Conto 5 - Reencontro de família - Parte 1
Reencontro da família
Parte 1
Aqui hoje, neste exato momento, eu simplesmente tenho que agradecer pela minha vida e da minha grande família. Nem tudo foi fácil, eu sei, na verdade foram períodos difíceis, mas juntos conseguimos superar cada um. As marcas deixadas servem para nos lembrar do que vencemos. E não o contrário como alguns gostam de afirmar.
Eu sou Catherine Mello Cavalcante, vou contar um pouco da minha história e dessa família maravilhosa. A família Cavalcante.
Namorei na adolescência com Augusto, foram quase cinco anos de convivência e uma deliciosa história de amor foi escrita, porém terminamos. Na verdade, ele terminou comigo. E cada um seguiu seu caminho.
Augusto casou com a moça por quem me deixou.
Um tempo depois eu conheci Antoniel, um homem galanteador, sensível e eternamente romântico. Voltei a ser feliz de novo. Casamos e formamos uma linda família.
Depois de trinta anos de casamento feliz, fiquei viúva.
Tive que assumir o império formado pelo meu marido e conduzir a família com muita dignidade e competência.
A vida, porém, mostra-nos surpresas e caminhos jamais imaginados. Reencontrei depois de 52 anos meu antigo namorado, Augusto.
O importante é que estamos aqui para celebrar.
É meu aniversário...
Meu finado marido gostava de dizer: "a cada 'tropeço' na caminhada da vida, serve para nos fazer mais fortes. Saber enfrentá-los é um aprendizado que a vida nos proporcionava. Pois, cada dificuldade ou doença, é uma escolha nossa. Ou seja, se deixamos que nosso corpo adoecesse, foi porque não cuidamos da nossa mente." Ele era um poeta... Adorava filosofar... Hoje, vejo que muitas de suas palavras fazem muito mais sentindo agora. Consigo compreender que somos resultados daquilo que plantamos dia a dia. E entendo a sua frase perfeitamente, 'deixamos nosso corpo ficar doente é porque desequilibramos emocionalmente'.
Infelizmente ou felizmente, não sei ao certo, um pouco tarde. Mas espero que eu tenha um tempo maior de colocar em prática tudo que venho assimilando e tendo maior compreensão com a maturidade. Como a família.
Fico me perguntando... Será que fiz o correto? Dei o meu melhor? Poderia ter feito diferente?
Não sei as respostas. Então tenho que viver com o que já fiz e tentar ser melhor daqui para frente. Pois, na ânsia de vencer, pecamos num detalhe: nem sempre é através de um patrimônio generoso que está a nossa verdadeira felicidade.
Como exemplo disto, tem a minha filha Tereza: apesar de todo o conforto que tinha aqui, ela preferiu ir em busca de um sonho na capital. Batalhou e venceu, com a graça de Deus. No entanto, não foi um sonho fácil de ser construído e no melhor da vida teve que enfrentar a maior de todas as dificuldades. Foi na família, com certeza, que encontrou a força que necessitava para manter-se firme. Eu sempre quis mostrar-me presente. Mas tem horas na vida que ninguém é mais presente que Deus.
Meu filho Tomas, esse gera ciúmes entre irmãos e netos... Confesso que já perdi a esperança de fazer-me entender. Acho que eles gostam de me ver explicar toda vez que esse assunto gera uma discussão. O amor de mãe e avó não se divide, multiplica-se sempre. Agora, fazê-los entender, é outra história.
Tomas, por ser o caçula e ainda morar comigo, não tem como não sermos mais apegados, mas isso não significa que o amo mais ou menos que os outros. Outro fator marcante é que ele cresceu sem a presença do pai, neste caso, eu precisei suprir essa parte. Apesar de que, meu filho Tárcio, por muitos anos tentou ser um pai para ele. Hoje eu penso que foi muita responsabilidade para um pequeno homem assumir tanta responsabilidade.
Outro ponto que me causa muitos questionamentos é sobre meu trabalho. Será que me ausentei demais da família para trabalhar e sustentar a todos com o padrão de vida que gostaria? Sei que tentei fazer o melhor. Mas qual é o melhor? O que traçamos como o certo pode não ser. Nunca parei e perguntei para os meus filhos o que eles preferiam, simplesmente fui fazendo de acordo que o que a vida colocava na minha frente. Dia a dia...
E o tempo foi passando... Deixei de lado a minha vida e minhas vontades para colocar a família como prioridade. Se eu me arrependo? Não! Talvez por ter falhado em algum ponto dessa caminhada.
Ainda bem que tenho o hoje para viver e colocar em prática cada aprendizado que a vida me ensinou aos dias que ainda me restam. E agora, sem mais medo, tudo tem que ser para a nossa felicidade. Afinal, não precisamos viver por ontem e nem pelo amanhã, a única certeza que possuímos é o agora. Viver o hoje é o que importa.
Sei... Sei...
Não é fácil... Mas acreditar já é um grande começo.
Ir em busca dos nossos sonhos e desejos não pode ser promessas.
Por isso, quero que vocês conheçam minha família. Seus sonhos, suas lutas e tudo que foram capazes de fazerem em busca dessa 'tal' felicidade. E eu, como mãe e avó, me sinto orgulhosa de cada história. Os choros e as derrotas fizeram partes apenas como um adversário a ser vencido nesta luta que é viver. Mas o sucesso sempre veio fechando cada ciclo e abrindo portas para novos desafios.
Quem pensa que família criada acaba os problemas e as preocupações... Engana-se... Hoje as preocupações apenas mudaram. Agora além dos filhos tenho os netos para preocupar-me: Bia, Raquel, Pedro, Suzana, Lara, Mel, Gabriel, Lanna, e o Vítor... Ah Vítor... Esse em especial tem me feito perder noites de sono.
Cada membro da família tem o seu jeito peculiar de ver a vida, encaminhou seus projetos de forma diferente. O ângulo do olhar de cada pessoa tem a sua própria medida, alguns mais amplos e outros mais fechados. O importante no final é o foco. O que se vê no final da estrada. E por tudo que pude acompanhar, sempre o amor foi o delineador desses olhares.
Amamo-nos.
Com todos os defeitos e nossas qualidades. Somos uma família que ama uns aos outros sem medidas.
Defendemos os Cavalcantes até o fim.
Ninguém ouse pensar ou muito menos falar de um membro da família que não seja para elogiar, pois caso contrário, estará arrumando uma grande confusão.
Cada pessoa que você vai conhecer agora é parte de mim e de minha história.
Falar de família é desmembrar pétalas de rosas.
Certo que juntas são perfeitas. Mas não duram assim para sempre.
Cada um tem que seguir seu rumo ao vento. Espalhar o pólen.
Continua com o cheiro e a essência, mas já não é a rosa.
Polinizam!
Traz novas formas, cores e tamanhos.
Agregam!
E assim formam um jardim...
Continua...
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