CAP.04 - Isso é compremetedor para você, Choi Eunji?

Olhei ao redor do campo e não via nada, apenas o vasto verde do campo tão conhecido por mim. Estava em busca de alguém que estivesse ali, não queria sentir-me sozinha. Sentia meu peito subir e descer, como se estivesse pressentindo que algo ruim iria acontecer.

Até alguém me chamar.

Olhei para onde a voz surgia e vi Tae, sorrindo ao me olhar enquanto se aproximava vagamente, e eu me sentia inquieta. Queria sentir sua presença o quanto mais perto e rápido possível; queria abraça-lo fortemente, para não esquecer do toque quente e acolhedor do seu abraço no dia seguinte. Então eu corri até ele, entretanto, quanto mais eu corria, mais distante ele parecia está de mim.

Coloquei minhas mãos nos meus joelhos, parando para recuperar o fôlego; com o peito subindo e descendo, enxugando com o dorso da mão minha testa coberta de suor. Cansada de tanto correr. Então, derrepente, uma ventania tomou conta do lugar, o céu nublado com raios rasgando o céu a cada estrondo que dava.

Ergui meu rosto ainda com as mãos no joelho para ver Tae, que corria até a mim, mas não chegava uma mísera sequer de perto.

— Eunji! – Taehyung bradou meu nome com a face preocupada, com os cabelos molhados de suor, colados na sua testa.

Tentei correr novamente, mas parecia que eu corria em uma esteira, em movimento mas sempre no mesmo lugar. Era horrível, sentir que quanto mais eu corria, mais eu ficava longe dele.

Mas que raios está acontecendo?!

Pensei perturbada.

Eu queria abraçar Tae, no entanto algo me impedia, nos impedia. E eu simplesmente não entendia a causa disso.

— Eunji! Eunji! – Tae gritava meu nome, e eu chorava com sentimento de culpa preenchendo meu peito. Como se eu fosse a culpada de não aproximar-mos.

Ouvi uma voz ao longe. Olhei para atrás e uma luz forte tomou conta do lugar do meu campo de vista. Aos poucos a voz foi aumentando e então abri meus olhos e vi Tae, sentado ao meu lado na cama, com o rosto virado para porta do meu quarto, onde estava minha vó.

— Ela estava até altas horas acordada. – minha vó falou antes de sair da porta.

Eu estava sonhando...
Mas que raios de sonho era aquele?

Regulei minha respiração que ainda estava alterada. Tae virava o rosto para olhar-me  e eu fechei meus olhos rapidamente, fingindo está adormecida.

— Eunji! – Taehyung cutucou meu ombro e me mexi para o outro lado da cama e agarrei o lençol cobrindo meu rosto com aquele tecido rosa e macio.

— Dongsaeng! Eu sei que você está acordada. – Ele me cutucou novamente e eu resmunguei baixinho um "aish".

— O que você tá fazendo aqui, Tae?! Deixa eu dormir. – disse "dormir" manhosa me mexendo na cama, apertando ainda mais o lençol ao meu corpo, como se eu pudesse fundir-me no tecido.

— Por que ela ainda está com sono? Sempre acordou 5:00 horas da manhã... – Tae indagava baixinho, para que somente ele pudesse ouvir mas minha audição é aguçada o suficiente para ouvir seus murmúrios.

Senti algo se movimentar no colchão e deduzi que ele havia saído da cama, e ouvi seus passos soando cada vez mais longe. Suspirei, pensando que finalmente dormiria em paz.

Errado!

— Eu vou para sala falar com a Jung-Ha que incrivelmente acordou primeiro que você! – Tae falou saindo do quarto e eu me sentei na cama rapidamente, deixando-me um pouco tonta.

— Espera, oppa! – quando terminei de falar ele se virou e vi seu sorriso quadrangular, logo vindo ao meu encontro, sentando novamente ao meu lado na cama, só que ainda mais perto, com o corpo direcionado para minha porta assim como eu, encostando suas costas na cabeceira da cama.

Ele usava uma blusa verde - Uma das suas cores favoritas -, com uma frase qualquer em inglês, e uma bermuda jeans escura. Seus cabelos castanhos estavam bagunçados como era de costume.

Depois de sondá-lo ainda enbreagada de sono olhei meu quarto tão... Rosa. Eu não tenho nada contra essa cor, no entanto ela não era uma cor que eu gostaria de colorir meu quarto, que era tão lindo com cores pastéis...

Fazia dias que Jung-ha havia renovado - destruído - meu quarto e eu ainda não me acostumei em acordar e ver os tons rosas em toda parte.

— Que horas são? – disse depois de um bom tempo em silêncio e Tae olhou o relógio no criado mudo ao seu lado.

— Dez e quarenta e oito.

— Que!? – Meus olhos que antes estavam comprimidos por causa do sono agora estava bastante abertos.

Eu nunca, nunca havia acordado a essa hora.

— Eu dormi demais...

Sondei Tae e ele me olhava com a cabeça tombada para o lado com um olhar confuso, acompanhado com um bico fofo que se formava em seus lábios finos e ao mesmo tempo tão fartos.

— Hum... O que estava fazendo ontem a noite? – Ele disse curioso, enquanto apoiava sua cabeça no meu ombro direito.

Eu esfregava meus olhos diversas vezes com as minhas mãos, na tentativa falha de me despertar, apesar do pesadelo que tive.

— Eu estava mexendo no notebook. – respondi simplista, como se fizesse isso todas as noites.

As lembranças da noite anterior vieram gradativamente e eu me lembrei das horas que fiquei olhando a foto que tiramos no campo de tulipas alguns dias atrás na tela do notebook. Olhei tudo que tinha no perfil de Tae e fiquei impressionada pois havia tantas fotos com meu rosto na sua timeline, que se alguém visse perguntaria se o perfil era meu.

Cada foto me causava uma nostalgia. Me recordava das conversas sem nexo, dos motivos de cada sorriso que dava para câmera e da gargalhada gostosa do Taehyung quando eu pedia para ele parar de me fotografar, o ameaçando de brincadeira que o mataria se continuasse.

Tae tirou sua cabeça do meu ombro e falou fitando-me:

— Eu não acredito que você está começando a ficar viciada nisso... – Eu o olhei confusa.

— Como assim, Tae? – O questionei.

— Sim, viciada na internet. E você sabe que muitas pessoas dormem nas aulas por conta das noites em claro com a cara no telefone ou no computador.

Ele me olhou preocupada, eu ri e segurando sua mão.

Para nós dois era estranho esse tipo de comportamento adolescente que é comum nos dias de hoje. A fazenda era grande demais para ficarmos fissurados no mundo virtual. Lembro do que minha vó dizia:

"Valorizem o que fazem vocês felizes, das pequenas coisas as grandes."

E o que me fazia feliz era a companhia das pessoas que eu amo, e não o mundo virtual, que apesar de fantástico, não era o que me fazia realmente feliz.

Sondei Tae e sorri. Ele parecia minha vó que no meio da noite apareceu, reclamando comigo por estar altas horas acordada com notebook, que foi só quando ela apareceu que eu parei de navegar na internet.

— Não se preocupe, Tae. Foi só uma vez, isso não vai se repetir...

Ele assentiu e eu ri de novo. Era fofo como se preocupava comigo. Era um irmão que eu nunca tive, até mais...

— Mas me conta você, por que dessa vez veio me perturbar? Já virou rotina ver seu rosto pela manhã. Por que não mora logo aqui, huh? – Dei um sorriso com os lábios cerrados e ele me encarou sem expressão.

— Então não gosta da minha companhia? – Disse ele sério com as sombrancelhas franzidas.

Mas era claro que eu amava ter sua companhia quase toda a manhã. E sinto que isso é o que mais me fará falta quando ele se mudar para Seul. Então me repreendi. Eu tinha que aproveitar enquanto sua presença me enchia o peito antes que ele se tornar-se vazio e solitário, abraçado ao sentimento da saudade.

— Tae, eu tô brincando. Claro que eu gosto da sua companhia. Você é meu melhor amigo. – ele suspirou aliviado.

Ele que antes estava ao meu lado, deslocou-se para minha frente com as pernas cruzadas em forma de índio.

— Eunji-Yah*, eu vim aqui porque hoje é sábado, o que significa que meus pais estão aqui e – deu ênfase no "e". — Agora posso tocar no saxofone! – Disse ele entusiasmado.

— Sério? Eu quero muito ver você tocar nele! – falei mais entusiasmada que ele.

Kim Taehyung saiu da cama e foi até a porta, e antes de sair olhou para mim e disse:

— Se arrume e tome café da manhã. Eu trouxe o saxofone aqui. Eu vou te esperar na sala. – Ele fechou a porta  do quarto e logo em seguida, peguei uma muda de roupa e fui para o banheiro naquele corredor dos quartos.

Depois do banho tomado, corri pelo corredor. Quando cheguei na sala vi a Senhora Kim Chungyu ao lado de minha vó, em seguida meu avô, sentado ao lado de minha vó no canto do sofá, e no final meus olhos recaía sobre Tae, segurando o grande instrumento.

Dei bom dia à todos e corri para o lado de Tae, que estava sentado no outro sofá com o saxofone em mãos.

— Posso ver? – questionei Taehyung e ele assentiu, entregando à mim o instrumento dourado.

Me perguntava como Tae nunca havia falado para mim que tocava aquele instrumento. Ele tinha aprendido recentemente? Quando surgiu esse interesse em tocar o saxofone?

Ele tinha me dito ontem que foi por causa do pai, mas creio que não seja de agora que ele tocava aquele instrumento. Indagava se ele tinha mais segredos que não me contava, e porque achava que aquele instrumento e sua voz recém descoberta por mim tão insignificante que não me dissera antes.

Mas isso eu deixei para lhe questionar mais tarde.

Encantada com o instrumento, tentei soprar o saxofone em vista de tentar tocá-lo mas foi em vão. Saiu um som estranho com o sopro sem muita experiência e Tae riu da minha tentativa falha de tocar o saxofone.

— Não é assim – falou entre risos — Deixa eu te mostrar.

Ele pegou o saxofone das minhas mãos e juntou seus lábios ao instrumento, soprando-o. Eu via as bochechas dele se encher de ar enquanto tocava o instrumento. Reparei como aquela expressão dele era fofa e engraçada.

O som que saía do instrumento enquanto Tae apertava as chaves, numa mecânica semelhante à do clarinete e à da flauta. Eu sentia orgulho do meu melhor amigo e me impressionava como ele era bom em quase tudo.

Quando terminou de tocar uma melodia linda que eu desconhecia, todos que estavam na sala aplaudiram Tae, inclusive eu. Tae comprimia os lábios envergonhado, com as pontas de suas orelhas vermelhas e as bochechas levemente coradas.

Senhora Kim Chungyu, vó de Tae, olhou para Taehyung orgulhosa assim como eu estava.

— Já tomou café da manhã? – Tae me questionou e eu neguei com a cabeça.

— Eu te disse que era para comer antes de ver tocar o saxofone. – Tae falou com um tom de repreensão e eu me defendi que estava ansiosa demais para vê-lo tocar o instrumento.

Assim que terminei de falar escutamos toques na porta, e eu me levantei e andei com passos calmos até minha mão tocar na maçaneta gelada, a girando enquanto imaginava que fosse meus pais que estavam atrás daquela porta de madeira marrom escuro, já que era sábado. Mas quando abri vi Jung-ha e Jongin, juntos. Atrás pude ver chocolate, o cavalo preferido de Tae perto da varanda, preso com as rédeas amarradas na coluna da varanda.

Abri caminho para que eles entrassem e Jung-ha encarou meus olhos com um sorriso travesso erguido na ponta de seus lábios, com as mãos atrás do corpo.

Jongin comprimentou todos e me abraçou forte. Senti seu cheiro de lavanda. Estava de novo com a vestimenta de montaria como na última vez que o vi, e imaginei Kai cavalgando no cavalo como faria nos resto das férias daquele ano. Cavalgar era uma paixão do garoto.

Não deixei de perceber que Jung-ha recaía o olhar dela sobre Kai, e ele falava com meus avós que se admiravam o quanto Jongin havia crescido. E realmente crescera. Havia duas férias que não o via pois ele decidiu passar em Seul.

Taehyung levantou do sofá e veio até a mim, em seguida pegou meu pulso e me levou para cozinha que ficava no cômodo ao lado, alegando que eu devia comer. Eu vendo sua mão no meu pulso apenas guiei seus passos e minha barriga roncou no processo. Eu realmente estava como muita fome.

Quando chegamos na cozinha perguntei a Tae se ele estava com fome e ele perguntou-me se tinha tomates. Ri da pergunta e abri a geladeira, tirando um tomate para ele.

Tae era praticamente de casa, então foi até a gaveta de talheres e tirou uma faca, em seguida pegou o pote de açúcar e colocou na mesa de quatro lugares que ficava no centro da cozinha. Deixei de o observar quando minha barriga roncou alto, e Tae riu de mim, arrastando a cesta de pães para perto de mim. Eu sorri sem graça e me sentei na mesa de frente para ele.

Enquanto passava manteiga no pão via Tae colocar bastante açúcar no tomate já cortado e comer em seguida, fazendo bico enquanto mastigava, o que era uma graça. Tae tinha um típico gosto de comer tomates com açúcar, o que nunca entendi. Tae comia sempre quando estava ansioso, feliz ou incomodado. E eu curiosa e preocupada, perguntei se ele estava sentindo alguma coisa:

— Está tudo bem, Tae? – questionei o acastanhado à minha e ele desviou o olhar da sala que era divida por um balcão para cozinha, olhando para meus olhos em seguida.

— Estou sim, por que a pergunta? – ele deu outra mordida no tomate coberto de açúcar.

— Por que você sempre come tomate quando está ansioso, feliz ou preocupado.

— E-Eu tô comendo porque estou feliz, ué? Eu f-fiquei feliz que vocês gostaram d-de me ver tocando o saxofone. – Não deixei de reparar que gaguejava. Podia ser pela timidez mas algo me dizia que não era por isso.

Respondi um "hum" e voltei a tomar meu café da manhã, desconfiada.

☆ ☆ ☆

Estava sentada na minha cama, pensando no que Jongin me dissera. Ele queria falar comigo, e parecia sério. Fiquei ansiosa, materlando o que poderia ser, e xinguei-me por ser tão ansiosa.

Confesso que a seriedade de Jongin me assustou.

Suspirei.

Teria que esperar até amanhã para saber do que se tratava para ter tanta seriedade. E no processo de espera a ansiedade me consumiria, eu tinha certeza. Então pensei em pegar meu caderno de poesias e textos para me dispersar da ansiedade, mas não o encontrei onde sempre guardo, no criado-mudo.

— Aonde é que se enfiou meu livro? – indaguei-me.

— Está procurando isso? – Olhei para trás e vi Jung-ha, erguendo o punho que segurava meu caderno de poesias.

Meus olhos se arregalaram ao ver o caderno em suas mãos. E automaticamente corri para pegá-lo de volta, contudo Jung-Ha fugiu de mim, subindo na cama, e antes que eu pudesse subir também ela segurou minha cabeça, me fazendo ficar parada no mesmo lugar, mais não por muito tempo.

Peguei o braço dela e puxei ele, fazendo Jung cair na cama. Tentei novamente pegar caderno mas ela se deitou em cima dele.

— Você vai ter que me dar esse caderno, Jung-ha, por bem ou por mal. – a ameacei e ela riu sacana.

— Então deve ter algo secreto nesse caderno para que você não queira que eu veja... Talvez um poema?

— Você leu minhas poesias? Garota, você piorou? Sabe o que é privacidade?

— "Em ti eu vejo uma galáxia, cada pedaço seu é o refúgio das estrelas.
Em ti eu vejo diversas constelações, que se alinham a cada curva do seu corpo.
Em ti eu vejo a lua, lua que ainda não descobri todas as fases, fases que descrevem você.
O coração constelar em ti, Kim Taehyung, – ela pronunciou o nome de Tae lentamente — é aonde eu quero residir."... Isso é compremetedor para você, Choi Eunji?

Paralisei, afastando-me de Jung-ha.

— N-não, isso n-não é n-nada compremetedor. – cruzei os braços desviando o olhar dela, fechando meus olhos, ela tinha que ler logo esse?

— Tem certeza? Então eu posso falar para o Taeh-

— Não! – a interrompi.

Se ela dissesse isso para o Tae eu morreria de vergonha.

— Tá bom, tá bom... Eu não digo, contanto que você faça algo para mim. – Jung-ha falou com o seu sorriso sacana idiota. Ela viu que eu a esperava dizer o tal "porém" e voltou a falar: — Quero que faça os afazeres que vovó me manda fazer, o que inclui em arrumar o quarto, você sabe que sempre sou a última a acordar.

Eu a olhei incrédula. Contudo me contive em não estragar seu rosto bonito.

O "porém" que ela me propôs não era algo absurdo demais para mim, apesar de que não era a minha obrigação, mas antes dela está na fazenda eu fazia tudo sozinha, não seria um incômodo grande.

O real incômodo era ela saber do poema que eu fiz de Tae, e eu não confiei em suas palavras que manteria em segredo. Com certeza ela usaria isso para me importunar ainda mais a partir de agora.

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*: -Ah/-Yah é sufixo informal usado após o nome de alguma pessoa íntima a você e com, aproximadamente, a mesma idade que a sua. -Ah é utilizado após o nome da pessoa a qual você quer se referir  terminar em consoante (Ex.: Jongin-Ah) e, -Yah, quando o nome da pessoa que você quer se referir terminar com uma vogal (Ex.: Eunji-Yah).

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O que acharam do sonho da Eunji? E a Jung-Ha? Só apronta essa garota...

Era para eu ter atualizado mês passado, mas pra quem não sabe, o perfil foi hackeado e mudaram a senha. Mas finalmene conseguimos recuperar a conta. Desculpa pela demora (─.─||)

Espero que tenham gostado do capítulo :3

Até mais,
XOXO ( ꈍᴗꈍ)♥

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