Não Pare!
Ano: 2020
Ana e seu marido Pedro, resolveram viajar para a casa da matriarca mais velha da família do esposo que está viva, algo comum que eles faziam todo ano no mês de setembro, pois era o mês que o bisavô, o marido da matriarca faz aniversário, no qual este ano estava completando 104 anos, que fica localizado no coração do Texas, porém dessa vez, em vez de irem pelo caminho tradicional de sempre, resolveram pegar o novo caminho que recebeu o estranho nome de "Av. Caminho Infernal", que além de ser diferente, é o percurso mais longo de carro para chegar ao objetivo final além de ser uma estrada de um único curso, ou seja nenhum parada de pedestre ou de semáforo, pois queriam aproveitar ao máximo o novo carro morrom chocolate de seis lugares que haviam comprado no mesmo ano.
Animados, três dias antes da viagem, convidam seus amigos João, Letícia, Luís e Gustavo para ir com eles, o que não demorou para aceitarem, pois como qualquer um que já degustou o banquete preparado pela senhora, são viciados na sua comida, que sem dúvidas é a mais gostosa da região e de brinde, ouvir as suas histórias fantásticas que faziam qualquer um entrar num mundo imaginário.
A animação é tão grande, que fez os dias passarem num piscar de olhos.
Com as malas prontas e guardadas para viagem, Ana assume o volante ao lado de Pedro, sentado atrás do motorista, está Luis e ao seu lado, João que dão opiniões engraçadas sobre os assuntos e músicas que passa na rádio e logo atrás, Letícia e Gustavo que trocam discretos selinhos, nos intervalos dos comentários complementares que faziam em resposta aos amigos sentados a frente, ajudando a manter o bom humor do grupo.
Conversa vem e vão, até mesmo o rádio confirma o quão bom é o dia para fazer uma longa e calma viagem, com nenhuma previsão de chuva e a temperatura agradável de 12° até que finalmente vêem o começo da nova avenida com uma enorme placa com os dizeres "AV. CAMINHO INFERNAL, NÃO PARE!".
E uns cinco minutos de distância antes do começo desse caminho, tem um pequeno posto de gasolina com uma micro loja de conveniência, no qual decidem parar para descansar e comprar alguma guloseima.
Eles são atendidos por um simpático e alegre senhor de idade que pelo crachá em sua camisa de flanela, chama-se José, que após oferecer um excelente serviço, antes que eles saíssem para continuar a viagem, diz:
"Estou muito satisfeito hoje, faz anos que não vejo uma pessoa viva andando por essas bandas, ainda mais jovens tão educados e gentis, e olha que estou aqui desde 49, tantos anos trabalhando sozinho neste lugar, espero que voltem com vida."
Sem entender, Luis pergunta o que ele quis dizer, mas o senhor apenas continua sua fala:
"Apenas não pare nessa estrada, não importa o que vejam ou aconteça, esse lugar é onde o demônio mora".
Novamente Luis iria perguntar o que quis dizer, mas dessa vez, o senhor simplesmente se afasta para os fundos.
Sem se incomodar com as palavras do senhor, o grupo continua a viagem.
Porém segundos após entrar na avenida, o céu escurece, raios e trovões são a única coisa que ilumina o interior do carro, pois os celulares pifaram ao mesmo tempo que tudo escureceu, o sinal da rádio falha cada vez mais, até cair de vez.
Assustados, eles continuam o caminho em silêncio, até que Ana avista um corpo deitado no meio do asfalto.
Mais que nervosa ela decide sair do carro para ver se estava vivo, acompanhado do seu marido que por ser médico geral, sabia como fazer massagem torácica ou qualquer outro atendimento imediato que for necessário.
Porém antes que alcancem o corpo, bizarramente e sem explicação, simplesmente some poucos metros na frente deles, sem entender nada, decidem voltar ao veículo, quando escutam os gritos dos amigos, nervosos, voltam o mais rápido possível, mas o que descobrem, deixa a ambos estáticos.
Luis está morto, porém ninguém sabia explicar como sua garganta foi cortada e nem mesmo como que ele acabou com as tripas para fora e enroladas ao redor da cintura como se fosse um cinto, e nem mesmo como tudo aconteceu sem ninguém ver o culpado que até deixou um cartão vermelho com os dizeres:
Bem-vindos a vossa cova, esperamos vocês no Inferno. Que assim seja, de seu futuro assassino.
Mais que nervosos, sem saber o que fazer com o corpo, decidem manter no carro enquanto continuam em frente em busca de alguma ajuda para a situação deles, enquanto tentam de tudo para não olhar para o cadáver.
Não demora mais de 5 minutos para começar a cair uma chuva torrencial, o som do impacto, não ajudava a acalmar os nervos, até que avistam uma senhora caminhando na rua sem se importar com as águas que molham violentamente seu corpo, enquanto carregava uma travessa de biscoito mais que encharcados.
Mesmo com um cadáver no carro, Ana decide parar o carro e perguntar se quer carona.
Porém a senhora apenas sorri e pronuncia:
"Olá crianças, venham comer os biscoitos da vovó!"
Porém mais rápido que consegue, ela recusa, mas isso só faz a senhora sorrir cada vez mais até dizer:
"Se não vão comer os biscoitos da vovó, então a vovó irá devorar vocês."
Segundos após dizer isso, Gustavo começa a gritar, porém antes que seus amigos possa ajudar, toda a sua pele e carne começa a sumir, como se uma força invisível devorasse sua carne, seus lamentos em voz alta apenas deixa a todos apavorados, pois nada o que faziam ajudava em algo, seu sangue encharcava todo o assento, enquanto suas unhas fincam no estofado em pura agonia, até que segundos passam e ele está morto, um cartão vermelho surge em sua boca e a senhora desaparece.
Letícia ao ver o cartão, pega e o lê em voz alta:
Fiquem felizes, a separação é curta, logo irão se juntar a eles. Ass. Seu humilde e gentil assassino.
Sem acreditar que mais um dos seu amigo está morto, Ana tenta fazer primeiros socorros, mas é afastada pelo seu marido que a consola num abraço, ela grita, chora e arranha ele mas mantém os braços envolta da amada até que se acalme.
A chuva contínua forte lá fora, ela quer voltar mas seus amigos dizem que não vale a pena voltar no meio do caminho, pois podem conseguir ajuda após o final da estrada.
Assim eles continuam o caminho em silêncio, porém desta vez com João no volante, já que sua amiga estava incapaz de continuar na direção.
Mal passará alguns segundos quando o carro se choca com algo duro.
Sem saber o que era, o motorista resolve sair, porém assim que pisa para fora do carro, a chuva vira um nevoeiro denso e gelado, ele procura a causa da batida, mas nada encontra, estava prestes a voltar para dentro quando ele sente ser puxado para trás, tenta gritar mas uma substância gelada começa a entrar por todos seus poros.
Enquanto isso seus amigos debatem se não deveriam de feito o que o senhor e até mesmo a placa no começo do caminho indicava para fazer, Letícia estava prestes a ir atrás do João, quando finalmente vem seu amigo.
Porém em vez de entrar ele olha para todos e sorri de forma bizarra, estavam prestes a perguntar se está bem quando veem que seu amigo, magro como um palito, está inchado feito um balão, água saia entre seus lábios que apresentava uma cor azulada, suas veias estavam enormes e sua roupa encharcada.
Até que Pedro pergunta:
"João?"
Porém o amigo continuando a sorrir, simplesmente com as mãos começa a girar o pescoço sem parar, rompendo os músculos e os tendões, virando e virando, até que manteve a cabeça com os olhos virados em direção as costas, passou-se alguns segundos e sua barriga simplesmente explode um monte de vermes que rastejam pelo asfalto.
Enquanto isso, seus amigos estão estáticos, até que vêem o bilhete vermelho no meio dos vermes.
Dessa vez, Pedro pega e o lê:
Um pequeno lanche para meus convidados, o prato é carne de primeira, João fresco com larvas de acompanhante, comam enquanto está fresco, de seu carismático anfitrião e assassino.
O casal e a amiga que restou viva, olham incrédulo, seus olhos estavam secos demais para soltar mais lágrimas, mesmo querendo desabar e nunca mais levantar, porém dessa vez estão dispostos a não parar, não importa o que aconteça.
Porém o nevoeiro dificulta a visão de Letícia, que agora é quem dirige, já que é a única disposta que sabe dirigir, já que Ana se recusa a voltar a dirigir.
Estava começando a ficar irritada, quando corvos mortos se choca no parabrisa, um de cada vez, só parando quando toda sua visão do carro é broqueado, estava prestes a sair, quando a amiga a puxa.
"Não, por favor, vai ser a próxima a morrer, estou farta de perder pessoas preciosas para mim"
A amiga compreende mas diz:
"Eu te entendo, mas como posso dirigir com a visão totalmente tampada?"
Ambas se encaram até que Ana diz:
"Que tal eu ir lá fora com meu marido? Saímos juntos no começo e não estamos mortos, enquanto os outros saíram sozinhos e acabaram mortos, talvez esse seja o truque..."
"Não sei não amiga..."
"Concordo com ela querida"
Diz seu marido que estava nervoso demais para tecer qualquer comentário.
"Confie em mim"
Após um minuto de silêncio, finalmente entram em um acordo silêncioso, segurando firme a mão do amado ela sai e começa a tirar ave por ave, sem nenhuma vez soltar a mão do esposo, só faltava uma ave quando Letícia começa a gritar, assustada, ela iria voltar ao carro quando percebe algo assustador, seu marido havia sumido com excessão do seu braço e mão esquerda na qual ela segurava com força.
"O Pedro, o Pedro..."
Sua mente não conseguia assimilar o que aconteceu, fazendo com que tudo comece a girar, até a levar a inconsciência.
Enquanto isso, Letícia olhava apavorada para o monstro que devorava o corpo do amigo, bem pertinho de sua amiga.
Nunca antes tinha visto tal criatura, pernas de bode, peitoral humano e cabeça de lagarto e dentes de tubarão, que enquanto devorava, se banhava no sangue, mas o mais assustador é que olhava diretamente para ela, em seu olhar é possível enchergar o prazer que sentia ao provocar cada morte e por alguns segundos a fez ter desejos suicidas.
Quando Ana finalmente acordou, bizarramente estava sentada no banco de trás do carro, que estivera vazio a viagem inteira, não se lembrava de ter entrado, sua mente estava zonza e sua visão estava embaçada, quando finalmente sua visão ficou e sua mente ficou clara, teve vontade de rir histericamente, no lado do Volante estava a as cabeças sorridentes de Letícia e de Pedro amarrados com um laço cor de rosa onde foi preso dois cartões vermelhos, que nessa altura se tornou um símbolo de medo e morte.
Ela queria sair o mais rápido possível do carro, porém a curiosidade fez ela ler as mensagens inscritas, na primeira estava inscrito:
Para ninguém dizer que sou insensível, um presente da esposa traída, a cabeça do esposo infiel, só espero que compreenda a falta de uma bandeja de prata. Amigavelmente, se assassino.
Sem acreditar nas palavras da primeira mensagem, ela começa a ler a segunda:
O que é pior, descobrir quando o marido a traí ou descobrir que a sua melhor amiga transa com seu marido a anos? A dor da traição é profunda mas nada supera a dor que farei você sentir. Ass. Seu querido assassino.
Surtando, a única sobrevivente saí correndo do carro, a névoa que tampava completamente a visão, não a incomodava mais, as palavras de forma cruel enchiam sua cabeça de perguntas que não queria saber as respostas, como, porque, se seria será verdade são questões que rodopiam em sua mente, porém a forte vontade de sair de perto de tanta morte era a única coisa que a guiava e fazia seu corpo mover em vez de ficar parado em choque, até que ela se choca em algo fazendo a cair.
Ela rapidamente se levanta, estava prestes a continuar a correr quando vê o que trombou nela, a senhora dos biscoitos, porém dessa vez ela não estava encharcada e os biscoitos pareciam frescos, saídos diretamente do forno.
A senhora a encara, sorri e diz:
"Olá criança, coma um biscoito."
O terror toma conta dela mas suas pernas travam e sua boca abre contra sua vontade, no qual a senhora começa socar biscoito em sua garganta sem parar, até que ela morre sufocada.
Algumas horas se passam e o carro com os corpos despeçados de todos os membros daquela viagem foi encontrado pela polícia rodovia cinco minutos de distância após a avenida Caminho Infernal acabar, com um pequeno cartão na mão do corpo de uma pequena mulher:
Espero que gostem da hospedagem, ela dura para toda a eternidade, bem vindos ao inferno. Assinado Lúcifer.
Após ler a mensagem, o policial diz ter ouvido risadas e choros virem da estrada e por alguns segundos pensou ter visto 6 pessoas sendo arrastadas para um buraco que se abriu no chão e desapareu como se nunca tivesse existido.
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