Nunca, em hipótese alguma eu poderia estar apaixonada pelo Kai. Eu? Becky?? Há, há há! Não me faça rir, o que eu sinto é só constrangimento por não ter estado tão perto de tantos garotos assim, sem contar que Kai é bonito, com aqueles cabelos ondulados e negros, olhos azul como oceano profundo, um maldito perfume que não saiu do meu quarto e... Chega! Ele é atraente eu sei mas, eu sei que não passa de um sínico irritante motivo suficiente para me fazer detesta-lo! Esquece isso Becky.

Bom, em relação a resposta para a minha sinceridade não demorou, mudou muito as atitudes e o modo em que “minha amigas” lidam comigo, na verdade, percebo que somente eu as considerava assim porque desde de que deixei de agrada-las dizendo sim pra tudo ou dando dinheiro para tudo o que pediam, elas... Simplesmente me evitam, fingem que não me vê ou até mesmo passa por mim olhando para qualquer outro lugar.
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--- Agradeço por ter aceitado o convite da Ana. --- falo me aproximando de Kai que está sentado no banco.

Sinceramente não sei de onde ele tira dinheiro para ter tantos sobretudos e a cor dessa vez era azul cobalto que combinava perfeitamente com seus olhos.

--- Me diga de quem foi o enterro desta vez. --- ele me olha de cima a baixo vendo que estou vestida de preto e meu corpo fica levemente trêmulo com o peso de seu olhar. -- Mesmo com um conjunto preto ainda usa um maldito batom vermelho. Mas não se preocupe, direi para não esquecerem de por o batom em seus lábios no dia do seu enterro. Em relação ao seu pedido eu vim apenas porque sei que teria doce.

--- Engraçadinho!

--- Eles vão demorar? --- ele pergunta olhando pro céu azul sem nenhuma nuvem.

--- Não faço ideia. --- digo me sentando no banco.

--- Olá Becky!!!! --- Kai e eu olhamos na direção da voz e vimos Ana de mãos dadas com o seu namorado. --- Esse é Johnny e Johnny esses são Becky e Kai minha amiga e o namorado dela.

--- Oi! --- ele dá um tchauzinho pra mim e pro Kai. Sorrio para ele que retribui o ato.

--- Compramos algodão doces no caminho!  --- Ana revela dois algodões doces em suas mãos que até agora estavam escondidas atrás de si. --- Eu trouxe um pra você e um pro Kai!

Ela se aproxima de nós e tira os plásticos do algodão os dando  em nossas mãos.
parecia que doce era a única coisa que tirava Kai do tédio o  que me fez perguntar para mim mesma como um garoto com a personalidade tão azeda poderia gostar de coisas tão doces.

No caminho até o parque Ana olhava para mim e Kai o tempo inteiro provavelmente se perguntando porque um casal não dava as mãos mas o garoto ao meu lado nem sequer se importava, ele apenas curtia o trajeto  com as mãos dentro do bolso do sobretudo.

Fomos na montanha russa e em alguns outros mas quando digo nós eu deveria usar uma vírgula porque Kai se recusou ir em todos eles, preferiu ficar comendo batatas fritas e mais algodões doces, era chato mas eu não podia obriga-lo a nada, algumas  vezes Ana e seu namorado se beijavam e eu me sentia como se fosse uma vela.

--- Kai acho que devemos ir embora. --- digo me aproximando de Kai enquanto olho para o casal ao longe comprando batatas fritas em uma das barracas.

--- Não está se divertindo? --- ele me encara e estende uma das mãos em minha direção tirando uma mecha de cabelo da frente do meu rosto. --- Você está com o cabelo todo bagunçado.

--- Não. Não está divertido, pra ser sincera me sinto um peixe fora da água. Ana não para de me dizer que você deve ser uma pessoa antissocial.

--- Bom, digamos  que ela não esteja totalmente errada. --- ele diz pondo uma batata na boca mas faz cara de nojo como se a batata estivesse estragada. --- Céus... Que casal meloso.

Olho em direção ao casal e Johnny está dando batatas fritas na boca da Ana.

--- Por que Kai!? Por que???! --- digo dando um leve tapa em seu ombro.

Por que Kai não poderia ter essas atitudes fofas comigo??!! Por que ele precisava ser tão frio!!? Um verdadeiro coração de gelo. Pra mim já basta.

Dou meia volta, eu só quero ir embora e estava disposta a fazer exatamente isso se não fosse por ter sentido algo se soltar em minha sandália. Olho para os meus pés e vejo que uma das tiras da sandália arrebentou. Perfeito!!

--- Filho da...  --- me sento em um banco ao lado de Kai.

--- O que foi? Pensei que queria ir embora. --- ele olha para mim com uma cara de desentendido.

--- Minha sandália arrebentou. --- ele se agacha para olhar a sandália pegando em meu tornozelo para ver melhor.

--- Você é uma super azarada hein! Mas espere aqui. --- ele se levanta e larga o saquinho de batatas fritas em minha mão saindo para fora do parque.

--- Onde seu namorado foi amiga? --- Ana pergunta se aproximando mas dou de ombros.

--- Estou pensando em ir pra casa me sinto... Cansada.

--- Entendo, quer que a gente te leve? --- Ana pergunta mas balanço a cabeça em negativa.

--- Vou esperar Kai voltar e vou com ele.

Kai demorou mais de vinte minutos para voltar e eu estava começando a ficar nervosa por não saber aonde ele tinha ido até que ele finalmente apareceu ao longe carregando uma sacola em uma das mãos.

--- Comprei uma da Zaxy me disseram que dura bastante. --- ele se agacha a minha frente e desliza as sandálias nós meus pés as substituindo pelas novas de cor preta. ---  É trinta e cinco, o número que você falou quando estávamos discutindo no outro dia. --- ele diz fazendo uma careta pondo as sandálias antigas na sacola.. Provavelmente se lembrando do dia em que chegamos em casa ensopados. --- Vamos embora.

--- Suas sandálias  arrebentaram? --- Ana me olha esperando uma resposta e apenas balanço a cabeça que sim. Não, um rato roeu uma das tiras, aff.

--- Bom, eu já vou indo. Obrigada por nos convidar amiga. --- abraço Ana e aperto a mão de Johnny mas Kai da apenas um aceno de mão para os dois.

--- Antes de irmos tome. --- ele tira o sobretudo o pondo em meus ombros. --- Está frio não quero que você fique resfriada. --- ele sorrir para mim se aproximando para sussurrar em meu ouvido. --- Suje-o e não estará viva até amanhã meu bem.

Assim que nos afastamos do casal não demorou muito para Kai perceber que eu não parava de fita-lo.

--- Não me olhe assim. Se eu não tivesse aquelas duas atitudes seria provável que sua amiga reclamasse de mim pelo celular já que não fiquei com você o tempo todo e no final eu teria que ouvir você reclamar no meu ouvido mas agora ela vai te ligar dizendo que sou o melhor namorado do mundo e todas as coisas que as garotas costumam dizer seja lá o que for, a segunda razão foi porque eu fui ameaçado de morte pelo seu pai naquele dia em chegamos ensopados, ele disse que se você chegasse resfriada naquele ou em qualquer outro dia eu seria um homem morto e tal. --- Ele para de andar e se vira de frente para mim. --- Esses são os motivos pelos quais agi daquela forma.

Um ótimo ator que todo esse tempo fingia estar preocupado. A atitude de Kai me dói.

--- Não se preocupe Kai, eu sabia que você estava apenas atuando.

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