♡ 07 ♡

Cambaleei e caí para o lado quando um som estridente chegou aos meus ouvidos. Mesmo que tudo parecesse meio borrado, consegui entender; Jisung tinha tirado o homem de cima de mim e derrubado a faca de sua mão, o barulho que escutei tinha sido do objeto caindo. Vi o vulto dos dois em uma luta corporal e Han imobilizando o homem encapuzado no chão. Senti algo escorrer em meu pescoço e soltei um gemido assustado quando passei a mão e vi o líquido vermelho na superfície da palma. 

— Srta. Kim! — Han soltou o homem, que correu sem pensar duas vezes e veio desesperadamente em minha direção — Você tá bem?!

Eu estava meio zonza, mas ainda conseguia me manter sentada com os braços apoiados no chão. Senti os braços do guarda-costas passarem pelo meu corpo e no instante seguinte eu estava sendo carregada em seu colo.

Mais tarde, no hospital, o médico passou para me ver. Jisung estava sentado em um banco ao lado de minha maca, mas se levantou imediatamente assim que o doutor entrou. 

— E então, doutor, como ela tá? — sua pergunta rápida, quase atropelando as palavras, mostrou o quanto ele estava agoniado. 

— Felizmente o corte foi superficial, não atingiu nenhuma artéria ou tecido importante — soltei a respiração que nem sabia estar prendendo. Han também pareceu aliviado — Não precisamos nem suturar, alguns dias usando as medicações e trocando o curativo, o corte vai cicatrizar tranquilamente sozinho.

— Obrigada, doutor. 

Estava me sentindo um pouco fraca e minhas pernas tremiam um pouco, mas fora o corte no pescoço e alguns arranhões nas mãos, eu estava cem por cento bem. 

— Sua alta é amanhã, vai ficar em observação hoje e vamos continuar administrando soro intravenoso. Logo vai se sentir mais forte. 

O médico nos deu mais algumas recomendações e saiu, me deixando sozinha com Jisung novamente. Respirei fundo, soltando um suspiro em seguida.

— Ele teria me matado se você não tivesse aparecido — verbalizar isso me fez sentir ainda mais medo —, obrigada por ter ido atrás de mim.

— Não vou mais te deixar sozinha, nem por um segundo — ele falou firme, olhando diretamente para mim.

— Eu tô bem agora, Han, mas você devia ir pra casa descansar, está doente. 

Soltei um pequeno riso nasal, achei o exagero de sua fala fofo, mas o rapaz continuou com o mesmo semblante, como se nunca tivesse falado tão sério em sua vida.

— Não estou brincando, Srta. Kim. Não vou mais sair de perto de você. Nunca.

Eu não sabia ao certo como reagir àquilo. Claro que estava com medo, afinal, o homem que me atacou fugiu, e ele pode vir atrás de mim novamente, mas também sinto que se eu ficar me escondendo atrás de alguém, as coisas só vão piorar. Sempre fui corajosa, então por que agora me sinto como uma garotinha indefesa? 

O próximo a entrar no quarto do hospital não foi o meu pai, embora eu estivesse esperando por ele e por algum conforto que sua visita pudesse me trazer, mas sim um policial que veio pegar nossos depoimentos. 

— Você viu o homem que te atacou? — o militar perguntou, segurando um bloco de notas nas mãos.

— Não consegui ver direito, mas pelo que ele falou quando me prendeu por trás, desconfio que seja o homem que estava protestando na frente da empresa do meu pai uns dias atrás… 

— Imagino que seu pai tenha muitos desafetos. A disputa no mundo corporativo é realmente assustadora.

Não respondi nada sobre o último comentário do policial, mas a minha mente continuava trabalhando sem parar. Muitas pessoas odeiam meu pai e a nossa família. Por sorte, nada de muito ruim aconteceu até hoje, mas sempre foi comum para mim receber ameaças de perfis anônimos na internet mesmo sem ter culpa de nada. Tudo o que sei é que nunca tive tanto medo quando agora. 

Assim que o policial foi embora, outra pessoa entrou no quarto, mais uma vez, não era meu pai. O próximo a chegar, tão ofegante que parecia que havia corrido uma maratona inteira, foi Henry. 

— Jiwoo! — chamou meu nome, preocupado, correndo na minha direção. 

O Green tinha os cabelos e roupas molhados e só então eu percebi que chovia lá fora. Ele se apressou e sentou no canto da maca, ao meu lado, e segurou minha mão, fazendo uma concha com as dele. Seu gesto foi tão rápido que eu não tive tempo de falar nada, tudo que conseguia era me sentir surpresa com aquilo, nunca tivemos nenhum tipo de contato físico até hoje.

— Eu vim correndo quando soube o que aconteceu. Você tá bem?!

— Sim, eu tô bem… o médico já veio aqui, disse que o corte foi superficial — eu estava surpresa porque, mesmo estando molhado, suas mãos estavam quentinhas sobre a minha. 

Fiquei tão imersa na aparição de Henry que nem me dei conta que Han ainda estava ali. O guarda-costas encarava as nossas mãos quando o Green o chamou:

— Han, você pode ir agora, eu fico com a Jiwoo.

Eu sabia que ele recusaria se eu não dissesse nada, mas também sabia que ele precisava descansar. Além de estar doente, seu irmão menor havia ficado sozinho no apartamento, estava preocupada com eles.

— Vai descansar um pouco, Han, você já fez muito por mim hoje. De qualquer forma, não vou sair desse hospital, então estou segura.

Ele apenas assentiu cabisbaixo, saindo do quarto em seguida. 

— Fiquei muito preocupado com você, Jiwoo — senti Henry acariciando minha mão e a recolhi cuidadosamente, não queria parecer rude, mas também não queria segurar a mão dele.

— Tá tudo bem agora, foi só um susto — forcei um sorriso — Você falou com meu pai? Ele tá vindo? 

— O Sr. Kim tem assuntos urgentes pra resolver, mas eu tô aqui, vou ficar com você, tá? 

— Então ele não vem? — eu pensei já estar calejada sobre isso, mas senti meus olhos encherem de lágrimas com a resposta negativa de Henry — Tudo bem… eu vou tentar descansar um pouco.

Virei o rosto para o lado da janela, as gotas de chuva escorrendo pelo vidro lembravam as lágrimas que eu deveria derrubar, mas segurava todas as vezes que me sentia assim, sozinha. Por sorte, não demorou muito tempo para que eu pegasse no sono. 

Durante a madrugada, acordei algumas vezes com a visita das enfermeiras que vieram me dar medicações, mas dormi novamente. Quando despertei mesmo já havia amanhecido, olhei para fora, a chuva havia cessado, mas as nuvens ainda cobriam completamente o céu, deixando o dia nublado. Do lado oposto da janela, Henry dormia na poltrona reclinada com um cobertor nas pernas, não pude deixar de sentir um pouco de pena, a noite foi fria em comparação com os últimos dias. 

Me sentei com cuidado na maca e logo uma das enfermeiras entrou, trazendo o meu café da manhã. A mulher gentilmente me disse para comer tudo e depois caminhar pelos corredores para ajudar na digestão, o que me deixou mais animada, pois não via a hora de sair daquele quarto. Depois de comer, saí do cômodo o mais silenciosamente que pude, não queria acordar o Green, mas, assim que passei pela porta, não pude deixar de soltar um suspiro surpreso.

Jisung estava agachado, encostado na parede branca com a cabeça apoiada nas mãos e meu coração disparou ao vê-lo ali. Estava com o mesmo moletom da noite anterior e uma aparência cansada, ele não tinha ido pra casa. 

— Han, o que tá fazendo aí no chão? Vem, levanta — o apoiei, ajudando-o a se levantar. Suas sobrancelhas se ergueram ao me ver.

— Srta. Kim? Você deveria estar lá dentro de repouso! 

— Quem devia estar de repouso era você, esqueceu que tá doente? — seu rosto estava pálido, mas pude jurar que vi um sorriso surgir no canto de seus lábios.

— Não se preocupe, o Sr. Henry veio aqui enquanto você dormia e me deu um remédio. Já estou melhor.

Isso não era algo que eu pensei que Henry faria. Na verdade, acho que o julguei mal cedo demais, ele é um cara legal no fim das contas, assim como eu, ele não tem culpa de ter um pai obcecado por negócios e dinheiro exatamente como o meu. 

— Ficou aqui a noite toda? — segurei seu braço, preocupada — Você devia ir pra casa ver o seu irmão, Han. 

— Tudo bem, Hyeongjun passou a noite na casa de um amigo da escola. Os pais dele nos ajudam sempre que precisamos.

Assenti com a cabeça, pelo menos seu irmão estava bem. 

— Escuta, você deve estar com fome. O que acha de irmos na cafeteria? 

Han estava prestes a aceitar o meu convite quando os passos rápidos e pesados do homem que eu fiquei esperando a noite inteira surgiram no local. Meu pai caminhou imponente em minha direção e a essa altura eu não esperava nenhum tipo de contato físico ou palavras carinhosas, mas pensei que ele fosse pelo menos perguntar se sua filha estava bem. É claro que isso também não aconteceu. Ele apenas parou em minha frente com aquele seu olhar frio e disse:

— Fiquei sabendo que teve alta, Jiwoo. Anda, vamos para casa, temos muito o que conversar.

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