Capítulo Nove

Os pássaros cantaram do lado de fora, e a primeira visão que tive ao abrir os olhos foi dos cabelos róseos da mulher que eu amava deitada sobre meu peito. Sakura estava coberta apenas por um fino lençol, dormindo tão profundamente que não acordou quando, gentilmente, levantei-me da cama e deixei que ela continuasse descansando. Observei seu rosto sereno por alguns minutos, criando a coragem necessária para sair do quarto e enfrentar mais um dia naquele palácio de merda.

Estava contando os dias para ir embora daquela prisão. Junto com ela.

Ainda era cedo quando tomei um banho para limpar o suor do corpo e vesti o uniforme, tomando cuidado para não fazer nenhum barulho. Abri a gaveta da cômoda, observando as seringas prontas para serem usadas. Várias possibilidades passaram diante de meus olhos e, após conferir que todas estavam devidamente tampadas, peguei uma delas e coloquei no bolso interno da jaqueta, decidido a tentar usá-la em Hinata.

O tempo estava correndo, precisava libertá-las o mais rápido possível.

Deixei um pequeno bilhete sobre a mesa e dei uma última olhada em Sakura antes de sair e trancar a porta, guardando a chave em outro bolso. Para a própria segurança dela, não queria que ninguém entrasse e muito menos que ela saísse.

O caminho até a sala de reuniões parecia mais longo do que o normal. A cada três dias, Orochimaru se reunia com alguns membros de seu Conselho em uma mesa redonda a fim de discutir a situação geral do Império e tentar prever o próximo ataque das forças opositoras, como também compartilhavam novas notícias sobre pessoas que eram encontradas em vilas escondidas e cidades abandonadas. Tudo era discutido naquelas reuniões; desde a economia até os experimentos feitos em pessoas inocentes. Aquilo me enojava e, por muitas vezes, os assuntos vagavam por uma linha tênue entre extremamente tediosos ou perturbadores. E depois que descobri onde Sakura e minha filha estavam morando, passei a prestar mais atenção nas conversas, mantendo meu semblante o mais neutro possível.

— O que acha, Sasuke? — Apontou para um lugar no mapa. — Devemos fazer uma vistoria nesta área?

O dedo pálido do homem mostrava um lugar ao sul, perto demais do esconderijo de Naruto.

— Majestade, aí não há nada além de florestas e pequenos riachos — respondi.

— Como sabe? — Seus olhos dourados passaram a me encarar.

Engoli seco, ele estava questionando demais.

— Eu mesmo estive pela região alguns dias atrás em uma missão, e foi me dito que alguns esquadrões já rondaram pela área.

— E o que sugere, comandante? — perguntou Danzou, um outro velho conselheiro.

— Sugiro seguir para o norte. Dizem que é mais fácil sobreviver naquela área. Há mais chances de encontrarmos mais grupos de rebeldes.

— Temos que acabar com esses ratos de uma vez por todas! — comentou Danzou, quase em um chiado. — Majestade, não seria bom vistoriar outra vez esse local? O Uchiha pode ter deixado algo escapar...

— Seria uma perda de tempo — falei, encarando o homem de cara enrugada. — E estaríamos desperdiçando tropas em um lugar inóspito como aquele.

Bem, inóspito não era, porque Naruto deu uma baita sorte em encontrar aquele local subterrâneo abandonado. De qualquer forma, eu tinha que tirar a atenção do Império daquela área de todas as formas possíveis.

— Devemos concentrar nossas forças em outros locais — insisti, mais uma vez.

O Imperador coçou o queixo enquanto olhava para o mapa. Um silêncio mortal se instaurou no ambiente até que, por fim, ele tomou uma decisão.

— Vamos para o norte — anunciou. — Sasuke, faça com que os garotos do esquadrão zero sejam enviados para lá.

Contive um sorriso satisfatório, ao mesmo tempo em que achava seu pedido estranho.

— Como quiser, Majestade. Contudo, ainda são apenas crianças.

— Vai ser melhor que aprendam na prática. É uma ordem. — Ele fez um gesto com a mão, dispensando a todos. — Agora saiam, preciso descansar. Sasuke, me acompanhe até meus aposentos.

Rapidamente, os seis homens levantaram-se das cadeiras e deixaram a sala de reuniões um a um. Quando restaram apenas nós dois, ele se pôs de pé, mas tive que segurá-lo pelo braço ao notar que Orochimaru cambaleou para frente.

— Tudo bem, Majestade? — Segurei-o firmemente, com uma falsa preocupação em meu rosto. Se tinha uma coisa que aprendi com perfeição em todos esses anos foi mentir muito bem.

Ele levou uma de suas mãos até o peito enquanto recuperava o equilíbrio.

— Mande Kabuto até meus aposentos. — Se afastou, e imaginei que sua condição não estava tão ruim assim para que ele conseguisse andar sem ajuda. — O cristal está com fome.

Não pude deixar de sentir um calafrio em minha espinha ao ouvi-lo falar sobre o cristal. A simples menção a essa pedra infernal me fazia lembrar de Sakura e de quantas sessões com Kabuto ela ainda precisaria passar até que finalmente fôssemos livres. Não queria permitir que aquele médico tirasse sequer mais uma gota de sangue dela, mas, infelizmente, eu não tinha muita opção.

Apenas concordei antes de escoltá-lo pelos corredores do palácio até seus aposentos reais. Ele andava lenta e calmamente, quase como se estivesse apreciando o ambiente da própria corte e, vez ou outra, reparei que olhava pelo vidro das grandes janelas para as terras além da cidade. Em muitas ocasiões, fiquei me perguntando o que poderia se passar na cabeça de um homem que viveu por tantos anos como ele. E eu nunca quis tanto saber o que se passava em sua mente quanto agora.

Parei em frente ao seu aposento – onde ele foi auxiliado por seus criados – e ordenei que outro soldado buscasse Kabuto na ala médica. Tive apenas poucos minutos para fazer o desjejum no quartel antes de seguir para o alojamento do esquadrão zero, composto por meninos e meninas entre oito e dez anos que eram treinados em uma área especial nos fundos do palácio. Eles não tinham autorização para circular pela corte, e apesar de nunca ter colocado meus pés para aqueles lados, sabia que a maioria dessas crianças eram frutos de rebeldes capturados ou de cidadãos de Crysallium que, muitas vezes, eram obrigados a acreditar que ser um soldado do Império era a maior honra que poderia acontecer aos seus filhos.

Como estavam enganados. Aqui era o inferno na terra, e viver sob o controle de um tirano era como obedecer o próprio diabo.

Não fiquei surpreso quando vi que os garotos já haviam iniciado os treinos do período matutino. Encostei o ombro no batente da sala de treino e cruzei os braços enquanto observava as crianças duelando entre si com espadas de madeira. Caminhando ao redor do grupo, Iruka Umino, responsável por aquele regimento, analisava minuciosamente cada movimento e golpe desferido pelos seus alunos.

Dei um toque na porta para que ele notasse minha presença.

— Comandante! Quanto tempo! — Iruka veio em minha direção. A pequena cicatriz na lateral da sua cabeça raspada, junto com outra maior que cruzava de uma bochecha a outra era um lembrete constante de que ele, em algum passado distante, havia lutado contra o Império e falhado. — O que o trouxe aqui? É a primeira vez que recebo sua visita.

Depois de um rápido cumprimento, fui direto ao assunto.

— Vossa Majestade quer enviar o esquadrão zero para o norte. — Iruka franziu a testa. — Missão de reconhecimento.

— Eles nunca saíram do palácio antes. — Ele puxou um cigarro e o isqueiro do bolso, dando uma longa tragada. — Tem certeza?

— Sim. — Encarei as crianças. O som da madeira colidindo e os grunhidos vorazes tomavam conta da sala. Eles eram realmente dedicados, ainda que a maioria possuía um físico miúdo e franzino.

— Bom, talento eles têm. E aprendem rápido. — A fumaça do cigarro incomodou minhas narinas. — Podem ser úteis para rastrear os rebeldes. Eles vão sobreviver.

Como esperado, ele não iria se opor contra a decisão de Orochimaru.

— Farei com que fiquem prontos até o fim de semana. — Ele deu mais uma tragada, lançando a fumaça para o lado oposto. — E você e a sua... bichinha de estimação? Difícil de domar? — Riu em deboche, e eu tive que manter o rosto impassível e conter todos os meus nervos para que não o acertasse com um soco no estômago. Respirei fundo antes de responder:

— Nada que eu não conseguisse resolver.

— Como esperado do nosso melhor comandante! — Iruka deu um tapinha em meu ombro, com um sorriso satisfeito em seus lábios. Um dos garotos que duelava mais ao fundo do salão caiu no chão de forma brusca, iniciando uma pequena discussão com seu oponente. — Ei, garotos, eu ainda estou de olho! Vamos fazer uma pausa.

Com um aceno de cabeça, retornei para o palácio e senti o volume da seringa ainda em meu bolso. Estava determinado a cumprir minha missão até o final do dia.

Era por volta de meio-dia quando levei uma refeição para Sakura em meus aposentos. Trocamos poucas palavras e algumas carícias antes que eu trancasse o quarto novamente e voltasse ao serviço. Decidi não contar a ela sobre minha tentativa de fazer Hinata voltar ao normal. Não agora. Queria poupá-la de ficar preocupada ou ansiosa demais quando seu semblante ainda parecia fraco da sessão com Kabuto. Porém, eu tinha certeza de que ela, do jeito que era, já havia se dado conta de que uma das seringas estava faltando.

O céu nublou pelo resto do dia enquanto eu fazia a guarda do soberano de Crysallium por onde quer que ele fosse. Eram sempre os mesmos locais: o jardim, a sala do trono e, desde que Sakura chegou no palácio, Orochimaru tirava uma hora do dia para visitar o cristal carmesim um pouco antes do sol se pôr. Vai saber por qual motivo.

Não posso negar que cogitei a possibilidade de enfiar a seringa no pescoço do Imperador. Mas e se não fosse o suficiente? E se ele realmente precisasse de uma dose contínua, por um longo tempo? Preferi não arriscar a minha vida e nem a de Sakura por algo que não era garantido.

Como sempre, não vi Hinata durante meu expediente. O alojamento do esquadrão feminino de espionagem que ela fazia parte era conectado ao palácio pela ala leste, longe demais de onde eu costumava passar. Porém, eu teria que fazer um esforço para encontrá-la se eu quisesse usar a seringa nela. E de preferência sem ninguém por perto.

Quando virei a esquina em direção à ala leste, uma voz estridente soou em meus ouvidos e passos apressados se aproximaram em um rompante.

— Sasukezinho! — Era Shion. Ela sorriu ao me ver e agarrou meu braço. — O que está fazendo aqui?

Suspirei profundamente, deixando transparecer meu desconforto com sua presença. Shion era apenas alguns anos mais nova do que o resto de nós, e a loira sempre fora impulsiva, impaciente e desajeitada – embora o efeito do cristal tenha melhorado um pouco suas falhas –, e esse era o exato motivo pelo qual preferia trazer Hinata de volta à realidade primeiro. Ao contrário de Shion, Hinata era uma ótima estrategista e poderia ser mais útil em nossos planos iniciais.

— Onde está Hinata? Tenho assuntos a tratar com ela — falei, me desvencilhando de seu toque.

Shion fez uma careta.

— Por quê? Se é algum trabalho, pode falar comigo.

— Não. Preciso da Hinata.

— Tudo o que ela faz, eu também sei fazer — insistiu, caminhando ao meu lado.

— Shion, tenho ordens estritas para falar apenas com Hinata — menti, esperando que ela parasse com suas insistências. — Se está questionando minhas ordens, pode perguntar diretamente para o Imperador.

Ela abriu a boca para dizer algo, mas desistiu. Bem como imaginei.

— Hinata está na sala de máquinas. — Shion deu um passo largo e parou na minha frente. Assim que cessei o andar, ela sorriu. — Pode ao menos me contar o motivo?

— Não, é confidencial. — menti outra vez. — Agora, com licença.

Passei por Shion sem sequer olhar em seu rosto, e a única coisa que ouvi foi a mulher bufar antes de seguir pelo corredor batendo os pés com firmeza no chão. Quando me vi livre da companhia indesejada, subi um lance de escadas até a sala de máquinas, onde era monitorado as centenas de câmeras que vigiavam o palácio, a cidade, a muralha e até alguns caminhos conhecidos nas florestas próximas. Dei um toque na porta e esperei antes de abri-la. Hinata estava parada de costas, com os braços cruzados, observando o monitor maior que ficava no centro da parede. Tinha apenas algumas outras garotas com ela, e todas viraram seus pescoços para ver quem havia acabado de entrar.

Limpei a garganta e endireitei a postura.

— Senhorita Hyuuga — chamei por seu nome, e só isso fez com que ela saísse do transe causado e notasse minha presença. — Precisamos conversar, a sós.

— O que houve, comandante?

— Me acompanhe aqui fora por um instante.

Hinata olhou para as outras moças antes de pousar seu olhar desconfiado sobre mim, assentindo levemente antes de sair pela porta. Não tirava sua razão de se sentir hesitante com minha presença, já que o departamento de espionagem não era minha jurisdição. A minha sorte era que, devido à minha proximidade com Orochimaru, eu era respeitado como uma das pessoas de confiança do Imperador.

Comecei a guiá-la pelos corredores de mármore até onde eu sabia que havia uma despensa vazia nos fundos da ala leste, que não era vigiada pelos guardas daquele andar e nem pelas câmeras. Depois de tantos anos, não era surpresa que eu conhecia bem todos os caminhos do palácio mesmo que não frequentasse boa parte desses lugares no meu cotidiano. E aquele era um dos poucos lugares que não levantaria nenhuma suspeita.

— Para onde vamos? — perguntou Hinata ao perceber que estávamos nos distanciando.

— Só preciso buscar uma coisa antes de vermos o Imperador, não vai demorar.

Coloquei as mãos no bolso na calça, tentando esconder o pouco da ansiedade que sentia ao virar a esquina. Pela primeira vez em anos, sentia-me inseguro o suficiente a ponto de questionar se isso era realmente uma boa ideia. No entanto, eu sabia que não tinha escolha: cedo ou tarde, iria ter que arriscar. Se fosse apenas por mim, talvez não me importasse de ficar no palácio para sempre. Mas agora era diferente. Estava fazendo isso por Sakura e as garotas. Por Sarada e todos os que ainda lutavam do lado de fora. Precisava fazer isso por um futuro melhor, e esse era apenas um pequeno passo rumo à nossa vitória.

Abri a porta da despensa e indiquei para que ela entrasse primeiro. Acendi a luz, e Hinata franziu as sobrancelhas ao ver que o cômodo estava vazio. Tranquei a porta e ela reagiu, mirando um chute na região do meu tronco, mas antes que me acertasse, consegui segurar sua perna e a girei, fazendo a morena cair de bruços no chão. Sentei sobre suas costas, tampando sua boca com uma mão para que ela não gritasse e peguei a seringa do meu bolso com a outra. Hinata se debatia enquanto tentava me morder, e isso apenas dificultava mais ainda o meu trabalho.

— Hinata, por favor! Estou querendo te ajudar! — Tentei convencê-la a parar, mas ela parecia um bicho raivoso.

Quando a pele de seu pescoço tomou a posição adequada, enfiei a agulha e apertei a seringa, despejando todo o antídoto em seu corpo. Hinata parou de se mover por alguns segundos, e eu, ofegante pelo esforço de contê-la, saí de cima dela e virei-a de barriga para cima para ver melhor o que iria acontecer a seguir. Será que isso iria mesmo dar certo?

Ela começou a se mexer, mas de um jeito diferente. Seu corpo tremia, a pele suava e seus olhos acinzentados rolaram para trás. Vasculhei uma caixa abandonada e empoeirada atrás de algo para que ela não mordesse a língua, até que encontrei um pedaço de pano e o coloquei em sua boca. Minha mão ficou de prontidão na maçaneta, prestes a pedir ajuda se fosse necessário. Que desculpa iria inventar caso precisasse levá-la até Kabuto? Não importava, mas eu não poderia deixar que Hinata morresse por causa disso. Por um minuto inteiro que mais parecia uma eternidade, ela continuou a convulsionar até que seus movimentos cessaram e seus olhos voltaram ao normal. Soltei o ar em completo alívio, Hinata não corria mais risco de vida.

— Hinata? — chamei-a, vendo que ela encarava o teto em silêncio.

Ela virou a cabeça na minha direção e, lentamente, tirou o pano da boca.

— Sasuke? — Sua voz soou insegura. — O que aconteceu?

— Você não se lembra? — perguntei enquanto a ajudava a ficar de pé.

Seu olhar percorreu pela sala onde estávamos e, assim que me encarou, ela fez uma cara de espanto.

— Eu... lembro. Eu me lembro de tudo! — balbuciou, ainda confusa com a situação. — Como conseguiu me trazer de volta? Há quanto tempo estou assim?

— É uma longa história. — Meu rosto suavizou, ligeiramente agradecido pelo soro ter funcionado. — Precisamos sair daqui. Como se sente? Consegue andar e fingir que nada aconteceu?

Ela piscou algumas vezes, e eu imaginei que mil e uma perguntas deveriam estar se passando na cabeça dela.

— Acho que sim... eu consigo. — Hinata esfregou as têmporas. — Minha cabeça dói bastante, só isso.

— Ótimo, então vamos. Sakura está aqui.

— Sakura? — Ela arregalou os olhos. — Ah, é mesmo! Ela é a Rosa do Deserto que os soldados estavam procurando!

Peguei a chave dos meus aposentos e coloquei nas mãos dela.

— O plano é o seguinte: vou distrair o guarda que fica no meu corredor e você entra, ok? Sakura está lá dentro.

Ela concordou em silêncio, e logo coloquei meu segundo plano em ação: fazer com que elas se reencontrassem.

Ao abrir a porta do quarto, o choro das duas invadiu meus ouvidos.

— Sasuke! — Sakura saltou da cama e veio ao meu encontro, sufocando-me em um abraço apertado. — Você conseguiu, obrigada.

Sorri, beijando o topo de sua cabeça em seguida.

— Vejo que já estão matando a saudade — comentei, vendo Hinata limpar as lágrimas de suas bochechas.

— Ah, não... ainda precisamos de muito tempo juntas para matar a saudade. Não é, Hinata? — Sakura sorriu para a morena, voltando a se sentar na cama ao lado da amiga.

— Com certeza! — Hinata riu. — E obrigada a vocês, por me acordar desse pesadelo.

Sakura abraçou Hinata com um sorriso radiante, e eu puxei a cadeira da escrivaninha e sentei-me em frente as duas.

— Já contou sobre o Naruto e os outros? — perguntei, e percebi que Hinata agarrou o tecido da calça que usava quando toquei no nome dele.

— Um pouco, só o essencial. Mas contei a ela sobre nosso plano de — Sakura sussurrou — matar aquele sujeito.

— Sim, estou a par de quase tudo. Inclusive, parabéns, Sasuke — Hinata disse, e eu ergui uma sobrancelha.

— Pelo o quê?

— Fiquei sabendo que você é pai. — As duas trocaram risos. — Meus parabéns atrasado.

— Ah... — Soltei um pigarro, sentindo uma leve queimação em meu rosto. — Eu... bem... obrigado.

Pude perceber que minha mulher segurou o riso pelo meu constrangimento inesperado. Ah! Ela vai ver só quando estivermos sozinhos.

— Bem... então, Hinata, como foi viver esse tempo todo sob ordens do cristal? — Mudei de assunto, tentando afastar o embaraço.

— Foi... estranho, não sei se essa é a palavra certa. — Ela fez uma pausa. — Minhas memórias antes de parar aqui foram totalmente distorcidas, e depois que passei pela cirurgia, não tinha mais certeza de quem eu era. Só sabia que tinha que obedecer às ordens que me eram dadas e viver como uma cidadã feliz e devota, mas a pior parte de tudo é que consigo me lembrar de cada coisa que fiz, de cada decisão que fui obrigada a aceitar. E vou ter que carregar esse fardo pelo resto da vida.

— Hinata... — Sakura murmurou, e vi que a tristeza nublou seu belo rosto enquanto ela acariciava as costas da Hyuuga. — Já foram um pouco mais de oito anos, certo? Desde aquele dia... Eu sinto muito por isso, e por todos os outros.

— Tá tudo bem, eu vou ficar bem. — Um sorriso fraco saiu dos lábios da morena, e seus olhos passaram de mim para Sakura, na intenção de dizer alguma coisa.

— O que foi? — indaguei-a.

— Eu tenho um pedido a fazer — disse ela, voltando a apertar o tecido escuro do uniforme que usava. Retesei o corpo na cadeira, aquilo estava me deixando ligeiramente preocupado. — Será que... antes de acabarmos com isso... Será que vocês poderiam me ajudar a salvar o meu filho? Ele está... no esquadrão zero.

Arregalei os olhos em completo espanto e as palavras fugiram da minha boca. Sakura ficou emudecida, tão surpresa quanto eu. No esquadrão zero? Justo aquele? Como eu não sabia disso? Meu raciocínio lógico demorou mais do que o esperado para processar aquela nova informação.

Hinata Hyuuga havia dado à luz a uma criança em Crysallium. 

Eita eita eita, só digo isso 👀 Demorei mas postei! 😂

Espero que tenham gostado 💖💖

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