Capítulo 29 Inconsolável...


Um mês depois...

--- Becky? --- meu irmão pergunta ao perceber que alguém atendeu a ligação.

--- Hã... Oi Jaxon.

--- Me desculpe Becky, eu estava preocupado com você não queria que você sofresse mais por ele, talvez o modo como agi não tenha sido um dos melhores para você mas foi o modo como achei que poderia te ajudar o que me levou a contar tudo para a tia Mei.

--- Tudo bem, eu sei Jaxon.

--- A casa ficou meio chata sem você.

--- Ele ainda vai aí em casa? --- um frio percorre a minha barriga ao pronúnciar as palavras que saíram automaticamente e recebo como resposta um silêncio que durou alguns segundos.

--- Sério, Becky? --- posso ouvi-lo suspirar do outro lado da ligação. --- Não vou responder a essa pergunta.

--- Bom, não faz diferença, eu não estou mais apaixonada pelo Kai.

--- Fico feliz em saber disso, Kai é meu melhor amigo mas não admito que ele deixe minha irmã sofrer, espero que venha para casa logo, já faz um mês e todos estão morrendo de saudade de você, inclusive eu.

--- ah, sim. Também estou com saudades, volto amanhã. --- sorrio mas logo me lembro que ele não pode ver meu sorriso.

-- Ok, até amanhã irmã.

--- Até. --- digo finalizando a ligação.

--- Já vai me deixar sozinha? --- minha tia faz cara de tristeza depois de ouvir toda a nossa conversa.

--- Bom, preciso voltar, não moro aqui. --- sorrio para ela entendo minha mão sobre a mesa para tocar na sua.

--- Infelizmente.

Ao Terminamos de jantar subi as escadas e fui para o quarto que minha tia arrumou para mim temporariamente.

Eu não estou apaixonada pelo Kai. Foi o que repeti para mim mesma durante um mês inteiro, sinto que agora posso definitivamente ir para casa, antes eu corria o risco de vê-lo porque ele mora perto da minha casa mas estando na casa da minha tia se torna mais difícil vê-lo o que ajudou bastante para esquece-lo. Em quase um mês eu me apaixonei por ele e tudo o que eu precisava era um mês para esquece-lo.

Nunca mais liguei pro Kai nem sequer mandei mensagem, será que ele atenderia minha ligação?

Encaro por alguns segundos o número de seu telefone na tela do meu celular, acabo pressionando o dedo sobre o número e pondo no viva voz quando começa a chamar.

--- Becky? Bom, imagino seja você já que seu número está renomeado como Red. --- ouço a voz da Mila no outro lado da ligação mas não digo nada. --- Me desculpe mas se você queria falar com o meu irmão não vai dar, perdi meu celular e ele me deu o dele, logo depois foi embora.

--- Embora? --- pergunto sem entender.

--- Sim, Kai foi embora. Ele já estava juntando dinheiro para comprar um casa, já faz um tempo. Saiu a mais ou menos um mês atrás. Vocês não namoram? Por que ele não te passou o número novo nem contou que foi pra uma casa nova? Becky?

Afasto o celular do meu ouvido e encerro a ligação o jogando sobre a cama ,afinal, qual é o meu problema? Porquê estou ligando pro Kai? Por que? Está tudo bem, se ele se mudou, será mais difícil vê-lo.

                                           .    .    .
--- Me desculpe pessoal mas terão que descer. --- o motorista abre as portas traseiras do ônibus e se levanta do acento. --- É só irem pela calçada, não posso avançar mais porque está chovendo muito e a rua está alagada.

As pessoas se levantam do acento reclamando e xingando mas depois de alguns segundos se deram por vencidas fazendo uma grande fila indiana até a porta de saída. Me levanto do banco acompanho a fila e desço as escadas do ônibus, minhas sapatilhas se encharcam ao  pisar numa possa de água. A chuva esta muito forte.

Por que eu precisava esquecer o guarda-chuva???

Ainda estou um pouco longe da minha casa mas não me resta outra alternativa a não ser ir a pé. A essa hora, todas as lojas da rua já estão fechadas e nenhuma alma viva vaga pela rua essa hora, todos que desceram do ônibus foram para o lado oposto do meu.

Me peguei pensando no dia em que sai com o Kai e fomos pra casa na chuva. Paro de andar e meu corpo se vira  de frente para a loja de sandálias em que entramos naquele dia, era óbvio que a loja estava fechada e não tinha ninguém na rua mas qualquer um que passasse por ali me vendo na chuva,  encarando um lugar fechado e rindo por lembrar de ter caído na lama, essa pessoa com certeza acharia que sou louca.

Qual o seu problema ? O que faz parada aí? Era o que minha mente perguntava para mim e era a pergunta para qual eu não tinha uma resposta. Eu não amava o Kai então porque aquela lembrança veio a minha mente?

Um mês havia se passado e pra mim isso serviu de muito coisa, parei de sentir sua falta, parei de pensar nele todos os dias e de falar sobre ele, Céus... Então por quê estou pensando nele agora? O que há de errado comigo? Não importa só vá para casa Becky!

Me viro para frente e volto a andar ignorando qualquer que fosse a lembrança que aquela rua me trazia, nada mais importava, nada.

Ando um pouco mais e paro para me sentar me sentando em um banco a minha frente, deixo a alça da minha bolsa deslizarem sobre os meus ombros e caírem sobre a calçada .A chuva não queria cessar e eu confesso que ela pouco me incomodava, o fato da rua estar vazia, me fazia não me importar com nada nem com as roupas estarem colando em meus corpo de tão encharcadas que estavam, isso sem falar do estado do meu cabelo.

Olho para o azul escuro do céu e fecho os meus olhos deixando as gotas de água caírem sobre o meu rosto, abro os olhos novamente focando na luz do poste acima do banco e me assusto ao ouvir o barulho de passos que se aproximavam cada vez mais.

Olho para o lado mas a pessoa que se aproximava ainda estava um pouco longe e não dava para enxergar quem era porque não havia muita claridade de um modo que só dava para ver a sombra de seu corpo. Só posso dizer que essa pessoa se importa com a chuva muito menos que eu. Ela anda de forma calma e lenta, suas mãos permaneciam no bolso e um guarda-chuva não parecia fazer falta alguma.

Eu continuei encarando a pessoa que era tão louca quanto eu e percebi que ela vinha em minha direção, a luz do poste acima de mim a iluminou e confesso que pisquei mais de uma vez para ter certeza absoluta do que estava vendo. Meus olhos focaram em suas vestes e subiram até chegar em seus rosto de um modo em que a primeira coisa que vi foi um coturno preto, uma calça preta, um Cardigan azul e... Não.

A pessoa caminhou até mim e sentou ao meu lado, aquele cheiro era inconfundível, Borboletas se formaram em meu estômago e meu coração se acelerou de um jeito que cogitei a hipótese de estar sofrendo um infarto ou algo parecido.

Só agora me toquei que um mês havia passado e nada havia mudado, acordei para a realidade no instante em que percebi  que eu era a mesma garota de um mês atrás e que eu só enganava a mim mesma mostrando ser outra todo esse tempo, como  odiei saber disso.

.............♥️🧊

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