. O Leandro que está comigo agora, não é o mesmo que aprontou comigo. Esse aqui é diferente, é o Leandro amigo e companheiro, o qual eu ainda não havia conhecido.

Não sei bem o que aconteceu depois do meu chilique, sei apenas que Leandro foi um ótimo amigo e provavelmente eu adormeci em seus braços. Agora, estou só em meu quarto, no aconchego da minha cama e minha barriga já começa a roncar, então, resolvo descer para comer algo na cozinha. À essa hora as meninas já devem ter chegado de seus passeios românticos, pelo menos é o que eu espero. Odeio ficar sozinha nessa casa enorme.

Desço as escadas rumo a cozinha e passo pela sala na esperança de encontrar Lorena assistindo, mas tudo que encontro é um o sofá vazio em meio a escuridão e a TV desligada. Olho no grande relógio à cima da porta que já marcam 22:00hs e a aflição me toma. Será que aconteceu alguma coisa? Solto um longo suspiro e continuo meu caminho até a cozinha, abrindo a geladeira e pegando um pote de doce. Será que doce sacia a fome? Penso eu. Se não resolver eu pego um sorvete! Concluo. Assim faço. Com o pote de doce em mãos, pego uma colher de sobremesa na gaveta do armário e vou para a sala assistir algum seriado ou algo do tipo.

Quase meia hora depois, ouço o ranger da porta e em um salto eu me levanto.

_ Achei que tivesse acontecido algo contigo garota! - Exclamo alto e claro para a garota à minha frente.

_ Desculpa! Acabei me atrasando! - Responde Lorena na maior cara de pau.

_ Sério isso? Achei que tivesse dito que Ramon tinha outra! - Digo com a sobrancelha arqueada.

_ Longa história! - Responde com os lábios selados. Ah, claro! Longa história.

Lorena sobe para tomar um banho, mas logo desce novamente para assistirmos uma série juntas.

_ Não lembro de ter contado que Ramon tinha outra! - Diz Lorena ao pegar uma colherada do meu doce. _ Como ficaste sabendo?

_ Devias está distraída! - Suponho sem dá muita importância.

_ Humm... Ok!

_ Vás contar o que aconteceu pra mudar tão rápido de opinião? - Pergunto ao pôr outra colherada de doce na boca.

Assim começou uma longa conversa entre amigas. Lorena me disse que tudo que aconteceu foi um tremendo de um mal entendido. A garota a qual ela pensava ser namorada de Ramon, era na verdade sua irmã mais nova, Karoline. Lorena mostrou-me uma foto da garota e ela é realmente muito bonita e bem comprometida também.

As horas se passaram e nós duas adormecemos no sofá, nem sei que horas meu pai e minha mãe chegaram, ou mesmo Megue. Sei apenas que a luz do dia já incomoda ao abrir passagem pela janela de vidro da sala. Levanto do sofá com o máximo de cuidado para não acordar Lorena e subo para tomar um banho e trocar de roupa. Visto um short folgado na cor mostarda e uma blusa manga curta na cor preta. Confesso não ter sido essa uma das minhas melhores combinações, mas no momento, estou pouco me importando para minha aparência física, o que importa é está confortável com o que visto.

Quando já estou de saída do quarto, Lorena chega com uma bela cara de sono e os cabelos rebeldes.

_ Bom dia bela adormecida! - Ironizo ao passar por ela e fechar a porta.

Ao descer as escadas, já posso sentir o delicioso aroma que vem da cozinha.

_ Ovos com bacon! - Sussurro toda entusiasmada, enquanto apresso os passos até lá.

_ Bom dia filha! Como foi tua noite? - Pergunta minha mãe.

_ Foi... Boa, e bom dia pai e mãe! - Respondo seca.

_ Hoje teremos um almoço na chácara do Sr.Gotham! - Informa meu pai enquanto toma seu café preto. _ Onde está Megue? - Pergunta ao olhar para o lugar onde ela sempre senta.

_ Ela dormiu na casa do Toddy! - Informa minha mãe!

_ E Lorena?

_ Já está descendo! - Respondo ao erguer o prato para que minha mãe possa colocar os ovos com bacon.

Logo a garota está à mesa para que possamos tomar nosso café da manhã em família.

_ Que horas vai ser esse almoço? - Pergunto ao meu pai, tentando entender melhor.

_ Ao meio dia e meia nós sairemos daqui! - Explica. Fico a pensar se vai ser nesse tal almoço que meu avô finalmente vai revelar toda a verdade ao meu pai. Estou nervosa, porém, bastante ansiosa também. Mal posso esperar para ver a reação do meu pai quando souber que seu pai está vivo e é um homem tão bondoso como o Sr.Gotham.

_ Será que eu posso convidar alguém pra ir comigo? - Pergunto com um certo receio de ouvir um 'Não'. Meu pai para de comer para me analisar e isso me deixa super intimidada. O que será que se passa em sua cabeça? Certeza que ele vai perguntar quem é e me dizer um 'não' logo em seguida.

_ Quem queres levar? - Pergunta com uma expressão séria. Eu sabia que ele iria perguntar.

_ Leandro... - Respondo tão baixo que nem eu mesma pude ouvir direito, mas meu pai é diferente, não sei se ele tem uma super audição ou se é um expert em leitura labial, mas sei que agora seu olhar para mim, tornou-se ainda mais intimidador.

_ Se fosse em outra ocasião eu jamais permitiria, mas depois do que ele fez na sexta... - Ele para para pensar um pouco. _ Depois disso, ele tem o meu respeito! Afinal de contas, todo mundo merece uma segunda chance! - Quase me engasgo com o café. Eu jamais esperava ouvir isso do meu pai. O que será que Leandro fez de tão importante para deixar meu pai tão generoso para com ele? Ainda mais depois do que ele aprontou aqui em casa, na noite do arraial da escola. Bom, seja lá o que aconteceu na sexta, depois ei de me informar com Leandro.

Depois que termino meu café, vou até o quarto e mando um e-mail para Leandro o convidando para o tal almoço. Ele aceita sem fazer charme.
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Podemos ir na minha moto?

Domingo_10:32 - Leandro( ◜‿◝ )♡
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Não abusa Leandro! Iremos no
Carro com o meu pai!

Domingo_10:33 - Amorzinho(◕દ◕)
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Ok, se não tenho escolha...

Domingo_10:33 - Leandro( ◜‿◝ )♡
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Combinado! Te espero ao
Meio dia então!

Domingo_10:34 - Amorzinho(◕દ◕)
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Sem perder tempo, subo até meu quarto e escolho uma roupa decente para um almoço em família. Pego no guarda-roupa, uma calça jeans de cós baixo e uma camisa branca de botões.

Após um banho, visto a roupa e calço meu All Star preto. Logo depois, amarro meu cabelo em um rabo de cavalo com alguns fios soltos e espero até que Lorena se arrume também. Ela demora um pouco mais, então, desço para falar com Leandro que acabara de chegar.

_ Oi! - Sorrio meio sem graça.

_ Olá Sami! Tu estás linda! - Ele me recebe com um belo sorriso estampado no rosto e me entrega algumas flores. Nossa, Que cavalheiro! Nem reconheço mais.

_ Obrigada! - Respondo simpática.

Vou até a cozinha e coloco as flores em um jarro com água. Após feito, meu pai nos chama, pois já é hora de irmos. Vamos todos em sua caminhonete, pois, o carro da minha mãe está no concerto. Ficamos um pouco apertados e desconfortáveis, mas chegamos inteiros.

Ao chegar, somos muito bem recebidos pelo meu avô. O lugar me trás um sentimento estranho que eu não sei explicar, é como se lembranças estivessem presas em alguma parte da minha cabeça.

_ Olá Samantha! O que aconteceu com o teu braço? - O senhor de olhos azuis me dá um abraço cuidadoso ao mesmo tempo em que exala preocupação.

_ Não foi nada sério! - Respondo sem fazer caso. Nem consigo expressar o tamanho da felicidade que estou sentido em revê-lo.

Após alguns cumprimentos, abraços e sorrisos contentes, Megue e Toddy finalmente chegam no carro dela.

Todos estamos reunidos em uma mesa ao ar livre, quando meu avô bate o talher no copo de vidro, pedindo licença para falar. Ele parece nervoso e consigo ver o quanto sua respiração está tensa. Seu olhar chega até mim e eu lhe dou um sorriso simpático. Megue olha confusa, não só ela, como meu pai também. Minha mãe apenas espera e os outros não parecem dar muita importância, até que meu avô comece a falar, é claro.

_ Eu... Nem sei por onde começar! - Ele fica brevemente calado, pensando nas melhores palavras, suponho. _ Primeiramente, espero sinceramente que não me julguem antes que eu termine de falar! - Ele observa todos olhares confusos sobre si. _ Há alguns anos atrás, eu cometi um dos maiores erros da minha vida. Eu fui testemunha de um crime e em vez de ficar e tentar me explicar, eu fiquei com medo. Medo de ser acusado do assassinato de uma mulher. Medo de ser a próxima vítima. Eu fui um covarde, e vendo que todas as provas apontavam contra mim, resolvi fugir! - Seus olhos já estão marejados e mais parecem duas grandes lagoas inundadas. Enquanto todos ainda parecem confusos e comovidos, meu pai tem em face, uma expressão indecifrável. _ Eu... - Agora ele já começa a soluçar ao relembrar o acontecido. _ Eu mudei de nome, de endereço, larguei tudo, até meu filho recém nascido... - Ele olha para o meu pai com uma expressão de lamúria, enquanto meu pai absolve o máximo de informações possíveis e quando acho que ele vá levantar com sangue nos olhos, isso não acontece. Ele apenas abaixa a cabeça e chora.

_ Não sabes a quanto tempo esperei por esse momento! - Meu pai diz entre soluços. Minha mãe já parece entendida do assunto, enquanto os outros continuam olhando sem entender.

_ Me desculpa filho! Eu fui fraco!

Não achei que as coisas seriam tão fáceis assim. Agora acho que todos têm o seu final feliz; Megue vai casar com Toddy, Lorena está resolvida com o Ramon e finalmente meu pai se resolveu com meu avô. É... parece que todos encontraram seu final feliz, menos eu. Acho que finais felizes não foram feitos pra mim.

Meu pai e meu avô foram conversar na biblioteca e quando voltaram, deram a notícia a qual todos esperavam ansiosos.

Dada a notícia, eu fui mostrar a cachoeira para Lorena. É estranho como cada parte desse lugar me trás um sentimento diferente. Tudo está em seu devido lugar, mas é como se algo estivesse faltando. Ao chegar no local, meu coração disparou e minha respiração ficou tensa. O que será que está acontecendo comigo? Sinto como se minhas lembranças tivessem sido removidas, mas isso é algo completamente impossível.

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