Capítulo 2 - "As Sete"
STEPAN
O caminho não era longo, Diego parecia estar cansado. Meus olhos o seguiam de maneira discreta. Seus olhos se fecharam e sua respiração parecia se normalizar, mesmo que sua aparência se desfigurasse em alguns momentos como uma imagem pixelada. Quando finalmente chegamos ao local, desço do carro e olho para o garoto brevemente.
– Eu deveria ter ficado apenas com os meus próprios problemas. – pensei comigo mesmo.
Voltei ao carro e abri a porta, peguei Diego que estava dormindo e o coloquei me meus braços, sua pele ganhava um tom estranho de branco enquanto suas veias ficavam negras com o decorrer do tempo, do seu rosto descia um suor pegajoso enquanto seus lábios ficavam em um tom de roxo.
– Estou com um mal pressentimento sobre isso. – digo, reforçando em minha mente que eu deveria estar em outro lugar. – Mas já que estou aqui...
Quando fecho a porta do carro e me viro, sinto a presença dele.
– Não estou com tempo para isso pivete.
Ele se movimenta rápido pela floresta. Então em uma fração de segundo, ele rasga com suas garras minha panturrilha direita me desequilibrando e me fazendo ir de encontro com o chão. Ele pega Diego nos braços antes que ele caia no chão, só então posso ver o lobo humanoide na minha frente.
Ri comigo mesmo.
–- Então é por isso que o mundo cinematográfico representa vocês dessa forma. Clichê. – me levanto enquanto minha pele se curava e o sangramento estancava. – Sou muito velho para isso me derrubar.
Ele me ignora e se vira com Diego nos braços, estalo meus dedos e em uma fração de segundo há mais quatro de mim ao redor dele.
– Nada disso seu cachorro. – falamos em uníssono, movendo o indicador em negativa.
Então os olhos de Diego se abrem, negros como a escuridão. Na fração de segundo seguinte ele agarra o pescoço de Eric e o aperta. Seu corpo se vira como se estivesse possuído por um demônio. Seus pés não tocam o chão enquanto ele olha para o lobo que chora.
- Diego! Você vai mata-lo!
Ele me olha e sorri, no instante seguinte há uma cópia de Diego na minha frente com um único movimento ele enfia sua mão dentro do meu peito. Eu posso sentir meus ossos quebrarem aos poucos, meus músculos sendo afastados a força, o sangue que deveria estar estancado começa a derramar enquanto sinto ele segurar algo pequeno e pulsante.
– Vocês vão morrer aqui. – diz ele sorrindo.
E no instante seguinte, tudo escurece.
***
O cheiro de ervas impregnava minhas narinas quando meus olhos se abrem devagar novamente, minhas mãos vão ao local onde a mão de Diego havia adentrado. As lembranças vieram à tona e com o susto meu corpo se senta imediatamente, conferindo o local onde agora há apenas uma cicatriz.
Olho para o céu escuro, a lua estava cheia e majestosa. Olhei em volta e vi o pequeno lobo sentado, encostado em um grande tronco de arvore observando o clã de bruxas que se movimentava pela floresta.
– Nunca pensei que veríamos você novamente Stepan. – disse Leiah sentando-se do meu lado.
– Nunca pensei que precisaria vir até aqui. – olhei para a jovem loira de olhos azuis cintilantes.
Leiah estava bem moderna, considerando o tempo que as conheço. Claro que isso fazia muito tempo e as fogueiras para se apagar uma bruxa não existem mais, mas é nitidamente estranho ver ela usando jeans e uma blusa de uma banda de rock, além de calçar botas pretas.
– Ele quase extinguiu sua existência.
– Você sabe o que está havendo com ele?
– Ele é um Dämonenduo.
Olho para Leiah surpreso.
– Impossível. – dou um sorriso nervoso – Isso só aconteceu uma vez em toda a historia da humanidade e ela levou a morte de milhares. Você sabe disso Leiah.
Eric estava na nossa frente, nos olhava com muita atenção. Ele se aproximou rapidamente e sem ser convidado a conversa, não se conteve em se intrometer.
– O que é um Dämonenduo?
– Vamos começar pelo começo. Dämonenduo é tido como um demônio sem emoções ou remorso. Isso claro, vindo de uma há variações da magia e algumas veem de seres inumanos. – diz Leiah.
– Não consigo entender. – diz Eric confuso.
– Ele está em um estado que poderia ser chamado de demoníaco. – digo com desdém. – Para entender o Dämonenduo tem que ter em mente que existem mais de uma realidade. Multiuniversos.
– Poucas bruxas são capazes de andar por ambos os mundos sem causar a própria morte, já que não se pode existir duas vezes no mesmo lugar. Bem diferente dos Doppelgangers que é o jeito da natureza, Deus ou qualquer que seja a sua crença de corrigir o erro da imortalidade. Não temos o direito de existir para sempre. – conclui Leiah.
Ela fez uma pequena pausa, olhou para a fogueira no centro da clareira onde estávamos. Seus olhos seguiam as labaredas que dançavam no ar naquela noite fria.
– Mas por diferentes razões eles existem. No caso dos Dämonenduo, ele – aponta ela para Diego – absorveu sua versão dessa realidade o seu corpo não comporta todo esse poder. Ele está com uma massa de energia tão grande que não consegue controlar, ao mesmo tempo que ele é extremamente poderoso ele é fraco. Tanto poder, pelo que vimos indicam que a origem dos poderes dele é...
– Demoníaca. – suspiro enquanto me levanto.
– Em resumo... – Eric parece não entender nada.
– Os poderem de Diego são inumanos, eles não deveriam existir na verdade, mas certos rituais mágicos podem fazer isso. – ela me olha seriamente – O dobro de energia das trevas em um único corpo é de esperar que o poder esteja consumindo-o de dentro para fora. Existem apenas duas escolhas.
– Vou me arrepender cruelmente de perguntar. – digo com frieza. – Quais são nossas opções?
– Deixamos que ele morra ou separamos a energia em duas metades iguais.
– Que merda. Eu sabia que não deveria ter me envolvido nisso. O mais sensato é deixa-lo morrer. Ele já não existe na realidade dele mesmo.
– Vamos salva-lo. – diz Eric.
– Você quer salva-lo mesmo depois dele ter tentado te matar?
– Mas ele não o fez.
– Porque? – eu me aproximo.
– Ele ainda está lá, eu vi. Ele pode ser salvo.
– O que exatamente aconteceu?
ERIC
A minha forma de lobo se esvaia e meu corpo humano estava preso em suas mãos. De alguma forma eu estava feliz, eu não poderia viver se ele morresse, mas ele conseguiria ter uma vida feliz sem mim algum dia. Era o que eu esperava.
– Eric... – ele sussurrou.
Uma lagrima escorreu pelo seu olho direito. O corpo do outro caiu no chão enquanto a cópia sumia da mesma forma que havia aparecido.
– Não! Vamos mata-lo!
Mas sua mão estava frouxa, enquanto a escuridão do seu olho regredia aos poucos. Ele não falava nada, mas eu sabia que aquilo era um pedido de desculpas, e uma sombra se formou atrás dele, não tinha parte do corpo definido, ele apenas golpeou Diego e ele caiu no chão, no mesmo instante a sombra sumiu e meu corpo caiu no chão.
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