Capítulo 6 - O visitante ⓘ
A rua estava tranquila naquela manhã, eu estava caminhando pela calçada enquanto acenava para os vizinhos que riam em minha direção, ate que cheguei em frente a casa. Caminhei pela trilha de lajotas inseridas na grama verde, abri a porta e adentrei. Segui pela escada ate o andar superior e entrei no quarto, me deitei na cama e aspirei o ar que havia ali.
– Diego? – a voz de Jason ecoou em minha mente.
– Oi. – falei olhando para ele com escova de dentes na boca.
– Pensei que não ti veria por alguns dias.
Ri brevemente.
– Vim apenas pegar algumas coisas.
Ele me olhou vagamente e entrou no quarto.
– Esta tudo bem com você?
– Eu não diria que esta tudo bem. Não sei se pode me entender e tudo é tão novo para mim, ainda não me habituei a toda essa loucura.
Ele se aproximou de mim e me abraçou.
– Pode contar comigo. – ele sorriu.
– Obrigado. – disse por fim enquanto ele saia do quarto.
Revirei os meus olhos e caminhei ate a porta para tranca-la, mas novamente me vi em frente à Brittany que adentrou o quarto de forma impetuosa.
– Ai meu Deus eu ainda não acredito no que esta acontecendo. – disse ela de forma irritante.
– O que? – falei vagamente.
Ela me olha por alguns instantes, seu olhar fica perplexo e se aproxima de mim.
– A sua barriga não estava um pouco maior? – ela olha com curiosidade.
Segurei seu rosto, seus olhos focaram nos meus e vi pelo olhos dela o tom esbranquiçado dos meus olhos.
– Você vai sair daqui e não vai se lembrar de que eu estive aqui.
Ela ficou estática por alguns instantes e saiu do quarto fechando a porta atrás de si. No mesmo instante me dirijo para a escrivaninha e reviro as gavetas. Ate que acho uma foto. O celular em meu bolso comaça vibrar, não olho para o visor e o atendo.
- Sim... Claro. Tudo esta ocorrendo muito bem... – silencio – Tudo ocorrera como planejado. Esta tudo confirmado. Novas ordens? – meu rosto esboça um sorriso tenebroso – Sim senhor. Considere feito. – desligo o celular, pego a foto, uma mochila e encho de roupas que havia no armário e saiu do quarto.
Enquanto descia as escadas, tia Eliza se aproxima de mim.
- Diego – disse ela com um largo sorriso. – O que faz aqui?
- Vim pegar apenas umas coisas. –a ponto para a mochila que cobria a minha barriga.
- Esta gostado de passar um tempo com Elena?
- Sim – dei um largo sorriso. – ela é maravilhosa.
- E Diego... Eu não sei como...
Aproximo-me dela e lhe afago o ombro enquanto a olho nos olhos.
- Esta tudo bem tia. Eu mesmo ainda não sei bem o que pensar, mas o que posso fazer além de esperar?
- Eu sei querido. – disse ela em meio a um sorriso fraco.
- Agora eu preciso ir. – dou um beijo e me afasto indo em direção à entrada.
Caminho por algumas quadras com a mochila na mão, então a largo em um jardim qualquer. Meus olhos se tornam brancos de um brilho intenso e logo depois voltam ao normal.
- Oi Jason! – um garoto que passa por mim grita.
- Eae. Depois a gente se fala cara. – aceno de volta.
Meus olhos se estreitam e em meu rosto nasce um sorriso irônico.
- É bom estar de volta a Shadow Falls. – falo enquanto olho para a foto de Diego sorrindo ao lado de sua tia Eliza, Jason e Brittany.
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Todos tem um lugar que se sentem confortáveis, um lugar com a temperatura certa, com o balanço ritmado perfeitamente para que nós possamos dizer esse é meu lugar, é aqui que devo estar e ficar. Eu me sentia ótimo na casa de Elena, ela sempre me tratava bem, na verdade ela não me tratava como hóspede era como seu eu realmente morasse lá.
O clima nas últimas semanas estava nublado e chuvoso, eu adorava esse clima, me trazia conforto e paz, porque as pessoas preferiam ficar dentro de casa e não havia tanta gente agitada por todo os lados. As últimas semanas com ela haviam sido perfeitas, sempre saíamos, íamos ao cinema, ao parque e ela até me obrigara a ir em lojas de bebês e comprou um conjunto amarelo que realmente era bonito. Ela disse que gostaria de ter uma neta.
– Se for menina, qual o nome que você dará a ela? – Elena disse colocando chá em uma xícara que estava na minha frente.
– Não sei. – falei pensativo.
Apesar de saber que teria que escolher um nome, eu não fazia ideia de qual nome dar.
– Gosto de Melanie. – ela falou se sentando no balcão, bem a minha frente. – Não, prefiro Isabella.
– E se for menino? – falei rindo de sua indecisão.
– Thommas ou Ryan?
– Eu gosto de Ryan. – falei bebericando o chá.
– Sua barriga já está aparente. – ela mudou de assunto.
– Sim, mas parece mais a barriga de quem andou comendo muito no almoço.
– Ela vai ficar enorme. A minha ficou quando estava grávida de Eric, eu morria de dor nas costas.
– Tem fotos?
– Acho que tenho, mas não muitas. – ela falou indo ao armário de casacos na entrada e voltando com uma espécie de livro. – Aqui. – ela sentou no banco ao meu lado e abriu o livro, era um álbum de fotos.
Ela colocou em uma página onde havia várias fotos dela, e todas com a barriga grande. Uma segurando um par de sapatinho azul em frente ao ventre. Outra com o nome Eric escrito de batom vermelho na barriga, entre outras. Virei à página, e havia fotos de Eric quando era um bebê, algumas com mais ou menos um ano. E a cada página ele ia ficando mais velho. Parei em uma foto em que devia ter uns dez anos. Ele estava com um skate na mão, e sorrindo, estava com o cabelo bagunçado e com um pijama estampado.
Eu sorri.
– Ah essa aí foi no natal, ele ganhou um skate que me infernizou pra ter. – Elena riu.
– Ele era tão fofo quando criança. – falei deslizando a ponta dos dedos sobre a foto.
– Saudades do meu menino. – ela deixou uma lágrima rolar pelo seu rosto.
– Não chore, acho que nós já fizemos muito isso, agora tem um pedaço do Eric dentro de mim e nós precisamos que ele venha bem, então vamos cuidar dele.
Só então percebi o que eu havia dito de verdade. Eu realmente tinha um pedaço dele dentro de mim.
– Isso é verdade, essa criança virá ao mundo e ela precisa de nós. – Elena limpou o rosto.
– Acho que quero mais chá. – mudei de assunto.
– Sim. – Elena se levantou pegando o bule.
Ficamos conversando, até ás dez horas da noite, então resolvemos nos deitar. Fui para o quarto e escovei meus dentes. Deitei-me e relaxei. Cochilei, acordei assustado com um barulho na janela, era Sam. Sentei-me desnorteado, estava com muito sono.
– O que faz aqui?
– Vim te visitar. – Sam aproximou e sentou na cama.
– Poderia ter vindo mais cedo. – falei bocejando. – Vocês tem algum problema em aparecer durante o dia?
– Quer que eu vá embora?
– Não, fique.
– Ultimamente o assunto na alcateia não é outro a não ser você.
– Uau fama, tudo o que eu sempre quis. – levantei as mãos. – Desculpe, as oscilações de humor estão cada vez mais frequentes.
– E as dores na barriga?
– Continuam aqui, porém parece que ela está aumentando, sinto que terá uma época que nem vou andar.
– Não se preocupe, a gente dá um jeito.
O silêncio pairou sobre o cômodo.
– Sabe Sam, eu quero ser feliz. – falei quebrando o silêncio.
– Todos nós queremos. – Sam me olhou com a sobrancelha arqueada.
– Não, mas eu não me importava com felicidade, eu só queria viver, passar por coisas difíceis, ir a lugares diferentes e poder ser diferente das pessoas que querem um ideal, mas não eu, eu só queria passar pela vida sentindo cada pedacinho dela, mas agora tudo o que eu espero é que algo aconteça. Agora percebo que todos querem a mesma coisa, algo que as completem, algo que só de pensar as deixem felizes. Não tenho mais, isso. É como se eu não estivesse vivo até Eric aparecer, e agora que ele se foi parece que morri novamente, eu odeio isso, não suporto o fato de eu ter que sentir falta dele, mesmo ele sendo um idiota que me deixou aqui, eu odeio ele, e nunca vou perdoá-lo pelo o que ele está em fazendo passar, eu finalmente consegui o que queria, odiar Eric. – vomitei as palavras como se houvesse tempo de dizê-las.
– Desde quando você se tornou tão forte? – Sam perguntou.
– Eu realmente não sei. – falei colocando o cabelo atrás da orelha.
Em um movimento rápido Sam se colocou em minha frente e colou seus lábios aos meus. Seus lábios estavam gelados, porém tão convidativos, eu precisava daquilo. Levei a mão até a nuca de Sam, e a outra sobre a fina camiseta branca que ele usara, fechei meu dedos sobre o tecido e forcei o corpo de Sam contra o meu. Sua língua pediu passagem e eu cedi. Sam passou a mão pelo meu quadril e me deitou devagar, sem separar o beijo. Ele deixou seu corpo sobre o meu sem pesar. Não era como o dele, não eram os lábios de Eric. Isso fez com que toda minha expectativa fosse despedaçada. Parei de retribuir o beijo, e Sam deu um selinho em meus lábios. Alisei seus braços de leve.
– Desculpa Sam, eu não posso.
– Eu entendo. – ele falou se sentando.
– Por mais que eu tentasse você nunca seria meu, e eu nunca seria seu. – acariciei o seu rosto.
– A quem estou querendo enganar, você nunca vai deixar de amar ele, e você não o odeia.
O que ele disse era verdade. Eu estava magoado com Eric, mas não o odiava, eu não conseguia.
– Eu queria amar você Sam, você merece ser amado, e eu te amo, mas não desse jeito.
– Eu quero tanto você. – ele falou de cabeça baixa.
– Eu não quero mentir pra você.
– Não precisa. Eu te entendo. – Sam depositou a mão em minha barriga, a dor que veio em seguida da ação foi excruciante, eu soltei um gemido e levei a mão ao ventre.
– O que foi? – Sam perguntou preocupado.
– Quando você me tocou eu senti dor, faça novamente.
– Tem certeza?
– Sim. – falei de forma objetiva.
Sam colocou a mão em meu ventre novamente, e eu retraí o corpo com a dor, como se fosse um chute, mas muito forte.
– Parece que o lobinho não gosta que ninguém coloque a mão nele.
Sam sorriu.
Como eu não o amava, ele era lindo. Curvei-me e beijei Sam novamente. A dor tomou conta de mim novamente, olhei para a minha barriga impressionado.
– Não, parece que o lobinho não aceita ninguém além do pai dele.
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