23

Cathe e Matt

Aldeia dos Goblins - Mundo sombrio




Eles seguiram apressadamente pelos fundos da aldeia. Depois de vários metros, não passavam mais por casas, mas ainda estavam dentro da proteção mágica. Cathe não teve tempo de pegar suas armas ou suas roupas de batalha, mas não podia pensar nisso agora, queria voltar lá e ajudar os goblins, mas a anciã estava certa e ela precisava proteger Matt e não podia deixar que ele caísse em mãos erradas.

Um barulho na mata os fez saírem da estrada e se esconderem entre as árvores. Poderiam ser inimigos que cercaram toda aldeia, mas logo viram que era apenas Frigg, que corria o mais rápido que podia com suas pernas curtas.

- O que está fazendo aqui Frigg? - Grigg disse, pulando no meio da estrada e fazendo a irmã tomar um grande susto.

- Seu idiota, quase me mata de susto! - ela disse, curvando-se e colocando as mãos no joelho - Onde está a caçadora?

- Estou aqui - Cathe respondeu, saindo do esconderijo também, sendo seguida por Matt e Borgg.

- Gaaki me pediu para te entregar isto - ela disse, e com um movimento de bastão, fez materializar-se as roupas de batalha e as armas mágicas -, Krugg e Trogg a mandaram escondê-las de você, mas ela não obedeceu. Agora demônios trouxeram um exército de ogros e estão procurando vocês. Precisam ir rápido!

- Eles serão massacrados, Cathe - Matt disse, visivelmente preocupado com eles -, precisamos ajudá-los!

- Não podemos arriscar que te peguem, Matt - Cathe disse, segurando a sua mão -, precisamos ir, e descobrir toda essa conspiração, além de salvar a Lilly.

- Eu não vou me perdoar nunca por abandonar essas criaturas - ele disse, virando-se para voltar para a aldeia -, vocês podem ir, eu irei lutar!

- Espera, Matt - Cathe disse, ainda segurando a sua mão -, vamos ajudar então, mas vamos dar a volta e pegá-los desprevenidos. Com a ajuda da camuflagem de Grigg, nós podemos abater muitos deles e se os cercarmos, entre nós e os soldados da aldeia, eles não poderão se defender.

- Tem certeza de que quer fazer isso? - eles perguntou, agora se aproximando e olhando-a nos olhos - você pode ir e se salvar.

- Eu não vou a lugar nenhum sem você - ela respondeu, lançando-lhe um sorriso.

- Ahh que lindo esses dois, shippo demais! - Frigg gritou, quebrando o clima e os deixando envergonhados.

- Precisamos ir! Borg irá lutar com vocês - o Bugbear disse -, e Grigg também!

- Você bão devia responder pelos outros, grandão - Grigg disse, pulando no ombro do amigo -, mas está correto, vamos matara alguns ogros, e depois vocês podem namorar à vontade!

Cathe vestiu seu traje de batalha, e colocando as armas e dispositivos nos compartimentos do traje, sinalizou para os outros, que a seguiram para os limites da barreira da aldeia.

Grigg abriu a proteção e eles saíram, para o ponto dentro da floresta. Dar a volta seria demorado demais e talvez eles não chegariam a tempo de ajudar, então Cathe abriu um de seus portais e todos, com exceção de Frigg e ela, entraram.

- Você não vem, Frigg? - Cathe perguntou.

- Eu vou voltar para a aldeia - ela respondeu -, vou falar com Trogg e Krugg sobre a estratégia, para não dar nada errado

- Tudo bem - Cathe disse, ajoelhando-se e envolvendo a goblin em um abraço -, mas se cuida, amiga!

- Você também! - Frigg respondeu, soltando-se do abraço, e abrindo a proteção para voltar para a aldeia - nos vemos do outro lado. Digo, não do outro lado, tipo mortos, do outro lado da aldeia, já que vocês vão dar a volta.

- Eu entendi, Frigg - Cathe disse, rindo da confusão que a pequenina fez com as palavras -, nos vemos do outro lado.

Sem perder mais tempo, ambas seguiram seus caminhos e tanto a proteção, quanto o portal, se fecharam após elas passarem.


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Trogg, Krugg e seus soldados, eliminaram os Ogros que não recuaram, mas mantiveram suas posições, aguardando um novo ataque, enquanto as mulheres levavam os feridos para longe da batalha para tratamento. A anciã, junto com alguns goblins, tentava confundir a mente dos inimigos, mas a influência dos demônios, principalmente de Igrete, dificultava esse trabalho, mas estava sendo suficiente para atrasar o novo ataque. Goblins idosos manipulavam algumas ilusões, à frente do exército de goblins e bugbears, fazendo-os parecer mais numerosos e equipados do que realmente eram, e isso os dava algum tempo, já que os demônios não atacariam até elaborar outra estratégia.

Indo até a área dos tratamentos, Trogg viu que sua esposa cuidava de sua filha, Gaaki, que dormia. O ferimento havia sido grave, mas como o demônio havia dito, o ataque não tinha a intenção de matar. A culpa pesava nas costas do bugbear, que devia ter protegido a sua filha, e não tinha percebido que a ideia de Krugg não era a melhor opção.

- Eu sinto muito por Gaaki - Krugg disse, chegando da porta da cabana -, eu não imaginei que seria assim. Eu não pensei antes de agir, espero que possam me perdoar.

- Tá tudo bem, tio - Gaaki disse, com a voz fraca, fazendo lágrimas brotarem nos olhos do goblin -, eu vou ficar bem. Só acabem com eles e protejam a aldeia.

- Você escutou a menina, Krugg - a mãe de Gaaki disse, sentada ao lado da cama - vão lá e acabem com eles! O que passou, passou!

- Uma atitude corajosa, para uma vida honrosa - Krugg começar a recitar, enquanto Trogg se levantava e pegava sua maça de batalha.

- Vida ou morte na batalha - Trogg continuou o verso, e todos o finalizaram dizendo: - uma estratégia que nunca falha!

Após dar um beijo na testa de sua filha, Trogg seguiu junto com Krugg de volta para a frente de batalha. Os demônios provavelmente deviam estar esperando anoitecer para fazerem os ataques, já que a força deles se multiplicava na escuridão.

Os ogros talvez não fossem tão difíceis de combater, mas demônios daquele calibre, eram terríveis em batalha. Mesmo que fosse a última batalha deles, eles fariam valer cada segundo que os restava, e com certeza matariam muitos deles.

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- Goblins malditos! - Haygor gritou de dentro de uma das tendas improvisadas para o cerco - essas imagens em minha cabeça não me deixam raciocinar direito, e mesmo sabendo que o exército deles é em parte uma ilusão, não podemos atacar sem saber os números deles.

- Por mim eu mandava os Ogros - Igrete disse calmamente - eles são descartáveis mesmo!

- Deixe-os ouvirem isso, e teremos deserções - ele advertiu, enquanto dava tapas na própria cabeça -, ao invés disso, você devia dar um jeito de livrar a gente dessa invasão mental.

- A anciã deles é muito poderosa - ela disse, se divertindo com a situação dele - eu já ouvi falar dela. Tudo o que podemos fazer, é tentar esperar ela gastar muita energia, e se cansar.

- Talvez eu arranque a minha cabeça antes - ele disse, fazendo Igrete rir.

- Está aí uma boa idéia, jovem - uma voz estranha disse de dentro da tenda, pegando os dois de surpresa -, afinal não parece que sabe usá-la muito bem.

- A senhora deve ser muito doida para vir aqui me insultar - Haygor disse, pegando o seu arco - e deve ser muito ingênua de pensar que vamos desistir só porque veio pedir.

- Eu não vim pedir nada - ela respondeu calmamente, mesmo estando frente a dois demônios -, só vim dizer que eles não estão mais na aldeia e talvez possamos evitar as mortes que virão na batalha.

- Porque nós simplesmente acreditaríamo na sua palavra, anciã? - Igrete perguntou, sentando-se em uma cadeira - Você pode estar simplesmente tentando protegê-los.

- Sabe, Igrete - a anciã disse - eu conheci seu pai, aliás, eu conheci os pais de todos vocês, de um tempo em que os demônios queriam a paz. Até que Lord Lacroth os traiu e os matou. Ele se uniu aos vampiros e acabou com as vidas de muitas criaturas. Agora ele descansa tranquilo, enquanto os filhos dos lordes que ele traiu, fazem o trabalho sujo dele. Eu imagino que alguns de vocês tenham planos de vingança, afinal muitos já eram crescidos quando o golpe aconteceu.

- Espera um pouco - a idosa ponderou sobre suas próprias palavras e continuou -, é isso que vocês querem com o híbrido? Vocês querem poder para vencer Lacroth?

- Cale essa boca, velha maldita! - Haygor disse, atirando na sua direção uma flecha, que atravessou o corpo dela, indo parar no solo, revelando que era só uma projeção - Somos os Sete filhos de Lacroth, e dominaremos os mundos em nome dele!

- Cuidado para na se decepcionar, jovem! - a anciã disse, e em seguida deu uma gargalhada, e sua projeção desapareceu.

- Eu vou pendurar a sua cabeça em uma lança, velha - o demônio gritou -, e eu sei que você está escutando isso!

- Talvez ela esteja dizendo a verdade - Igrete disse, pensativa.

- Mesmo que a caçadora e o híbrido não estiverem mais na aldeia, nós não iremos recuar - Haygor disse -, essas criaturas não servem à Lacroth e nem à aliança com os vampiros, então devem ser exterminados!

- Não digo quanto a isso - ela continuo, enquanto se servia de uma taça de vinho - Talvez os que procuram o poder do híbrido, queiram trair Lacroth, inclusive seus filhos.

-Isso é um absurdo, Igrete - ele disse, estranhando a conversa da irmã -, se qualquer um de nós quisesse matar nosso pai, era só matá-lo enquanto dorme.

- Você sempre foi o mais ingênuo de nós, Haygor - Igrete disse, levantando-se, e enchendo uma taça de vinho, levou até ele -, Nenhum de nós pode se aproximar daquela câmara. Você nunca se perguntou porque Karion e Luthli não apareceram para a coroação? Você acha que eles simplesmente fugiram para viver o amor? Não, maninho, eles foram lá para matá-lo, aproveitando que todos estavam na cerimônia, e ativaram a maldição que os consumiu. Lacroth não é idiota, ele não confia em nós, e não me assustaria se ele nos descartar assim que despertar.

- Se eles queriam matá-lo, então tiveram o que mereciam! - Haygor disse, tomando todo o vinho de um gole só - Um brinde ao grande Lacroth e seus filhos!

- Um brinde! - Igrete respondeu, enchendo novamente o próprio copo e o dele - Atacaremos assim que anoitecer, temos algumas horas até lá, mande os ogros descansarem!

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Cathe e Matt

Acampamento de cerco - Entrada da aldeia dos Goblins.

Mundo Sombrio.



Ele saíram do portal em um lugar isolado da floresta. De longe podiam ver a movimentação dos Ogros, terminando as tendas. Haviam montado um cerco na entrada da aldeia, e certamente não sabiam que existia uma saída do outro lado.

Eles viram um demônio sair de uma tenda. Ele era assustador e parecia ser poderoso. Cathe tinha ouvido falar de demônios que tinham a parte de baixo do corpo em formato de corpo de cavalo, inclusive na mitologia dos humanos, esse tipo de criatura era chamada de Centauro.

O grande arco em suas costas lhes dizia que ele deveria ser mortal com suas flechas, então deveriam ser o máximo furtivos possível, para eliminar o máximo de ogros possível, antes que fossem vistos, ou teriam que enfrentá-lo.

- Adagas sagradas - Cathe disse, voltando a atenção para os amigos, que passaram a lhe prestar total atenção, enquanto ela retirava adagas de dentro de um compartimento em seu cinto. -, são extremamente eficazes para ataques furtivos, por serem fatais contra qualquer criatura. Lembrem-se de tomar cuidado para não serem atingidos em pontos vitais por essas armas, ou certamente morrerão.

- Desculpe a ignorância, mas como cabe tanta adaga aí? - Grigg perguntou, e ela apenas riu, mas ao ver que os três a olhavam com a mesma dúvida, teve que explicar.

- Portais são basicamente uma fenda que abrimos no espaço entre as dimensões temporais, por isso conseguimos atravessar grandes distâncias em pouco tempo - ela começou a explicar enquanto distribuía as armas -, conhecendo esse mecanismo, eu o adaptei, e descobri que existem dimensões espaciais também, sendo que o Mundo sombrio e o Mundo Humano são duas dessas dimensões que coexistem na mesma dimensão temporal. Tudo o que eu faço é guardar as armas em dimensões espaciais diferentes no mesmo momento, e guardei esses espaços nos compartimentos dos cintos dos trajes de batalha. Entenderam.

Grigg e Matt balançaram a cabeça negativamente, mas Borgg fez uma expressão de que havia assimilado a explicação, fazendo os outros o olharem com surpresa.

- Que foi? - o grandalhão perguntou, rindo ao perceber os olhares - O estômago de Borgg funciona desse jeito.

Todos riram, mas precisavam se concentrar. Cathe tinha espalhado as armas pelo chão e as observava pensando em uma estratégia. Eram tipos variados, entre bestas, Adagas curtas e longas, e uns dispositivos que os outros não conheciam.

- Vamos observar por um tempo, enquanto eles estão armando as tendas e tentar contar o máximo possível de soldados - ela disse - enquanto isso eu vou observar os pontos estratégicos do campo de batalha, como rotas de fuga e lugares que podem ser usados como barricadas.

- Você sabe usar uma besta, Grigg? - ela continuou, recebendo um sinal afirmativo do goblin - eu e você seremos atiradores, enquanto Matt e Borgg atacarão com as Adagas furtivamente, mas antes disso, usaremos a sua magia de camuflagem para deixar algumas armadilhas. Com sorte, vamos acabar com metade deles, e deixa-los atordoados para um ataque da aldeia.

- Você acha que eles virão? - Matt perguntou.

- Eu confio na Frigg - Cathe respondeu - acho que ela é boa em conseguir que as pessoas façam o que ela pede.

- Eu que o diga - Grigg respondeu, e eles riram novamente.

Eles observaram por um tempo, até que a última tenda foi erguida. A maioria dos ogros se instalou, mas alguns ainda estavam espalhados, executando alguma tarefa. Eram mais ou menos uma centena de ogros, e estavam desatentos e sem as armaduras, esperando as ordens dos demônios.

Grigg usando seu cajado, conjurou a magia de camuflagem em Cathe, que com rapidez preparou as armadilhas em pontos estratégicos. Trarava-se de pequenas bombas que arremessavam dezenas de dardos em um determinado raio de alcance. Ela também preparou nas árvores próximas das tendas dispositivos que funcionavam como pequenos portais.

Após combinarem a estratégia, era o momento de agir. Matt e Borgg seguiram furtivamente até dois ogros que estavam distraídos, e com as adaga sagradas cortaram suas gargantas sincronizadamente, fazendo os corpos se dissiparem instantaneamente. Seguindo pelo acampamento, eles avistaram um grupo de ogros que jogavam um jogo em uma mesa improvisada, e com um aceno de cabeca, eles atacaram, atingindo dois soldados que estavam em pé, destruindo-os também.

Vendo seus companheiros sendo destruídos, os ogros pegaram as armas e tocaram trombetas. Matt e Borgg correram, sendo perseguido pelos inimigos furiosos, mas se esconderam atrás e de uma árvore, no momento exato que uma das bombas de Cathe explodiu, arremessando os dardos e aniquilando os ogros perseguidores.

Com a explosão os ogros saíram das tendas e foram alvejados por setas que saíam dos micro portais ativados nas árvores. Cathe e Grigg atiravam o mais rápido possível, visando atingir e destruir o máximo de ogros que podiam.

Sem saber de onde veio o ataque, os ogros saíram para o centro do acampamento e os dois demônios saíram também, furiosos e desnorteados pela onda de ataques. Aproveitando que a maioria dos inimigos estavam reunidos, Cathe ativou as outras bombas e teria matado os demônios também, se eles não tivesse se jogado entre os ogros, usando-os como escudo.

O ataque surpresa tinha acabado com a maioria dos inimigos, mas ainda restavam mais de trinta ogros, e era hora do combate corporal. Matt e Borgg avançaram e mataram mais inimigos, porém Borgg foi atingido no ombro por uma flecha negra que se Matt não tivesse o empurrado a tempo, teria atravessado o coração do bugbear.

Olhando para a direção de onde veio a flecha, Matt viu o demônio que era um centauro, preparando outro tiro, mirando em Borgg, que estava preso à árvore, tentando arrancar a seta de seu ombro.

O demônio atirou a flecha, que teria acertado Borgg, se Matt, com uma velocidade absurda, não a tivesse segurado com apenas uma das mãos.

Olhando a cena, atônito, o demônio ainda viu o jovem concentrar mais poder na flecha, transformando-a em uma lança de energia sombria, e em completo desespero o observou arremessa-la na sua direção.

O golpe foi certeiro, veloz e, tão poderoso, que não deixou defesas para o demônio, que foi completamente destruído no impacto.

A cena fez o restante dos ogros debandarem e tentarem fugir, mas da coluna da aldeia desceram o exercito de Krugg e Trogg, matando um por um deles, até não sobrar mais nenhum.

Vendo a batalha perdida, a demônio tentou fugir, mas foi atingida por um golpe na cabeça e teria sido executada se a anciã não tivesse interferido.

- Ainda há um propósito para Igrete - ela disse, pedindo que eles parassem a execução - enquanto descubro qual é, vamos mantê-la cativa.

- Vocês dois deveriam ter ido embora - Krugg disse, olhando para Cathe e Matt, que estavam cuidando do ferimento de Borgg -, mas eu fico muito feliz que não tenham ido.

- Devemos a vocês um pedido de desculpas e um muito obrigado - Trogg disse, e os dois se ajoelharam na frente dos jovens, sendo seguidos pelos demais soldados.

- Por favor, levantem-se, amigos - Matt disse, sorrindo - algo para beber e comemorar já é o suficiente!

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