Capítulo 4 - O Feitiço Proibido: Dybbuk Divisio

As sombras foram sugadas para dentro do olho dourado que ficou negro. Meu corpo despencou no ar em direção ao chão, mas fui segurado por Eric. Eu estava cansado e ofegante. Só então percebi que eu estava sangrando, havia a marca de uma mordida. A mesma que ele sofrera a poucos instantes.

Leiah e as bruxas se aproximam de nós correndo, ela olha para o chão e vê o olho de Hórus aberto e completamente negro, com o quádruplo do seu tamanho original. Diego estava intacto desacordado no chão, não havia sangue ou de que seu corpo estava se putrefazendo. Soltei um sorriso.

– Ele foi esperto. Muito esperto.

– Vocês estão bem? – perguntou Leiah.

– Ainda não estou morto, mas logo estaremos. Precisamos de um Dybbuk Divisio.

Leiah o olha sem acreditar no que está ouvindo.

– Você sabe que essa magia é proibida, os poucos que a usaram não obtiveram sucesso.

– Então acho melhor a gente ter sucesso nesse, porque é a nossa única chance de sair vivo daqui.

Eric se aproximou, estava péssimo. Seu corpo estava suado e seu corpo estava curando-se de todos os ossos quebrados, a sua face estava presa entre a dor e fingir que não sentia cada osso sendo reconstruído e retornando ao seu lugar.

– Você quer ajuda? – Leiah olhou para ele e ele balançou a cabeça em negativa.

– Mas aquilo – Eric apontou para o olho de Hórus no chão – não é tudo o que precisávamos fazer?

Dei uma leve risada irônica.

– Infelizmente não. Aquele é o olho de Hórus, uma peça única tão difícil de achar como de se usar. – disse enquanto meu corpo se cicatrizava devagar.

– O olho de Hórus – disse Leiah – é uma relíquia mística poderosa, ela consegue sugar qualquer magia para seu interior e purifica o ser de uma possessão. Entretanto ele funciona por um determinado tempo, não é algo definitivo.

– Em resumo: quando o olho voltar a ficar dourado e seu olho se fechar toda a energia sombria que estava nele, voltara para o corpo de origem. É por isso que precisamos de um Dybbuk Divisio. – complemento.

– Isso pode mata-lo, você sabe disso. – Leiah retruca.

– Ou ele pode nos matar também Leiah, o que preferi? Um Dämonenduo destruindo todas as realidades e a nós também ou um pequeno sacrifício a se pagar?

– Espera aí, nada de mortes aqui – Eric nos olhas decido sobre sua decisão. Seus punhos estão cerrados em uma tentativa de controlar seu lobo interior.

– Mas há chances de Diego sobreviver – digo caminhando enquanto a ferida demora a se fechar – Mas que merda de feitiço ele usou não estou conseguindo me curar como antes.

Silencio.

Me viro para o pequeno lobo e olho sua posição corporal, seus joelhos estão arqueados e o braço direito parece deslocado, seu corpo está de curando, mas assim como o meu, lentamente.

– Que garoto dos infernos! – eu grito.

– Mas o que houve? – Leiah me olha sem entender.

– Aquele maldito demônio desacelerou nossos processos de cura. Ele antecipou meus movimentos, quer nos deixar incapazes de nos defender ou ganhar tempo suficiente para que ele volte a este plano.

– O que vamos fazer? – perguntou Eric.

– Morrer. – digo secamente e me encosto no tronco da arvore.

– O que esse feitiço faz? – Eric olhou para Leiah em busca de respostas.

– Um Dybbuk Divisio? – ele meneia a cabeça em afirmação e ela continua - Dybbuk Divisio é uma magia muito antiga, ela faz com que o usuário possa dividir sua alma em duas partes de igual poder, entretanto o próprio Diego já é um. Isso fatiaria sua alma em duas partes menores. Se ele sobreviver a isso ficara em estado vegetativo para o resto de sua vida.

– Tem mais do que isso... – digo pensativo – Onde está o Diego dessa realidade? Em nenhum momento ambos se encontraram, eu estava observando tudo. Mas não houve nenhum sinal do garoto que pertence a essa realidade. E se...

– E se? – ambos falaram em uníssono e me olharam.

– É claro. Como eu não pensei nisso antes.

– Diga logo, pois já não sei mais o que pensar – Leiah ficou ao lado de Eric.

– Um corpo sozinho aguenta apenas um volume de magia, mas como o Diego dessa realidade não se encontra aqui... Preciso verificar uma coisa. Leiah, arrume tudo para o ritual. É nossa única escolha.

***

A casa estava com as luzes apagadas, me movimentei devagar e bate na porta da casa. Não houve resposta. Movimentei a minha mão em um movimento circular e a maçaneta da porta girou devagar, em poucos segundos a porta estava aberta. Estalei os dedos e acendi as luzes da casa. Caminhei devagar procurando sinal dos primos e da tia de Diego.

Ao caminhar por todo o andar de baixo e ver que tudo estava impecavelmente limpo e organizado, subi as escadas em direção aos quartos, mas ao me aproximar do piso superior pude sentir um feitiço de ocultação enquanto o cheiro de podridão invadiu o ambiente, aparentemente havia uma camada sutil de magia que impedia que o cheiro descesse pelo resto da casa, além de causar ilusões para os humanos.

Assim como andar inferior tudo estava organizado demais então como um movimento de mãos na frente do meu rosto eu roguei:

– Nebula dilabuntur¹.

Aos poucos o que parecia ser a casa perfeita e arrumada se desfez, o segundo andar parecia um cenário de filmes de terror, as paredes estavam manchadas por algo negro e uma nevoa espessa e cinzas flutuavam no ar, as portas estavam escancaradas e os corpos dos primos e da tia de Diego estavam no chão em estado de putrefação.

– Eu estava certo – as minhas suspeitas estavam certas.

Era imprescindível que o feitiço proibido fosse feito, a situação era bem pior do que eu pensei. Eles devem estar mortos desde que Diego chegou aqui, sendo assim, ele viveu dentro de uma ilusão criada para mantê-lo aqui e conseguir o controle de tudo.

– Como eu não percebi isso antes?

– O que não percebeu? – me virei olhando para a dona da voz feminina.

– Antes? – disse o homem que estava atrás dela.

– Ravena e Marcos – disse me encostando na janela. – Não é uma surpresa ver vocês por aqui.

– Agora não podemos dizer o mesmo de você – fala Ravena levantando suas mãos pronta para me lançar um feitiço. – Já que você matou você mesmo dessa realidade.

Dou um sorriso. Em um segundo estou com cada um, em uma das minhas mãos segurando seus pescoços contra a parede e apertando-os.

– Vou ter que atrapalhar os seus planos nessa realidade.

– Porque? – Marcos se mexia tentando se livrar do meu aperto enquanto me olhava nos olhos – Você ama Lucius.

– Porque eu já sei como isso termina. E nem mesmo ele pode controlar o que está por vir.

Dois clones surgem ao meu lado, cada um carrega uma enorme foice, cuja lâmina brilha mesmo com a pouca iluminação.

– Creio que vocês conhecem as correntes de Andrômeda, mas depois que as derreti as chamo de Foices de Andrômeda. E sei que sabem o que elas fazem, mesmo que vocês tenham feitiços de reencarnação.

– Stepan – Ravena suplica – Por favor, seja piedoso.

Assim que minhas mãos soltam seus pescoços e seus corpos caem no assoalho, suas cabeças decepadas rolam em direção a parede oposta presas em uma feição de dor eterna.

¹Que a névoa se dissipe.

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