Capítulo 2

Passo a mão pelos meus cabelos loiros. Neste instante, a tensão deixou meu corpo. Confesso que a cirurgia foi difícil, houve muita maestria e posso jurar que uma segunda mão deveria estar guiando-me naquele momento, como se eu estivesse caminhando para o sucesso daquele procedimento. Foi incrível a sensação.

Graças a Deus, correu tudo bem.

Ajeito meus fios e os domo em um rabo de cavalo, contendo-os.

Dei uma breve pausa antes de voltar a minha rotina e encaminhar outros pacientes. Passo pelos corredores e uma enfermeira para à minha frente, chamando minha atenção com seu sorriso discreto e olhos com olheiras se formando.

— Doutora Stanford. Há um casal um tanto nervoso. Eles insistem em falar com a médica do rapaz que dera entrada hoje mais cedo, Benjamin Campbell.

Surpreende-me ela ter decorado o nome do paciente.

— Sim, obrigada. Onde eles se encontram? — pergunto.

— Na recepção — responde prontamente.

Benjamin Campbell. O homem deu o que falar entre as enfermeiras; não me admira, pois o rapaz é de fato atraente e bonito, mas eu francamente não entendo tamanho alvoroço entre elas. Ou eu sou apática demais? Enfim, que seja. Continuo com meus passos bonançosos pelos corredores com indivíduos em suas correrias habituais. Ao longe, posso ver com nitidez um casal sentado nas poltronas hospitalares. O homem por sua vez se encontra abraçado com a mulher com tremedeira preocupante. Apresso meus passos e abro um breve sorriso com assentimento ao casal que se levanta rapidamente.

— É a médica do meu filho? Oh, meu bom Deus, diga-me que ele está bem. Por favor, diga-me — pede a senhora completamente desesperada.

Molho brevemente os lábios que estão um tanto ressecados.

— Sim, chame-me de Lizzie, e acalme-se senhora, por favor.

— Pelo amor de Deus, diga-me alguma coisa. Fale que não perderei meu único filho. — A mulher começa a lacrimejar. Isso me deixa tristonha por um momento, apesar de ver aquele episódio quase todos os dias e em versões diferentes, eu não me acostumo.

— Desculpe. É que estamos desolados com esse acontecimento. — O homem de pele negra fala, levando-me a abaixar os olhos rapidamente.

— Benjamin passou por uma cirurgia delicada. Está fora de perigo, porém, continuará em observação. O pior já passou. — Sorrio, solidária.

Se eu pudesse, os abraçaria como forma de conforto, mas isto não seria apropriado, por isso me permito apenas observar a mulher sorridente abraçar o marido, feliz pelo filho estar bem. Filho este que tive a honra de salvar a vida junto com meus companheiros de trabalho e pela vontade de Deus… O médico dos médicos.

Arregalo levemente os olhos quando os braços finos da mulher me circulam na mais intensa alegria. Retribuo desajeitadamente e por cima do ombro vejo o marido da mulher sorrir abobalhado pela esposa espontânea.

— Obrigada! — Sorri senhora Campbell com seus cabelos negros um tanto assanhados pela euforia.

— Que educação — repreende-se o homem. — Chamo-me Joseph Campbell e esta é minha esposa, Margareth Campbell. Quando podemos ver nosso filho?
Saúdo-o com um aperto de mão.

— É um prazer conhecê-los…. Como disse anteriormente, ele está sob observação, por isso preferimos manter cautela.

Ambos assentem.

— Mais uma vez obrigada, estamos imensamente gratos por ter salvo a vida de nosso filho — diz ela, agradecida.

— Deus que nos deu esta vitória, eu fui apenas instituída por Ele. — Sorrio abertamente.

— Somos gratos primeiramente a Ele e depois a você e toda a sua equipe — rebate Margareth.

— Preciso ir, fico feliz de tê-los conhecido.

Despeço-me com um breve até logo, deixando-os cientes de que quando Benjamin estiver consciente, nós entraremos em contato, liberando-o para visitas. Retorno aos corredores e uma súbita vontade de ver como Benjamin Campbell está se recuperando me atinge. Acredito que todo aquele amor e atenção que os pais têm para com ele tenha me atingido de alguma forma, pois é admirável pais assim, tão afetuosos. É encantador aos olhos.

Entro na sala e no leito, respirando sossegadamente, se situa o homem. Ando cada vez mais perto, até que poucos centímetros me separam da cama. Tombo levemente a cabeça para o lado, olhando os batimentos cardíacos que estão normais, a pressão… Tecnicamente, ele está se recuperando normalmente.

Continuo a examiná-lo, mas não como profissional. Ele tem uma fisionomia comum, mas a estrutura óssea de seu rosto é realmente belíssima, queixo quadrado, nariz reto, lábios… carnudos e desejáveis.

Balanço levemente a cabeça, repreendendo-me com tal pensamento.

Mordo levemente o lábio. A pele escura dele traz um contraste lindo para os olhos verdes.

Olhos verdes?

Dou um passo para trás, surpreendida com o súbito abrimento de pálpebras, que rapidamente são fechadas. Solto todo o ar de meus pulmões, que não havia reparado que tinha segurado. Chego perto do homem e olho seus olhos. Visivelmente estão normais, apenas com as pupilas um pouco dilatadas. Nota-se que aquilo foi apenas um reflexo, ou algo semelhante.

Nada alarmante.

Saio a passos rápidos daquele quarto com a respiração um pouco descompensada e os pensamentos conturbados. Céus. O que acabou de acontecer?

— Doutora, há uma cirurgia a sua espera, dará entrada em cinco minutos. — Um enfermeiro esbarra comigo e só dá tempo para que eu corra.

Meu dia está voltando à costumeira correria e eu agradeço por isso, assim que estarei ocupada demais com meus pacientes e longe de pensar no acontecimento inusitado de agora a pouco e meu… Estranho comportamento.


Olá amores!!
Cheguei com o segundo capítulo para vocês. Espero que gostem, votem e comentem sobre o que acharam. Quarta-feira tem mais 1 capítulo. E se vocês ainda não conhecem Não Desista de Nós, corre conhecer a história do Murilo e da Amora, tem capítulo toda sexta-feira.
Beijos e até quarta. 🥰💜😘

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