Capítulo 3 - Dämonenduo
STEPAN
Uma onda de fogo inundou a floresta, explosões e gritos de mulheres pela floresta. Diego estava de pé, seus olhos estavam negros, sua boca estava manchada de sangue em um sorriso macabro. Ele havia quebrado a barreira que o prendia. Atrás dele haviam vários dos seus servos das sombras, os olhos vermelhos reluziam com as chamas.
– Não há mais tempo.
– Não! – gritou Eric.
– Segurem-no, vamos tentar salva-lo. – disse Leiah.
O problema de tentar salva-lo era que ninguém poderia fugir de si mesmo, das sombras que se escondem dentro do coração. Não existe pessoa boa ou má. Somos um misto e nos sentimos a vontade para seguir o que mais se aproxima de nossa personalidade. O único problema é que Diego sempre manteve seu demônio preso e controlado, e salva-lo significaria solta-lo.
– Stepan. – disse ele com um sorriso no rosto – Eu vou matar você!
Eu não estava gostando nada das proporções que tudo estava tomando. Literalmente as coisas estavam saindo fora de controle. Havia poucas que eu temia em toda a minha existência, e a única coisa que poderia realmente me matar estava na minha frente. Um Dämonenduo. Eu tinha meus próprios problemas para estar em Shadow Falls, mas aqui estava eu tentando resolver os de Lucius.
Ele veio correndo em minha direção, eu precisava proteger o meu clã de Bruxas e salvar Diego ao mesmo tempo, uma tarefa um tanto trabalhosa. Não havia força suficiente para o poder que ele emanava. Ele é muito poderoso, tão poderoso que mesmo que sua consciência esteja ali dentro em algum lugar as sombras vão engolir ele.
E elas pareciam emanar dele, um Dämonenduo é o ser mais cruel que existe. O corpo de Diego estava se despedaçando aos poucos, aquele corpo estava virando uma casca quebradiça com o passar do tempo como se algo queimasse ele por dentro e sua pele estivesse sendo tirada a força. Esse era o problema do poder, não se pode usar ele para se manter vivo mesmo quando a morte segura suas mãos. Há um preço cruel há se pagar. Eu me pergunto se ele se entregaria as sombras que nele habitam caso Eric morresse.
– É hora de brincar. – disse ele segurando meu pescoço – Que tal me fazer um favor? – disse ele em meio a um sorriso.
Em uma fração de segundo, enquanto o lobisomem pulava nas costas de Diego e o distraia eu escapei, meu coração estava acelerado. Era como se tivesse sentindo o meu fim com o toque daquele garoto. A sensação de que a morte estava a um passo de mim, me aterrorizava, mas isso não deveria acontecer era eu quem causava o medo em meus inimigos, claro isso até...
Eu precisava resolver esse problema e voltar para os meus, eu precisava pensar e avaliar com calma o que estava acontecendo. o clã de Bruxas estava se protegendo dos servos das sombras, mas caso Diego matasse o lobinho ou a mim seria o fim dessa realidade e provavelmente de todas as outras. Se eu consigo transitar com facilidade e até mesmo Diego conseguiu chegar aqui sem ter controle dos seus poderes, para esse Dämonenduo seria como dar um playground para brincar.
– Para tudo há uma fraqueza – pensei comigo mesmo, ate que uma ideia me veio a mente. – Não é a melhor ideia, mas não custa nada tentar, na melhor das hipóteses apenas irei distrair ele para que as bruxas fujam.
Em um segundo eu estava na frente dele, a uma distancia segura. O lobo estava machucado, sangue escorria da sua boca e ele relutava em usar a forma de lobo para se defender.
– Escuta aqui cachorro...
– O que você disse – ele grunhiu em protesto.
– Calado. Ou você começa a lutar de verdade ou nos vamos morrer. Melhor que ele fique apenas quebrado do que nos dois mortos e o resto da cidade em chamas.
Ele ficou em silencio.
– Ótimo. Agora preciso de sua ajuda, se quisermos pará-lo.
Diego riu, era alto e gutural como se houvesse um eco de sua própria voz.
– Não me faça rir. Com um estalo eu mato vocês dois. Mas quero que a brincadeira dure mais tempo. Aquelas – aponta para as bruxas – não iriam servir nem como aperitivo, mas vocês nem chegam perto disso também.
Clones meus se espalharam ao redor dele, enquanto Eric finalmente se transformava em um lobo completo. Diego nos olhava atentamente, parecia entediado.
– Espero que essa espera serva pelo menos compensadora, já que ao que parece irão lutar a sério. Se é que já não estavam. – ele gargalhou.
Dou um salto e me posto atrás de Eric.
– Você vai ter que imobilizar ele, tenho algo que pode nos salvar. Mas só vai funcionar se ele realmente ficar no chão. – sussurro.
Meus clones começaram a atacar Diego simultaneamente, ele se movia com graciosidade de todos, entretanto não os matava, parecia se divertir com o jogo. Eric assenti e avança, a minha vida estava em risco e era esse o motivo para que eu pensasse em usar algo tão poderoso e único em um Dämonenduo.
Com a chegada do lobo, Diego começa a matar meus clones que se tornam fumaça negra evaporam no ar. Eric avança sob ele, a mandíbula aberta mostrando os dentes, indo em direção a seu tronco, mas ele desvia. Sua velocidade não parece a mesma, assim como as suas feições. Eu não teria outra oportunidade, criei mais clones e avancei. Ate que ele descobrisse quem era o original eu provavelmente estaria ganhando a batalha, pelo menos era o que eu esperava.
Eric investia e conseguia refazer a rota segundos depois de Diego desviar. Mas para usar a relíquia ele precisaria estar no chão. Avancei e o ataquei em quase perfeita sincronia com Eric. Os clones continuavam a lhe dar trabalho e sua face parecia irritada.
A pele em seu rosto começava a flutuar e suas feições em carne viva e sangue é uma visão grotesca. Quando eu quase o acerto e ele desvia, Eric o morde, os dentes perfuram a carne, o lobo gira a cabeça fazendo a mordida ser mais profunda e dolorosa. Diego grita, a mandíbula se abre e ele cai no chão, o sangue escorrendo pelo seu abdômen. O chão afunda e forma uma enorme cratera, aquela era a minha chance. A única chance que eu tinha, era tudo ou nada.
Diego começou a se levantar e seus olhos negros se focaram em mim. Abro um portal dimensional e retiro dele um olho dourado fechado. O olho de Hórus. Era uma relíquia extremamente rara e difícil de se achar, levei quase toda a minha existência para acha-lo e quase perdi meus poderes para tê-lo.
– Putredo et involvunt, oculo signatum fuerat.*
O olho se abriu, uma luz dourada clareou todo o lugar, como se o sol estivesse ali e não fosse noite. Diego olhou diretamente para a luz enquanto com um sorriso no rosto dizia:
– Você sabe que isso não irá me segurar por muito tempo.
E no instante seguinte seu corpo caiu no chão.
* Encarne e apodreça, selado ficara até o olho se fechar.
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