O Guardião Completo - @IllaaNara


PARTE I

O Sol do meio dia estava intenso naquele dia, Marxis brincava com algumas bolas no amplo campo que ficava frente a enorme floresta do vilarejo. Não demora e escuta a sua mãe lhe chamar.
- Já estou indo mãe! – Grita do meio do terreiro olhando para aquela mulher encostada na porta com um vestido de alça florido e seus cabelos ruivos que brilhavam quando o sol refletia sobre eles. Aquela rotina se repetia desde que seu pai havia misteriosamente sumido. Alguns diziam que ele tinha sido devorado na floresta, outros que ele havia sido possuído por demônios, por longos anos o esperou e nunca voltou.
Não se sabia ao certo o que tinha acontecido com aquele pobre lenhador, e ninguém se arriscava a adentrar naquela floresta, desde então sua mãe, que apesar do enorme sorriso no rosto, se endividava para se manterem.
Sempre pedia para não perder as esperanças, sonhava com o dia que seu marido voltaria...
Mas nem tudo era como previa, Maxis estava terminando o seu almoço, quando sua mãe o chamou e disse –Filho, escuta o que a mamãe tem pra dizer agora, alguns amigos da mamãe virão, e...você ficará aqui....quietinho... – Ela fala com o choro entalado em sua garganta - Lembra da brincadeira que fazíamos com o papai? Quando a mamãe fala coelhinho, você tem que entrar na toca... quando a mamãe falar cotia, você tem que correr o mais rápido que puder,ok?
- Ok mãe! – Ele fala na simplicidade enquanto sua mãe o esconde e sai,
o tempo passa e uns minutos depois se ouvem passos... ele correu para porta na esperança de enfim ver seu pai... Mas tudo que viu foram três homens enormes, era tão grandes quanto a porta estreita da sua casa, tinham uma pele tão alva quanto a da sua mãe, uma enorme barba e ambos se pareciam.
Ainda da cozinha escutava sua mãe falar:
Mas eu já disse que assim que conseguir paga temos todas as dividas e todos os juros. Por fav.... – Antes de ser completada a frase, ele vê o rosto da sua mãe virar em sua direção e mesmo longe consegue ver as marcas em seu rosto – Eu já disse! Não temos o dinheiro agora!

Então nos dará seu filho vadia, como recompensa! – Aquele homem fala brutalmente ainda segurando-a pelo queixo.

- Cotiaaaaaa!!! – Ela grita e mais uma vez recebe um tapa em seu rosto.
Desta vez fora tão forte que caiu bruscamente da cadeira em que estava.

– Você enlouqueceu? – Um dos agiotas fala a levantando pelo cabelo.

Senhor!! O menino... ele fugiu! - o outro fala a fazendo respirar aliviada.
EIII!!!!!!! O que vamos fazer agora? - Fala desta vez a empurrando no chão e a chutando.
Chefe... e se....levarmos ela? – O outro capanga fala e aquele enorme homem a olha de maneira que faz querer vomitar.
Trabalhará para nós até pagar suas dívidas. – Fala e a arrasta brutalmente pelo braço, enquanto ela observa o pequeno Maxis adentrar na imensa floresta.
Olha para os céus e pede para que guardem seu menino.

PARTE II

Marxis adentra naquela floresta densa e quando enfim para de correr já não consegue identificar onde está. Tudo o que vê são as enormes árvores cada uma com suas peculiaridades, está exausto demais pra continuar a correr, se pergunta se fez a coisa certa ao deixar a sua mãe com aqueles caras maus, cai no chão e não consegue levantar. Adormece ali mesmo com toda sua exaustão e acorda com o piar das corujas, olha para o céu e a lua ilumina a imensa escuridão naquele lugar.

Fica assustado e aliviado, apesar do pai nunca mais ter voltado após adentrar naquela floresta, sabia que era apenas a escuridão e todos aqueles dizeres sobre floresta amaldiçoada não passavam de boatos. Continua a andar, logo ouve sussurros, seu coração acelera, olha para os lados, tudo o que vê são as enormes árvores e o som do vento batendo em suas galhas.

- Ei! Garotinho!!! Não vá por este caminho é muito perigoso. – Escutava em meio ao vento.

– Não escuta ele! Não escuta ele! Ele mente! – Outra voz fina e irritante falava em meio a risos.

– QUEM ESTÁ AÍ? – Marxis fala olhando para os lados, porém não ninguém.

– Aqui em cima garotinho... – Uma das vozes fala entre risos.

– Não, não olha para cima, não olha para ele!! A voz fina fala novamente agora num tom irritado.

Logo o vento fica mais forte e Marxis se vê meio a uma tempestade de vento, pareciam duas criaturas brigando por atenção, o garoto não conseguia identificar o que era tudo aquilo, o que lhe deixava com medo. É levado pelo vento e quando se dá conta está em meio a um redemoinho.

Por um instante o medo invadiu sua alma e sentiu cada partícula do seu corpo ser fisgada. Mas logo se lembrou da sua mãe, ela jamais o mandaria naquela floresta para morrer, talvez houvesse um motivo pelo qual entrou na floresta... Ele não poderia morrer ali, ele tinha que encontrar uma solução e voltar para sua mãe, sem perceber o vento foi acalmando e logo o redemoinho cessou, ele sente algo lhe colando na superfície, todos os sussurros param.

Olha para os lados e logo identifica uma pequena luz voando sob sua cabeça. Olha para a galha no alto e agora consegue ver um jovem cujos cabelos eram verdes.

Quem... são... vocês? – Pergunta estatelado e caindo sentado no chão.

Eu sou... Kirk — A fada pousa em seu ombro — Uma fada

— Eu sou o Zhulga — O pequeno troll fala pulando — A alegria desta floresta

Eu sou Dashim —O elfo desce da arvore e posiciona-se em sua frente — O que traz um humano aqui?

Logo a floresta se ilumina deixando Marxis encantado, o vento frio e a escuridão sombria que dominava aquele lugar alguns minutos atrás não mais existia, fadas aparecem de todo lugar e ainda sem acreditar todo o cenário da floresta muda como mágica.

PARTE III

A noite passou como um relâmpago, assim que tudo foi clareando, toda aquela magia aos poucos foi sucumbindo.
O que acontece agora? — Marxis pergunta ainda sem entender.
Tudo aqui tem sua ordem. — O elfo fala se despedindo — Lembre-se. É o seu coração que o guiará.
Mas... — Marxis começa a falar com um temor em sua voz.
Não podemos ultrapassar nossos limites. A Kirk te acompanhará. – Ele fala e Kirk o segue feliz. Ele anda por metade do dia, enquanto Kirk explica os possíveis perigos a sua frente.
Só posso voar até aqui - Ela fala se despedindo — Tenha cuidado e não vá por esta direção. — Ela fala apontando para o lado direito da floresta. — Por mais atraente que seja, não se deixe enganar. Este é onde se encontra o maior perigo. Adeus pequenino.

Marxis se despede e segue. Já estava na floresta há dois dias desde que a Kirk o deixara. A floresta era imensa e como um labirinto, tinha que encontrar o homem que morava do outro lado, mas andava por horas e parecia sempre estar no mesmo lugar. A noite chegava, o cenário mudava e parecia voltar sempre para onde Kirk havia deixado. Já estava com medo e exausto.

Adormece e mais uma vez acorda com um imenso barulho. Desta vez quando abre os olhos vê enormes bichos, eram grandes e tinham aparência humana, mas com olhos gigantes, com asas ainda maiores e dentes cerrados como de piranha. Encolhe-se ao vê-los e percebe que está deitado na raiz de uma enorme árvore. Olha para cima e seus galhos são carregados de pedras brilhantes.

Levanta após notar que os bichos estão tentando alcançar aquelas pedras. Afasta-se lentamente, mas escuta um forte bramido. Olha para trás e não sabe ao certo para o que está olhando. Seria um humano? Ou mais um ser imprevisível? Seus olhos brilhavam como chamas seu corpo era o tronco daquela enorme árvore e com enormes espinhos. Parecia humano. Mas o que era?

Tinha uma enorme corrente enrolada no seu corpo, era como uma arma que empurrava todos aqueles seres pavorosos para longe. A corrente girava e tudo estremecia uma onda de magia dominava toda a região em que estava.
Marxis agora sentia se apavorado. Como sairia daquele lugar vivo? Os bichos não paravam de aparecer, como chegaria ao outro lado? Já não se via o céu, apenas asas voando em direção aquele ser da árvore no qual estava.

Sabia que naquele momento não poderia sair de lá, ele sente o medo tomar conta e sem perceber suas lágrimas caem na superfície. Molhando as raízes daquela enorme árvore, a cada lágrima os enormes bichos são empurrados ainda mais para longe, outros caem no chão mortos e outros são destruídos ainda no ar. Quando por fim levanta o seu rosto, o chão está coberto daqueles seres, vira se e vê aquele ser o olhando com espanto.

Quem é você? — pergunta Marxis admirado.

Eu sou Melrom, O Guardião. E quem é você? A sua magia é pura. De onde você veio garotinho? — O guardião pergunta o deixando surpreso.

Eu? Não tenho magia. sou apenas uma criança comum. Mas... o que faz um guardião? — Pergunta curioso.

Melrom o analisa por alguns minutos tentando o decifrar, por fim, sua aparência real aparece no momento em que encosta o pulso em sua própria testa deixando o pequeno Marxis estupefato.

PARTE IV

Bom... esta floresta é a vida de todo esse vilarejo. Ela é encantada, amaldiçoada, perigosa... — Ele dá uma pausa e logo prossegue — O meu dever é mantê-las a salvo dos demônios sugadores. Tudo se mantém em ordem porque aqui fazemos nossos deveres. Há muitos anos um elfo se rebelou, ele queria ter domínio maior do que lhe era permitido e acabou se tornando um ser vingativo e manipulador. Isto sujou o seu talismã, criando então demônios que sugam vidas, se alimentam do medo e todas as noites enfrentamos essa árdua batalha para derrota-los. Cada pedra desta que você vê brilhar, é a vida de alguém e eu sou o escolhido para mantê-los a salvo... — Melrom explicava sem entender ainda porque as palavras saiam de forma tão natural.
— Mas eu queria entender como você conseguiu destruir quase todos eles em alguns minutos...? Eu sinto sua magia pura. – Melrom pergunta e quando finalmente olha para o pequeno Marxis, o vê estupefato.

Pai? Papai? Papai????? É você? Mas como...— Marxis fala chorando e o abraça.

Pai? — Melrom o olha novamente, agora o observando com mais clareza, o analisa novamente por quase cinco minutos e por fim não consegue evitar suas lágrimas que escorrem sem parar. — Me desculpe não ter te reconhecido. Você cresceu e virou um rapazinho lindo, como a sua mãe. Mas como é possível ter me reconhecido? Você era apenas um garotinho.

Pai!!!! Como isso é possível? — Marxis fala chorando. Reconhecera o pai, não pela feição, pois vagamente lembrava-se do seu rosto, mas pelo gesto que fizera com as mãos. Quando ele tocou a testa com o pulso lembrou o que sua mãe dizia "Filho, não esquece a bênção do papai" seu pai havia os ensinado desta maneira, era quase como um ritual, sua mãe dizia que aquele gesto viera dos ancestrais do seu pai e significava pedir a bênção dos céus e ou a permissão para fazer algo. — O que você faz aqui pai? Porque está aqui? Eu te esperei todo esse tempo. Porque? A mamãe está sofrendo e a mamãe foi levada por pessoas más. Se você tivesse ficado conosco, isso não estaria acontecendo.

Me desculpe Marxis. Eu pensei que voltaria logo. Mas como você viu, não posso até reestabelecer a ordem. — Melrom fala com lágrimas nos olhos.

Como você pode ser meu pai? — Marxis pergunta agora um pouco assustado.

É uma longa história, mas contarei a você. Há muitos anos fui enviado para fazer um relatório sobre alguns vilarejos e sobre as criaturas que protegem os humanos. Acabei conhecendo a sua mãe e nos apaixonamos. Foi me dada à permissão para viver ao lado dela, já que estávamos em tempos pacíficos.
Cinco anos então se passaram e descobrimos, meu pequeno, que você estava vindo ao mundo. Após seu nascimento, perdi parte da minha magia e coisas estranhas começaram a aparecer e ameaçar a todo o vilarejo, Eu estava a todo tempo ali, mas não conseguia protegê-los como antes. Para proteger a todos eu precisava estar conectado à fonte de energia que liga a vida de todos. No dia que parti, elfos e fadas haviam perdido suas vidas pois a grande criatura maligna viera tomar posse deste vilarejo. Precisei lutar e desde então estive aqui.

PARTE V

Marxis escuta Melrom contar toda sua história. Estava feliz, pois agora sabia o porquê seu pai havia sumido. Não havia sido devorado, ou amaldiçoado, ele simplesmente era de outra dimensão. Ele era fruto de um amor que jamais pensou existir. Uma humana e um elfo guardião. Sentou e escutou seu pai lhe contar sobre o lugar em que morava. Era uma dimensão onde havia elfos de todos os lugares e fadas, gnomos e anões trolls e castanic.

Todos tinham missões designadas a cumprir e estavam sempre rodeados por eles. Mas para os humanos haviam se tornado lendas. Já que a convivência começara a ficar difícil apesar de toda discrição. Escutou sobre si mesmo, como poderia imaginar que ele um simples garoto era um ser misto? Tinha aparência humana, cheiro humano, mas tinha o poder tão puro quanto o ar que respirava, nem ele imaginava. Talvez um dia conhecesse os anciãos da dimensão em que seu pai havia morado. Talvez um dia fosse tão poderoso quanto seu pai é e fora um dia. Não sabia ao certo, mas agora estava confiante.
Você precisa ir, antes que anoiteça. — Melrom fala o abraçando fortemente.

MAS... você não vem? — Marxis pergunta com os olhos cobertos de lágrimas.

Eu não posso... Ainda não é o momento — Melrom fala com uma tristeza em sua voz — Preciso reestabelecer a paz aqui neste lugar para depois ir para casa.

Mas... Quando isso acontecerá? — Marxis pergunta chorando.

Eu não sei... mas eu retornarei. Agora vá. — Melrom encosta seu pulso na pequena testa do garoto. – Isto te protegerá por uma semana. Corra e encontre o grande sábio no sul da floresta. Ele te dará o que for necessário para ajudar a você e sua mãe. Não pare e volte para o vilarejo. Estarei com você mesmo estando aqui. O guiarei pelo melhor caminho.


Marxis se despede ainda choroso, mal havia encontrado seu pai é já tinha que se despedir, por fim limpa seu rosto e segue rumo ao sul da floresta, dois dias após sua caminhada enfim encontra o sábio que já estava a sua espera. Ele assopra dentro de uma sacola, lhe entrega e pede para abrir somente em casa. Marxis volta para casa tentando encontrar o mesmo caminho pelo qual passara, mas por mais que tentasse não conseguia.

Tentava imaginar porque aquele nobre sábio havia lhe dado vento e amarrado na sacola. Quando enfim se dá conta, lá estava a ponta da sua pequena casinha, não conseguia acreditar, mas já estava fora da enorme floresta. Já haviam se passado seis dias desde que encontrara seu pai. Corre até em casa e finalmente abre a sacola que agora ficara tão pesada que não aguentava segurar, a solta no chão e fica estupefato ao ver barras de ouro.

Pega ligeiramente e corre até os credores lhe entregando metade do ouro da sacola e levando sua mãe para casa:

Mãe! Eu estava com saudades. Eu encontrei o papai!— Ele fala a abraçando e beijando seu rosto. — Você sabia? — Pergunta a encarando ao ver que não há expressão de surpresa.

Sim. E eu acho que já estava na hora de você saber também — Ela Fala com um largo sorriso — Está feliz?

Sim. Muito — Marxis fala com um sorriso no rosto.

— Está com fome?

Sim.

Vamos para casa. Irei preparar uma sopa bem quentinha. — Sua mãe fala segurando em sua mão, caminhando rumo a sua pequena casinha em frente a enorme floresta a qual todos chamavam de "amaldiçoada".

EPÍLOGO

Filho!!!! O almoço está na mesa vem comer!

Já estou indo mãe!!! — Marxis grita e olha para aquela linda mulher na porta da casa com um vestido longo florido e com seus cabelos ruivos que brilhava quando o sol refletia sobre eles. Ele tira as luvas de suas mãos e corre para lava-las.

Meu filhinho!!! Já disse para ter cuidado com essas brincadeiras, vem, você precisa de alimentar e crescer bem fortinho.

Mãe!!! Eu já tenho 16 anos. Não fala assim na frente dos meus amigos. Eu não estou brincando estou treinando. T-R-E-I-N-A-N-D-O.

— Me desculpe filho... Mas você sempre será meu garotinho, tenho medo que se machuque.

Kirk ri ao ver Marxis irritado e Dashim tenta manter sua seriedade, mas falha. Haviam recebido mais uma missão, desde que Marxis fora a floresta. Cuidar do pequeno Marxis e ensiná-lo.

Oh!!! Ele está rindo, está rindo de novo. — Zhulga fala pulando na mesa. — Eu nem sabia que ele dava risadas.

Acho que você andou fazendo milagres...– Kirk fala rindo para Marxis o fazendo cair em gargalhada.

anrcham!! — Dashim coça a garganta – Acho melhor você terminar o almoço. Precisa aperfeiçoar seus poderes. Eu não vou pegar leve.

Oh!! Sim. — Marxis cerra os dentes e cochicha — Acho que agora vou dançar.
— Dançar? Então cheguei na hora errada? Pensei que hoje seria o meu primeiro dia o vendo treinar.

PAAAAAAI!!!!!!!! — Marxis levanta da cadeira olhando para a porta.

Eu estou de volta. — Melrom fala com um enorme sorriso no rosto — Eu senti saudades.

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