A origem

                         O início

      No princípio existiam apenas dois mundos. Não havia o contínuo, nem a separação dos dias, meses e anos. Havia Niflheim, o mundo da névoa. Escuro, frio como gelo, e cortado por onze rios de águas venenosas originados do turbilhão portentoso chamado de Hvergelmir. E Muspell, o mundo das chamas, repleta de lava e rochas derretidas, onde tudo está sempre incandescente.

      No limite do mundo do fogo, vive uma entidade assustadora e feroz chamada Surt, o gigante de fogo, que surgiu antes de todos os deuses. Ele porta uma gigantesca espada chamejante, e aguarda ansiosamente o dia do Ragnarök para que possa entrar em Asgard e matar todos os deuses.

      Todos os rios corriam para o mundo disforme e vazio entre Muspell e Niflheim, chamado Ginnungagap, e ao longo dos milênios, as águas venenosas se solidificaram, fazendo surgir geleiras. Do encontro entre o gelo de Niflheim e do fogo de Muspell, surgiu a vida. Um gigante, de ambos os sexos, chamado Ymir.

      Ymir, o primeiro de todos os gigantes, se alimentou do leite da vaca Audhumla. Rezam as lendas vikings que o primeiro deus surgiu de um bloco de gelo lambido por Audhumla. Esse deus foi chamado Buri.

      O primeiro dos deuses desposou uma gigante gerada por Ymir durante o sono, e juntos, os consortes geraram Bor. Este, por sua vez, escolheu para si como esposa Bestla, que gerou três filhos: Odin, Vili e Ve.

      Os três jovens deuses queriam explorar o mundo fora dos limites de Niflheim e Muspell, mas sabiam que empreender essa aventura de forma leviana seria sua extinção. 

      Nada existia, além de névoa, gelo, escuridão e fogo.

      Odin, Vili e Ve mataram o gigante Ymir, e então, os mundos começaram a existir. Torrentes de sangue jorraram das entranhas do gigante morto e varreu a raça dos primeiros gigantes, matando-os afogados. Apenas Bergelmir e sua esposa sobreviveram, levados embora pelo tronco de uma árvore. Mas um dia eles voltaram e formaram uma nova raça de gigantes.

      Dos dentes e dos ossos de Ymir, os três irmãos moldaram as montanhas. Da carne, criaram a terra, onde os homens cultivam plantas. Os oceanos são o sangue e o suor do primeiro gigante. As estrelas são as fagulhas expelidas pelas chamas do inferno  chamado Muspell.

      Dos cílios de Ymir, um muro foi erguido, e Midgard surgiu.

      Midgard era o paraíso na terra, mas não havia vida dentro dele. Tudo era triste e vazio. Os irmãos saíram pelo mundo a procura de vida e encontraram numa praia dois troncos de árvores. O primeiro tronco era um freixo, usado para fazer hastes de lanças. O segundo era um olmo, uma árvore graciosa.

      Os troncos foram postos em pé na areia. Odin segurou-lhe e soprou-lhes a vida. Vili concedeu-lhes vontade própria. Ve esculpiu-lhes e deu-lhes formas humanas perfeitas.

      Nasciam, assim, um homem e uma mulher nus. O homem recebeu o nome de Ask e a mulher foi chamada Embla. Os dois são os pais da humanidade. Eles habitaram dentro dos muros de Midgard e geraram filhos e filhas que pulularam a terra.

      O mundo foi moldado pelos deuses sob um formato plano, com um grande oceano em volta habitado por uma serpente gigante chamada Jörmungund.                 

      A guerra é a grande redentora do mundo, e cada espada desembainhada, cada lança atirada, é em honra de Odin, o Pai de Todos. Em sua homenagem, há um dia na semana chamado Wednesday, ou Dia de Odin.

      Os guerreiros combatem em honra aos violentos deuses nórdicos. Derramam sangue a seu bel prazer, se destroem uns aos outros, e depois de mortos, são levados ao Valhala pelas valquírias. No Valhala, os guerreiros são honrados como heróis e ceam e bebem com o Pai de Todos.

      Tal não é destino, dos infames e desonrados, porém.

      Estes pertencem à Rainha dos mortos, e com esta padecerão eternamente.


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