C A P Í T U L O 24
Sob a influência divina, a escolha
Não sabia ao certo por que suas palavras me deixaram tão irritada, uma vez que eu nem namorava o Alex e pouco me importava se ele olhava para outras mulheres. Talvez o simples fato daquele vampiro querer me diminuir para se mostrar superior, me fez perder a lógica e a sensatez que me restavam.
― O que foi aquilo? ― Olhei para trás e vi Sophi se aproximar. ― Você está bem?
― Não foi nada. ― Suspirei fundo diminuindo meus passos para que ela me alcançasse.
― Como não foi nada? Você teve um ataque de fúria, eu nunca te vi daquele jeito.
― A culpa é dele, Sophi. Ele que me deixa assim, furiosa.
Sorrindo, ela passou o braço pelos meus ombros.
― Primeiro, tenho que falar, que vampiro gato da porra! Minha nossa, eu ainda estou meio boba ― sussurrou ela antes de soltar uma risada nada discreta. ― Segundo, é óbvio que esse casamento tem tudo para virar algo mais.
― Sem ironias, por favor. Não estou com humor pra isso.
Sophi me soltou e se colocou à minha frente.
― Eu não fui irônica, Li. Porque é realmente óbvio que vocês têm tudo para dar certo. ― Olhei bem em seus olhos verdes, tentando me certificar o quão bêbada ela já estava. ― Nunca vi um cara mexer tanto com você, e o jeito como ele te olha deixa claro que você também mexe com ele.
Tive que rir. Desta vez ela tinha errado feio em suas análises. Na verdade, nem mesmo a Sophi seria capaz de ler alguma coisa naquela pedra perfeitamente esculpida.
― Não imagino o quanto você bebeu, mas é melhor parar agora, e também pare de ler esses livros de romance porque não estão te fazendo bem, a sua sensatez já era.
Ela soltou outra risada exagerada.
― Querida, está tudo bem com você? ― Eleonora se aproximou parecendo preocupada.
― Sim... Peço desculpas pelo que aconteceu, Eleonora. Foi um desrespeito eu ter gritado daquela forma dentro da sua casa. Eu... eu perdi a razão.
― Oh, não se aflija com tal acaso, querida. Conheço o filho que tenho, e devo confessar que, por vezes, ele pode se tornar desagradavelmente irritante. ― Por vezes? Muito provável que sua educação impedira o uso das palavras "sempre", e "abominavelmente irritante". ― Todavia, estou certa de que você vai saber lidar com ele melhor do que ninguém. Sei que está apta a libertá-lo de sua excêntrica singularidade de temperamento.
Quê?
Se Eleonora não tivesse se mostrado tão centrada e conscienciosa até aquele momento, eu juraria que ela estava zombando da minha cara. Tive a impressão de que se eu soubesse lidar com ele, seria o livramento dela e de toda a família. Será que eles não haviam entendido que aquele casamento não seria de verdade? Ou pior, será que ela tinha conhecimento sobre esse detalhe? Na verdade, dada as propostas de Madeleine, ela também não sabia.
― O jantar está pronto para ser servido. Se for de sua vontade permanecer aqui por mais alguns minutos, pedirei para esperarem.
Como se não bastasse o meu escândalo, eu não faria ninguém me esperar para jantar. A raiva já havia passado em partes, e a minha mente parecia ter voltado ao lugar.
― Não, tudo bem, estou mais tranquila agora ― asseverei com um sorriso fraco.
Nós três voltamos para casa indo direto para a sala de jantar, onde todos já estavam sentados à mesa. Quase não havia lugares vagos, totalizando somente três. Eleonora se sentou ao lado direito de Vincent que estava sentado à uma das pontas. Já a Sophi se pôs entre Madeleine e Sebastian, me restando o último e o único lugar que eu não queria me sentar, ao lado dele, que se sentara à outra ponta da mesa.
Passei pelos meus pais e pela minha avó lhes impelindo um olhar reconfortante para que acalmassem seus corações. Cuidadosamente, me sentei na cadeira puxada pelo garçom sem me atrever a desviar os olhos para aquele vampiro petulante. Estava disposta a tratá-lo como se ele não existisse.
Para o meu alívio, ninguém perguntou o que tinha acontecido. Logo a entrada fora servida, e uma conversa agradável começou a fluir, mas constantemente me peguei tentando resistir ao ímpeto de olhá-lo. Se não fosse a imponência de sua energia, o seu cheiro e todas as outras malditas sensações que Anton me causava, eu sequer me lembraria de que ele estava ali ao meu lado, já que não falava nada, assim como eu.
― Para quando vocês pretendem marcar o casamento? ― Avigayil indagou olhando para nós dois. Ela estava sentada à minha frente.
― Eu... eu não sei. Ainda não havia pensado nisso. Na verdade, preciso saber o que devemos fazer agora, pra resolver isso o quanto antes. Só quero que aquelas fadas saiam do Jardim de Aiden o mais rápido possível.
― Posso organizar o casamento de vocês em dois meses ― assegurou Eleonora. Seu olhar sobre mim, buscava uma confirmação.
― Por mim tudo bem, mas acredito que não há necessidade de uma cerimônia, há? ― Lancei um olhar inquiridor para Avigayil.
― É necessária uma cerimônia, minha linda ― confirmou ela. Ainda não entendia qual a necessidade de uma, e quase perguntei o porquê, mas o nome dele sendo pronunciado, chamou a minha atenção.
― Anton? ― Eleonora o chamou. ― Aquiesce que o casamento seja daqui a dois meses?
― Sem problemas ― confirmou indiferente.
Fiz outro esforço descomunal para não o olhar.
― Perfeito, marcarei a data amanhã.
A conversa tinha voltado ainda mais animada, e o assunto, claro, não poderia ser outro, o nosso casamento. Minha família quase não falava, mas em compensação, os Skarsgard estavam em êxtase, principalmente Eleonora e Avigayil.
Era a hora perfeita para me pronunciar e dizer que eu não queria nada daquilo, e que uma cerimônia simples era mais que o suficiente. Mas como uma covarde sentimental, fixei meus olhos nas minúsculas batatas sauté em meu prato, para não ter de prestar atenção no que era falado. Ouvir aquela grande mentira ser tratada como se fosse o dia mais importante da minha vida, me machucou mais do que eu poderia imaginar.
Talvez eu não tivesse bebido o suficiente. Peguei a taça e bebi um gole do vinho, desta vez, branco. Ele era mais seco, e descia apertando a garganta. Tal detalhe me fez lembrar que todas as bebidas que havia experimentado naquela semana, eram muito mais do que havia bebido em toda a minha vida antes de tudo começar. Se aquela situação continuasse por muito mais tempo, eu acabaria virando uma alcoólatra. Entretanto, para aguentar tudo aquilo, que outra saída eu tinha?
Ingeri mais um gole.
― Aonde vocês irão morar? Aqui ou em Londres? ― Madeleine perguntou.
O vinho descera errado e eu comecei a tossir. Que espécie de pergunta era aquela?
― Tudo bem, Liz? ― Eleonora indagou apreensiva.
Fiz um gesto positivo com a mão enquanto me acalmava, e assim que consegui, me adiantei em responder à Madeleine.
― Vou continuar morando no mesmo lugar, dividindo um apartamento com a Sophi. ― As feições de perplexidade que se sucederam entre eles, deixaram claro que Anton não havia mencionado nada sobre a nossa conversa para a família.
― Como assim? Vocês não irão morar juntos? ― insistiu a vampira.
― Não teremos nenhum tipo de convivência ― Anton se manifestou, direto e seco.
O silêncio se fez, embaraçoso e carregado de tensão.
― Não se casem ― declarou Avigayil surpreendendo a todos.
Por um mísero segundo meu coração se encheu de esperança, mas o tom de reprovação e o semblante austero de Avigayil revelavam que algo estava errado.
― Se existir outra solução para ajudar a minha espécie, eu não caso ― afirmei convicta.
― Não há outra solução, e estarão perdendo tempo se acreditam que um casamento falso irá solucionar. Se for para ser assim, não casem e aceitem as consequências de suas escolhas.
Precisei de um momento para absorver suas palavras, mas o meu cérebro se recusava a aceitá-las.
― O que você quer dizer com isso, Avigayil? ― indagou Louise.
― O que quero dizer é que vocês não compreenderam o real significado do Contrato de Destino. ― Ela abandonou o guardanapo de pano sobre a mesa. ― Ele não é uma brincadeira. Não pense vocês que conseguirão burlar uma promessa sagrada com um casamento de mentira. Esse contrato é um pacto de união. União. ― Seu tom se elevou na última palavra. ― É uma segunda chance, um ensejo de perdão, e uma esperança de paz que os Deuses lhes concederam, portanto, não debochem disso. Não sejam egoístas.
Egoísta? Eu não estava sendo egoísta e tive vontade de gritar isso, tamanho era o meu desespero. Tudo o que eu fizera até aquele momento foi pensando naquelas fadas. Como eu poderia estar sendo egoísta? O olhar de Avigayil pesou sobre mim.
― A sua intenção é honrável, todavia, não acredite que está sendo menos egoísta por isso. Desde o momento em que considerou um casamento conveniente, você pensou só em si mesma e nas suas vontades. Já você, Anton ― disse se virando para ele ―, quando acordou com o contrato, não aceitou e nem fez meias promessas, então não tente cumpri-las pela metade. Não se faz necessário relembrá-lo de como tudo isso começou, não é mesmo?
Eu estava aterrorizada, chocada e aflita demais para me controlar. Minhas mãos começaram a tremer e a suar, meus nervos pareciam atrofiar aos poucos, e os meus sentidos fugiram momentaneamente. Voltei da escuridão que se apoderou dos meus olhos, quando minha avó, sentada ao meu lado, sacudiu a minha mão enquanto passava sua outra pela minha bochecha.
― O que supõe que eu faça, Avigayil? ― A voz dele reverberou calma, porém, cortante. Meu coração que oscilava desesperado, se encolheu, e pela primeira vez desde que eu entrara naquela sala, o olhei. Sua expressão continuava a mesma, estoica, sem nenhum tipo de emoção. ― Presume que eu vá gostar dela? Que nos casemos, e sejamos felizes? Não percebe o quão estúpida é essa ideia? A começar pelo comportamento completamente inadequado que ela possui. Convenhamos que respeito é uma definição que ela não deve conhecer.
― O quê? ― minhas palavras quase não saíram.
― Já chega! ― Meu pai se levantou fazendo ressoar o barulho da cadeira ao ser arrastada para trás. ― Não vou permitir que fale assim da minha filha. Agora está mais que claro que o comportamento dela se justifica no quão ignorante você é ― falou ele se afastando do seu lugar.
Ah, minha nossa! Meu pai estava indo em direção ao Anton!
― Petre, volte aqui ― minha mãe pediu tentando falhamente segurá-lo pelo braço.
― Pai, por favor...
Minhas palavras ficaram presas garganta quando vi Anton recolher o guardanapo sobre o colo e o colocar na mesa. Olhando para o meu pai, ele se levantou devagar com um equilíbrio fora do comum, o que tornava tudo mais assustador. Subitamente todos os Skarsgard se levantaram e se moveram até os dois com uma rapidez surreal.
― Meu filho, por favor ― suplicou Eleonora ao lado dele. Suas feições estavam tensas, e eu vi algo que nunca pensei que veria no rosto de um vampiro. Medo. Ela parecia tão desesperada quanto eu.
― Aposto que você é um desses bastardos egoístas que não amam nada além do próprio reflexo no espelho! ― Petre continuou, e eu mais do que exaltada, me levantei e me coloquei entre os dois.
― Pai, por favor, para com isso ― implorei colocando a mão em seus ombros.
― Não vou deixá-lo tratá-la desse modo, filha. Não enquanto eu estiver vivo! ― Meu pai deu um passo à frente, tentei segurá-lo, mas não consegui. Eu já podia sentir o calor do Anton nas minhas costas. ― Saia da frente, Liz!
― Petre, tenha calma. Vamos até o jardim para espairecer ― Vincent pediu, colocando a mão em seu tórax, impedindo que ele se aproximasse mais.
No mesmo segundo senti meus cabelos sendo afastados do meu ombro, e não demorou para que eu sentisse os dedos de Anton se encaixando pela minha nuca por entre eles. Minhas pernas oscilaram, e eu estava tão entorpecida por seu contato, que não conseguia me mover. Devagar, meus fios loiros foram puxados para a lateral, levando a minha cabeça e expondo o lado esquerdo do meu pescoço.
― Tire as mãos dela! ― gritou Petre avançando um passo à frente, e Vincent teve de segurá-lo e afastá-lo.
O arrepio da minha pele se intensificou quando o senti respirando em minha orelha, um suspiro profundo, lento, absorvendo o meu cheiro. O calor desceu pelo meu pescoço, e se espalhou como uma onda, enquanto seus dedos tocavam-me o ombro, e desciam suaves pelo meu braço.
Meu coração passou a bater ainda mais forte, as minhas veias começaram a tremer, e um ardor se propagou por todo o meu corpo. Nunca havia sentido nada parecido, e isso me deixava ainda mais desorientada, sem entender o que estava acontecendo.
― O que... o que você... ― o puxão repentino de sua mão em minha cintura me fez calar.
Quando dei por mim, meu corpo estava pressionado contra o dele, que se tencionava aos poucos à medida que a sua mão descia pesada e espalmada pela minha barriga. Sua respiração se acelerou e o calor emanado por entre seus lábios se expandiu.
― Não ouse fazer isso! ― Eleonora o repreendeu severamente, e eu continuei confusa.
O que estava acontecendo?
― Solte-a, Anton ― ordenou Avigayil.
Senti o aperto de suas mãos diminuírem, e mais do que depressa Eleonora me puxou para ela. Eu ainda tremia, e quase perdi o que me restava de equilíbrio quando o olhei. Suas presas estavam baixas, e os seus olhos estavam banhados de um vermelho-sangue. Tão hipnotizantes e tão... cruéis. Eu não podia acreditar.
Ele ia me morder?
― Nós vamos embora, não vai ter mais nenhum casamento! ― Petre continuava a vociferar.
― Quero conversar com os dois ― declarou Avigayil apontando para mim e depois para o Anton. Seu tom fora tão imperioso que conseguiu me deixar ainda mais abalada. ― No escritório, agora. ― Dito isso, ela saiu da sala sem olhar para ninguém.
Eleonora me encorajou a ir com um sorriso casto nos lábios e um olhar complacente, o máximo que qualquer um conseguiria dar diante de toda aquela confusão. Consegui me mover, e ignorando os protestos do meu pai, segui para o escritório a passos largos, na verdade, quase correndo. Ao adentrá-lo encontrei Avigayil em pé, olhando para além da porta de vidro que, pela primeira vez, eu vira exposta naquele cômodo.
― Sente-se, minha linda. ― Então ela tinha se acalmado? Menos mal, eu estava prestes a sucumbir ao choro, e não iria suportar outra bronca.
Assim que me sentei, Anton entrou e fechou a porta atrás de si. Nossos olhares se encontraram brevemente, o suficiente para ver que seus olhos tinham voltado ao normal, àquele azul-claro capaz de congelar até a minha alma. Avigayil pediu para que ele se sentasse ao meu lado e então, se colocando na poltrona à nossa frente, passou a nos observar com um sorriso bobo nos lábios.
― Vocês não compreendem, não é mesmo? ― Eu até havia compreendido o motivo de sua repreenda sobre o casamento falso, só não queria assumir porque sabia que um dilúvio começaria descer pelos meus olhos, e eu não seria capaz de pará-lo. ― Por mais que não considere, você a esperou por dois mil e seiscentos anos, Anton. Não seja tolo de jogar tudo isso fora. Quanto a você, minha querida, você nasceu para ele, e seria uma perda de tempo querer fugir disso. O amor entre vocês já existe desde quando fora acordado o contrato, e está aí dentro ― apontou para nós dois ― esperando para ser descoberto.
Não tinha como aquilo ser verdade. Amar ele seria impossível, seria falta de amor-próprio ou respeito à minha espécie.
― Amor... ― repetiu ele em um tom debochado.
― Ele tentou me morder! Como acha que eu posso amar alguém assim?
― Ele não ia te morder, minha linda. Foi só uma provocação ao seu pai.
Me voltei para ele, um completo insensível.
― Maldito ― murmurei.
Avigayil soltou uma risada atraindo minha atenção para ela. Que graça tinha aquilo? Era fácil rir quando não era ela que tinha que se casar com aquele louco.
― O que devo fazer, Avigayil? ― perguntei um tanto impaciente, mas também receosa, esperando pelo pior.
― Devo aclarar que não estou aqui para impor nada. Como já fora dito, esta é a única solução para o que ambos ambicionam, e a escolha é de vocês, assim como as consequências. Todavia, se querem saber a minha opinião, acredito que vocês devem concluir este noivado com uma troca de alianças. Depois sugiro que comprem uma casa para morarem juntos como um casal normal, e após o casamento, se permitam viver em harmonia, e deixem que tudo ocorra naturalmente. Pratiquem a empatia, o companheirismo e o respeito.
― Respeito... ― Lá estava ele sendo debochado de novo.
― Cala a sua boca, que quem começou o desrespeito aqui primeiro foi você! ― o acusei.
Anton respirou fundo, claramente satisfeito pelo sucesso de sua provocação. Infeliz! Se eu quisesse desafiá-lo, não poderia deixá-lo me testar daquele modo. Eu teria de manter o controle sendo tão fria e indiferente quanto ele.
― Então, qual a escolha de vocês? ― indagou Avigayil com uma notável esperança.
― Fiz uma promessa, e irei cumprir ― afirmou ele. ― A não ser que a fada tenha desistido.
Eu ia matar ele! Mesmo sendo um imortal, eu daria um jeito.
― Liz?
Meus olhos caíram sobre Avigayil, que aguardava a minha resposta. O que eu ia dizer? Era desesperador, eu queria gritar, e só de pensar em conviver com aquele vampiro me fazia ter vontade de morrer. Mas ao mesmo tempo eu sabia que não conseguiria viver consciente de que me recusei a salvar aquelas fadas por um anseio egoísta. Eu teria de tentar suportá-lo, mesmo que soasse como algo impossível. Eu iria sacrificar a minha vida, porque era o certo a se fazer.
Inclinando-me para frente, apoiei o rosto entre as mãos.
― Eu vou tentar, Avigayil ― respondi baixinho, segurando as minhas lágrimas.
― Estou demasiadamente orgulhosa pela decisão de vocês ― disse ela se levantando. ― Agora, precisamos acalmar os espíritos de todos, para então ultimar este noivado.
Não me permiti pensar em mais nada para não me render ao choro. Ao voltarmos para a sala, meu pai, que parecia mais calmo, se aproximou chamando para irmos embora. O abracei forte, permitindo algumas lágrimas descerem.
― Preciso fazer isso, pai. Eu não conseguiria conviver com a culpa sabendo que posso salvar aquelas fadas, e simplesmente não o fazer ― sussurrei próxima ao seu ouvido. Dei um beijo em sua bochecha, e então me afastei limpando os vestígios da minha infelicidade.
Todos, que já haviam voltado aos seus lugares à mesa, se mantiveram em silêncio até meu pai e eu nos sentarmos.
― Agora que a bonança se fez, devo perguntar, este jantar ainda é um noivado? Teremos um casamento? ― Nicolae inquiriu com seu sorriso zombador.
Arrisquei uma olhada rápida para o Anton, ele terminava de esvaziar sua taça.
― Sim ― respondi.
― Maravilha! ― exclamou Madeleine batendo palmas. ― E onde está a aliança?
― Não é necessário...
Sem que eu pudesse concluir minha frase, vi Anton colocar uma caixinha preta aveludada sobre a mesa, e empurrá-la para mim. Ele tinha comprado uma aliança?
― Este é um momento único e memorável. Por que vocês dois não se levantam para fazerem as honras? ― sugeriu Avigayil.
Anton me olhou com sua singular capacidade de parecer me enxergar a alma, e continuou me olhando enquanto se levantava. Quando me coloquei de pé, ele abriu a caixinha de veludo retirando de dentro uma aliança de ouro branco com um diamante grande no meio, entre vários outros menores.
Sua mão foi estendida para mim, a minha, suada e trêmula, seguiu até a dele, seus dedos separaram o meu anelar, e a aliança fora deslizada por ele em um encaixe perfeito. Estava decidido, não ia ter volta. Senti com toda intensidade, eu estava caindo, eu estava despencando em um precipício.
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