"O homem enforcado com o pescoço torto
Chame dez vezes, e estará morto
Com o nó no pescoço, não pode gritar,
E quem chamou, tomará seu lugar!

O homem enforcado, com o pescoço quebrado
Se você chamou, seu destino está selado.
Pendurado na árvore à balançar,
Só aguarda a noite, para ir te buscar.

Hangman um: Você brinca sem acreditar
Hangman dois: você pula e continua a chamar
Hangman três: faltam sete e ele virá
Hangman quatro: é com essa corda que ele irá te matar

Hangman cinco: Você já chegou na metade
Hangman seis: Vê se pára antes que seja tarde
Hangman sete: Ele já pode te ver
Hangman oito: Desista se quiser viver

Hangman nove: Ele acaba de acordar
Hangman dez: Ele está vindo te buscar."

Madison não gostava daquela brincadeira
Não que acreditasse que a lenda fosse verdadeira,
Mas é que não via ali nenhuma diversão,
Além de ser horrível aquela canção.

Ainda assim, ela estava brincando
Ora cantando, ora pulando
Queria parecer uma criança normal,
E aquele exercício físico não poderia lhe fazer mal.

Pelo menos era isso o que ela pensava,
Alguns pulos e ela já se cansava,
Depois de algum tempo viu sua visão escurecer,
E logo depois aquilo veio a acontecer.

Ela só ouviu as crianças gritando,
As luzes da ambulância e sua mãe chorando,
Viu também a fachada do hospital,
O que tinha lhe acontecido afinal?

Quando ela voltou a acordar,
O médico mandou a sua mãe chamar,
Disseram ser um milagre ela estar acordada,
Mas ela não estava entendendo nada.

Sua mãe surgiu pela porta aos prantos
Seu cabelo tinha faixas grisalhas nos cantos,
Assim aos poucos sua ficha foi caindo:
Por quanto tempo ela esteve dormindo?

Passaram-se vinte anos, sua mãe lhe falou,
Desde que em coma ela entrou,
Ao sentir falta de ar, pelo bloqueio em seu pulmão,
Ela tinha batido a cabeça com violência no chão.

Então ela perdeu todos esses anos,
Não pôde ter sonhos ou fazer planos,
Seria melhor que tivesse morrido,
Assim a vida da sua mãe teria seguido.

Em uma cadeira de rodas, sua mãe a levou embora,
Precisaria reaprender a andar agora,
A casa para onde foram era em outro lugar,
Certamente por causa dela, tiveram que se mudar.

Aos poucos foi retomando os movimentos,
Com ajuda de terapia e tratamentos,
Com sorte não ficou com nenhuma sequela,
Não queria sua mãe vivendo por ela.

Graças a uma poupança,
Que sua mãe fez desde que ela era criança,
Tinham uma condição razoável,
E a nova casa era um lugar confortável.

Sua vida ia bem e ela encontrou seu lugar,
Se tornou escritora e não parava de publicar,
Até que no meio de uma apresentação
Uma fã, gritando seu nome, se destacou na multidão.

"Oh, meu Deus, Madison, é mesmo você?
Nunca imaginei que voltaria a te ver!
É ótimo ver que você está bem,
Não se lembra de mim, sou eu, a Gwen!

De fato ela se lembrou,
Gwen não estava na brincadeira quando ela se machucou,
Mas pela lembrança que ela tinha,
Ela era a sua melhor amiguinha.

Elas então conversaram bastante,
Madison falou de sua recuperação impressionante,
Era bom reencontrar uma amiga,
Mas não queria saber muito sobre sua antiga vida.

Mesmo assim perguntou-lhe sobre Maria,
E sobre as outras meninas que brincavam naquele dia,
E a resposta foi terrível,
Como aquilo poderia ser possível?

Ao ouvir aquilo, faltou ar em seu pulmão
Gwen disse que todas morreram naquele mesmo verão.
Uma por uma, as seis foram encontradas
Na floresta, pelo pescoço penduradas.

As autoridades não encontraram nenhum culpado,
E aos poucos os casos foram deixados de lado,
E a única versão que sustentaram,
É que todas simplesmente se mataram.

Na internet, pesquisou sobre a lenda,
Havia aprendido a usar essa ferramenta,
Precisava de informações sobre a entidade,
Mesmo sem acreditar que era de verdade.

Segundo os arquivos, muita gente havia surtado,
Depois de cantar a canção do homem enforcado,
Eles enlouqueceram e não suportaram,
E inevitavelmente se mataram.

Mais tarde, em sua casa, pela madrugada,
Madison se viu completamente acordada,
E pensando no que Gwen havia lhe contado,
Lembrou-se da canção do homem enforcado.

A canção se tratava de uma lenda antiga,
Ela nem quis comentar isso com a amiga,
Mas a canção falava o que iria acontecer,
E que quem cantasse até o final, fatalmente iria morrer.

Lá fora caia uma tempestade devastadora,
E o clarão de um relâmpago, fez surgir na janela uma imagem assustadora.
Um homem balançando, com o pescoço torto para o lado.
E ela pensou ser o homem enforcado.

Após aquele susto, a imagem sumiu
Nem ela acreditava naquilo que viu,
Sozinha em casa ela estava,
Pois, de férias então, sua mãe viajava.

Devia ser apenas uma ilusão da chuva,
No banheiro ligou a torneira e olhou pra cuba.
Depois lavou o rosto com a água quente,
Devia ser coisa da sua mente.

Ela ouviu um barulho e olhou para o lado,
O vidro do Box todo embaçado,
E palavras, do nada, começaram a aparecer.
Formando a frase: "Esperei muito por você"

Aquilo a deixou muito assustada,
E ela saiu de casa, desesperada
Viu uma viatura e quis pedir ajuda,
Mas sua voz não saía, ela estava muda.

Para onde olhava, continuava a vê-lo
Era como se estivesse em um pesadelo
Na sua cabeça a canção da lenda ecoava,
E era sua voz de criança que a cantava.

"Hangman sete: Ele já pode te ver
Hangman oito: Desista se quiser viver
Hangman nove: Ele acaba de acordar
Hangman dez: Ele está vindo te buscar."

Chegou a vez de ela ser perseguida,
Sabia que nada poderia salvar a sua vida,
Mas se lembrou de uma frase da sua pesquisa,
Matar quem cantar, o Hangman precisa.

Foi aí que ela teve uma ideia desesperada
Hangman teria que matá-la enforcada,
Mas se por acaso ele não conseguir,
Consequentemente deixará de existir.

Ela correu para os trilhos do trem,
Seu pulmão já não funcionava bem,
E quando viu o veículo se aproximar,
A criatura se desesperou para lhe matar.

Hangman conseguiu chegar até ela,
E até passou a corda em volta de sua goela,
Mas olhando para seu rosto cadavérico com uma expressão altiva,
Madison se jogou na frente da locomotiva.

Ninguém nunca soube o que aconteceu,
Mas acredita-se que Hangman também morreu,
Porém, como ninguém sabe o que acontece se a canção voltarem a cantar,
É melhor simplesmente evitar.