Capítulo Sete
Senti a calidez de um peito contra meu rosto e me afundei nele, desejando nunca mais sair dali. Porém, quando abri os olhos, aquele calor já havia se dissipado.
Demorei alguns segundos para raciocinar onde eu estava, até que me lembrei da noite anterior. A ficha parecia que ainda não havia caído. Como eu poderia acreditar que ambos fariam tal coisa? Me trazer justamente para o único lugar do mundo onde eu não desejava ficar? Eu estava com raiva, estava sim. No entanto, eu não era tão burra a ponto de não entender o propósito da missão. Eles poderiam muito bem ter me falado antes, só iriam levar um tempinho até me convencer a participar dessa loucura.
Se eu não tivesse Sarada, não pensaria duas vezes. Eu pouco me importava com o que acontecia comigo antes dela nascer. No entanto, agora a situação era diferente. Precisava me manter firme e, de preferência, viva. Sarada ainda era só uma criança, e ela não podia ficar sem nenhum dos pais.
Apesar da minha extrema preocupação, Sasuke estava certo. Sarada seria bem cuidada no alojamento. Ino e as outras com certeza tomariam conta dela junto com Kiba, que era o mais próximo que Sarada teve de figura paterna ao longo dos anos.
Só preciso aguentar um pouco. Sarada ficará bem.
Levantei-me da cama, vendo os raios de sol transpassar pela fina cortina da janela. Estava sozinha no quarto de Sasuke sem ter nenhuma noção de quando ele retornaria. Tentei abrir a porta, mas não era de se espantar que estivesse trancada.
Vi que havia algumas mudas de roupa sobre a cadeira da escrivaninha junto com um bilhete à mão escrito por Sasuke, em que dizia apenas que voltaria logo e que eu poderia usar as vestes limpas. Aproveitei a oportunidade para tomar um banho e segui até o banheiro. Não posso negar que o ambiente me fascinava. Estava tão acostumada a morar em locais feios e abandonados que os aposentos dele parecia um luxo aos meus olhos.
O quarto era em sua maioria dourado e bem maior do que o nosso no subterrâneo. Um carpete cor de vinho cobria o chão e as paredes tinham desenhos do símbolo imperial estampados – uma coroa com uma pedra entalhada no centro. A cortina era de um branco quase ofuscante e os móveis eram de uma madeira escura. A janela dava vista para um enorme e bonito jardim. O banheiro era tão luxuoso quanto, a diferença é que havia um espelho de corpo inteiro preso na parede e uma banheira próximo à janela. E banheira era algo que eu nunca tinha visto em toda a minha vida.
Um outro papel dobrado caiu no chão. Peguei-o em mão e comecei a ler a seguinte mensagem:
"Sakura, espero que me perdoe. Vocês não estão sozinhos, iremos ajudá-los do lado de fora. Confio em vocês, e diga à Hinata que a amo.
Naruto."
Soltei o ar com força, incapaz de guardar rancor contra esse loiro imbecil. Eu sabia o quanto Naruto estava desesperado e cansado da vida que vivíamos. Ele queria ser livre, queria ter uma vida cheia de possibilidades como nossos antepassados tinham. Ele queria salvar Hinata.
Deixei o papel na mesa para tomar um banho, iria falar com Sasuke sobre o bilhete mais tarde. Liguei a torneira e me despi, entrando na banheira e relaxando com a água morna em minha pele. Sentia que merecia acalmar meus nervos ou iria acabar surtando em pouco tempo. Precisava estar preparada para fazer o papel que Sasuke havia me pedido ontem à noite, e se fosse para enganar o Imperador, eu queria fazê-lo com maestria.
Observei o ambiente, ponderando se Sasuke via algum benefício em ter se tornado um soldado imperial, mesmo que contra a sua vontade. Sem dúvidas de que deveria ser bem melhor ter esse tipo de conforto do que morar em um lugar frio e escuro, em que o colchão era quase o mesmo que nada.
Pare de pensar besteira, Sakura. Ele odeia esse lugar tanto quanto você.
Balancei a cabeça, afastando os pensamentos intrusivos. Não era hora de deixar esse tipo de bobagem tomar conta da minha razão.
Meu machucado no braço direito estava cicatrizando bem, então decidi que um curativo não era mais necessário. Saí do banho e enrolei-me na toalha para buscar as roupas que havia esquecido na cadeira, mas quase morri do coração quando abri a porta e me deparei com Sasuke já no quarto, olhando para a paisagem da janela. Recuei para trás com o susto.
Sasuke arqueou uma sobrancelha ao me encarar.
— Está tudo bem? — ele perguntou.
Fiquei um pouco sem graça. Não era todo dia que eu aparecia quase nua na frente de um homem. Muito menos dele.
— Você me assustou. — O nervosismo me atingiu. — Será que você pode olhar para o outro lado enquanto eu pego a roupa?
— Está com vergonha? — Ele abriu um sorriso travesso. — Sakura, eu já conheço cada centímetro do seu corpo.
Não tinha nem como esconder o quanto fiquei ruborizada com sua frase. Segurei a toalha com força rente ao meu peito.
— I-isso já tem muito tempo — gaguejei. — Você não conhece meu corpo atual.
Ele deu alguns passos em minha direção, e eu travei próximo ao batente da porta. Meu coração batia em um ritmo desenfreado quando ele parou bem na minha frente. Minha voz parecia ter sumido, pois não conseguia dizer nada. Apenas fitei seus olhos intensos e cheios de audácia, e sua proximidade fez um calor percorrer pelo meu corpo.
— E quando você vai permitir que eu o conheça novamente? — A voz rouca de Sasuke fez meus pelos eriçarem enquanto ele tocava em uma mecha de meus cabelos molhados.
Se controle, Sakura. Não perca a compostura tão fácil assim!
— Um beijo é o máximo que você merece no momento. — Desviei o rosto, tentando controlar meu embaraço. — Ainda estou chateada por ter me enganado.
— Justo — ele respondeu, soltando a mecha. — E onde está o meu beijo, Sakura? Preciso dele todos os dias para sobreviver.
Eu ri. Ele estava começando a fazer drama, então resolvi entrar na brincadeira.
— Ah, é? Então quem estava te beijando antes da minha chegada? — Passei por ele, pegando a roupa da cadeira com a minha mão livre. Pareciam um par de roupas íntimas e um vestido de cor marrom sem mangas e com uma corda na cintura. E eu deduzi que aquela era a minha roupa de "prisioneira".
— Ninguém. — Ele cruzou os braços e encostou na parede ao lado da janela. — Eu estava vivendo em um poço sem fim de depressão e agonia. Minha alma estava prestes a morrer por dentro quando, milagrosamente, você me agraciou com seus lábios doces. Agora, por culpa sua, minhas energias precisam ser recarregadas constantemente.
— Meu Deus, Sasuke. Quanto drama! — Balancei a cabeça e abri um sorriso. — Tudo isso por causa de um beijo? — Peguei as roupas íntimas e o vestido que mais parecia um grande saco de batatas.
Ele deu de ombros.
— A escolha é sua, vai me deixar voltar ao fundo do poço? — disse. Sasuke era incrivelmente melodramático quando queria.
— Tá bom, já entendi. Você venceu essa.
Antes de voltar ao banheiro, caminhei até ele e, na ponta dos pés, dei-lhe um rápido selinho. Era o máximo que iria fazer. Era o que ele merecia.
Virei as costas, e antes que pudesse retornar ao outro cômodo para me trocar, senti o braço de Sasuke envolver minha cintura e me puxar de volta.
— Volta aqui!
Sasuke tomou meus lábios antes que eu pudesse sequer reagir. Seus dedos passaram pelos meus cabelos até minha nuca, puxando-me mais para perto. Dei uma leve mordida em seu lábio inferior, e Sasuke reagiu soltando um gemido rouco que me fez sorrir durante o beijo. Tinha me esquecido como era divertido provocá-lo.
— Pronto, chega. — Interrompi o beijo, afastando-me com rapidez. — Vamos nos concentrar na missão, Sasuke. É pra isso que estou aqui, lembra? A missão.
A expressão murcha em seu rosto e o bico que fazia eram hilárias, parecia uma criança cujo doce acabara de ser roubado. Sasuke apenas resmungou algo baixinho enquanto eu entrava no banheiro, ainda rindo da sua cara. Fechei a porta e vesti a roupa íntima e a peça marrom por cima, dando um nó na corda feita de sisal. O vestido era um pouco justo e ia até os joelhos, porém, não ficava nada bom no corpo. O tecido era desconfortável e pinicava a pele, todavia eu não imaginava o resto dos criados reclamando disso. Na mente deles, aquilo devia ser a melhor vestimenta do mundo se Orochimaru ordenasse que pensassem assim.
Saí do banheiro, e logo Sasuke informou que iria me levar até o Imperador sob ordens dele. Ainda não sabia o que aquele maldito queria comigo, mas confesso que estava louca para descobrir. Assim quem sabe poderia convencer Sasuke a deixar que eu o matasse de uma vez por todas.
Ele puxou uma algema de um de seus bolsos.
— É sério? — perguntei, estendendo meus braços para ele.
— Ele te acha muito perigosa. — Sasuke deu um sorriso cínico, e eu revirei os olhos. A algema fez um click assim que ele a travou.
— Como se eu fosse tentar alguma coisa com tantos guardas em volta daquele sujeito.
— É bom que não tente mesmo. — Sasuke me advertiu com o olhar. — Ou não vou conseguir protegê-la.
— Eu sei, eu sei. Vou ficar quieta — disse, tentando passar alguma firmeza.
— Não se esqueça, você tem que mostrar que está com raiva.
— Ah, não se preocupe com isso, querido. Pode não parecer, mas eu estou com raiva.
Sasuke murmurou um pedido de desculpas, e nem precisei perguntar o motivo, pois logo em seguida ele me puxou pelo braço com violência, me arrastando pra fora do quarto. Contive a vontade de reclamar, imaginando que isso era parte da encenação. Afinal, poderia levantar suspeitas se alguém nos visse agindo como éramos a sós no quarto.
Passamos pelos corredores dos aposentos do palácio e descemos a escadaria até o primeiro andar, com Sasuke me puxando como uma verdadeira criminosa. Tinha guardas a postos em tudo quanto era canto. Pelo visto, Orochimaru era bastante precavido, ou talvez simplesmente tivesse algum sério problema de confiança, o que não fazia sentido para alguém que tem todos na palma da mão.
Era quase como se ele tivesse medo de alguma coisa.
O interior do palácio parecia reluzir a ouro, com alguns detalhes em mármore branco, lustres gigantescos no teto e tapetes vermelhos por todo o chão. Era bem mais bonito do que o próprio quarto de Sasuke.
Um grupo de mulheres que limpavam uma das dezenas de janelas à esquerda chamou a minha atenção. Elas usavam roupas idênticas, um vestido preto com mangas bufantes e um avental branco preso na cintura. Do lado direito, outra idêntica passou ao nosso lado com uma bandeja em mão. E foi quando olhei para minha própria roupa que eu percebi que, naquele lugar, eu não era bem-vinda e seria tratada como uma inimiga do Imperador. Encarei Sasuke quando paramos em frente à uma porta no meio de um salão. Ele era meu único aliado, mas até que ponto Sasuke poderia me proteger? Até onde iria a influência dele?
Ele apertou meu braço com mais força, e realmente comecei a ficar irritada. Minhas mãos algemadas impedia que eu retirasse alguns fios de cabelo do meu rosto ou de coçar alguma parte do corpo que pinicava devido a roupa. A porta foi aberta por alguns guardas, revelando um salão de magnitude estonteante. Mais homens armados estavam a postos nas laterais, e o extenso tapete traçava um caminho até o fundo, no qual havia trono feito de rubi sobre uma elevação de cinco degraus. Orochimaru estava sentado, observando-nos atentamente enquanto Sasuke me conduzia até ele.
Fui jogada contra o chão, e eu fiz uma nota mental para torcer o pescoço de Sasuke mais tarde por isso.
— Finalmente, nos conhecemos... Sakura Haruno. — Ergui o rosto para encará-lo, ainda de joelhos no chão. Sua pele era pálida e os olhos reluziam um dourado intimidador. Os cabelos escuros e brilhantes caiam sobre suas vestes brancas. Usava uma túnica branca de seda com um manto vermelho preso em seus ombros.
Apenas seu olhar já era o suficiente para me causar nojo e ódio. Orochimaru foi o responsável pela morte dos meus pais e de muitas outras vidas inocentes. Eu não via a hora de acabar com esse maldito com minhas próprias mãos.
— Não vai dizer nada? — perguntou ele.
— Não tenho nada a dizer para uma escória como você.
Ele riu, e o som da sua risada ecoou pelo cômodo.
— Como se sente ao rever seu ex-companheiro? — provocou-me, olhando de mim para Sasuke.
Como ele sabia que Sasuke era do meu grupo?
— Nada. Isso é passado, Sasuke não tem mais nada a ver comigo — respondi, seca. As palavras saíram com dificuldade, e ele pareceu acreditar nelas.
— Você tem sorte, Haruno. Há anos vem saqueando nossos depósitos, roubando do Império e matando meus soldados. Tem sorte de ser especial, ou já estaria morta à essa altura.
— E por que sou tão especial assim pra você? Por que não me mata de uma vez? Eu duvido que você goste de ficar olhando para a minha cara.
Seu semblante tornou-se sério.
— Sim, tem razão. Olhar para você realmente me dá vontade de matá-la. — Ele apoiou o queixo em uma das mãos. — Acontece que você é a única que tem o que eu preciso: o sangue de seu ancestral.
Fiquei confusa, sem entender o que aquilo tinha sequer a ver com ele. Sasuke permanecia imóvel ao meu lado. Não me atrevi a olhá-lo.
— Não estou entendendo — respondi.
O Imperador levantou-se de seu trono, descendo as escadas e parando bem à minha frente. Ele segurou meu queixo, e o simples toque se sua mão me deixava nauseada.
— Você vai entender. — Virou-se para Sasuke em seguida. — Vamos até o cristal.
Sasuke puxou-me pelo braço novamente, forçando-me a ficar de pé. Fiquei tentando imaginar o que diabos ele queria dizer com tudo aquilo, já que nada fazia sentido na minha cabeça. Subimos por uma escadaria que ficava ali mesmo, em uma sala escondida atrás do trono. Os degraus eram tantos que parecia não ter fim.
Logo que chegamos no topo, uma outra porta foi aberta e os raios de sol ofuscaram momentaneamente minha visão antes que eu percebesse que estávamos do lado exterior, no topo do palácio, sob o vasto céu azul.
Entretanto, o que me deixou intrigada não foi a paisagem do local, e sim a imagem de um cristal carmesim que devia ter mais ou menos um metro de comprimento. Era menor do que eu esperava, ainda assim, grande o suficiente para causar uma guerra. O objeto estava flutuando em uma espécie de castiçal dourado que deveria ter uns dois metros, e eu me perguntava como aquilo era possível.
Então é isso que chamam de crysallium, o cristal mágico.
Era lindo, não podia negar. Seus raios que se espalhavam em ondas eram hipnotizantes, como se me convidasse a se juntar a ele. Uma súbita vontade de tocá-lo surgiu, mas me contive. Naquele momento eu agradeci por ser imune ao seu controle.
Orochimaru parou ao lado do cristal durante o tempo em que fiquei admirando-o.
— Traga-a aqui.
Com um pouco mais de delicadeza, Sasuke me guiou para perto do Imperador. Eu estava hesitante, e meu corpo reagia de forma natural ao tentar me manter à distância. Senti o aperto no braço novamente.
Sem cerimônia, Orochimaru pegou uma faca escondida em sua roupa. Fiquei surpresa, já que não imaginava que ele andasse armado quando tinha tantos guardas a sua volta. Sua mão gelada pegou a minha e, num movimento rápido, ele fez um corte na palma da minha mão direita. Cerrei os dentes, não querendo demonstrar a minha dor.
Ele pegou minha mão que sangrava e forçou-me a tocar no castiçal, prendendo-a ali. Uma sensação estranha percorreu meu corpo como pequenas descargas elétricas. Assustei-me quando vi meu sangue subindo pelo caminho entalhado na peça e pairando um pouco acima. O brilho do cristal se intensificou, e ele começou a puxar o sangue para dentro de si. Parecia que estava, de alguma forma, se alimentando de mim.
Orochimaru soltou um riso histérico ao ver aquela cena.
— Viu? Eu sabia! Sabia que daria certo! — exclamou, animado.
Ele soltou minha mão, e imediatamente tirei-a do castiçal. Meus olhos passaram do cristal para a mão suja de vermelho diversas vezes, ainda tentando entender o que havia acabado de acontecer.
As ondas emitidas pelo cristal haviam se intensificado, e foi aí que comecei a entender o que havia acontecido. De alguma maneira, a pedra se tornou mais forte com meu sangue.
— Entendeu agora, Haruno? — Orochimaru despertou-me de meus pensamentos. — Você irá ajudar a perpetuar esse Império que quer tanto destruir.
— Mas... como? Não faz sentido! — neguei, balançando a cabeça. A dor do corte não importava mais, eu estava em choque.
— Vou te contar uma pequena história. — Orochimaru ainda sustentava um enorme sorriso em seu rosto, claramente satisfeito. Ele começou a contar algo há muito tempo perdido, algo que nenhum de nós poderia saber ou sequer imaginar. — Há muito tempo, antes da Grande Guerra, conheci um jovem rapaz muito inteligente cujo nome era Osuke Haruno. Na época, Osuke era um de meus apoiadores e estávamos pesquisando sobre pedras milenares capazes de feitos inimagináveis que poderiam me levar à vitória. Nós encontramos uma: crysallium. Porém, fiquei extremamente decepcionado quando ele decidiu que aquela pedra era perigosa demais e tentou destruí-la, então acabei o matando. Porém, aquele maldito já havia imbuído parte de seu sangue no cristal. Eu consegui o controle da pedra, mas a energia que a faz funcionar só pode ser originária de alguém com sangue Haruno. O sangue de Osuke foi o suficiente para durar bem por cem anos, agora, é a sua vez de contribuir, Sakura. — Orochimaru encarou-me com júbilo em seus olhos.
Caí de joelhos no chão, sentindo minhas pernas sem forças. Meu cérebro tentava processar cada palavra dita por aquele sujeito, e tudo parecia um borrão. Comecei a considerar a possibilidade de ter sido culpa da minha linhagem que minha vila fora atacada quando jovem. Meus pais me mandaram fugir na frente, dizendo que viriam atrás de mim. Nunca vieram. Ouvi o som de dois disparos enquanto corria para fora de casa, sem olhar para trás. Eu achava que meu pai estava atirando nos soldados, engano meu. Naquela hora eu entendi. Meu pai e minha mãe não queriam ser capturados vivos pelo Império.
E agora eu seria usada como energia para esse cristal maldito.
— Você sabia disso? — Virei o pescoço em direção à Sasuke, que observava tudo ao meu lado direito. Se ele estava chocado com aquilo tanto quanto eu, então ele estava escondendo muito bem.
Ele encarou Orochimaru, como se esperasse permissão para falar. Fiquei mais irritada ainda até que o Imperador permitiu que ele respondesse.
— Não — disse ele. — Não sabia de nada sobre isso.
Ele era o soldado de confiança do Imperador e não sabia nada sobre algo tão grande assim?
— Gosto de manter minhas questões em segredo — Orochimaru explicou, parecendo ler meus pensamentos.
Ótimo, ao menos Sasuke não mentiu para mim esse tempo todo. Eu não suportaria se ele me apunhalasse pelas costas.
Fiquei um minuto inteiro em silêncio, ainda sem saber como reagir.
— Aceite seu destino, Haruno. — Orochimaru soava firme. — Você será parte do meu Império agora.
Não, não, não! Minha garganta parecia fechar, eu não conseguia dizer uma palavra.
O Imperador continuou:
— Aliás, Sasuke, tenho outro trabalho para você. — Os pés dele pararam ao meu lado enquanto eu encarava o chão. — Enquanto a Haruno viver, terei um bom estoque de sangue. Contudo, eventualmente um dia irá acabar. Você irá engravidá-la, iremos perpetuar o sangue Haruno dentro do palácio.
Travei, atônita. Me engravidar? Meu sangue gelou ao ouvir aquilo e apertei os punhos para evitar que as mãos tremessem. Engoli em seco, se ele descobrisse a existência de Sarada, iria atrás da minha filha até encontrá-la.
— Perdão, Majestade? — Sasuke questionou-o ao franzir a testa, parecendo não entender as palavras ditas por ele.
— Engravide-a! Faça um filho nela! — esbravejou o Imperador. — Ou eu terei que deixá-la alguns dias com meus outros generais?
Não, tudo menos isso! Olhei para Sasuke, sem conseguir decifrar sua expressão. Seu rosto estava sério outra vez.
— Não, Majestade. Entendo perfeitamente. — Sasuke fez uma reverência, deixando o Imperador satisfeito.
— Ótimo, agora leve-a até Kabuto e faça esse sangramento parar. Não podemos desperdiçar uma gota sequer.
Fiquei parada enquanto via Orochimaru sair pela mesma porta que entramos. Eu não sabia como me sentir, muito menos sobre o que pensar disso tudo. Era muita coisa para processar.
Fui tirada de meu devaneio quando Sasuke ajudou-me a ficar de pé e enrolou um pedaço de tecido rasgado em volta de minha mão para estancar o sangramento. Ele me puxou pelo braço, dessa vez com certo cuidado, e eu dei um passo à frente um pouco cambaleante. O rosto de Sarada era a única coisa que vinha em minha mente. Meu peito doeu, temendo pela segurança dela.
— Sakura, temos que ir — sussurrou próximo a meu ouvido.
Pisquei algumas vezes, voltando à realidade. Sarada está bem, ele não vai encontrá-la. Ela está bem.
Era o mantra que eu repetia várias vezes para mim mesma.
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