• Vinte e sete •

Sinceramente, eu não gosto de hospitais. Eu não sei se é o uso excessivo do branco – nas paredes, nos móveis, nas pessoas – ou se é o aroma misto de antisséptico, doença e medo, que me usurpa a paz e o desejo de respirar, ou ainda a ausência de alegria e a privação de sono. No entanto, o que eu tenho plena convicção é de que neste ambiente, me sinto completamente angustiada e absolutamente abatida.

Olho ao redor e todos estão sérios e pensativos. Já se passaram cinquenta minutos desde que soubemos do acidente envolvendo o Arthur. Meu pai conforta o Sr. Gardien em silêncio. Nesse momento, palavras não são necessárias e a afirmação da presença é o único consolo bem-vindo. Bel, Tales, Mari e Matias oram em um lugar reservado. A senhora desconhecida chora desesperadamente. Ao meu lado, Henrique segura a minha mão e a acaricia incessantemente. Recosto em seu ombro e fecho os olhos. Lágrimas caprichosas escorrem pela minha face. Por favor, Senhor, não o leve ainda... Por favor, eu imploro.

Infelizmente, há vinte minutos, o médico não foi portador de boas notícias. Pelo que pude absorver, considerando o estado caótico dos meus pensamentos, o Arthur sofreu um traumatismo craniano e permanece inconsciente. Vários ossos do seu corpo apresentaram fraturas. O seu tórax foi perfurado, e algo chamado cavidade pleural* foi preenchido de sangue, comprimindo os pulmões e dificultando a sua respiração. Ele precisou ser intubado. Mas o pior eles guardaram para o final. A equipe alegou que tentava conter a hemorragia com dificuldade e, caso o sangramento não cessasse, o Art entraria em choque, e isso é muito grave.

Noto o Henry alterar a postura e pressinto perigo. Abro os olhos e o meu temor revela-se verdadeiro. O médico se aproxima em uma velocidade considerável. Ele tem presa.

– Boa noite, Sr. Gardien – ele se dirige ao pai. Nada mais justo. – Precisamos conversar. Por favor, me acompanhe – o seu tom é gentil e firme.

O Sr. Gardien não move um único músculo. Seu semblante é pálido e seu olhar distante. A própria imagem da agonia.

– Independente do que almeje comunicar, Dr. Camilo, faça-o aqui. Não intento separar-me de meus amigos agora. – Meu pai aperta o seu ombro e ele assente, grato.

– Compreendo – o médico senta ao seu lado. – O seu filho, Arthur, sofreu um trauma grave durante o acidente – ele retoma, cauteloso. – E embora todas as medidas emergenciais tenham sido efetuadas, ele continua perdendo sangue e encontra-se em choque hipovolêmico, devido ao baixo nível dos líquidos corporais. Isso dificulta que o coração mantenha o organismo adequadamente. – Meu Deus, não.

– Precisamos repor esse volume o mais rápido possível, porém o estoque hematológico do hospital está zerado. Solicitamos ao banco de sangue da cidade vizinha, mas a neve está impedindo o tráfego. – Não poderia haver um momento menos oportuno para uma nevasca. Pai, nos ajude. – Gostaria de questionar se existe a possibilidade de obtermos as doações entre os familiares e amigos?

– Com certeza – meu pai dá voz ao sentimento geral. Nenhum de nós se oporia a ajudar.

– Excelente. – Dr. Camilo une as mãos, esperançoso. – O tipo sanguíneo do Arthur é O negativo. Daremos prioridade aos doadores compatíveis.

O desânimo me preenche e leio o mesmo nos olhos da Mari. Na minha casa somos todos A positivo. Bel, Tales, o Sr. Gardien e a senhora, também são discordantes.** Os demais ainda não chegaram.

– Bom, nesse caso...

– Eu sou O negativo, Dr. Camilo. – Imediatamente, todos se voltam para o Henrique com atenção. – E estou pronto para realizar quantas doações forem necessárias.

Ele acena para o Sr. Gardien, que retribui com um sorriso singelo. Com uma piscadela e um beijo delicado no dorso da minha mão, Henry acompanha os enfermeiros rapidamente. De acordo com o médico, a cada minuto o quadro do Arthur se agrava e o tempo é o nosso oponente mais cruel.

As orações reiniciam e a senhora continua a sua prece isolada e silenciosa. Sua atitude me remete a personagem bíblica Ana, que chora amargamente ao Senhor pedindo por um filho. Repentinamente, uma ideia me ocorre. Caminho até ela e a estendo um lenço de papel. Ela ergue o olhar e a verdade me domina. Não há mais dúvidas... É ela. Ocupo a cadeira ao seu lado.

– Com licença – inicio, tentando encontrar as palavras certas. – A senhora é a mãe do Arthur? – tentando, mas falhando miseravelmente.

– O que disse? – ela mimetiza uma expressão confusa, que logo se desvanece. Com um sorriso triste, ela assente. Não aparenta ter forças para discutir ou mentir. – Sim, querida. – A despeito da suspeita, fico abismada.

A mãe do Arthur abandonou a cidade, o marido e o filho, há onze anos. Ao que tudo indica, o seu casamento não era exatamente feliz e satisfatório. Porém, são apenas suposições. Ninguém, além do casal, conhece os reais motivos. E considerando que são os pais do Art, não me impressiona guardarem um segredo de forma tão exímia e eficiente. De todo modo foi uma grande surpresa para os cidadãos. Os Gardien são uma das famílias mais abastardas e influentes de Águas Douradas e o ocorrido foi um verdadeiro escândalo, especialmente em um município de apenas dez mil habitantes. 

Após alguns meses, o Sr. Gardien deixou a mansão e resolveu se instalar em um lar mais simples na parte arborizada da cidade... distante cinco minutos da minha casa. O Arthur jamais perdoou a mãe por tê-lo deixado  e compreendo as suas razões. No entanto, não posso julgá-la e honestamente esse não é o meu papel.

– Como soube? – questiona. Sua voz é marcada pelo sofrimento.

– Os seus olhos. Eles possuem o mesmo verde profundo que os do Arthur. Eu reconheceria esse tom em qualquer ponto do universo – meu coração falha.

Por favor Deus, salve o meu amigo, por favor, eu preciso dele. Me repreendo de imediato. Que pensamento egoísta! Se não fosse por mim, ele jamais estaria nessa situação e...

– A culpa é minha. – Oi? Certo, eu admito que não a estava escutando. Sinceramente Catarina, você já foi um ser humano melhor. Golpeia o filho e ignora a mãe... francamente. Diante do meu semblante desnorteado, ela repete. – A culpa do acidente do meu filho é minha. – Okay, duas culpadas e uma vítima. Eu não sou a rainha da matemática, mas há algo de errado nesse cálculo.

– A senhora não...

– Me chame de Ellen – ela sorri de modo triste, porém gentil. – E sim, eu fui a responsável. Eu não deveria ter aparecido. Deus sabe o quanto lutei para me manter distante. Porém, o meu menino estava para se formar e ser eleito o melhor da turma. Eu não resisti. – Lágrimas abundantes, como um rio incontrolável, inundam o seu semblante abatido. Ela as enxuga e limpa a garganta, a fim de tornar o seu discurso mais claro. – Eu tenho conversado com o Hector acerca da possibilidade de uma cautelosa reaproximação. O Arthur cruzou a porta no exato momento em que discutíamos a respeito. E bom, digamos que não ficou animado com a notícia.

Posso imaginar. Considerando o rancor que guarda da mãe, ele deve ter ficado transtornado. Não é a primeira vez que um episódio como esse ocorre. Logo após nos tornamos amigos, no Dia das Mães que se seguiu a separação, ele ficou extremamente desnorteado. Lembro de termos passado o dia juntos com o intuito de aliviar o seu sofrimento. Uma luz clareia a minha mente cansada. É óbvio, este foi o verdadeiro motivo de ele ter me procurado, não apenas o meu aniversário. Ele precisava de consolo, de apoio emocional. Paro e respiro profundamente tentando organizar as novas informações. Eu deveria me sentir duplamente culpada, mas em meu coração, um sentimento reverso é processado... remissão. Não existem acasos, Catarina. Deus sempre tem um propósito. Vamos, você consegue.

– Ellen – ela ergue um olhar melancólico e ressentido –, por que a senhora voltou? – ela parece desconcertada com o meu questionamento. – Perdão, permita-me reformular a frase. Por que, após tantos anos, resolveu retornar à cidade somente agora? – A formatura foi uma desculpa fraca. Há algo mais... eu sei... eu sinto. Crio expectativas por sua resposta.

– Acreditaria se eu dissesse que foi Deus?

Sinto um crepitar em meu interior. Como se a chama de uma enorme fogueira estivesse prestes a consumir tudo ao meu redor.

– Não apenas acredito, como eu sei que foi Ele. – Okay Deus, estou escutando. Por favor, me entregue as palavras certas, porque o roteiro é todo Seu. – Senhora Ellen, eu não conheço os detalhes da sua história e sinceramente não importa. Porque o Pai Eterno sabe de tudo. E sim, Ele te perdoa – ao som da última sentença, assisto ela irromper em lágrimas. – A senhora acredita na bíblia? – ela assente, perplexa. Ótimo, eu também estou. Que tipo de pergunta é essa? Sinto o meu peito queimar novamente... Continue, Catarina.

– Pois bem. Em Efésios 1:7, está escrito que Deus já nos perdoou, por meio do seu amor. Não se trata do que nós fazemos, mas sim do que Jesus realizou na cruz. Não é questão de merecimento, Sra. Ellen, mas da graça e misericórdia de um Pai amável e bondoso – soluços copiosos escapam entre os seus lábios trêmulos. Os demais se voltam para nós, curiosos, porém ignoro. Ouço o crepitar e compreendo que devo prosseguir. – Sabe o que mais a bíblia diz em Neemias 13:2? – Ela nega.

– Que o nosso Deus... – nosso? Ela O conhece? Inspiro de modo profundo e exalo lentamente. Não Catarina, se atenha ao script do Autor. Retomo. – O nosso Deus é capaz de converter situações trágicas em bençãos maravilhosas. Quando entregamos a nossa vida em Suas mãos, o seu amor perfeito cura todas as cicatrizes deixadas por um passado recheado de erros, medos e incertezas. Ganhamos uma chance de recomeçar. Porém, dessa vez, a pena está nas mãos de um escritor competente, que nunca falha, nunca muda, nunca desiste e nunca parte. Você está no lugar certo, mas não está sozinha... Deus é com você.

Repentinamente, ela rompe o espaço entre as cadeiras e me abraça forte. Abismada, levo alguns segundos para retribuir. Permanecemos minutos ou horas nessa posição. Com um beijo no alto da minha cabeça, ela se afasta. Um sorriso doce e sereno repousa em seus lábios.

– Obrigada – e fim.

O momento termina sem eu compreender a finalidade do meu discurso. Ela se volta para frente e recomeça a prece. Ainda atordoada, decido me unir ao grupo dos meus amigos, porém, os passos apressados do Dr. Camilo me paralisam. Seu semblante exibe preocupação. Fecho os olhos. Por favor, Deus.

– Sr. Gardien – ele chama o homem que não aparenta conter qualquer resquício de força em seu interior desolado. – Lamentavelmente – Oh, céus –, não trago boas notícias. – De novo? E quando o senhor as trouxe? Começo a ficar aflita. Mal percebo a Mari segurar a minha mão. – Henrique fez os testes e já se encontra no processo de doação. Felizmente, ele é apto e incrivelmente disposto.

Sim, esse é o Henry que conheço. Mas será que realmente o mereço?

– No entanto, surgiu um outro obstáculo. Ao que tudo indica, a presença de sangue na cavidade, assim como a sua comunicação com o meio externo, gerou um processo infeccioso. Iniciamos o uso dos antibióticos, porém o Arthur apresenta sinais notórios de sepse. – Não sei o que é, entretanto, não gostei do nome. – Em resumo, uma infecção generalizada grave. – Olho para ele e compreendo rapidamente. Por grave, leia-se fatal. O Arthur corre risco de morte.

– O que podemos fazer, Dr. Camilo? – meu pai questiona com os olhos marejados. O médico baixa a cabeça reflexivo e quando a ergue novamente, sua expressão transmite pesar.

– Continuem orando. – Traduzindo, peçam por um milagre. Meu Deus. – Faremos todo o possível. Agora, com licença.

Sinto o meu corpo enfraquecer e os braços do Matias me sustentam. Ele me acompanha até a cadeira mais próxima, e a minha irmã me abraça com delicadeza. Não há palavras a serem emitidas, não há pensamentos proveitosos em minha mente exaurida. E sem conseguir conter as lágrimas, choro enquanto oro ao meu bondoso Pai Celestial.

A família do Arthur começa a chegar e aos poucos ocupam as cadeiras disponíveis. Ambas as partes, materna e paterna, trocam o mínimo de palavras necessárias a boa educação e se posicionam em lados opostos da recepção. A disparidade entre eles é evidente.

Os Gardien são refinados e elegantes. E ao receberem os cumprimentos do diretor do hospital e a ligação do prefeito, revelam todo o poder e status social que possuem. No entanto, a gentileza e os agradecimentos de inúmeros pacientes pelos auxílios recebidos, também demonstram caráter e bom coração. Abastados, mas não arrogantes, características comuns ao Art. Já os Jones são simples e humildes. Possuem uma pequena propriedade rural na cidade vizinha e sobrevivem da agricultura familiar. São doces e alegres, porém muito reservados. Não me é estranho que o Arthur apresente uma predileção especial por segredos e mistérios. Sorrio com a cena. A despeito da clara divisão, o Art ficaria feliz em vê-los reunidos no mesmo ambiente. Com exceção da mãe, é claro.

Após uma hora, decidimos ir para casa. O Sr. Gardien conta com um bom suporte, então meu pai sente-se mais tranquilo em separar-se dele. O quadro do Arthur não sofreu alterações, o que, nesse caso, é simultaneamente positivo e negativo. Além disso, o Henrique precisa descansar e se alimentar bem... ordens médicas. Contra a sua vontade e o desejo educado de não incomodar, o obrigamos a permanecer conosco. Preparamos o quarto de hóspedes e depois de uma  refeição completa, ele simplesmente apaga, como se houvéssemos retirado as suas pilhas ou desconectado uma bateria. 

Tomo banho e deito na cama, física e emocionalmente esgotada. Fecho os olhos e pensamentos perturbadores ameaçam me consumir. Sucumbindo, aperto o travesseiro contra o rosto e passo a contabilizar a minha respiração... Um, dois, três... Estranhamente, rememoro Peter Pan: tenha pensamentos felizes! Como é? Em resposta, a minha mente projeta o pedido do meu... sim, do meu namorado. Sorrio. Eu estou... feliz? Com certeza. Me permito ser dominada pela sensação que afastei com a chegada do... Ah, não... Outra vez? Eu estou um caos hoje. Volto ao Henry. A sua alegria e gentileza preenchem o meu coração e... eu realmente o mereço? Ele é tão incrível e eu... O que você está fazendo? Chega!

Levanto e sento no meu tapete felpudo rosa chá. Solto todo o ar aprisionado em meus pulmões e inicio uma oração... uma conversa... um tanto desorganizada. Tenho a convicção de que se há alguém neste mundo capaz de me compreender é o meu Criador.

– Oi Pai, tudo certo? – é claro que está tudo certo Catarina, Ele é Deus. Okay, continue assim mesmo. – Abba, eu não estou me sentindo bem – fato óbvio. – Estou muito preocupada com o Arthur. Sabe Deus, eu não posso... eu não quero que ele morra. – Ótimo, ponto para a sua empatia. – Ele é importante para mim. É o meu melhor amigo – sinto o meu coração parar. Uma palpitação inaudível seguida da outra, e uma distância infinita entre elas. Amigo? Apenas isso? A minha alma une as letras com perfeição e as expresso em um som alto e claro. – Sim – sorrio. – Mas o Senhor já sabia disso, não é?

E então, finalmente compreendo. Imersa em um quadro humanamente impossível, decido abandonar a justiça e esforço próprios para confiar unicamente nEle. Lentamente, começo a processar uma verdade por vez.

Primeiro, eu jamais permiti que o Arthur partisse realmente. Eu o afastei fisicamente, mas o fixei em mim como uma tatuagem constituída de boas memórias. A incerteza dos meus sentimentos foram fruto do imensurável medo de perdê-lo. Porque sendo honesta, em meu interior, eu sempre soube que ele voltaria todas as vezes... por mim. Eu o deixei repetir isso incessantemente e me prendi a essa convicção como a uma tábua de salvação. Agora, diante da possibilidade de vê-lo partir sem retorno, desejo somente que ele tenha uma vida com Deus, ainda que... Ergo os olhos aos céus. Não é sobre ser fácil, e sim sobre ser correto... ainda que eu o perca para sempre. E pela primeira vez, sei que o meu coração está no lugar certo.

Exalo o ar e sinto que posso respirar novamente. Fecho os olhos e deixo a alegria pelo recente upgrade no meu status civil me dominar. Com alívio, experimento a felicidade isolada da considerável dose habitual de culpa. Caminho com passos corajosos em direção à segunda verdade. Continuamente, me questionei se o Henrique preenchia o espaço deixado pelo Art, no entanto, a realidade é que esse assento jamais esteve vago. Arthur Gardien sempre esteve lá... na minha mente e no meu coração. O meu Henry – Pai Eterno –, conquistou uma área inóspita e inabitada. São territórios separados, emoções diferentes, propósitos específicos e sentimentos únicos.

Em Colossenses 3:15, a Bíblia diz que a paz deve atuar como árbitro em nossas decisões, porque no momento que a perdemos, sabemos que há algo equivocado. Pois bem, mergulhada em um caos doloroso e lancinante, não poderia conservar a paz de Cristo mais perfeitamente do que agora. Me ajoelho e meu tapete felpudo rosa chá me recepciona com carinho.

– Olá Deus, eu de novo. Sim, já me sinto melhor. Obrigada por isso. Pai, eu sei que nunca é sobre nós ou nossas vontades. Eu acredito que fui apenas o canal para que o Art O conhecesse. Então, agora me retiro para que o Seu amor possa trabalhar livremente. Oro para que a saúde do meu amigo seja restaurada e que ele O encontre, porque viver longe da Sua presença é morrer todos os dias. Eu confio nos seus planos e independente do que ocorra... – meu coração falha. Acasos não Catarina, propósitos. – Sim, eu continuarei a louvá-Lo – deito e vou dormir imersa em uma tranquilidade que comprova a paz que excede todo o entendimento.

O dia nasce, entretanto, ainda parece noite. A neve excessiva recobre a minha janela e por uma pequena fresta sobressalente consigo enxergar a fina chuva de granizo sobre o solo. Desço as escadas incerta do horário do relógio. Esfregando os olhos e bocejando, me deparo com uma cena preocupante, para não dizer desesperadora. A minha família está reunida à mesa da cozinha, ostentando semblantes abatidos. Henrique não se encontra.

– Querida – a voz do meu pai é um sussurro triste –, por favor, sente-se. Precisamos conversar. – Puxo uma cadeira e sento temerosa. – Hector ligou há pouco. O Arthur apresentou uma piora. – O quê? Não, por favor... – Foi comprovado infecção generalizada grave.

Me angustio e começo a submergir no medo. Repentinamente, paro e rememoro a noite anterior. Independentemente do que ocorra Deus, eu continuarei a louvá-Lo. Assinto para afirmar que entendi. Meu pai aperta a minha mão e visualizo algo preto entre os seus dedos: a caixinha do Art!

– Pai – inicio, apontando para o objeto.

– Sim, meu amor. Chega de segredos. – Concordo.

Decido que após a montanha-russa dos últimos meses, nada será capaz de me surpreender, certo?

*Cavidade pleural é o espaço que fica entre os dois tecidos fininhos (pleuras) que revestem os pulmões.

**Existem quatro tipos sanguíneos: A, B, AB e O. Podendo estes serem positivo (+) ou negativo (-). Não é incomum, que portadores do tipo sanguíneo O, tenham pais com tipos sanguíneos diferentes do seu (A ou B). Por fim, o tipo sanguíneo O- recebe doação apenas de outra pessoa O-; e é considerado bastante raro em comparação aos demais tipos.

Será que o nosso Art vai sobrevier?! Passando mal desde já... Capítulo 28 se você não vier, eu vou te buscar!!

Se está gostando dessa estória, que tal deixar uma estrelinha tão brilhante quanto você?!

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