3 - dress
Inescapável, eu nem vou tentar
E se eu me queimar, pelo menos estávamos eletrificados
Estou derramando vinho na banheira
Você beija meu rosto e nós dois estamos bêbados
Todos pensam que nos conhecem
Mas eles não sabem nada sobre
[...]
Diga meu nome e tudo simplesmente para
Eu não quero você como um melhor amigo
Só comprei este vestido para que você pudesse tirá-lo
Taylor Swift – Dress
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Meio tonto, Henri fechou os olhos e deitou a cabeça nas pernas de Lis, ainda incomodado com o barulho e com as luzes coloridas que atravessavam suas pálpebras e insistiam em perturbá-lo.
– Lis, como a gente vai fazer pra ir embora? – Ele perguntou com a voz arrastada e Lis deu uma risadinha meio torta, sentindo-se tão mole e dormente quanto o garoto.
– Henri, querido, eu não sei nem como a gente fez pra chegar aqui – ela respondeu acariciando os cabelos do menino com seus dedos que naquele momento mais cheiravam a cigarro do que qualquer outra coisa. – Mas essas músicas estão péssimas, vamos sair daqui antes que eu fique doida.
Henri assentiu e se levantou meio cambaleando e estendendo a mão para ajudar Lis a fazer o mesmo, mas ela apenas riu e rejeitou a tentativa de ajuda, levantando-se sozinha.
Ela envolveu a mão no pulso de Henri e o arrastou para algum lugar que ele não sabia onde, tudo o que ele via era um monte de raios coloridos e pessoas borradas, só sabia que tinham, com muita dificuldade, subido algumas escadas.
Lis abriu alguma porta e entrou no cômodo seguida de Henri.
– Como você conhece tão bem uma casa que nem é sua? Sua esquisita – ele questionou e Lis deu de ombros, sentando-se em uma banheira que fez Henri raciocinar que eles não estavam em um quarto.
– Kate e eu meio que somos melhores amigas, sempre venho aqui depois da aula pra fumar um baseado – a menina respondeu e Henri fez uma cara de confusão e indignação.
– E você estava brigando comigo por causa de cigarro?
– É mais prejudicial, colocam um monte de porcaria estranha além do tabaco, maconha é só maconha – ela disse dando de ombros e tirou o isqueiro de Henri de dentro do bolso de sua jaqueta, o acendendo e olhando fixamente para as chamas. – Eu tô vendo tudo embaçado.
– Você não é a única – Henri disse e se sentou ao lado da menina, ambos com as pernas penduradas para fora da borda fria de acrílico.
Um curto período de silêncio se seguiu enquanto os dois estavam perdidos demais em seus próprios pensamentos para dizer alguma coisa. De forma sorrateira, Henri deslizou sua mão pelo fundo da banheira até encontrar a mão suada de Lis e entrelaçá-la com a sua.
Não seria errado dizer que Lis estava tão bêbada a ponto de não sentir nada, mas aquilo foi como uma martelada em seu peito, fazendo seu coração acelerar e seu rosto esquentar.
Mesmo depois de tanto tempo, o que sentia por Henri não havia mudado em nada. Apesar de ser também seu porto seguro, continuava a ser ele a causa de seus terremotos pessoais.
Ela se encolheu um pouco e focou nas íris verdes protegidas pelas lentes quadradas do rapaz. Ainda eram os olhos mais bonitos que ela havia visto.
– O que foi? – Henri perguntou e Lis meneou a cabeça.
– Só estou pensando em coisas que eu não queria pensar, mesmo que seja inevitável.
– Como assim?
– Você vai embora de novo, Henri – ela disse respirando fundo para tentar afastar a pior combinação de paixão e tristeza que alguém poderia sentir, ainda mais estando alcoolizada como Lis estava. – Você acha que eu sou idiota? Você vem todo pomposo falando sobre como sentiu minha falta e minha amizade é a melhor coisa que já te aconteceu como se eu fosse burra o suficiente pra acreditar que você vai ficar.
– Lis isso é...
– É complicado, eu sei – Lis o interrompeu e revirou os olhos. – Mas o que não é complicado, Henri? Desde que eu vim pra essa cidade, desde que eu te conheci e teve toda aquela coisa com a casa e o meu irmão... Eu já nem sei mais como é ter uma vida... Esqueci a palavra, merda. Não complicada, é isso, eu nem sei mais como é ter uma vida não complicada.
– Simples?
– Não vem me corrigir agora, que saco, eu tô tentando ter uma conversa séria aqui.
– Você tá sempre tentando ter uma conversa séria. Pensei que pelo menos hoje iria querer apenas se divertir com o seu melhor amigo sem ter que lembrar de toda essa porcaria – Henri disse de forma direta demais e Lis sentiu suas bochechas corarem por ter captado que estava sendo chamada de chata nas entrelinhas.
– Desculpe, eu só... Eu queria resolver logo isso da melhor forma possível.
– E por que não resolve? Vá em frente. Não vou mais interromper, fale tudo o que tem para falar e faça tudo o que tem pra fazer, sem julgamentos. Amanhã tudo isso vai ser só um monte de nada mesmo, desde quando ações e falas de adolescentes bêbados e frustrados presos em alguma festa merda contam para alguma coisa?
Lis riu num misto de sarcasmo e cumplicidade consigo mesma. Aquilo não ia acabar bem.
– Henri isso é... Não é muito inteligente da sua parte me pedir uma coisa dessas, você sabe mais do que qualquer um o quanto eu sou impulsiva e mentalmente desequilibrada.
– Alguma vez eu não soube lidar com isso? Lis, você sabe que... – o garoto ficou quieto assim que os lábios úmidos de Lis encontraram os seus, obrigando-o a calar a boca.
Ele ouviu a menina suspirar e se afastar logo em seguida, seus olhos castanhos baixos enquanto sua mão continuava pousada sobre o peito de Henri.
– Eu não conseguia parar de pensar nisso, me desculpe. Desde aquela noite em que você foi até a minha casa e me disse todas aquelas coisas antes de ir embora... Eu provavelmente deveria gostar menos de você agora mas parece que teve o efeito contrário – ela disse baixinho, sabendo que depois se arrependeria de cada gesto e palavra, mas no momento não era importante, ela só não conseguia mais guardar tanta coisa somente para si.
– E você acha que isso não me afetou, né? – Henri disse e deu uma risadinha. – Sei que pra você eu sou só um idiota crianção que não tem a mínima noção das coisas, mas não é assim que funciona. Eu sabia muito bem o que estava fazendo e sabia as consequências, mas eu arrisquei mesmo assim. Arrisquei por você.
– Arriscou? Arriscou o que, Henri? Você fugiu! Em um dia você estava se declarando pra mim e no outro simplesmente não estava mais lá, você estava arriscando o quê?
– O que você sente por mim – ele disse e Lis ficou muda por um momento. – Eu sabia que você ficaria brava, e sabia que tinha a possibilidade de você me odiar e não querer nunca mais olhar na minha cara, mas eu fiz mesmo assim, porque eu estava apaixonado por você. Não... Porque eu estou apaixonado por você, e isso sempre fala mais alto, eu não consigo mais esconder Lis, você venceu.
– Ai que merda, Henri. Que merda – Lis repetiu passando a mão pelo pescoço corado e fechou os olhos quando sentiu os dedos do garoto tocarem sua bochecha. – Você só tá falando isso porque tá bêbado. Mas quer saber? Eu também tô então eu não dou a mínima pra isso.
Dito isso, Lis se colocou por cima de Henri e o beijou mais uma vez, enlaçando os dedos nos seus cachos escuros. Ela mordiscou levemente o lábio inferior do garoto e trilhou beijos curtos pelo seu rosto, tornando-os mais intensos assim que chegaram ao pescoço.
Henri deslizou as mãos pelas costas de Lis até chegar em suas coxas, apertando-as com certa força mas ainda assim sem deixar de lado a delicadeza, pois a menina era tão pequena que ele sentia que poderia machucá-la sob qualquer toque mais bruto.
Lis sentiu seu rosto corar e pensou em voltar atrás, mas por algum motivo aquilo não parecia uma opção, então ela apenas seguiu o ritmo e colocou as mãos por baixo da camisa de Henri, arranhando seu peito nu enquanto voltava a beijá-lo nos lábios, agora com mais voracidade.
Quanto mais avançavam com aquilo, mais Lis se sentia incapaz de parar e se afastar de Henri, era como se já não pudesse decidir por si mesma, seu coração era quem tomava as decisões, e no momento ele parecia bem determinado a não largar mais aquele garoto nem por um segundo.
– Tudo bem? – Henri perguntou e Lis riu, querendo muito lhe dar um soco.
– Sim, só cala a boca e continua.
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Ambos estavam exaustos e haviam acabado de encher a banheira Kate para tomar um banho depois de decidir que não seria uma boa chegar em casa cheirando a sexo, drogas e rock'n roll. Lis se aproximou e se aconchegou no peito de Henri, sorrindo ao sentir o braço do garoto passar pelos seus ombros. Sua mão tateou pelo fundo da banheira em busca da de Henri e entrelaçou seus dedos com os do rapaz quando a encontrou.
– E eu achei que você era só um nerd inexperiente... O que mais tem sobre você que o bonitinho escondeu de mim até agora? – Ela perguntou sorrindo e zombando do garoto que meneou a cabeça e ficou quieto por um curto período de tempo antes de responder.
– Eu acho que eu te amo – ele disse e Lis se afastou para poder olhá-lo nos olhos, movendo-se com tanta rapidez que espirrou água pelo banheiro inteiro.
Ela segurou o rosto de Henri por entre suas mãos molhadas e em momento algum viu os olhos verdes do garoto fugirem dos seus. Ele não estava mentindo.
– Henri, e-eu... – Lis gaguejou e sentiu seu rosto esquentar e assumir um tom rubro avermelhado. – Puta merda...
– Se não é o que você sente, não precisa mentir, tá tudo bem. De verdade.
– Ai que merda garoto... – ela disse e meneou a cabeça quando algumas lágrimas passaram a descer por sua bochecha. – Eu tenho vontade de te matar quando você faz eu me sentir assim, tão pequena e fraca que qualquer palavra ou gesto seu pode me quebrar.
– Mas eu jamais faria isso com você, Lis – ele disse e apertou sua mão em volta das pequeninas de Lis. – Eu não vou mais te machucar, eu prometi a mim mesmo que nunca mais te deixaria daquele jeito de novo.
– Eu sei Henri, eu sei – ela respondeu e um sorriso meio torto misturado ao seu choro surgiu em seu rosto. – E é por isso que eu também acho que te amo.
Henri também sorriu e a puxou para perto, abraçando-a e acariciando as costas nuas da menina com uma mão enquanto a outra afagava seus cabelos molhados.
Internamente, ambos desejavam que aquele momento durasse para sempre, mas no fundo sabiam que só eram jovens, estavam bêbados, apaixonados e frustrados, nem Deus sabia o que poderia acontecer depois.
Eles poderiam levar aquilo pra frente, ou poderiam usar o álcool como desculpa pra tudo e fingir que nada daquilo tinha acontecido. Era complicado, sempre seria complicado, e isso era tudo.
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Oi, aqui é a Chessie! E então, como estão? Estão gostando da história? Eu realmente espero que sim e que eu não esteja fracassando no meu primeiro romance logo de cara auhsuhhuas
Enfim, dramas à parte, quem leu o especial "delicate" em ACDB talvez esteja estranhando o capítulo e achando que tem alguma coisa faltando e bom, realmente tem. Os capítulos "delicate" e "dress" na verdade eram um só e eram um hot, mas eu resolvi dividir em dois pra não ficar muito longo e é, eu tirei o hot porque me arrependi e não tava muito satisfeita com aquilo, achei que não encaixava muito bem na história, mesmo porque a intenção aqui é ser um romance e não um pornô :v kkkj enfim, explicações dadas, espero que tenham gostado mesmo com essa leve mudança na história, muitos beijos e até a próxima! ♥
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