♡ 09 ♡

No dia seguinte eu me levantei já pensando na primeira coisa que iria fazer hoje. Preciso falar com o secretário Cho e pedir que ele convença meu pai a não demitir Han. Parece contraditório da minha parte, porque eu sempre deixei claro que não queria um guarda-costas atrás de mim, mas sei que Jisung precisa muito desse emprego para cuidar do irmão e, além disso, se meu pai o demitir, vai contratar outra pessoa em seu lugar, então eu tenho que lutar para manter Han nele. 

Olhei no espelho, me lembrando que precisava passar pomada nos arranhões e trocar o curativo do pescoço, mas estava apressada demais para isso. Saí tropeçando do quarto e quase caí de joelhos no chão, se não fosse pelo corpo em minha frente que me segurou. Me ergui com sua ajuda, finalmente parando meus olhos nos seus. Meu coração balançou com o seu toque, Jisung estava ali.

— Han? — ainda nem acreditava que estava o vendo ali. Meu olhar se tornou confuso — V-você…? Quer dizer, meu pai não?

— Dei um jeito nisso, não se preocupe — ele me inspecionou tentando ver se eu tinha me machucado — Como está se sentindo? 

— Como assim deu um jeito? — sabia que meu pai não facilitaria as coisas depois que Han deixou o homem que me atacou escapar — Meu pai não mandou o secretário Cho te dispensar?

— Ele ameaçou me demitir se eu não cumprisse a ordem dele — ergui as sobrancelhas surpresa, Jisung olhou como se dissesse que estava tudo bem — Mas você não precisa pensar nisso, Srta. Kim, eu já cuidei de tudo.

— Tudo o que? — me sentia extremamente curiosa, queria saber o que ele fez para mudar a mente de meu pai. 

— Vamos deixar isso pra lá, certo? Quero que a senhorita foque apenas na sua recuperação. Por falar nisso, já comeu? Precisa se alimentar bem. 

Enquanto dizia essas palavras, Jisung me empurrava pelas costas em direção à cozinha. Não relutei, estava mesmo com fome, mas com certeza não tinha esquecido da nossa conversa. Ainda vou descobrir qual foi a ordem que meu pai deu a ele.

— Olha isso, Sra. Jeon, ela já estava querendo escapar de casa antes mesmo de tomar café da manhã — Jisung me dedurou, abri a boca incrédula. 

— Yá! Não é nada disso, Sra. Jeon! Eu já tava vindo comer! — fiz uma careta e resmunguei apenas para o guarda-costas ouvir: — Dedo duro!

A mulher me fuzilou com aquele olhar que dizia claramente que eu estaria em apuros se não obedecesse e sentasse para comer. Han puxou a cadeira para eu me sentar e comecei a tomar meu café enquanto os dois reclamavam do meu jeito teimoso como se eu não estivesse ali. Estranhei o relacionamento tão próximo dos dois, mas continuei em silêncio mastigando minha refeição. É bom que Jisung faça amizade com ela, é uma das poucas pessoas que confio nessa casa. Terminei de comer e decidi voltar ao meu quarto. Meu atestado médico pedia dois dias de repouso em casa antes de voltar às aulas, mas pretendo aproveitar esse tempo para terminar uma lista enorme de exercícios de Geometria Descritiva, uma das matérias da minha grade nesse semestre.

— Vou passar o dia no quarto estudando, Han — avisei quando chegamos na porta do cômodo — Você pode ficar na sala, no jardim ou onde for mais confortável pra você. Se eu precisar sair, peço para te chamarem, tudo bem? 

— Vou ficar aqui fora, como sempre, Srta. Kim. 

— Não precisa ficar de pé aí o dia inteiro, eu te chamo se for sair, prometo. Vou ficar bem, não se preocupa. 

— Como não vou me preocupar? A senhorita nem sequer trocou o seu curativo hoje — ele analisou meu pescoço, vendo a bagunça que o esparadrapo antigo estava. O tapei com a mão involuntariamente.

— Vou fazer isso agora! — exclamei com os olhos arregalados, correndo para dentro do quarto. 

— Me deixa te ajudar — entrou atrás de mim. Tentei negar, começando a tirar o esparadrapo sozinha na frente do espelho da penteadeira. 

— Ér… parece que vou precisar da sua ajuda dessa vez — espremi os lábios em uma linha, nunca tinha notado como minha coordenação motora era péssima. 

— Não me diga?! — sério, quando Han Jisung se tornou tão atrevido comigo?

— Se não vai ajudar, então saia, eu chamo a Sra. Jeon! — reclamei apenas para provocá-lo de volta. Pelo visto deu certo. 

— Desculpe, Srta. Kim — seu semblante mudou na hora. Confesso que ri por dentro — Considere essa pequena ajuda como o meu agradecimento pela sopa.

Ergui as sobrancelhas, surpresa, quando ele se agachou em minha frente e começou a tirar meu curativo com cuidado. 

— Ah… aquilo não foi nada, o importante é que está melhor — tentei não demonstrar que me arrepiei com o seu toque — Comeu junto com seu irmão? 

— Uhum — ele soltou um leve riso nasal — Hyeongjun adorou, perguntou quando você vai lá de novo.

— Ele é muito fofo — sorri também. Minha expressão mudou para dor no segundo seguinte — Ai! 

— Vou mais devagar — assenti. Seu toque era quase como sentir uma pena de tão leve. 

Ele terminou de limpar o corte, passou a pomada e fez um novo curativo antes que eu percebesse. Também sem que eu me desse conta, estávamos nos olhando fixamente a algum tempo. Nunca havia percebido como Jisung era bonito. Seu rosto angelical me dava vontade de cuidar dele, mesmo que eu soubesse que ele é quem foi contratado para cuidar de mim. Queria decifrar o que ele pensava ali, agachado, enquanto nossos olhos se encontravam, mas era impossível. 

Saí do transe quando escutei um barulho vindo do lado de fora. Eu nem tinha me dado conta que a porta havia ficado aberta quando entrei correndo com Jisung atrás de mim. Olhei para a porta, Henry estava parado bem ali, observando o que acontecia dentro do quarto. Han se levantou rapidamente, fazendo uma reverência para cumprimentar o outro. 

— Atrapalho? — perguntou com um semblante de dúvida no rosto — Posso voltar depois.

— Claro que não, Han estava só… me ajudando com o curativo. Entra!

— Obrigado pela ajuda, Han. Pode deixar que eu faço isso a partir de agora.

O olhar do Green foi amigável, como se quisesse mesmo agradecer o outro, mas senti quando de repente a atmosfera começou a pesar entre os dois. Não esperava que Henry dissesse aquilo, eu nem mesmo pedi a ajuda dele. Quando Jisung ergueu o rosto para responder, eu o interrompi, estava com medo de ver faíscas saindo de ambos.

— Tudo bem, eu consigo fazer o resto sozinha, vocês podem ir — ri embaraçada, tentando aliviar a tensão do cômodo — Tenho muito o que estudar hoje, então se vocês não se importarem…

— Claro, Jiwoo. Eu vim apenas ver se você estava bem, me ligue se precisar de algo, ok? — o Green sorriu para mim. Em seguida, virou-se para o guarda-costas — Podemos conversar um minuto lá fora, Han? 

Meus ouvidos se abriram automaticamente. Não que eu fosse o tipo de gente curiosa que não se aguenta sem saber de algum assunto, mas eles estavam falando disso no meu quarto, então eu não poderia deixar de ouvir.

— Sobre o que exatamente? — Han não pareceu disposto a dar muita abertura a ele. 

Confesso que achei estranho o clima tenso entre os dois, pois ontem mesmo Jisung me disse que Henry havia dado um remédio para ele enquanto estava no hospital comigo. Pensei que estivessem se dando bem, pelo visto, algo deve ter acontecido.

— Quer mesmo que eu fale aqui? — o tom ameaçador não pareceu atingir Jisung. Eu me ajeitei na cadeira como se isso fosse me fazer escutar melhor — Só achei impressionante como conseguiu pegar o cara que atacou a Jiwoo em uma única noite. Realmente impressionante… ou será que estranho seria a palavra certa aqui? 

— O que você disse? — não consegui deixar de me intrometer. Infelizmente, nenhum deles me respondeu, estavam ocupados demais se encarando.

— Vamos conversar lá fora — Han disse sério, perfurando o outro com o olhar, em seguida, se curvou para mim — Com licença, Srta. Kim, eu volto logo. 

Fiquei estagnada no lugar apenas processando o que tinha acabado de acontecer. Jisung e Henry saíram pela porta sem falar mais nada em minha frente, mas minha cabeça se encarregaria de criar todas as teorias por ela mesma.

Quando Han disse que tinha cumprido a ordem do meu pai e "dado um jeito nisso" ele estava falando sobre pegar o homem que me atacou? Como ele conseguiu fazer isso em uma única noite? E isso queria dizer que aquele homem está preso agora? Então eu já posso sair sozinha de novo? 

Quando me dei conta, estava resmungando sozinha no quarto sobre ninguém me contar nada nessa casa. Bufei mal-humorada. Terei que ir atrás dessas informações com quem está sempre no topo dos acontecimentos: Kim Taesoo.

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