Capítulo 12 - Com amor, Damon

Suho deu um grito assim que abri a caixa. Meus olhos se arregalaram e peguei o bilhete que estava encima, escrito:

" Com amor, Damon"

Ele literalmente mandou a cabeça de Elliot para mim com "amor". Esse cara era totalmente psicopata.

— E-ele mandou a cabeça do Elliot — Suho disse horrorizada.

Aquilo não me assustou tanto quanto devia. Já vi coisa pior, já vivenciei coisas. O que era aquilo, afinal? Se a intenção dele era me assustar, falhou.

— É o que parece — inclinei a cabeça para o lado, encarando a cabeça.

Com os olhos abertos, parecendo ter vivido o maior pânico da sua vida.

— Você não tá assustada? — Suho me encarou incrédula.

— E por que? É só uma cabeça — dei de ombros — E do Elliot, honestamente estou aliviada. Damon tirou uma pedra do meu caminho.

Suho abriu a boca pasma.

— Puta que pariu! — Michael diz da porta, ao ver a cabeça — Isso é o Elliot?.

— Ele mesmo — retruquei.

— Que presente, ele é doido — deu risada, se aproximando mais.

— Você sabe que foi o Damon? — arqueei as sobrancelhas.

— Sim, ele veio deixar pessoalmente. E acabamos trocando algumas palavras — deu de ombros — Ele não está para brincadeira

— Você jura? — Suho apontou para a caixa — Ter se aproximado desse cara foi uma péssima ideia! Imagina as outras coisas que ele faça? Tipo colocar câmeras pelo apartamento, rastreador em você — apontou para mim.

— Ele não chegaria a tal ponto — fiz careta.

— Chegaria — Michel rebateu — Aquele cara é um psicopata, quando se trata de você. Tá aí a prova — apontou para a caixa e fez careta.

Meu celular vibrou e eu peguei para ver. Era Damon.

Apertei o celular nas mãos.

— É ele? — Michael perguntou.

— É — decidi responder.

— Se Alexsandro souber que estamos com a cabeça do filho dele. Estamos fodidos — Michael disse.

Dei um pequeno riso, atraindo atenção dos dois ali.

— Tá rindo de que? — Suho disse — Estamos encrencados se Alexsandro souber...

— Não vai! — guardei o celular — Em outra situação, poderíamos dedurar o Damon. Mas agora, com o plano, não. Vou queimar a cabeça, certamente não tem mais o corpo do Elliot.

Peguei a caixa em minhas mãos.

— Como sabe? — Suho perguntou.

— Conheço o Damon a pouco tempo, mas o suficiente pra saber que, não deixaria vestígios da existência do Elliot — sai do quarto.

Não me sentia mal pelo que aconteceu, eu não sentia nada. Era apática pelo que aconteceu ao Elliot. Ele mereceu, tentou matar meu irmão, e no fim, morreu pelas mãos do nosso inimigo.

Gosto mais do Damon agora, por ter tirado Elliot no meu caminho. Ele mataria todos que ousasse me tocar? Me ofender? Sempre tive a proteção de Klaus e Michael, mas dessa maneira, tão intensa.

Eu sei que meu irmão mataria por mim. Mas eu sei que ele tinha seus limites. Já Damon, não conhecia essa palavra.

Senti uma presença atrás de mim, enquanto a cama afundava. Senti uma mão quente passar entre minhas tranças. Eu sabia quem era, mas não tive medo. Afinal, eu não poderia fugir. Ele não me deixaria em paz.

Por favor Damon, se apaixone, para que eu possa seguir minha vida. Demonstre alguma fraqueza, qualquer coisa.

— Apareceu, psicopata — falei, ouvindo uma pequena risada atrás de mim.

— Estava con saudades, amore? — meu coração acelerou, com o nome.

— Corta essa — zombei e ele riu — O que você veio fazer aqui?

Eu ainda estava de costas para ele. Sentindo sua mão nos meus cabelos.

— Vim te ver, Pantera. Preciso ter algum bom motivo, para vim aqui? — senti ele mais próximo.

Suspirei, apertando as pernas.

— Está tarde, você não dorme? — provoquei.

— Algumas vezes — zombou — Gosto de te ver dormir.

Admitiu e eu senti meu corpo arrepiar.

— Isso é um tanto perturbador — digo.

Io sou perturbado, faz parte — riu e então eu decidi virar para ele.

A janela seu uma pequena frecha de luz, para ver um pouco do lado, do seu lindo rosto.

— Você não é normal, Damon — sussurrei — Costuma perseguir as mulheres que se interessa?.

— Nenhuma mulher me despertou uno interesse tão grande, ao ponto de persegui-la — seus olhos me encaravam, mesmo com a pouca iluminação.

— Mas eu...

— Você é exceção, una completa exceção — completou — Você é un desafio, se Io gostasse de coisas fáceis, Io no estaria aqui.

Ele se aproximou mais e senti sua mão tocar minha cintura. Suspirei e deixei que prosseguisse. Ele apertou minha carne e eu arfei.

— A cabeça de Elliot era só uno aviso — seu corpo bolou sobre o meu.

Apoiou seu peso e nossas pernas ficaram entrelaçadas. Sua respiração pesada estava no meu rosto, seu olhar queimava meu rosto.

— Aviso? — arqueei a sobrancelha.

Sua mão desceu, apertando minha cintura.

— Matarei qualquer uno que ousar algo con você — seus dedos acariciaram minha pele.

— Muito esforço — dei um sorriso de lado — Não sou o tipo que vira propriedade de ninguém.

Disse e ele sorriu de lado, mostrando sua covinha.

— A mia, você vira — roçou seu nariz no meu — No duvide do que Io falo. Sou capaz de tudo, para ter o que quero.

Seus olhos me comiam, parecia que minha alma era vista através deles. Senti meu coração acelerar, como nunca antes. Meu peito queimar, sobre seu olhar intenso.

O que é isso?.

Você irá jantar comigo — disse isso, no como uno pedido, e uma ordem.

— Eu não aceit...

— Você vai, amore — tocou meu queixo e se levantou.

Me deixando atômica.

Apoiei nós cotovelos o observando andar pelo quarto, tranquilamente, indo até a porta.

— Te vejo amanhã, amore— dito isso, saiu do quarto, fechando a porta.

— Mas que filho da puta! — resmunguei, me deitando de novo.

— Você sabe que o pagamento é até amanhã, certo? — digo ao homem a minha frente.

Eu era uma das responsáveis pela cobrança. E quando Klaus estava ausente, cuidavamos dos negócios dele. Como ele dizia, éramos seus herdeiros.

— Eu sei, mas estou sem grana, tenta entender Darcy — o homem implora.

Jogo a cabeça para trás cansada. Odiava cobrar pessoas duras de dinheiro, se não tem, pra que pedir? Só resulta a morte.

— Vejamos bem, Henrique — me levantei — Você pediu dinheiro, nos demos a você. E seu único dever, era nos devolver, na data certa — me inclinei na sua direção, segurando sua cadeira.

Ele tremeu ao ouvir o rugido de Evil. Que era segurada por Michael. Que também estava com medo de ser devorado.

— E-eu sei, só me dê mais um tempo por favor — implorou e eu revirei os olhos — Não me mate Darcy. Eu tenho família, tenho filhos, eles dependem de mim.

— O problema não é meu — me ergui — Você sabe o que acontece, quando não pagam. Não importa se tem família ou não, aqui não tem esse lance de misericórdia — dou de ombros.

— Por favor Darcy, eu imploro! — se ajoelhou.

Eu estava exausta, odiava pessoas implorando por suas vidas. Eu me comovia, mas não poderia dar o braço a torcer. Eles tinham que aprender, que se pegou, paga. Olhei para Michael, procurando alguma coisa dele. Ele mantinha a cara de sempre, e fez sinal com a cabeça. Para que eu continuasse.

Michael era como o Klaus. Ele não tinha pena, se fosse para matar, ele matava sem problemas. Eu não era como eles, tinha meu lado ruim, mas não era cem por cento. Eu tinha um pouco do meu pai, mas eu sabia que eu tinha herdado a psicopatia da minha mãe.

Mesmo que eu odiasse ela, eu sabia que dentro de mim, tinha um lado dela, sedento e horrível. Assim como Michael tinha o lado dele. Não éramos bons, longe disso. Éramos egoístas, manipuladores, assassinos. Nunca me colocaria como uma mocinha indefesa.

— Michael — chamei e me afastei — Solte a Evil.

O homem arregalou os olhos e gritou desesperado, pedindo por clemência. Michael me olhou mais uma vez, querendo confirmação.

— Solte-a — mandei e virei para a janela.

— Darcy! — gritou e ouvi o rugido de Evil.

E os gritos ecoarem pela sala. Olhei a cena e Evil estava encima dele, enquanto ele lutava para sobreviver. Os sons das mordidas, dele se engasgando com o próprio sangue, revirava meu estômago. Mas não recuei para trás.

Michael pôs a mão no meu ombro e o apertou de leve.

— Senão se sente bem, vendo isso. Não veja — disse.

— Isso não é nada — desviei o olhar para a janela.

— Não precisa fingir. Não sentir nada o tempo todo — disse e massageou meus ombros.

— Eu não sinto — retruquei — Sentir algo me torna fraca, e eu não quero ser fraca.

— Eu te entendo, hermana — apoiou seu queixo, no topo da minha cabeça — Não seremos fracos, nunca mais.

— Nunca mais — afirmei.

Tremi as mãos, com medo de acontecer alguma coisa. Minha mãe surtou mais uma vez, e eu não sabia o que fazer. Eu estava sozinha com ela e horrorizada. Ela destruiu toda a cozinha, gritando com uma faca nas mãos, dizendo que vai me matar.

O armário do corredor virou meu esconderijo, entre as várias coisas que tem aqui dentro. Tranquei a porta por dentro, até que meu pai e Michael chegassem. Ouvi seus gritos assustadores, e ela batendo nas paredes.

— Apareça pirralha! — gritou estérica — Eu te odeio, te odeio! Vou te matar!

Solucei baixo agarrando meus joelhos. Eu nunca consegui entender muito bem seu ódio por mim. Ela odiava Michael também, mas parece que comigo era pior. Era direcionado a mim, todas as agressões possíveis.

Ela dizia que eu era horrível, que meu cabelo era uma palha, por ser diferente. Eu tinha cabelos bem cacheados e negros, ela não gostava deles, os odiava. Os puxava sempre que podia. Dizia que e eu era um leão marinho de gorda.

E que eu não era sua filha, porque era feia, gorda. Dizia que eu estraguei a vida dela e preferia ter me matado enquanto eu estava na sua barriga. Minha mãe era bonita, mas parece que sua loucura a acabou. E ela me culpava por isso.

Ela não queria filhos, nunca quis. Teve por causa do meu pai.

— Desgraçada! — ouvi ela bater contra a porta — Abra sua gorda horrorosa!.

Bateu mais uma vez e as batidas do meu coração eram tão rápidas, que eu mesma as ouvia.

— Abra, eu vou acabar com você! Vou cortar esses seus cabelos horrorosos, você é horrível! — bateu mais contra a porta — Quando você tiver dormindo, eu vou esfaquear seu pescoço.

Solucei sem parar, querendo que alguém chegasse logo ali e me tirasse daquele situação. Eu tinha medo dela, tinha medo de dormir, de ficar no mesmo ambiente que ela.

— Para mãe! — gritei.

— Não me chama de mãe, sua puta! — gritou — Eu odeio ser sua mãe!

Coloquei o rosto nos joelhos, sentindo meu coração doer. Eu queria que ela me amasse, como eu a amo. Eu a amo tanto, sempre tentei me aproximar, sorrir, brincar, tocar. E sempre fui desprezada. Ela nunca me abraçou ou fez carinho em mim. Sempre era meu pai que fazia isso.

Eu sabia que ele a amava, por isso não tinha ido embora ainda. Ele queria muda-la, tratá-la. Mas nada funcionava. Eu via como ele sofria, por ela ser assim. O peguei chorando, lamentando por isso.

Apesar dele não ser um homem politicamente correto, ele nos amava. E fazia de tudo por nós. Mas não se ligava que o perigo estava dentro de casa.

— Corine, querida, chega! — ouvi meu pai e fiquei aliviada.

— Darcy? — ouvi Michael gritar e bater na porta.

— Se ela sair, eu a mato! — gritou.

— Corine, para com isso — meu pai a repreendeu — Me dê essa faca.

Ainda fiquei ali, apenas ouvindo tudo.

— Aí! — meu pai gritou.

Nessa hora me levantei rapidamente e abri a porta. Arregalei os olhos, vendo o braço dele sangrando. Ela havia cortado ele.

— Pai — sussurrei.

Arregalei os olhos quando ela veio para cima de mim. Michael foi rápido e a empurrou para longe, agarrando meu corpo. Logo dois homens do meu pai entraram na casa, segurando os braços dela.

— Me soltem! — gritou estérica — Me soltem!.

— A levem para o quarto — meu pai mandou e eles a arrastaram.

— Você vai ficar bem — Michael sussurrou e eu chorei contra seu peito.

— Querida — meu chegou perto e eu olhei para seu braço.

— Você precisa de um hospital, pai — falei, tocando nele.

— Vou ficar bem — acariciou meus cabelos — Perdoe sua mãe, ela não está num dia bom.

— Ela nunca está, pai — Michael me puxou para seu lado — Olha o que ela fez com o senhor. E se ela tivesse feito com a Darcy? Você não percebe? Ela é o perigo!.

— Eu sei, filho. Estou tentando ajudá-la, o med...

— O médico não vai ajudá-la! — Michael o cortou — Ela é uma psicopata e se você não fizer nada, ela vai acabar matando a Darcy ou me matando. Ou até mesmo te matando!.

Meu pai suspirou derrotado.

— Se ela continuar aqui, vou embora, e levo a Darcy junto — disse firme.

— Vocês são só duas crianças, Michael. Não vou deixar cometer uma loucura dessa! — retrucou — Vou redobrar a segurança, sua mãe não ficará sozinha. Mas por favor, não me peçam para desistir dela, ainda não.

— Ok — suspirei derrotada — Você a ama, não vou exigir que a deixe. Mas por favor, mantenha ela longe de mim.

— E de mim, ela não é minha mãe. É só uma doida que me teve — Michael segurou minha mão e me puxou para fora da casa.

— Para onde vamos? — perguntei.

— Para longe dessa casa. Que tal o parque? — sorriu.

— Eu adoro o parque — retribui o sorriso — Mas o papai? O corte...

— Ele vai se cuidar — me cortouMinha preocupação é você, sempre vai ser você.

Senti mais segura com suas palavras.

Me olho no espelho, me considerando bonita. Demorei muito tempo para me sentir assim. Demorei muito tempo para entender, que eu não sou tão horrível, quanto a minha mãe dizia.

Apesar de esconder ainda as inseguranças dentro de mim. Michael sempre diz que sou linda, para fazer-me sentir melhor. Ajusto o vestido no corpo. E mesmo não sendo uma das minhas ideias preferidas jantar com o Damon. Não faria mal, eu aceitar.

Isso ajudaria me aproximar, tirar alguma coisa dele, talvez? Me sentia ansiosa, eu já tinha contato com ele, mas um jantar? Ele não parecia o estilo romântico. Isso não era um encontro... Ou era?.

Bufo e caminho até meu celular, vendo o horário. Ouço a campainha, que ecoa por todo lugar. Não tinha uma mensagem dele. Saio do quarto, seguindo o corredor até às escadas. Desço elas, dando acesso a sala.

Caminho, vendo Damon trocando algumas palavras com Elena. Ele estava tão lindo, gostoso, puta que pariu! Ele estava esplêndido. Ele usava uma calça social preta, um blazer do mesmo modelo e uma blusa social também preta, com alguns botões abertos, o deixando despojado.

Ele vira seu olhar para mim, que queima minha alma. Ele desliza seus olhos da minha cabeça aos pés. Tão lentamente, sem pressa, parecendo me apreciar. Seus olhos voltam para meu rosto e ele dar um sorrisinho de lado.

— Ele veio te levar para o jantar querida — Elena diz, parecendo encantada com o Damon.

Eu não a julgaria, ele é lindo.

— Obrigada, Elena — sorrir e voltei meu olhar para ele.

Elena se retirou, parecendo uma boba, alternando os olhos entre nós dois.

— Você está simplesmente divina — disse se aproximando — Bela demais, Pantera.

Senti corar e me amaldiçoei por isso.

— Você também não está nada mal — o encarei de cima abaixo — Nada mal mesmo.

— Vou traduzir isso como : Estou maravilhoso, irresistível, gostoso! — se gabou e eu revirei os olhos.

— Tão convencido — cruzei os braços — Podemos ir agora?

— Podemos, amore — piscou e segurou minha mão.

— Eu sei ir até a porta — soltei minha mão e ele sorriu.

— Vai ter uno dia, que quando Io pegar você, vai implorar que Io no a solte nunca mais — piscou e passou por mim.

Desfilando como se tivesse numa passarela. Revirei os olhos e o segui. Seria um longo jantar, muito longo. Até no elevador a tensão estava no ar. Ele parecia tomar todo o espaço com seu tamanho. Até às três pessoas conosco perceberam.

Elas o olhavam com uma admiração e medo. Ele parecia aéreo a elas, apenas com as mãos no bolso, e encarando fixamente os números que passavam na telinha preta do elevador. A mulher do seu lado, parecia come-lo apenas com os olhos.

Olhei para ele, vendo que ele estava foda-se para ela, nunca desviando o olhar dos números. A encarei fixamente sem desviar o olhar. Ela percebeu e encaixou o olhar no meu. Cerrei os olhos para ela, tão séria. Ela pareceu desconfortável e desviou o olhar envergonhada.

Dei um sorrisinho vitorioso e olhei para cima, vendo os olhos dele em mim. Parecendo satisfeito com minha atitude. Ele percebeu tudo, só estava fingindo não ver.

Estávamos dentro do carro e estava um silêncio estarrecedor. Ele parecia bem concentrado na estrada. Eu não queria puxar assunto, na verdade, eu não sabia como puxar. Com Damon tudo era complicado. Ele não era fácil de conversar.

— Pode colocar una música se quiser — quebrou o silêncio.

— Não se incomoda? — o olhei.

— Nada sobre você me incomoda — retrucou.

Conectei meu celular no bluetooth do carro. E cliquei na música Come As You Are do Nirvana. Ele pareceu gostar do som e começou batucar os dedos no volante.

— Eles são muito bons — elogiou.

— Você gosta? — o olhei surpresa.

Io adoro eles, são demais! — sorriu.

Comecei me sentir mais confortável com ele agora.

— Depois vou te mostrar os pôsteres que tenho — completou.

Ele parecia animado com isso. Concordei e voltei a olhar para frente. O ouvi cantarolar uma parte da música e sorrir de lado. Michael não curtia Nirvana, eu não compartilhava as músicas com ele. Mas Damon, gostava. Não me sentia sozinha nesse aspecto agora.

Chegamos ao um restaurante que por fora, parecia ser podre de chique. Fomos recepcionados, como se fôssemos o rei e a rainha do local. Nossa mesa era exclusiva, numa ala mais vazia. Tudo era puro luxo, até a toalha de mesa.

— Gostou do lugar? — perguntou.

— É bem bonito — olhei tudo admirada.

— É mio — sorriu.

— Você investiu bastante aqui — me ajeitei na cadeira.

— Para isso que o dinheiro serve — deu de ombros.

Revirei os olhos e cruzei as pernas.

— Sr. Vacchiano que bom vê-lo, o restaurante está nos conformes, desde a última vez que veio aqui — um homem de terno disse.

— Perfeito, Elias — sorriu — Deixe-me apresentar. Essa é a Darcy. Darcy, esse é Elias, o gerente do restaurante.

Elias, certo. Mas um nome para a lista.

— Prazer — estendi a mão.

— Prazer, querida — pegou minha mão e beijou as costas dela.

Fiquei surpresa com seu cavalheirismo.

— Devo dizer que você é muito bonita — sorriu educado.

— Muito obrigada, Elias — sorrir.

Ouvimos Damon, forçar a garganta e olhamos para ele. Que mantinha os olhos sobre Elias. Parece que o homem pareceu entender e mudou a expressão totalmente.

— Bom, vou pedir para Robert trazer os cardápios — disse e se retirou.

— Por que me chamou para jantar? — fui direta.

— Por que é o que persone normais fazem? — inclinou o corpo — No tivemos nenhum encontro...

— Isso não é um encontro — o cortei — Só quis vir, porquê não tinha nada melhor para fazer — fiz indiferença.

Mas isso não pareceu afeta-lo, pelo contrário.

— Se você no viesse por vontade própria, viria pela mia vontade — disse e eu arqueei a sobrancelha.

— Você não me deu muita opção — o lembrei.

— Acho que você no entendeu, quem dar as cartas aqui — apoiou os cotovelos sobre a mesa.

Cruzando as mãos enfrente a sua boca, me encarando fixamente.

Io dou as cartas, amore — sorriu.

Sorriso cafajeste.

— Talvez você desse as cartas, com as outras pessoas, amor — ironizei o "amor" — Mas comigo, a sua banca de homem mal, não funciona comigo — endireitei a postura.

Jogando minhas tranças para trás, descobrindo o busto, e descansando meus braços sobre os encostos da cadeira. Damon desceu os olhos pelo meu corpo e o vi travar a mandíbula.

— Vamos ver — fixou seu olhar no meu.

O garçom chegou, o tal Robert, entregando os cardápios. As comidas eram todas italianas. Evidente, já que Damon era italiano.

— Escolha o que quiser, no importa o preço, o dono sou Io — disse e passou os dedos pelos cabelos.

Olhei por cima do cardápio, sorrateiramente. O vendo tão sério encarando o cardápio, com o cenoura franzido, e brincando com os dedos lentamente. Enquanto parecia um homem de negócios, vendo documentos importantes.

Suspirei e voltei olhar para o cardápio. Tinha preços altos, mas não me importei. Se eu podia escolher o que eu quisesse, faria questão de pedir o melhor. Depois de tanta indecisão, pedi um Linguine allo Scoglio, levava frutos do mar.

Levei a taça de vinho a boca e bebi. Vendo que os olhos de Damon estavam em mim, o tempo todo. Parecia um falcão.

— O que foi? — arqueei uma das sobrancelhas.

— Você é bela — disse transparente — Mas afiada, como una lâmina. O que você esconde?.

— Como assim? O que eu escondo? — onde ele queria chegar?

— Você e Michael no tem pais, apenas aquela empregada, chamada Elena. Vivem em uno appartamento de luxo, tem veículos de luxo, con que dinheiro? — ele estava me analisando.

Ele queria saber da minha vida.

— Creio que isso não seja da sua conta — desviei o olhar.

— Ah, é, acredite, querida. Quando Io quero descobrir alguma coisa, Io consigo — voltei meu olhar para ele — Você é uno poço de mistérios, Darcy. Tudo que sei sobre você, é pouco. Quero mais, muito mais.

— Se contente com o suficiente, Damon — me inclinei em sua direção — Minha vida não interessa a ninguém — cruzei as mãos sobre o queixo — Mas já que quer saber, te direi um pouco. Sou herdeira de uma herança milionária, deixada pelo meu pai.

— Herdeira? — perguntou e eu assenti — Acredito que Michael quem comanda, certo? Ele é o mais velho.

— Nós dois fazemos isso. Agora você sabe de onde vem o nosso dinheiro — girei meu dedo, ao redor da boca da taça.

Io quero mais — disse exigente.

— Negativo, sua vez. Sua vez de me falar de onde vem esse seu dinheiro. Acredito que seja algo tão ilegal — sorrir.

— Ah, é? E por quê pensa isso? — disse entrando no jogo.

— Sou esperta o suficiente para saber que você, é jovem o bastante, para ter todos esses poder. Sem alguma ligação — sorrir vitoriosa — Me diga, vamos ser confidentes, amor.

Buono, no esperava ter esse tipo de conversa tão cedo. Mas vou ser justo — sorriu — Sou uno gangster, mafioso, criminoso. Sou herdeiro de um império mafioso, localizado na Sicília.

Aquilo não era nenhuma surpresa pra mim, já estava ciente que ele era mafioso e era podre de rico.

— Uau! — fingi surpresa, talvez uma parte eu estava.

Ele era herdeiro de um império, essa parte eu não sabia. E muito menos a cidade dele.

— E você confiou em mim assim, para contar?.

— Sei que no irá abrir a boca. No sou idiota, sua ficha também no é limpa, ladra — levou a taça até a boca.

— Roubar carteiras, não me faz uma criminosa — me defendi, sabendo que eu era pior que ele.

— Ah é? A polícia sabe disso? — sorriu perverso e eu cerrei os olhos para ele — Sei bene que no é flor que se cheire, Io reconheço de longe.

— Uma acusação entanto — retruquei.

— Você sabe que estou certo. Acha que me interessei por você, por ser boazinha? — zombou e deu uma risada irônica — Io me interessei, porquê vi que você é parecida comigo.

Endireitou a coluna.

— No começo, estava atrás de você para dar o troco. Você tinha me fascinado naquela boate, porém quando me roubou, me senti vulnerável, porquê fui enganado assim tão fácil — disse lentamente — E então te reencontrei naquela festa, e tudo veio átona de novo.

Seus olhos encontraram os meus.

Una obsessão maior que tudo — disse sem tirar seu olhar do meu — Quem é ela? Qual sua idade? Onde mora? De onde veio? Onde estava? Tudo... Tudo relacionado sobre você, virou una obsessão.

Apertei um dos lados da cadeira, sem desviar o olhar.

— Sabe que obsessão no tem cura , certo. Pantera? — sorriu de lado.

Aquele sorriso cafajeste.

— É só obsessão? Ou tem paixão? Devoção?... Amor? — ousei perguntar.

Ele riu, negando com a cabeça.

— Amor? No sei o que é amore, muito menos como é estar apaixonado. Tudo que Io senti, é obsessão. Sempre fui obsessivo con minhas coisas — suspirou — Você é a primeira que despertou isso em me, relacionado a persona .

Ele não estava apaixonado por mim, isso era apenas uma fixação. Iria passar com o tempo. Sua obsessão, sem amor, não valia de nada pra mim. Eu precisava desse homem apaixonado por mim. Para chegar onde eu queria. Ele ser obcecado por mim, não significava que se abriria comigo, com coisas mais profundas.

— O que você quer de mim, Damon? — pergunto.

Eu estaria disposta a fazê-lo me amar, se pra isso eu tivesse que ser a melhor mulher do mundo.

— Quero tudo — foi direto — Io no ti amo, no espere isso de me, Darcy. Mio sentimento por você no é puro, inocente, livre — senti meu coração acelerar — É perverso, sombrio, obsessivo e escuro. No serei o príncipe encantado e o vilão perverso.

Aquelas palavras não me fizeram teme-lo. Pelo contrário, eu gostei. Sempre odiei príncipes encantados. Quando vi que eles nunca existiriam, e que nisso mundo estava mais para os vilões, até me tornar uma.

Io mataria quem ousasse cruzar mio caminho e chegar até você. Elliot foi a prova — completou — Mas também te mataria, se ousasse me destruir.

Engoli seco, mas não desviei o olhar dele. Aquele homem... Céus!.

— Não, você não me mataria, Damon. Obsessão não pode ser amor, mas o simples fato de você, me matar e não me ver mais, iria te devorar por dentro — retruquei a ameaça — Saiba que eu também te mataria, mais para mim seria fácil. Afinal, você não é minha obsessão.

Ele estreitou os olhos para mim, porém sorriu. Parecendo satisfeito com a resposta. Os nossos pratos chegaram, quebrando aquela conversa. Damon não encolheu os ombros ou se intimidou, apenas me encarou, parecendo fascinado ou sei lá.

Esse homem era louco.

E eu era pior ainda, por me sentir atraída. Depois de ser ameaçada.

— Gostou? — perguntou, ao perceber minha satisfação ao provar o prato.

— Sim — fechei os olhos, apreciando aquela maravilha — Adoro comida italiana.

— Que buono, posso cozinhar para você depois, alguns pratos — ofereceu.

— E você sabe?.

— Sei, muito bene — sorriu.

Um sorriso mais humilde, se Damon pudesse ser humilde né.

Comi, trocando apenas algumas palavras com ele, nada demais. Damon parecia focado em sua comida. Ele comia um pouco rápido, mas tentei ignorar isso. Ainda comemos uma sobremesa, e aparentemente, parecia a parte favorita dele.

— Vou ao banheiro, volto já — avisou, quando terminamos.

Ele andou rápido demais. Talvez estivesse muito apertado. Fiquei ali, que pareceu horas e já estava quase indo atrás dele, quando o mesmo retornou. Porém sua cara parecia pálida e abatida.

— Você demorou. Tá bem? — analisei seu rosto.

Ele parecia mal.

— Estou bene — passou as mãos nos cabelos — Tá satisfeita? Quer algo mais?

Percebi que suas mãos tremiam um pouco. Mas decidi ficar calada. Ele não falaria nada, pelo visto.

— Estou satisfeita — digo simples.

Nos levantamos e fiquei esperando ele, enquanto ele acertava a conta com o gerente. Ao contrário dos clientes, ele não chamava o garçom, para acertar a conta. Damon parecia atordoado, confuso. Tinha algo de errado, desde dia ia para o banheiro, mas o que?.










Demorei, mas postei. Desculpem pelo sumiço, estou corrida, mas tirei um tempo para concluir o capítulo.

Quero apenas esclarecer algumas coisas do Damon.

Primeiro: A obsessão que ele sente, não é amor, ele ainda não é aquele homem completamente submisso e apaixonado amorosamente pela Darcy. Tudo que ele sente é uma obsessão

(Mas relaxem, ele vai amar)

Segundo: O Damon tem um nível de psicopatia, mas elevado que o Logan, então ele irá agir muitas vezes friamente e cruel, então não adianta comparar os dois

Terceiro: Durante o livro vou retratar bem o transtorno do Damon. Ele tem compulsão alimentar, bulimia e Vigorexia. Isso foi causado desde a infância, o que gerou diversos gatilhos nele, como também a ansiedade.

Quarto: O Damon é com certeza o mais problemático, ele é o mais velho, então isso gerou diversos problemas psicológicos nele, por ter mais pressão. Então as ações dele são ácidas.

Quinto: Ele é mil vezes pior que o Logan, em questão de ser um stalker obsessivo, mil vezes pior

E final: ELE NÃO É O PRÍNCIPE ENCANTADO!

Era só isso mesmo, em breve postarei outro capítulo ❤️

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