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— Não sei, posso falar com ele?— perguntei,precisava ver Ethan desesperadamente,talvez juntos a gente possa entender isso ou sair disso, ou mesmo saber se isso é real.

— A família que ele está vai dar um baile na terça e fomos convidados, lá vocês podem conversar.— Quando pensei em falar algo ela já tinha saído do quarto a tempos.

Terça. Mas ela disse que hoje era domingo, meu Deus ainda tenho que aguentar dois dias. Felizmente pude ver que já estava escurecendo. Me levantei, meio que muito rápido. Isso era difícil no começo mas precisava me acostumar.

Quando eu era adolescente sempre quis viver nessas épocas, achava que seria bem mais fácil e incrivelmente lindo, achava que tinha nascido no século errado até realmente viver ele e ter que usar o banheiro com essas roupas. Aliás por que o banheiro ficava do lado de fora da casa? Ia dar um trabalho se eu quisesse ir lá de madrugada.

A propriedade era grande e vasta, decidi que iria caminhar por ela amanhã já que na terça iria embora se tudo ocorresse como o planejado. Tudo isso era estranho e muito novo, o tipo de coisa que só acontecendo comigo mesmo porquê se outra pessoa me falasse que passou por isso eu jamais acreditaria.

No meio tempo em que estava aqui decidi aproveitar cada segundo, já que não duraria muito. Entrei na sala principal e comecei a olhar as coisas com mais atenção. Os livros escritos a mão, uma obra rara, gostaria de ter tempo parar ler algum,mas não tenho.

Logo do lado da prateleira de livros a fotos em preto e branco coladas na parede. De Kaya, de seu pai que não me recordo o nome, e chega a ter uma foto de sua mãe também,mas Kaya está bem pequena,parecia ter três ou quatro anos. Ela deve ter perdido a mãe muito cedo.

E logo a frente encontrei um piano. Não pude deixar de sorrir. Tão diferente mas ao mesmo tempo tão igual ao que eu tinha. Meu rosto se encheu de lágrimas involuntariamente quando comecei a tocar A Thousand years, uma das poucas músicas que sabia tocar sem a partitura, e ali não podia por o fone de ouvido e esquecer o mundo ouvindo minhas músicas favoritas. Nunca pensei que coisas tão pequenas fossem fazer tanta diferença na vida de alguém.

— Que canção linda,eu nunca a ouvi antes.— Congelei no minuto que ouvi a voz doce de Kaya. Me virei para trás, ela estava sentada no sofá atrás de mim,me perguntei como ela conseguia se manter tão ereta.

— Obrigada.— Respondi o mais doce possível e me levantei a fim de me afastar do piano mas Kaya logo se interveio:

— Toque mais um pouco.— Insistiu.

Me sentei meio que involuntariamente no banquinho, tentei permanecer com postura,mas estava difícil.

Desta vez comecei a tocar someone like you, da Adele. Foi a primeira música que consegui tocar quando comecei a aprender piano, ela de certa forma me marcou.

— Você toca?— perguntei ainda sentada virando-me para trás após terminar.

— Não. Eu tentei mas não deu muito certo,meu pai toca.— respondeu ela simplesmente. Eu não quis tocar mais no assunto então me levantei e fui sentar a frente dela.

— Então vivem só vocês dois nessa casa enorme?— Perguntei tentando puxar assunto.

— Sim,eu nunca tive irmãos e minha mãe morreu quando eu era bem jovem.— Percebi a expressão triste no rosto de Kaya enquanto ela falava isso. Deve ser realmente solitário.

— Me desculpe,não deveria ter tocado em um assunto tão sensível,sinto muito.— Disse dando um leve sorriso a ela que retribuiu do mesmo jeito.

—Me conte sobre seus namo... pretendentes— corrigi assim que me lembrei que nessa época provavelmente não teriam namorados ainda.

— Tenho alguns mas nunca ninguém que eu quisesse.— respondeu ela sinceramente.

— Mas está interessada em algum?— insisti.

Kaya descruzou as pernas e respirou tão fundo que eu pude ouvir.

— Bem, há um garoto mas eu não acho que ele tenha nenhum interesse por mim.— assim que ela respondeu apareceu uma mulher com um vestido simples cinza e avental branco segurando uma bandeja com duas xícaras.

—Aceitam chá?— Perguntou ela.

—Sim,por favor.— Respondeu Kaya e a mulher foi até ela com a bandeija, Kaya retirou a xícara cuidadosamente e a mulher se virou para mim,só aí me dei conta que ela estava esperando uma resposta.

Droga,eu não gosto de chá.

— Não,obrigada. Vocês tem... café?— decidi arriscar.

— Sim senhora, já trarei um.— Respondeu a mulher e se retirou.

Suspirei aliviada. Não sei quanto tempo mais conseguirei viver aqui sem dizer ou fazer algo errado.

Só preciso aturar mais dois dias,e logo verei Ethan e tudo ficará bem,daremos um jeito de sair daqui.

Mal eu sabia que isso era apenas o começo.

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